CULTURA NA MAÇONARIA

                                                                            Resultado de imagem para CULTURA NA MAÇONARIA



Influências das mais variadas origens 
na cultura maçônica.


O Universo material foi criado pelo Grande Arquiteto do Universo a partir do átomo, do quase nada, de uma maneira magistral, assombrosa e até aterradora. 
Sua arquitetura fundamenta-se numa diversificação tão rica, que leva o entendimento humano à confusão ao ser confrontado com o caos desta aparente desordem. 
Num esforço de ordenar a sua perturbação, a criatura humana passa a estabelecer referenciais, criar padrões, de tempo, medida, sensibilidade e probabilidade. 
O resultado deste trabalho, a faz movimentar-se no Universo, modificar e transformar a obra original, gerando com isto o conhecimento, criado a partir de pensamentos, modelos e referenciais; pois nenhuma verdade lhe é revelada de imediato. 
É apenas com o acumulo de conhecimentos, pelo uso da razão, da intuição e do discurso que a realidade é entendida. 

Na intuição intelectual, o critério é a evidência, é aquela ideia clara, que se impõem por si só à mente. Na intuição pragmática, é exigido o aporte de um resultado prático. 
A intuição lógica exige coerência. Em tudo se busca equilibrar razão e intuição, vivência e teoria, concreto e abstrato. E para atingir a certeza da verdade, submete-se o pensamento ao ceticismo, fundamentado na dúvida, na observação e na consideração, ou ao dogmatismo, alicerçado em princípio ou doutrina. 

A ideia na teoria do conhecimento segue a linha do racionalismo, que tudo submete à razão; ao empirismo, que considera a ideia derivada da experiência sensorial; e do criticismo que tenta equilibrar o racionalismo e o empirismo. Em resumo: alguém é levado a divulgar uma ideia de forma positiva e afirmativa a qual se denomina tese. 
Outra pessoa interpela este pensamento, o absorve e critica, com base em seu próprio referencial, e faz nova proposta, gera uma segunda ideia, a antítese. Juntando estas duas ideias de forma conciliadora e compositiva gera-se um terceiro pensamento, que é diferente dos dois que lhe deram origem, obtendo-se a síntese. 
Se o processo for repetido diversas vezes, gera-se um infinito número de ciclos de teses, antíteses e sínteses, que no fluxo do tempo geraram todo o conhecimento que existe.

Longe da confusão para entender as modernas teorias da complexidade, o antigo egípcio desenvolveu o método de transmitir conhecimento através da figura. Baseado na visualização do concreto, o observador desperta para o aprendizado intuitivo intelectual. 
Mesmo que o aprendiz seja de pouco ou nenhum preparo acadêmico, ele é conduzido a um elevado grau de entendimento abstrato, em tema até complexo, que faz despertar sua intuição sensível, intelectual e inventiva. 
Os pedagogos conhecem bem a técnica de transmitir conhecimento por associar a ideia a uma imagem real, pois auxilia na compreensão e na memorização, e ao transmitir a informação assim, ela se atualiza automaticamente, haja vista que fica alicerçada na evolução geral de cada geração que a interpreta. Mesmo que a interpretação mude, o símbolo nunca muda, a ideia original, a sua representação gráfica, o invólucro da ideia, acaba preservado ao longo do tempo. E como a evolução do homem ocorre em diversos segmentos, qualquer mudança afeta a maneira de como um símbolo é interpretado. Esta é a importância de nunca alterar ou modificar um símbolo na Maçonaria; por exemplo, trocar a espada do guarda do templo, símbolo da honra, por um fuzil AR-15; seria uma aberração. 

É a razão de a Maçonaria manter-se sempre atual; mesmo sujeita ao vento da mudança, ela está sempre atualizada porque os seus símbolos são mantidos inalterados, mas as suas ideias não. 
E por estranho que num primeiro instante pareça, mesmo que considerada tradicionalista, ela é progressista. 
Tudo está condicionado ao fato de sua simbologia a tornar insensível ao impacto da dinâmica social, tornando-a elegível a projetar-se num futuro bem distante, porque sua simbologia é a mesma, mas a sua interpretação é dinâmica no tempo e adapta-se à herança cultural de cada individuo e de cada segmento da história. 
Convém observar que entre dois símbolos usados pode estar um século e até um milênio de transformação e adaptação histórica, bem como grande espaço geográfico. 
E de nada adianta tentar alcançar sua origem porque a transformação do pensamento conectada com um símbolo muda permanentemente, a cada instante, de pessoa para pessoa, de cultura para cultura.

Assim como o átomo, a oficina maçônica que para no tempo fica vazia. Se for dinâmica e operosa, reflete a luz do conhecimento e produz pessoas de valor com sua metodologia baseada em símbolos. 
A Maçonaria é uma escola de conhecimento que ensina moral, ética, e desenvolve qualidades sociais e espirituais. É uma instituição que tem por objetivo tornar feliz a humanidade pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância, pela igualdade e pelo respeito à autoridade e à religião. 
Sua alegoria ensinada por símbolos leva o diligente estudante a desenvolver e a elevar a consciência de seu dever na sociedade e na família, constituindo a base da cultura que enriquece sua mente. Está assim equipado para conquistar respeito e admiração do meio social em que está inserido, onde sua ação positiva o faz progredir em sentido financeiro, político, moral, emocional, material, espiritual, em todos os seus valores. E este conhecimento o aperfeiçoa e motiva a tomar seu lugar na sociedade humana para transformá-la em resultado de seu trabalho. Seu diligente preparo o afasta da aviltante ignorância que tanto prejudica a sociedade. Assim equipado, equilibrado, devotado, generoso, livre, igual, praticando a virtude, reprimindo o vício, auxiliando seu irmão, a quem está ligado por laços de amor fraternal, contribuirá para a humanidade se tornar mais pacífica, manterá o povo emancipado e progredirá em todos os sentidos. O amor fraternal é a única possibilidade de solução de todos os problemas da humanidade de forma cabal e é o alicerce da Sublime Instituição.

A Maçonaria não gerou sua própria simbologia e neste sentido tem muito pouco de autêntica. 

A maioria dos símbolos que usa é copiada, absorvida de outras culturas, de outras linhas de pensamentos e influências. 
Observado de uma ótica isenta de mitos e ficções, quando se afirma ser ela originária dos tempos em que se construiu o templo em Jerusalém, isto não é verdade! 
Tudo não passa de lenda para abrilhantar a sua mensagem composta de alegorias e símbolos. 
Entretanto, na dinâmica do tempo, esta alegoria veio a se estabelecer como verdade indiscutível, dogmática, e sabe-se que, por princípio, a ordem maçônica não tem dogmas. 
É na sua flexibilidade que se baseia sua riqueza cultural. Se não for elástica, tolerante, com certeza quebra, entra em colapso. Ela não é formada por um grupo social que vive isolado, ou que defende dogmas autônomos; ela é resultado da massa da sociedade como um todo, daí sua capacidade de penetração. 

E ao ser tolerante, admite toda linha de pensamento que venha ao encontro da construção de homens que submetem sua cognição e emoção à sua espiritualidade. 

Mesmo que todos os símbolos por ela usados para interpretar o Universo sejam originários de outras culturas, estes foram introduzidos intencionalmente, com o objetivo de torná-la ágil, elegante e adaptável na linha do tempo.

Podem-se citar algumas fontes principais 
de onde foi importada a sua cultura:

A Alquimia, com seu caráter altamente místico, gerou farta simbologia da qual a Maçonaria se apropriou. 
Mas a melhor herança que a Ordem obteve desta ultrapassada ciência foi o cultivo do amor fraterno, o "ouro potável" que nada mais é que um coração que extravasa "amor". 
Foi uma ciência dedicada principalmente a descobrir uma substância que transmutaria os metais mais comuns em ouro e prata, e a encontrar um meio de prolongar indefinidamente a vida humana. 
Foi a predecessora da química.

A Arquitetura na Maçonaria é a sua arte básica e a grande preocupação da Ordem é a construção do homem completo em todas as suas dimensões: física, emocional e espiritual. 

Por simbolizar o trabalho planejado, a semelhança de aperfeiçoar o homem através de um trabalho constante e digno, usa a energia do grupo para gerar homens mais fortes e corretos. 
Na construção destes homens melhorados sempre há algo para fazer, refazer, realizar e aperfeiçoar, tudo no encontro de sua própria felicidade. 
Fica evidente que na criação do homem completo e livre tudo depende do esforço individual. 
Esta arte é o resultado do trabalho do arquiteto e mesmo a construção do Universo, da Terra, visões e sonhos possuem projetos e definições baseadas na arquitetura.

Na Maçonaria o único uso que se faz da Astrologia, a ciência dos astros, a antiga astronomia, é nas manifestações artísticas das abóbadas celestes pintadas nos templos, onde aparecem constelações de estrelas, o sol e a lua, para relaxar a mente e influenciar aos maçons reunidos em seus trabalhos. 
Significa também que o templo não tem teto, onde, para o Grande Arquiteto do Universo tudo é revelado.

A Maçonaria tentou incluir o conhecimento esotérico hebreu da Cabala em seu meio, porém, sem sucesso. 
É o ensino judaico da tradição de Jeová. 
Seria o princípio de toda expressão religiosa, porém, esta apenas serve para alguém que conheça a língua hebraica onde existe uma relação numérica entre o som de cada letra do alfabeto e um número. 
Para os acidentais existe a Numerologia que pretende fazer algo parecido.

O Cristianismo está filosoficamente ligado aos graus da Maçonaria, em todos eles existem elementos que remetem aos textos da bíblia judaico-cristã.

O Egito contribuiu com sua mitologia e religião com farta simbologia para a Maçonaria, sendo também o berço das primeiras sociedades iniciáticas.

A Geometria é a ciência que provê boa parte de todo o simbolismo da Maçonaria, associada à Arquitetura, arte principal da Ordem. 
Parte da interpretação dos símbolos geométricos estão ligados à Escola Pitagórica, numerologia, alquimia e mestres construtores da idade média. 
O Grande Arquiteto do Universo é considerado o Grande Geômetra.

Maçonicamente, o Hermetismo é apenas uma referencia histórica à tradição primitiva dos alquimistas. Relaciona-se ao estudo dos arcanos, vulgarmente conhecidos como as lâminas do Tarô, onde está simbolizada toda a cosmogênese e antropogênese da antiguidade. 
O Hermetismo foi uma "doutrina" esotérica baseada na revelação mística da ciência, ligada Hermes Trismegistos, antigo iniciado do Egito.

Mesmo sem relação com a Maçonaria, o Hinduísmo influi nela com a manifestação da cultura hindu através da filosofia brâmane e vedanta.

As lendas Maçônicas estão alicerçadas nas escrituras da bíblia judaico-cristã e parte dos seus rituais estão ligados aos princípios religiosos judaicos. 
O Judaísmo é a base do desenvolvimento da religião cristã, e berço da Maçonaria. 
As escrituras gregas, ou cristãs, estão profundamente ligadas às escrituras hebraicas e à Tora.

Na Maçonaria a Numerologia é estudada em profundidade e está bastante arraigada nos rituais. É a ciência que define o valor dos números. 
Avalia o número em seu aspecto qualitativo, mágico e filosófico. 
Pitágoras foi sua maior expressão e é básica na aritmética e na Cabala.

Uma fraternidade às vezes confundida com a Maçonaria é o Rosacrucianismo. Até possui relação com ela, pois o Martinismo é a pratica da Maçonaria nos moldes daquela organização. 
O que existe é a cultura Rosa Cruz assimilada em alguns dos princípios esotéricos. 
É uma ordem secreta e esotérica oriunda do intuito de cristianização dos mistérios egípcios. Grande parte dos símbolos usados pela Ordem maçônica é oriunda desta vertente.

A mais poderosa ordem em sentido militar, intelectual, religioso e econômico do século XII foi a dos Templários. Sua finalidade foi a de proteger os peregrinos que se dirigiam ao santo sepulcro. 
A Maçonaria incorporou grande parte da cultura, e enriqueceu a sua filosofia a partir das heranças culturais deixadas pelos Cavalheiros. Existem especulações que seriam os remanescentes desta Ordem a verdadeira raiz da Maçonaria.

Existem também teorias de que algumas das tradições maçônicas sejam originárias do Zoroastrismo, uma religião, resultado da designação de todos os sucessores de Zaratustra, o grande legislador persa e seu fundador.

Adicionalmente, podem-se listar as seguintes influências na cultura da Maçonaria: 

Agnosticismo, Antropologia, Aritmética, Arqueologia, Astronomia, Biologia, Chacras, Escultura, Filosofia, Geografia, Gramática, Lógica, Logosofia, Matemática, Mitologia, Música, Ontologia, Pintura, Poesia, Retórica, Sociologia, Teologia, Teosofia, Vedas, e outras.

Muitas são influências da cultura maçônica, e mesmo tendo acesso a tudo isto, é necessário que ao final, cada maçom se torne bom, sábio e virtuoso, e para isto, cultura sozinha não é suficiente. 
É necessário que o homem seja moldado internamente. 
E isto ele deve desejar ardentemente, deve ser seu principal alvo, senão toda esta cultura é inútil, uma frustrante tentativa de alcançar o vento na corrida. Ser bom até pode ser característica da própria pessoa, ser virtuoso é o resultado de uma disciplina enérgica, mas a sabedoria, esta exige, além de cultura e conhecimento, colocar em prática tudo o que aprendeu de forma inteligente e racional.

Bibliografia:

1. BOUCHER, Jules, A Simbólica Maçônica, Segundo as Regras da Simbólica Esotérica e Tradicional, título original: La Symbolique Maçonnique, tradução: Frederico Ozanam Pessoa de Barros, ISBN 85-315-0625-5, primeira edição, Editora Pensamento Cultrix Ltda., 400 páginas, São Paulo, 1979;

2. CAMINO, Rizzardo da, Dicionário Maçônico, ISBN 85-7374-251-8, primeira edição, Madras Editora Ltda., 413 páginas, São Paulo, 2001;

3. FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de, Dicionário de Maçonaria, Seus Mistérios, seus Ritos, sua Filosofia, sua História, quarta edição, Editora Pensamento Cultrix Ltda., 550 páginas, São Paulo, 1989;

4. PUSCH, Jaime, ABC do Aprendiz, segunda edição, 146 páginas, Tubarão Santa Catarina, 1982.

Comentários