A Maçonaria, congregando todas as manifestações do pensamento humano está sempre a procura da Sabedoria e da Luz, que ilumina e dirige tanto o Macrocosmo como o Microcosmo. Assim são as Lojas Filosóficas, dos altos Graus e as Lojas em que os Irmãos se dedicam aos estudos religiosos, místicos e espiritualistas, construindo uma rede que une todas as correntes do pensamento humano.
TEÍSMO
“Teísmo – Doutrina filosófica que afirma a existência de um Deus pessoal, o qual, depois de criar o mundo, exerce sobre ele constante ação providencial.”
O Ilustre Irmão Roberto Malfatti nos diz:
“O teísmo é a crença em Deus e na imortalidade da alma.
É uma doutrina filosófico-religiosa que afirma a existência de um Deus pessoal que age pela sua providencia no mundo.
Historicamente, remonta aos gregos.
Em seu conceito, são determinantes a existência e a causalidade divinas.
É a base fundamental das grandes religiões monoteístas.”
Teísmo (do grego Théos, “Deus”) é uma crença na existência de deuses, seja um ou mais de um, no caso de mais de um, pode existir um supremo.
Teísmo não é religião, pois não se trata de um sistema de costumes, rituais e não possui sacerdotes ou uma instituição.
Teísmo é apenas o nome para classificar a opinião segundo a qual existe ou existem deuses.
Algumas religiões são teístas, outras são deístas, panteístas, etc.
Então, podemos dividir o Teísmo em:
Monoteísmo: crença em um só Deus.
Politeísmo: crença em vários deuses.
Henoteísmo: crença em vários deuses, mas com um supremo a todos.
Monoteísmo
A divindade, nas religiões monoteístas, é onipotente, onisciente e onipresente, não deixando de lado nenhum dos aspectos da vida terrena. Mas lembra que a espiritualidade é bem mais importante em um só Deus, que para além de ser considerado todo-poderoso é também um ícone moral para os adeptos de religiões monoteístas – exigindo dos fiéis observância de normas de conduta consideradas puras.
São exemplos de religiões monoteístas:
Judaísmo-Cristianismo-Islamismo-Zoroastrismo-Fé Bahá’í
Politeismo
Do grego: Poli, muitos, Théos, deus: muitos deuses.
Consiste na crença em mais do que uma divindade de gênero masculino, feminino ou indefinido, sendo que cada uma é considerada uma entidade individual e independente com uma personalidade e vontade próprias, governando sobre diversas actividades, áreas, objectos, instituições, elementos naturais e mesmo relações humanas.
Ainda em relação às suas esferas de influência, de notar que nem sempre estas se encontram claramente diferenciadas, podendo naturalmente haver uma sobreposição de funções de várias divindades.
O reconhecimento da existência de múltiplos deuses e deusas, no entanto, não equivale necessariamente à adoração de todas as divindades de um ou mais panteões, pois o crente tanto pode adorá-las no seu conjunto, como pode concentrar-se apenas num grupo específico de deidades, determinado por diversas condicionantes como a ocupação do crente, os seus gostos, a experiência pessoal, tradição familiar, etc.
São exemplos de religiões politeístas as da antiga Grécia, Roma, Egipto, Escandinávia, Ibéria, Ilhas Britânicas e regiões eslavas, assim como as suas reconstruções modernas como a Wicca, Xamanismo , Druidismo e ainda o Xintoísmo e as religiões afro-brasileiras.
Henoteísmo
Henoteísmo é uma religião teísta.
Em relação a outras crenças, é muito pouco conhecida, tendo poucos fiéis, embora alguns nem saibam que sejam (ver abaixo).
A religião acredita em vários deuses, assim como o politeísmo, podendo ser qualquer tipo de divindade ou força natural existente. Porém, a crença também é dedicada a um deus supremo, como o monoteísmo, criador das outras divindades.
Não existem religiões totalmente henoteístas, essa crença está presente em diversas outras como podemos ver na próxima seção. Henoteísmo presente em diversas religiões
Cristianismo
Vários cristãos acreditam numa grande variedade de anjos, santos, demônios, porém eles sempre são inferiores a Santíssima Trindade. Embora muitos fiéis negam que tais seres sejam deuses, muitas vezes existem em orações ou crenças.
Hinduísmo
Mitologia greco-romana
A mitologia greco-romana é um dos mais famosos exemplos de politeísmo, por crer em vários deuses, para diversos elementos ou sentimentos. Mas, segundo os mitos, existia o deus Zeus (ou Júpiter), que era supremo a todos, chamado de “O Deus dos Deuses”.
Antiga religião egípcia
DEÍSMO
Em seu Grande Dicionário de Maçonaria e Simbologia, Nicola Aslan nos explica:
“Deísmo – Tem esse termo dois usos comuns. Para alguns, Deus não tem uma relação imediata com o mundo, razão pela qual é inútil pedir-lhe ação através de súplicas. Essa concepção não possui qualquer valor filosófico, e aqui consta apenas como ilustração.
Outra concepção afirma a existência de Deus, autor da natureza, não, porém, proveniente, sem atributos morais, e que não é merecedor de um culto especial, nem se manifestou ao homem pela revelação.”
O deísmo é uma postura filosófico-religiosa que admite a existência de um Deus criador, mas questiona a idéia de revelação divina.
É uma doutrina que considera a razão como uma via capaz de nos assegurar da existência de Deus, desconsiderando, para tal fim, a prática de alguma religião denominacional.
O deísmo pretende enfrentar a questão da existência de Deus, através da razão, em lugar dos elementos comuns das religiões teístas tais como a “revelação divina”, os dogmas e a tradição.
Os deístas, geralmente, questionam as religiões denominacionais e seu(s) deus(es) dito(s) “revelado(s)”, argumentando que Deus é o criador do mundo, mas que não intervém, diretamente, nos afazeres do mesmo, embora esta posição não seja estritamente parte da filosofia deísta. Para os deístas, Deus se revela através da ciência e as leis da natureza.
É interessante dizer, que o conceito deísta de divindade não corresponde, necessariamente, ao que comumente a sociedade entende ser “deus”.
Ou seja, existem várias formas de se compreender aquilo que é, supostamente, transcendente ou sobrenatural. Então, Deus pode ser compreendido como o princípio vital, a energia criadora ou a força motriz do Universo. Todavia, não propriamente como um ser antropomórfico. Tal representação é específica das religiões fundamentalistas, os quais o deísta não considera como sendo a verdade.
O deísta não necessariamente nega que alguém possa receber uma revelação divina, mas essa revelação será válida apenas para a pessoa que a recebeu (se realmente a recebeu). Isto implica a possibilidade de estar aberto às diferentes religiões como manifestações diversas de uma mesma realidade divina, embora não crendo que nenhuma delas seja a “verdade” absoluta.
Muitos deístas podem ser definidos como agnósticos teístas, pois consideram que no dia-a-dia as ações humanas devem ser orientadas pelo pensamento racional.
As raízes do deísmo estão ligadas aos antigos filósofos gregos, e sobretudo a filosofia aristotélica da primeira causa.
Mais tarde este movimento floresce durante o Renascimento, com o apoio de cientistas britânicos e italianos como Galileu Galilei e Isaac Newton.
As primeiras obras de crítica bíblica, tais como Thomas Hobbes no Leviatã e Spinoza no Tratado Político Teológico, bem como obras de autores menos conhecidos, como Richard Simon e Isaac La Peyrère, pavimentaram o caminho para o desenvolvimento do deismo crítico.
Edward Herbert, Lorde de Cherbury (1583-1648), é geralmente considerado como o “pai do deismo inglês”, e seu livro De Veritate (na verdade, It Is Distinguished from Revelation, the Probable, the Possible, and the False) (1624) a primeira grande demonstração do deismo.
Herbert apresentou os pontos básicos do deísmo que pode ser resumido na seguinte maneira: “Deus existe, e pode ser cultuado pelo arrependimento e por uma vida de tal modo digna, que a alma imortal possa receber a recompensa eterna em vez do castigo”.
Outros deístas influentes, como Charles Bloynt (1654-1693), John Tolarndt (1670-1722), Lorde Shaftesbury (1671-1713) pregaram que o cristianismo não era um mistério e poderia ter sua autenticidade verificada pela razão; tudo o que não pudesse ser provado pela razão deveria ser descartado.
Entretanto, foi na época do Iluminismo, no final do século XVII, que o movimento deísta atingiu o seu apogeu partir dos escritos de autores ingleses e franceses como Thomas Hobbes, John Locke, Jean Jacques Rousseau e Voltaire. O mais famoso dos deistas franceses foi Voltaire, que adquiriu o gosto pela ciência newtoniana, e reforçou inclinações deístas, durante uma visita de dois anos a Inglaterra a partir de 1726.
Ao mesmo tempo, com a imigração de deístas ingleses, a divulgação dos escritos deístas e a difusão das idéias iluministas nas Treze Colônias contribuiram para popularizar o deísmo nos Estados Unidos, com os escritos dos norte-americanos, John Quincy Adams, Ethan Allen, Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, James Madison, George Washington e, especialmente, Thomas Paine em seu livro A Idade de Razão.
Os princípios deístas, especificamente tiveram efeito sobre as estruturas política e religiosa dos Estados Unidos, tais como a separação entre Igreja e Estado e a liberdade religiosa.
O Deismo, geralmente considerado como uma influente escola de pensamento, declinou em cerca de 1800.
O termo deísta tornou-se raramente utilizado, mas as crenças deístas, suas idéias e influências não. Elas podem ser vistos no século XIX na teologia liberal britânica e na ascensão do Unitarianismo, que adotou muitas das suas crenças e idéias.
Mesmo hoje, há um número significativo de Web sites deístas.
Vários fatores contribuíram para um declínio geral na popularidade do deismo, incluindo:
o surgimento, crescimento e propagação do naturalismo e do materialismo, que foram ateístas; os escritos de David Hume e Immanuel Kant (e mais tarde, Charles Darwin), que aumentaram dúvida sobre o argumento da primeira causa e do Argumento Teleológico, transformando muitos (embora não todos) potenciais deístas ao ateísmo ou panendeísmo;
perda de confiança em que a razão e o racionalismo poderiam resolver todos os problemas; críticas de excessos da Revolução Francesa; críticas que o livre pensamento levaria inevitavelmente ao ateísmo; uma campanha antideísta e anti-razão de alguns clérigos cristãos para caluniar o deismo e equipará-lo com o ateísmo na opinião pública; revivalismo de movimentos cristãos que afirmavam que uma relação pessoal com uma divindade era possível.
perda de confiança em que a razão e o racionalismo poderiam resolver todos os problemas; críticas de excessos da Revolução Francesa; críticas que o livre pensamento levaria inevitavelmente ao ateísmo; uma campanha antideísta e anti-razão de alguns clérigos cristãos para caluniar o deismo e equipará-lo com o ateísmo na opinião pública; revivalismo de movimentos cristãos que afirmavam que uma relação pessoal com uma divindade era possível.
Características
Os deistas acreditam na possibilidade da existência de dimensões transcendentais. Contudo, não estão presos a nenhum tipo de mitologia ou dogma.
Frequentemente, os deístas se encontram insatisfeitos com as religiões denominacionais, e apresentam, geralmente, algumas afirmações que os diferenciam dos religiosos convencionais ou teístas.
Afirmações deístas
1- Acredito em um Deus, mas não pratico nenhuma religião em particular;
2- Acredito que a palavra de Deus são as leis da natureza e do Universo, não os livros ditos “sagrados” escritos por homens em condições duvidosas;
3- Gosto de usar a razão para pensar na possibilidade de existência de outras dimensões, não aceitando doutrinas elaboradas por homens;
4- Acredito que os ideais religiosos devem tentar reconciliar e não contradizer a ciência.
5- Creio que se pode encontrar Deus mais facilmente fora do que dentro de alguma religião;
6- Desfruto da liberdade de procurar uma espiritualidade que me satisfaça;
7- Prefiro elaborar meus princípios e meus valores pessoais pelo raciocínio lógico, do que aceitar as imposições escritas em livros ditos “sagrados” ou autoridades religiosas;
8- Sou um livre pensador individual, cujas convicções não se formaram por força de uma tradição ou a “autoridade” de outros;
9- Acredito que religião e Estado devem ser separados;
PANDEÍSMO
Pandeísmo (em grego πάν) é uma corrente filosófica que surgiu da mistura do panteísmo com o deísmo.
Corrente religiosa sincrética (do grego: πάν (pan), “todo” e do latin deus, “deus”) proveniente da junção do panteísmo (identidade de Deus com o Universo) com o deísmo (O Deus criador do universo não mais pode ser localizado, senão com base na razão), ou seja, a afirmação concomitante de que Deus precede o Universo, sendo o seu criador e, ao mesmo tempo, sua Totalidade.
Como o deismo, faz uso de razão na religião, o pandeísmo usa o argumento cosmológico, o argumento teológico e outros aspectos da chamada “religião natural”.
Tal uso se deu entre os disseminadores de sistemas filosóficos racionais, durante o século XIX. Também foi largamente empregado para identificar a expressão simultânea de todas as religiões.
Algumas Mitologias, tais como a nórdica, sugerem que o mundo foi criado da substância corporal de uma deidade inactiva, ou ser de capacidades similares; no exemplo citado, Odin, junto de seus irmãos Ve e Vili derrotaram e mataram o gigante Ymir, e de sua carne fizeram a terra, dos cabelos, a vegetação, e assim por diante, criando o Mundo conhecido. Semelhantemente, a mitologia Chinesa propugna a mesma estrutura, atribuindo á Pan Gu a criação dos elementos físicos que compõe o Mundo.
João Escoto Erígena em De divisione naturae (862-866), sua obra mais conhecida e também a mais importante, mostrava sua visão sobre a origem e a evolução da natureza, na tentativa de conciliar a doutrina neoplatônica da emanação com o dogma cristão da criação, também um livro posteriormente condenado.
Modernamente, Thomas Paine, filósofo britânico, e o naturalista holandês Franz Wilhelm Junghuhn redimensionaram os conceitos sobre deísmo e panteísmo em suas obras, introduzindo-as na mentalidade contemporânea.
O termo Pandeísmo foi inventado por Moritz Lazarus e por Heymann Steinthal em 1859: “Man stelle es also den Denkern frei, ob sie Theisten, Pan-theisten, Atheisten, Deisten (und warum nicht auch Pandeisten?)” (“O homem deixa-o aos filósofos, se são Pantheístas Theístas, atheístas, Deístas (e porque não também Pandeístas?)”.
Em 2001, Scott Adams escreveu God’s Debris (Restos do Deus), que propõe um formulário de Pandeísmo.
PANENTEÍSMO
Panenteísmo (pan-en-teísmo), ou krausismo, é uma doutrina que diz que o universo está contido em Deus (ou nos deuses), mas Deus (ou os deuses) é maior do que o universo. É diferente do panteísmo (pan-teísmo), que diz que Deus e o universo coincidem perfeitamente (ou seja, são o mesmo).
O termo foi proposto por Karl Christian Friedrich Krause, na sua obra System des Philosophie (1828), para designar a sua própria doutrina teológica que pretendia servir de mediação entre o panteísmo e o teísmo.
O termo passou a ser utilizado para designar múltiplas tentativas análogas, extravasando o sentido original que lhe fora atribuído por Karl Krause.
No panenteísmo, todas as coisas estão na divindade, são abarcadas por ela, identificam-se (ponto em comum com o panteísmo), mas a divindade é, além disso, algo além de todas as coisas, transcendente a elas, sem necessariamente perder sua unidade (ou seja, a mesma divindade é todas as coisas e algo a mais).
Esta crença panenteísta pode ser identificada de forma bastante válida com a interpretação cabalística (que hoje em dia vem sendo utilizada por alguns teólogos cristãos, especialmente católicos) da criação, especificamente a idéia de Tzimtzum.
Pedro Junk, alerta:
“Sob a influência britânica no tocante ao aparecimento da Moderna Maçonaria em 1.717, a grande parte dos rituais e trabalhos praticados assumiu uma forte tendência teísta, sendo inclusive exigida do candidato à Iniciação a condição sine qua non de crença em Deus e sua vontade revelada.
Embora na atualidade, uma grande parte dos ritos sejam teístas, existem, porém os que se apresentam com feição deísta e que se dizem racionais, rejeitando o dogmatismo sendo até confundidos e rotulados como agnósticos. Dos ritos deístas mais conhecidos a esmagadora maioria é de vertente francesa.
Rui Bandeira lembra que:
Através do seu desassossego intelectual, os maçons aceits não se limitaram a “colonizar” a Maçonaria Operativa e a transformá-la em Maçonaria Especulativa. Também na Maçonaria introduziram os princípios e o conceito do deísmo. Sobre uma pré-existente Maçonaria teísta construíram uma Maçonaria deísta.
A Maçonaria original, operativa, era essencialmente cristã. Na Europa esse era o pensamento religioso largamente dominante. Para além deste, existia apenas o judaísmo, minoritário e simplesmente tolerado. Às vezes, pouco. Nalguns locais (na Península Ibérica, por exemplo), nada.
Todos os textos primitivos maçônicos espelham a doutrina cristã. Mesmo as Constituições de Anderson o mostram. Na redação original dos Landmarks, os princípios informadores da Maçonaria não se fazem referência a Volume da Lei Sagrada, menciona-se, clara e diretamente, a Holly Bíblia, a Bíblia Sagrada.
Com o advento do pensamento deísta e a sua inegável influência na Maçonaria, a concepção desta como tributária da religião cristã é substituída por uma muito mais abrangente concepção como tributária da “Religião com a qual todos os homens concordam” (expressão, aliás, já constante nas Constituições de Anderson). Este mais abrangente entendimento inelutavelmente que levou a certa descristianização da Maçonaria. Se esta era o ponto de confluência de todos os crentes de todas as religiões, a plataforma mínima de entendimento de todos, a “religião com a qual todos concordam”, então não se podia impor aos não-cristãos as preces cristãs, por exemplo.
A Primeira Grande Loja de Londres, instituída em 1717, estabeleceu o princípio deísta na Maçonaria.
Outros maçons, respeitadores da sua tradição, vinda da Maçonaria Operativa, discordaram dessa evolução e constituíram a Grande Loja dos Ancients (Antigos), apelidando os da Grande Loja de Londres de serem, erradamente, no seu ponto de vista, Moderns (Modernos).
Foi da tensão entre estas duas concepções da Maçonaria, uma declaradamente teísta, na esteira operativa, e outra assumidamente deísta, foi dos debates entre uma e outra, que se forjou a Maçonaria Moderna.
A Grande Loja dos Antigos, decisivamente influenciada por Lawrence Dermott, autor da compilação que constituía o conjunto de textos essenciais dos Antigos, o Ahiman Rezon, incluía nos seus rituais uma oração para ser dita pelos cristãos, onde se pedia a Deus, designadamente: Dote-os (os novos Maçons), com a competência da sua Divina Sabedoria para que eles possam, com os Segredos da Maçonaria ser capazes de entender os Mistérios da Santidade do Cristianismo.
Os Antigos verberavam os Modernos por estes descristianizarem o ritual; os Modernos defendiam a inclusão da Maçonaria a todos os crentes, qualquer que fosse a sua religião pessoal, qualquer que fosse a sua concepção do Criador.
Com a união das duas Grandes Lojas rivais, em 1813, na Grande Loja Unida de Inglaterra, venceu a concepção deísta da Maçonaria.
Portanto, hoje pode com correção afirmar-se que a Maçonaria é deísta. Deísta, porque, ao abrigo do princípio da assunção do Divino através da Razão, admite no seu seio todos os crentes, não apenas os que originalmente nela eram admitidos (cristãos). Deísta, porque ponto de encontro, denominador comum de todos os crentes, respeitando a crença individual de cada um. Neste sentido, deísta, porque não apenas cristã.
O primeiro judeu iniciado foi-o numa Loja de Londres, em 1732: Edward Rose. Só mais tarde vieram a ser iniciados Muçulmanos e depois seguidores de outras religiões.
Maçonaria deísta é, pois, a Maçonaria hoje correntemente aplicada, que aceita no seu seio crentes de todas as religiões. Não quer isto dizer que renegue a sua origem cristã. Não o faz. Designadamente, mantém, em especial em alguns dos Altos Graus, graus especificamente cristãos. Mas, mesmo esses, um não cristão que a eles queira aceder e não se sinta desconfortável com o ideário cristão neles expresso, pode recebê-los.
Uma última nota: quando se diz que a Maçonaria é deísta, não se pretende dizer, nem se aceita, que se destina exclusivamente a deístas.
Porque apenas se exige crença num Criador, sendo despicienda qual é E COMO A ELA SE CHEGOU, na Maçonaria convivem fácil e proveitosamente deístas e teístas. Seja qual for a sua religião.
Também em Maçonaria a evolução se fez do teísmo para o deísmo, numa perspectiva de inclusão, nunca de exclusão. Por isso, a Maçonaria Moderna é deísta, sem prejuízo de ter no seu seio – e muito confortavelmente – muitos teístas. Porque ser, individualmente, teísta, deísta, católico, luterano, anglicano, calvinista, evangélico, judeu, muçulmano, hindu, etc., etc., etc. e ainda etc., desde que crente, é absolutamente indiferente!
Nestas condições, sugerimos um raciocínio mais lógico para definir.
O RITO MODERNO, criado em 1761, foi reconhecido pelo Grande Oriente da França em 1773. A partir de 1786, quando um projeto de reforma estabeleceu os sete graus do rito – em contraposição ao emaranhado dos Altos Graus da época -, ele teve grande impulso espalhando-se por toda a França, pela Bélgica, pelas colônias francesas e pelos países latino-americanos, inclusive pelo Brasil, Em 1817 houve a grande reforma doutrinária que suprimiu a obrigatoriedade da crença em Deus e da imortalidade da alma, não como uma afirmação do ateísmo, mas por respeito à liberdade religiosa e de consciência, já que as concepções religiosas de uma pessoa devem ser de foro íntimo, não devendo ser impostas.
O RITO YORK é considerado bastante antigo. A Grande Loja de Londres, durante muito tempo após a sua fundação, teve uma influência muito limitada, pois a grande maioria das Lojas britânicas continuava a respeitar as antigas obrigações, permanecendo livres sem aderir ao sistema obediencial. O Rito de York, por ser teísta, está mais ligado aos países onde os cultos evangélicos predominam, pois o clero desses cultos tem dado à Maçonaria o apoio e o suporte necessário para a sua evolução e crescimento.
O RITO BRASILEIRO teria sido criado em 1878, em Pernambuco, mas tem sua existência legal a partir de 23 de dezembro de 1914, quando foi publicado o Decreto nº. 500, do então Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, Lauro Sodré.
O RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO começou a nascer na França, quando Henriqueta de França, viúva de Carlos I, decapitado em 1649, por ordem de Cromwell, aceitou do Rei Luís XIV asilo em Saint-Germain-en-Laye, para lá se retirando com seus regimentos escoceses e irlandeses e os demais membros da nobreza, principalmente escocesa, que passaram a trabalhar pela restauração do trono, sob a cobertura das Lojas, das quais eram membros honorários, o que evitava que os espiões de Cromwell pudessem tomar conhecimento da conspiração.Consta que Carlos II, ao se preparar para recuperar o trono, criou um regimento chamado de Guardas Irlandeses, em 1661, por ter sido um rito deísta, não foi unanimemente aceito nos países onde predominavam as Igrejas Evangélicas e vicejou mais nos países latinos onde predomina o Catolicismo. É necessário explicar que atualmente o caráter deísta do Rito Escocês Antigo e Aceito misturou-se ao teísmo, sendo que este acabou sendo predominante. O REAA tem o mesmo forte caráter teísta do Rito de York.
bibliografia
- CASTELLANI, José. Curso Básico de Liturgia e Ritualística. Londrina, Ed. “A TROLHA”, 1991;
- FARIA, Fernando de. Rito Brasileiro de Maçons Antigos, Livres e Aceitos. “O SEMEADOR” nº 8 (2ª fase) Jul-Dez 1990;
- OLIVEIRA, Arnaldo Assis de. Escocesismo. Trabalho para aumento de salário no Ilustre Conselho de Kadosch nº 22, 1992;
- “EGRÉGORA” nº. 1/Jul-Ago 1993; nº. 2/ Set-Nov 1993; nº. 3/Dez 93-Fev 1994; nº. 4/Mar-Mai 1994; nº. 5/Jun-Ago 1994.
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