Por tradição, o Tronco de Beneficência existe para atender as obras de caridade da Loja, destacando-se que a caridade é uma das principais virtudes exercidas pela Maçonaria.
No REAA\ a captação desses recursos na forma de costume (coleta pela bolsa) é conferida impreterivelmente na mesma sessão em Loja e creditado a sua hospitalaria para aplicação em atos de solidariedade – é equivocado o anacrônico costume de se “lacrar o tronco”.
Essa é a finalidade da existência do Tronco, não se admitindo o uso desses recursos para outros fins que não atendam o seu objetivo. Desse produto é inadmissível sua utilização em obrigações pecuniárias da Loja ou utilizá-lo como ajuda para construção de Templos e afins, ou ainda outras ocorrências do gênero.
O substantivo feminino “beneficência” designa o ato ou virtude de fazer o bem pela caridade, filantropia e, nesse sentido o Tronco foi criado na Maçonaria francesa para ajudar aos necessitados, admitida a sua justa necessidade àqueles que passam pelos reveses da vida.
Não obstante esse formato de coleta (bolsa) tenha sido criado na França, é sabido que toda a Maçonaria Universal, independente de rito, tem o desiderato de exercer a caridade, mas com justiça.
Os ritos maçônicos simbolizam ritualisticamente essa prática conforme as suas estruturas litúrgicas que, no caso do REAA\, faz circular uma bolsa no momento apropriado e em todas as sessões maçônicas objetivando recolher o óbolo.
É evidente, como mencionado, que a prática da caridade está implícita na Maçonaria em geral, cujo costume advém dos canteiros medievais quando arrecadavam recursos para amparar irmãos, viúvas e sobrinhos necessitados – é dessa característica que se adotou a expressão “auxílio mútuo” entre os maçons.
Sendo então essa uma das obrigações dos membros da Sublime Instituição, a prática ajudou a caracterizar a Moderna Maçonaria como uma construtora social, assim essas obrigações necessariamente não são encontradas nos seus regulamentos, pois elas compõem o cerne existencial da própria Maçonaria.
No que diz respeito ao Tronco e o auxílio destinado aos Irmãos necessitados, por óbvio ele é perfeitamente viável, até porque a sua própria existência se deve a essa prática. Aliás, eu diria que antes de tudo a preferência, se em igualdade de condições, deveria sempre ser dada a um Irmão, desde que ele comprovadamente esteja necessitado. A propósito, esse é o ofício do Hospitaleiro – apurar e trazer a súplica à Loja.
Sob o aspecto prático, a utilização dos recursos apurados pela circulação do Tronco e creditados a Hospitalaria da Loja, quando carecer de movimentação financeira destinada a auxiliar alguém, primeiro o Hospitaleiro deve apresentar justificativa na Loja para ser ouvida pela assembleia na forma de costume. Deliberada a legalidade da ajuda ela passa por votação na forma da lei e com aquiescência do Orador. Faz-se cogente mencionar que movimentações financeiras requerem acima de tudo transparência e lisura.
Concluindo, chamo atenção para o ofício do Hospitaleiro no REAA\. Note que a sua função não é apenas a de arrecadar fazendo circular o Tronco, mas praticar a solidariedade maçônica permanecendo atento às necessidades que porventura Irmãos e seus familiares possam merecer, informando formalmente a situação à Loja.
P.S. – Deliberações se dão em Loja sempre com a participação de todos e depois de obedecidas as formalidades legais. Não é apanágio de apenas “alguns” se reunirem e deliberarem questões sem o conhecimento dos demais. Mesmo as comissões, que podem deliberar assuntos da sua alçada, tendo delas o resultado final, obrigatoriamente passam por aprovação da Loja.
A Bolsa – é conduzida pelas duas mãos que vão colocadas junto ao quadril esquerdo do condutor (o Mestre de Cerimônias ou o Hospitaleiro). Essa postura teve origem na França medieval quando após o encerramento dos ofícios religiosos semanais da Igreja Católica havia um protagonista, geralmente designado como hospitalário, que se postava junto à porta de saída tendo consigo uma grande bolsa vestida à tira colo da direita para a esquerda, cuja finalidade era a de recolher doações para os necessitados. Esse costume, por influência da Igreja, viria aportar em muitas Lojas Maçônicas em França, cuja postura do titular para conduzir a Bolsa de Benemerência arremedava o costume do hospitalário eclesiástico – no lado esquerdo do corpo para os ritos que adotam esse costume, extensivo também ao recolhimento das Propostas e Informações.
ResponderExcluir2 – A Marcha do Segundo Grau – o passo oblíquo e a sua volta ao eixo é simplesmente normal. Não existe sob qualquer hipótese esse costume de se arrastar o pé. Dá-se então o passo normal antes de se unirem os pp.´. pelos cc.´. em e.´.. Aliás, mesmo na Marcha do Grau de Aprendiz, também não existe esse equivocado costume de se arrastar os pés – no Primeiro Grau os passos são dados normalmente antes de se unir a cada vez os pp.´. pelos cc.´. em e.´.