Corramos o véu que oculta os nossos Mistérios.
"Chamamo-vos a amassar o cimento místico e submetendo-vos à provas que encerram o pensamento íntimo da Instituição, a Maçonaria colocou, diante de vossos olhos, os elementos que irão servir ao vosso ressurgimento ou à transformação pela qual podeis passar."
A Tetractys, que não se deve confundir com o número quatro, é a série dos quatro primeiros números cuja soma é igual a dez.
Entre os pitagóricos, ela tinha um caráter sagrado, atestado pela fórmula:
“Eu o juro por aquele que revelou à nossa alma Tetractys que tem em si a fonte e a raiz da eterna natureza.”
Considerada em si mesma, a Tetractys, pelos números que a compõe resume todos os ensinamentos relativos ao mundo criado:
- FOGO 1. Espírito Criador
- AR 2. Matéria
- ÁGUA 3. União do Espírito e da Matéria
- TERRA 4. Forma Criada
Na realidade, o Recipiendário não realiza três, mas quatro viagens.
A primeira é aquela que o leva do Gabinete de Reflexões à porta do Templo.
Ao chegar a essa porta, ele, virtualmente, nasceu duas vezes.
Ao sair do Templo estará ele verdadeiramente de posse desse novo nascimento simbólico?
Só o Recipiendário é capaz de responder a essa pergunta, porque só ele é capaz de “querer” sinceramente que isso ocorra.
Que ele se lembre, então, da divisa inscrita, nas Iniciações antigas, sobre o pedestal de granito que sustentava a Esfinge Tetramorfa...
...de garras de Leão,
...asas de Águia,
...de Touro e
...rosto de Homem...
...divisa que deve ser - como foi, outrora, para os perfeitos Iniciados, a divisa perfeita do Maçom:
SABER, QUERER, OUSAR E CALAR-SE.
Saber com Inteligência (Homem),
Querer com ardor (Leão),
Ousar com audácia (Águia),
Calar-se com força (Touro).
Só por um ato absoluto e entusiasmado de sua vontade é que o profano de ontem se transformará num “nascido duas vezes”, isto é, o Espírito pelo qual uma Vida nova irá desenrolar pomposos ciclos de seus esplendores espirituais.
O Tetramorfo é comumente chamado de “Esfinge” (Animal Fabuloso), encontrado diversas vezes na Bíblia:
“Diante do Trono, há como um mar semelhante ao cristal; e diante do Trono e ao redor do Trono, quatro animais cheios de olhos na frente e atrás. O primeiro assemelha-se a um Leão, o segundo a um jovem Touro, o terceiro tem como que um rosto de Homem e o quarto assemelha-se a uma Águia que voa.” (Apocalipse de São João, Cap. 4, Vers. 6 a 8)
Conforme Crampon:
“Os quatro animais constituem a representação ideal de toda a criação viva. Eles representam a semelhança dos quatro seres vivos que, com direito, podem ser considerados como os que ocupam os primeiros lugares deste mundo."
Outras fontes afirmam que...:
Os flancos do Touro representam a matéria corpórea, a nutrição abdominal,
a linfa, a inércia da Água,
a virtude do domínio com seu contrário,
o vício da sensualidade,
...numa palavra, o temperamento linfático.
As asas da Águia representam a força vital, a nutriçào torácica, o sangue, a mobilidade do Ar, o sentimento com seus exageros passionais, numa palavra o temperamento sangüíneo.
A cabeça do Homem representa o espírito imaterial com a sede do pensamento, do espírito terrestre, a Terra, numa palavra, o temperamento nervoso.
As garras e os membros do Leão representam o Fogo que devora, o vigor ativo e a energia unificadora que põe em ação os instintos e as resoluções voluntárias, com mais ou menos intensidade, numa palavra, o temperamento bilioso.
Pode-se admitir que o homem não se compõe não só de um corpo e de uma alma, mas de quatro partes distintas:
Spiritus, Animus, Mens, Corpus.
Podemos, então, montar um quadro analógico completo colocando em correspondência...
...a Iniciação (Fogo),
...a Religião (Água),
...a Filosofia (Ar) e
...a Vida Material (Terra).
Procura-se, ainda, estabelecer que os que os quatro animais do Apocalipse correspondiam a quatro dos signos do Zodíaco:
“Os quatro signos fixos, ou centros, eram...
...o Leão,
...o Boi ou o Touro Celeste,
...o Homem de Aquário
...o Escorpião.
O céu está apoiado sobre quatro signos que correspondem às quatro divisões do contorno do céu, a saber:
o meio do céu...
o crepúsculo...
a parte inferior do céu...
o oriente...
...que formam uma espécie de cruz,, cujo ponto mais alto está situado no Zênite, o pé no Nadir, estendendo-se os dois braços para o Oriente e o Ocidente.
Portanto, fazendo a volta do céu, a partir do ponto mais alto, encontraremos...
quatro distâncias iguais ou a seis horas uma da outra,
quatro figuras,
quatro animais celestes,
...que dividem em quatro partes iguais o contorno do céu e o zodíaco.
Entendamos que como o futuro depende do trabalho feito durante a juventude, vamos trabalhar para que sejamos felizes na velhice e para que nossa passagem por este mundo não seja estéril, quando voltarmos ao seio da Natureza, de onde saímos.
Bibliografia:
A Simbólica Maçônica - Jules Boucher
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