Um dos grandes desafios no trabalho filantrópico é distinguir o assistencialismo e a assistência social, como ações distintas, e em alguns casos antagônicas.
A maneira mais clara de descrever essa equidade está no fato de que a primeira não tem condições de transformar a realidade social de indivíduos, famílias e comunidades, enquanto a última tem em seu objetivo principal a mudança de paradigma social, e emancipação dos sujeitos, de forma que os recursos necessários a sua vida digna e humana sejam alcançados por seus próprios esforços e méritos.
Além disso, a Assistência Social, em seu ideário ético político, visa garantir o acesso da sociedade a direitos sejam eles tácitos ou expressos, em todas as áreas que o advento da Constituição Federal de 1988, reuniu e classificou como princípios fundamentais da pessoa humana.
Assistencialismo e Assistência Social são conceitos totalmente antagônicos, haja vista que a assistência social é regulamentada por lei em nosso país e dispõe de metodologias específicas para tratamento e controle de políticas sociais para àqueles que perderam, ou estão prestes a perder sua dignidade.
Ao passo que o assistencialismo é uma prática onerosa à cidadania e confrontante com os anseios de crescimento de uma determinada comunidade.
Ao passo que o assistencialismo é uma prática onerosa à cidadania e confrontante com os anseios de crescimento de uma determinada comunidade.
Um exemplo clássico de assistencialismo são os corriqueiros amparos políticos, levando pessoas a hospitais ou simplesmente “doando” cestas básicas, pagando esporadicamente alguma conta de consumo, enfim sendo e ou não visando benefícios eleitorais, essa prática mantém a classe desfavorecida nas mesmas condições de dependência. Não transforma o ser nem a “Célula Mater” que á a família.
Sendo a Maçonaria uma entidade que estatutariamente tem como objetivo a defesa dos direitos sociais, bem como aos princípios fraternos e de liberdade, itens fundamentais para o processo democrático de qualquer nação, é substancial as ações propostas e executadas por esta instituição, formada por homens esclarecidos, direcione suas ações de forma a não reproduzir os reflexos da questão social como a fome, a miséria, o desemprego como produtos naturais e conjunturais da sociedade contemporânea.
É de extrema importância que o potencial maçônico esteja consoante com uma assistência social completamente desvinculada do assistencialismo, e aqui não se resume a celebre frase “não basta dar o peixe, é preciso dar a vara e ensinar a pescar”, é preciso ir além e conceber e mostrar ao cidadão que ele tem o direito a pescar, a buscar os melhores caniços e anzóis e que esses itens são garantidos legalmente.
Esse direcionamento passa por uma reformulação de conceitos e (pré)conceitos, referentes a relação maçonaria, estado e sociedade, onde haveria a necessidade de uma salutar tecnização da ação da ordem, de forma a fazer parte da rede socio-assistencial.
Um redirecionamento não exigiria a abertura da Ordem para a participação de leigos, uma vez que as engrenagens que operam os serviços prestados por parte da ordem são ligadas, porém distintos, da mesma forma a participação das arquidioceses nos diversos espaços do serviço social, difere de sua concepção eclesial, ritualística e até mesmo filosófica.
É preciso se profissionalizar na assistência sob pena de ficar preso ao assistencialismo. É necessário estar presente nos espaços de controle social, Conselhos e Fóruns setoriais, estar interligado numa rede eficaz cujo objetivo é o progresso e o desenvolvimento da coletividade e a emancipação do cidadão da tutela do estado e da classe dominante.
As questões sociais são evidentes, visíveis aos nossos olhares e sabemos que o poder público não dá conta deles, o que transfere e exige que a sociedade trate delas, sendo que somente a sociedade organizada pode fazer algo nesse sentido, através de seus líderes, pessoas esclarecidas e, teoricamente, pessoas de bem a sua frente.
A Maçonaria se insere nesse contexto, indo além, é nossa missão participar da evolução social em todos os sentidos, político, cultural, humanístico, enfim, onde o homem possa colaborar no progresso de seu desenvolvimento.
FONTE: Ir.’. Sebastião Capdeville, ARS Caridade e Esperança, Or.’. Jacaraipe - Serra-ES
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