Há, por vezes, um grande equívoco sobre a prática e os conceitos das instruções maçônicas em Lojas. .
No decorrer do trabalho, apresenta-se exemplos e como, devem ser desenvolvidas as instruções maçônicas.
Explica-se como funciona o sistema de instrução maçônica nas Lojas inglesas, as Lojas de Instrução.
Expõe-se, também, sobre as Steward’s Lodges.
Termina-se informando como adaptar este sistema inglês à realidade brasileira.
Instrução é a formação de determinada habilidade.
É o treinamento, é o adestramento. Instrução maçônica é o treinamento de como se deve comportar em Loja aberta, ou seja, é o adestramento do uso dos rituais, da liturgia maçônica.
Isto é, como se habilitar nos procedimentos ritualísticos.
É a formação do Maçom.
É feita, na Maçonaria inglesa, geralmente em Lojas de Instrução.
No Brasil é feita em Lojas abertas, em Seminários e em Encontros Maçônicos.
Há, também no Brasil, algumas escolas maçônicas.
Instrução maçônica, conforme esta definição, não é educação maçônica.
Educação maçônica é definida abaixo.
Importante é esclarecer que as instruções na Maçonaria não são exposição e aceitação de dogmas, isto é, doutrinas de caráter indiscutíveis, como são instruções religiosas.
Trata-se de ritualística, simbolismo e alegorias, cujos ensinamentos e conclusões finais são de responsabilidade e iniciativa do maçom que está sendo instruído. Por isso o maçom é um livre pensador, homens livres e de bons costumes.
O livre pensar convida ao despojamento de crenças baseadas em superstições e magias, as quais geram acomodações e preguiça mental.
O livre pensar demanda coragem, determinação, sede de saber, iniciativa de quem está sendo instruído e o uso da razão na busca da verdade. Cabe ao instrutor mostrar o caminho do saber, do alcance das virtudes e da prática da moral. Cabe ao maçom que está sendo instruído, o instruendo, chegar, por seus próprios meios, pensamentos e iniciativa, ao ensinamento final.
Educação maçônica é o desenvolvimento cultural do maçom. Trata-se de um conjunto de métodos que repassam conhecimentos sobre história da Maçonaria, filosofia maçônica incluindo ética e moral e cultura maçônica. Nesta definição, não envolve estudo dos rituais e preleções maçônicas. O objetivo da cultura maçônica é complementar a formação do Maçom.
Normalmente é feita através de palestras, seminários, encontros e, principalmente, leituras.Informação é a notícia, não é propriamente instrução maçônica. É a exposição de um fato de interesse geral a que se dá publicidade. Por exemplo: notícias sobre outras Lojas, sobre encontros e seminários. Informação maçônica é, portanto, a apresentação de notícias de interesse dos membros da Loja maçônica.
Instrução maçônica:
Um dos problemas que mais afligem a Maçonaria atual é a prática ritualística pobre.
Isto não se refere à dificuldade de ler os rituais, mas também à maneira como são praticados, de forma monótona e sem inspiração, o que implica em o candidato não ser atingido pela mensagem das cerimônias das quais participa.
A prática ritualística é muitas vezes medíocre, e ela não precisa ser!
Uma prática ritualística mais atenta nos oferece a oportunidade de observar melhor os nossos símbolos e as nossas tradições proporcionando assim um entendimento melhor sobre a Ordem Maçônica.
As instruções maçônicas no Brasil são, em geral, realizadas em Lojas abertas.
São feitas com pouco tempo de trabalho, o “tempo de estudos”, muito limitado, em geral sem discussões e, consequentemente, muito falhas.
As instruções constam, genericamente, da apresentação de 2 ou 3 trabalhos, da leitura ou memorização das preleções, mas tudo sem debates mais profundos.
Muitas dúvidas persistem, por parte dos instruendos.
Os trabalhos apresentados, em geral, são cópias e muito poucas vezes o Irmão em instrução, coloca suas próprias opiniões sobre o tema copiado.
Raramente há discussões sobre a ritualística.
Tudo o que se faz num ritual, as palavras, os atos, o silêncio, os passos, tudo tem um significado simbólico.
Poucos conhecem esses significados e, o mais insensato, não estão despertos ou interessados em saber o porquê desses atos.
Ou seja, não “vestem a camisa” do ritual, lendo-o como um autômato. Instrução maçônica é, principalmente, o adestramento sobre ritualística e isso é pouco explorado no Brasil.
Importante é afirmar que o ritual não é um fim, mas um meio para a preparação e o desenvolvimento de virtudes, de valores e de bem viver através de símbolos e alegorias.
Os Irmãos Aprendizes perguntam muito.
Porque têm interesse, curiosidade e querem aprender.
A resposta, em geral, é do tipo “isso eu não posso responder” ou “tenha paciência que você vai saber nos graus superiores (ou mais tarde)”.
Isto é um erro, pois o que não se pode dizer ao aprendiz são apenas palavras, sinais e toques dos graus superiores. Então, os questionamentos afloram sem respostas.
As instruções para Mestres Maçons são, ainda, mais deficientes e, muitas vezes, nulas, simplesmente não existem.
Certas pessoas, depois de iniciadas e elevadas (exaltadas), continuam profanos por falta de instrução.
Muitos, chegando ao ápice da carreira maçônica, “aposentam-se”.
Em consequência dessas falhas, temos o chamado “efeito sanfona” (o entra e sai da Maçonaria), as cisões (de Obediências ou de Lojas), os diversos atritos e problemas existentes na Maçonaria brasileira.
Pode-se afirmar, sem erro, que todas as cisões de Obediências ou de Lojas, originaram-se nas inadequadas instruções de seus protagonistas.
As instruções maçônicas no Brasil são de responsabilidade de cada Loja.
As instruções maçônicas deveriam ser mais regulares e frequentes.
Deveriam ser feitas em Loja fechada, quando é possível debates, réplicas e tréplicas e questionamentos diversos. Deveriam ser feitas por instrutores que se preparassem para tal, com planejamento prévio, sem improvisações.
Muita coisa que estão nos rituais não estão de forma explícita, mas demanda estudos mais aprofundados.
Quando não se sabe a resposta a um questionamento, é preferível dizer:
- “Não sei responder. Vamos estudar”.
Nos trabalhos escritos, além de referências bibliográficas, deve haver como considerações finais, a opinião original e pessoal sobre o tema, pelo Irmão que está sendo instruído.
E as cópias de textos já existentes devem vir entre aspas e referenciadas.
Algumas Obediências têm cursos de instruções programados para AM, CM e MM.
Mas esses cursos não são eficientes na maioria das vezes e alguns são à distância.
O GOSP (GOB-SP) tem um eficiente programa de instrução (na verdade de educação maçônica), dividido em 3 partes: AM, CM e MM, que circula em todo Estado: são os ERAC (Encontro Regional de Aprendizes e Companheiros), ERACOM (Encontro Regional de Aprendizes, Companheiros e Mestres) que existem também no GOB-PR.
A GLMMG mantem uma escola maçônica.
A Mui Respeitável Grande Loja de Santa Catarina mantém um eficiente programa de instruções maçônicas.
Algumas críticas sobre a necessidade de instrução ritualística são expostas a seguir. É muito comum, no Brasil, enxertos e invenções nos rituais, “por ser mais bonito”.
Quando há dúvidas, muitos Irmãos não tendo conhecimento da solução, criam uma teorização fundada no subjetivismo pessoal, ou seja, um “achismo”. Não deve existir “achismos” nas instruções maçônicas.
Cabe ao Secretário de Ritualística da Obediência manter severa vigilância na execução do ritual.
Ele é o responsável pela liturgia do rito e pelo ritual.
Uma grande parte dos maçons brasileiros acredita que a instrução vai bem.
Acham suficientes os trabalhos copiados dos AM e CM.
Não sentem falta da instrução de MM e de seus trabalhos.
São Irmãos ingênuos, ainda que bem intencionados.
Para eles todos são bons e todos são Irmãos e isso basta. Neste caso, falta aos seus Irmãos de Loja tentarem abrir suas mentes para a beleza do ritual, do simbolismo e da Maçonaria.
Muitos Irmãos acham que o maçom após elevado (exaltado) MM alcançou a “plenitude maçônica” e isto basta.
Se “aposentam”.
O que é, evidentemente, um grande erro.
Copilação: Grupo Memórias e Reflexões Maçônicas
Adm. Ir.´. Rogério Romani
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