SER LIVRE E DE BONS COSTUMES

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Irmão  Klebber S. Nascimento

Livre e de Bons Costumes implica que, apesar de todo homem ser livre na real acepção da palavra, pode estar preso a entraves sociais, que o privem de parte de sua liberdade e o torne escravo de suas próprias paixões e preconceitos. Assim é, desse jugo, que se deve libertar, mas, só o fará se for de Bons Costumes, ou seja, se já possuir preceitos éticos (virtudes) bem fundamentados em sua personalidade.

O ideal dos homens livres e de bons costumes, que nossa sublime Ordem nos ensina, mostra que a finalidade da Maçonaria é, desde épocas mais remotas, dedicarem-se ao aprimoramento espiritual e moral da Humanidade, pugnando pelos direitos dos homens e pela Justiça, pregando o amor fraterno, procurando congregar esforços para uma maior e mais perfeita compreensão entre os homens, a fim de que se estabeleçam os laços indissolúveis de uma verdadeira fraternidade, sem distinção de raças nem de crenças, condição indispensável para que haja realmente paz e compreensão entre os povos. 
 
Livre, palavra derivada do latim, em sentido amplo, quer significar tudo o que se mostra isento de qualquer condição, constrangimento, subordinação, dependência, encargo ou restrição.

A qualidade ou condição de livre, assim atribuído a qualquer coisa, importa na liberdade de ação a respeito da mesma, sem qualquer oposição, que não se funde em restrição de ordem legal e, principalmente moral. Em decorrência de ser livre, vem a liberdade, que é faculdade de se fazer ou não fazer o que se quer, de pensar como se entende, de ir e vir a qualquer parte, quando e como se queira, exercer qualquer atividade, tudo conforme a livre determinação da pessoa, quando não haja regra proibitiva para a prática do ato ou não se institua princípio restritivo ao exercício da atividade.

Bem verdade é que a Maçonaria é uma escola de aperfeiçoa mento moral, onde nós homens nos aprimoramos em benefício de nossos semelhantes, desenvolvendo qualidades que nos possibilitam ser, cada vez mais, úteis à coletividade. Não nos esqueçamos, porém, que, de uma pedra impura, jamais conseguiremos fazer um brilhante, por maior que sejam nossos esforços

O conceito maçônico de homem livre é diferente, é bem mais elevado do que o conceito jurídico. Para ser homem livre, não basta ter liberdade de locomoção, para ir aqui ou ali. Goza de liberdade o homem que não é escravo de suas paixões, que não se deixa dominar pela torpeza dos seus instintos de fera humana. Não é homem livre, não desfruta da verdadeira liberdade, quem está escravizado a vícios. Não é homem livre aquele que é dominado pelo jogo, que não consegue libertar-se de suas tentações. Não é homem livre, quem se enchafurda no vício, degrada-se, condena-se por si mesmo, sacrifica voluntariamente a sua liberdade, porque os seus baixos instintos se sobrepuseram às suas qualidades, anulando-as. 

Maçom livre é o que dispõe da necessária força moral para evitar todos os vícios que infamam que desonram, que degradam. O supremo ideal de liberdade é livrar-se de todas as propensões para o mal, despojar-se de todas as tendências condenáveis, sair do caminho das sombras e seguir pela estrada que conduz à prática do bem, que aproxima o homem da perfeição intangível.
Sendo livre e, por consequência, desfrutando de liberdade, o homem deve, sempre, pautar sua vida pelos preceitos dos bons costumes, que é expressão, também, derivada do latim e usada para designar o complexo de regras e princípios impostos pela moral, os quais traçam a norma de conduta dos indivíduos em suas relações domésticas e sociais, para que estas se articulem seguindo as elevadas finalidades da própria vida humana. 

Os bons costumes referem-se, mais propriamente, à honestidade das famílias, ao recato das pessoas e a dignidade ou decoro social. 

A ideia e o sentido dos bons costumes não se afastam da ideia ou sentido de moral, pois, os princípios que os regulam são, inequivocamente, fundados nela.
O bom Maçom, livre e de bons costumes, não confunde liberdade, que é direito sagrado, com abuso, que é defeito, crê em Deus, ser supremo que nos orienta para o bem e nos desvia do mal. O bom Maçom, livre e de bons costumes, é leal. Quem não é leal com os demais, é desleal consigo mesmo e trai os seus mais sagrados compromissos, cultiva a fraternidade, porque ela é a base fundamental da Maçonaria, porque só pelo culto da fraternidade poderemos conseguir uma humanidade menos sofredora, recusa agradecimentos porque se satisfaz com o prazer de haver contribuído para amparar semelhante.

O bom Maçom, livre e de bons costumes, não se abate, jamais se desmanda, não se revolta com as derrotas, porque vencer ou perder são contingências da vida do homem, é nobre na vitória e sereno se vencido, porque sabe triunfar sobre os seus impulsos, dominando-os, pratica o bem porque sabe que é amparando o próximo, sentindo suas dores, que nos aperfeiçoamos.

O bom Maçom, livre e de bons costumes, abomina o vício, porque este é o contrário da virtude, que ele deve cultivar; é amigo da família, porque ela é a base fundamental da humanidade. O mau chefe de família não tem qualidades morais para ser Maçom, não humilha os fracos, os inferiores, porque é covardia, e a Maçonaria não é abrigo de covardes, trata fraternalmente os demais, para não trair os seus juramentos de fraternidade, não se desvia do caminho da moral, quem dele se afasta, incompatibiliza-se com os objetivos da Maçonaria. 
O bom Maçom, o verdadeiro Maçom, não se envaidece, não alardeia suas qualidades, não vê no auxílio ao semelhante um gesto excepcional, porque este é um dever de solidariedade humana, cuja prática constitui um prazer. Não promete, senão o que pode cumprir. Uma promessa não cumprida pode provocar inimizade. Não odeia, o ódio destrói, só a amizade constrói. 

Finalmente, o verdadeiro Maçom, não investe contra a reputação de outro, porque tal fazer é trair os sentimentos de fraternidade. O Maçom, o verdadeiro Maçom, não tem apego aos cargos, porque isto é cultivar a vaidade, sentimento mesquinho, incompatível com a elevação dos sentimentos que o bom Maçom deve cultivar. 

Os vaidosos buscam posições em que se destaquem; os verdadeiros Maçons buscam o trabalho em que façam destacar a Maçonaria. 

O valor da existência de um Maçom é julgado pelos seus atos, pelo exercício do bem.

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