A Fraude de Taxil de 1890, é provavelmente a mais famosa farsa antimaçônica francesa e se deve à Marie Joseph Gabriel Antoine Jogand Pagès, que nasceu em Marselha, França, em 1854, e teve uma juventude turbulenta, estudando em diversos colégios católicos dos Jesuítas, sendo expulso de alguns deles e que saiu da casa paterna antes dos 16 anos. Seus artigos eram uma seqüência de folhetins anticlericais, dos mais violentos, sofrendo diversos processos por excesso de linguagem. Em 1876, foge para a Suiça, voltando posteriormente a Paris
Aos 25 anos de idade, ele resolveu adotar o pseudônimo de Leo Taxil e aproveitar o sentimento anti-católico que predominava na Europa na época para ganhar um dinheiro. Começou então a produzir panfletos e histórias pornográficas contra a Igreja Católica, acusado de difamação a respeito de um livro que escreveu chamado The Secret Loves of the Pope Pius IX., carreira de sucesso, e em 1881 aos 27 anos entra na Maçonaria, na Loja maçônica “Os amigos da Honra Francesa”, da qual foi expulso após 10 meses, ainda como aprendiz, devido estar envolvido em caso de plágio e difamação. Em 20 de abril de 1884 o Papa Leão XIII publicou uma encíclica, Humanum Genus, que afirmou que a raça humana foi "separada em duas partes opostas e diversas, das quais uma resolutamente luta pela verdade e a virtude, a outra é daquelas coisas que são contrárias à virtude e à verdade. Uma é o reino de Deus sobre a terra, a saber, a verdadeira Igreja de Jesus Cristo (…) O outro é o reino de Satanás". Neste último se encontrava a Maçonaria.
Com o tempo o interesse pela sua literatura sensacionalista decai, as vendas de seus livros sofreram brusca queda, e após a publicação da encíclica, Taxil viu a oportunidade de uma brincadeira onde ridicularizaria a Igreja e se vingaria da Maçonaria, que o havia expulsado, e em 1885, Taxil veio a público, dizendo ter-se convertido ao catolicismo romano, e anunciou a sua intenção de reparar o dano que ele havia feito para a verdadeira fé. Em seguida, inventou uma ordem maçônica satânica, imaginária, de nome Palladium, cujo objetivo principal seria de dominar o mundo.
O suposto objetivo de Taxil era denunciar tal ordem, revelando seus segredos e ações à sociedade. Começando em acusar a Maçonaria das piores misérias morais e incentivar seus seguidores ao vício, quando não ao assassinato, em seguida, acusou-a de ser uma seita satânica que dedica seus cultos a Baphomet, Taxil chegou a ponto de escrever que Albert Pike reunia-se com Lúcifer toda sexta-feira, às 3h da tarde.
O primeiro livro produzido por Taxil após a sua suposta conversão católica era um quarto-volume da história da Maçonaria, que continha verificações fictícias de uma testemunha da sua participação no satanismo. Com um colaborador que publicou como "Dr. Karl Hacks", escreveu outro livro chamado "Devil in the Nineteenth Century", que introduziu um novo personagem, Diana Vaughan, uma suposta descendente do alquimista Rosacruz Thomas Vaughan. O livro continha muitos contos sobre seus supostos encontros com demônios encarnados, um dos quais supostamente escreveu profecias sobre a sua volta com sua cauda, e outro que tocava piano, sob a forma de um crocodilo.
Segundo Taxil, Diana Vaughan teria sido envolvida na maçonaria satânica, mas fora resgatada quando um dia ela professou admiração por Joana d'Arc (ainda não canonizada na época), cujo nome teria posto os demônios em fuga. Declarando co-autoria com Diana Vaughan, Taxil publicou um livro chamado "Eucharistic Novena", uma coleção de orações que foram elogiadas pelo Papa.
Leo Taxil convenceu muitos católicos com a sua farsa - tanto que em 1887 foi recebido em audiência pelo Papa Leão XIII, que declarou ser admirador da obra de Taxil, solicitou que ele escrevesse mais livros e passou a financiá-lo.
As obras de Taxil foram traduzidas em diversos idiomas e seus artigos foram publicados em revistas e jornais católicos. Outros autores, influenciado pelo sucesso de Taxil, e tomando-o como referência, começaram também a explorar o mesmo tema. O Monsenhor Northrop, bispo de Charleston (Carolina do Sul), foi especialmente para Roma, a este respeito a fim de garantir ao Papa Leão XIII que os maçons da sua cidade episcopal eram pessoas dignas, e que em seu templo não adornava qualquer estátua de Satanás, porém, o Papa preferiu acreditar em Taxil do que em um de seus bispos.
Em 19 de abril de 1897, após dez anos de patrocínio pelo Papa, Leo Taxil convocou uma grande assembleia na sala da Sociedade Geográfica de Paris, ao lado do Square de la Charité, onde, depois do sorteio de uma máquina de escrever, haveria uma conferência temática sobre o culto paladista (a chamada Conferência de Leo Taxil), na qual confessou que suas revelações sobre os maçons eram fictícias; admitiu que Diana Vaughan não existia, pelo contrário, que o nome tinha sido emprestado de sua secretária; revelou que tal ordem Palladium não existia; explicou detalhadamente os cuidados que teve para criar e a manter a farsa e que sua real intenção era mostrar como a Igreja Católica, que havia elegido ele como arqui-inimigo, era patética a ponto de passar a idolatrá-lo, e como o Santo Padre, o Papa em pessoa, de infalível não tinha nada e além disso, ele queria ganhar um bom dinheiro à custa da Igreja e de seus fanáticos. Durante a coletiva, as gargalhadas dos intelectuais disputavam com os gritos de raivas os líderes católicos. Sua confissão, de mais de 33 páginas, foi publicada nos principais jornais europeus da época, ele teve que sair do local sob proteção policial. Não mais se ouviu falar de Leo Taxil que veio a falecer em 1907.
Apesar de mais de 100 anos depois da confissão pública de suas mentiras, suas obras antimaçônicas continuam sendo citadas como referência em novas obras fanáticas e ignorantes que atacam a Maçonaria, até mesmo por integrantes da Igreja Católica, a qual foi publicamente ridicularizada por Taxil, o responsável por uma das maiores vergonhas que um Papa já passou.
Colaboração de SAMIR OMAR SALEH - C.'.I.'.M.'. 255407 - M.'.I.'.
Referências bibliográficas:
O LIVRO SECRETO DA MAÇONARIA - Lourivaldo Perez - Ed.Universo dos livros
A ORIGEM DO SATANISMO NA MAÇONARIA - Arthur Edward Wait - Ed LPBaçan
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