Qual o correto: O Templo está coberto, o Templo está à coberto, o Templo está a coberto?
COBERTO, como adjetivo (do latim coopertus), indica aquilo que está resguardado, protegido, tapado, defendido, agasalhado. No jargão maçônico significa que o Templo está coberto, ou os trabalhos que nele se realizam estão cobertos. Isso implica que esses estão resguardados dos olhos e ouvidos dos não iniciados, ou mesmo de maçons que não possuem qualificação suficiente para participar da sessão.
Quanto à expressão “a coberto” usada pela Maçonaria, indica estar com defesa, com abrigo, com proteção.
COBRIR, verbo transitivo direto (do latim cooperire), dentre outros, implica em ocultar colocando alguma coisa em cima, ou proteger, mantendo algo, ou pessoa, adiante, ou ao redor. Em Maçonaria, cobrir o Templo, ou os trabalhos significa impedir a presença de profanos (não iniciados), ou de maçons que não possuem qualificação de Grau para estar presente, obstruindo esses de ingressar nos trabalhos. A função de cobrir o Templo é exercida pelo Cobridor.
COBERTURA, substantivo feminino, é o ato de cobrir. Em Maçonaria é a cobertura do Templo ou dos trabalhos maçônicos que é feita pelo Cobridor, ou Telhador.
TELHADOR, adjetivo de telha implica naquele que telha; aquele que cobre de telhas. Como substantivo masculino designa o operário telhador. Assim em Maçonaria é também o título dado ao Cobridor (Interno), ou ao Guarda do Templo (Externo), cujo ofício é o de “telhar”, ou de proceder ao “telhamento” (neologismo maçônico – no nosso idioma vernáculo – telhadura). Compete a esses Oficiais executar o telhamento daqueles que se apresentam na porta do Templo, para verificar a qualidade maçônica e o seu Grau. Essa função também é executada pelos Expertos, nos ritos que os possuem, em determinadas ocasiões.
TELHAR, verbo transitivo (de telha), implica em cobrir com telhas. Maçonicamente é de competência do Cobridor, ou Telhador, (em certas oportunidades pelo Experto) ao exercer o ato de examinar pelos Toques, Sinais e Palavras, os que se apresentam para participar nos trabalhos maçônicos e se certificar se eles são realmente maçons, bem como a sua qualificação de Grau.
Infelizmente o temo “telhar” ainda tem sido confundido com trolhar, o que verdadeiramente significa passar a trolha, portanto altamente incorreto para designar o ato de telhar, que designa o exame anteriormente citado, já que este está relacionado a uma cobertura e esta se faz com telhas, nunca com trolhas. Não é demais lembrar que o termo “telhar” existe em diversos idiomas, todavia “trolhar” é simplesmente um neologismo.
Ainda muitos rituais exaram displicentemente o termo altamente equivocado: “Fazei os Aprendizes cobrirem o Templo” ou “Fazei o Irmão Fulano de Tal cobrir o Templo”. Ora, se quem cobre o Templo é o Cobridor, que estória é essa dos Aprendizes, ou do Fulano de Tal cobrir o Templo? Se essa ação fosse verdadeira, então todos os demais se retirariam e os que estariam cobrindo (os Aprendizes, ou o Fulano de Tal) permaneceriam no recinto. Veja só o embrolho... Bem, não é de se estranhar, já que continuamos a ouvir: “de pé e à Ordem”! Como se alguém ficasse à Ordem sentado.
Quanto ao jargão “estar à” (com crase) coberto, fica a explicação para o autor desse Traçado, tanto no seu aspecto gramatical como naquele que evoca a tal “auréola espiritual” (sic).
Finalizando, pensamos que muitos textos por aí escritos e publicados têm mais o objetivo de “dourar a pílula”, do que esclarecer. Agravando-se, ainda, quando outros objetivam nas entrelinhas apontar opiniões sectárias e prosaicas. Seria talvez muito mais importante explicar e abordar as origens de um verdadeiro Landmark, o sigilo e a cobertura dos trabalhos maçônicos, sem invenções e opiniões místicas, ocultas e de crença pessoal.
As figuras gramaticais sempre nos proporcionam surpresas. São palavras com a mesma escrita, porém, com significados diferentes. Existem de mesmo som, porém, com sentidos diferentes. As vezes me preocupo com a necessidade de se justificar termos que são usados para evidenciar que está certo ou errado, se uma pessoa não pode ficar a Ordem sem estar de pé, o que é uma mera consideração de Militar, pois, não será esta "Ordem" algo mais sublime que uma postura? Como digo, a Palavra (no principio era o verbo............) ao bem da Ordem (postura?) e ao Quadro (moldura?) em particular. As vezes é usada como o individuo que publica uma piada num grupo sério (foi engano). Mas um texto exuberante no seu objetivo de nos conduzir a reflexão. Pois como disse o nosso amigo Paulo de Tarso, um dia tu te verás como todos te vê. Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirSou Mestre Maçom há mais de seis anos e não escondo de ninguém a minha condição de maçom, que orgulhosamente afirmo ter a satisfação e a honra de ser reconhecido como maçom pelos meus Irmãos - e nunca notei qualquer represália ou censura ou desconsideração por essa pública afirmação.
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