INRI


  
Quem imagina que a sigla INRI foi criada somente na crucificação de Jesus, engana-se. 
Vemos o uso do mantra Inri secretamente entre os egípcios, os pársis (adoradores do Fogo no Irã), e mesmo entre os maias, astecas e incas (o deus Sol entre eles era chamado de INTI, uma variação de Inri). 
E entre os judeus pré-Jesus o Inri era entoado secretamente durante certos rituais entre os Essênios e os Ebionitas.
Alguns autores dão suas explicações particulares.Eliphas Levi afirma que este mantra sagrado significa Isis Naturae Regina Ineffabilis. 
Os primitivos Magi (os Iniciados persas) formavam com estas quatro letras três aforismos distintos: Ignem Natura Regenerando Integrat; Igne natura Renovatur Integrat; e Igne Nitrum Roris Invenitur.
Os significados para o Inri não param aí: outros devem ter e outros poderão advir, pois apercebe-se que ela já se tomou mística e a imaginação do homem não tem limites. 
E quando algo dessa natureza está envolto também em mistérios, mais surpresas nos reservam. 
Daqui a algum tempo, possivelmente, documentos guardados por sociedades iniciáticas darão outras interpretações para o tetragrama Inri.

Os Ebionitas e o Inri

Quem eram os Ebionitas? O desenvolvimento desta seita vem desde a época do profeta Samuel, século 9º a.C., até o século 2º d.C. 
Esse profeta, que, a pedido do povo, instituiu a monarquia e proclamou Saul o primeiro rei de Israel, foi o fundador dessa seita, cujo nome significa “Humildes”. 
Era formada principalmente por jovens intelectuais e visava ensinar por meio de práticas místicas e exemplos. Grandes profetas aí se formaram, destacando-se Isaías, Oseias, Miqueias, Habacuc e Amós, entre outros.
Os eleitos que atingiam o último grau ficavam encarregados de propagar a seita através de ensinamentos, instruindo e moralizando o povo. 
Reuniam-se em lugares altos, executavam cantos e danças sagradas ao som de harpas, flautas e violinos. 
O povo vinha em grande número ouvir as músicas, geralmente seguidas de emocionadas prédicas contra os vícios, a favor das virtudes, pela justiça e pela verdade.
Morto Samuel, a Ordem é seguidamente chefiada por Natã e Elias. 
Morto este último, vem a escolha recair em Oseias, escolhido entre ele mesmo, Isaías, Miqueias e Amós.
Sob a direção de Oseias, a Ordem deu ênfase a práticas de caridade, exercício de justiça, piedade para os desgraçados, defesa das viúvas, proteção aos órfãos, amor aos estrangeiros, atos que, diziam, agradavam a Deus mais que qualquer culto.
Declaravam que o homem foi dotado de pensamento e conhecimento para executar tarefas e proclamavam ainda que a vida do homem é uma larga agonia e que somente as dificuldades ficam enquanto os prazeres são efêmeros. 
A vida não é mais do que um sofrimento eterno do nascer ao morrer e seu único lenitivo era a prática da virtude, da consciência limpa e do coração puro.
Os ebionitas também tinham sinais de reconhecimento. 
As reuniões e trabalhos começavam como em determinadas sociedades secretas. 
Quando perguntados “sois ebionita?”, a resposta era “três me iniciaram, cinco me completaram e sete me fizeram perfeito”. 
O chefe, mestre, ensinava que esses números eram sagrados desde a Antiguidade e que Moisés os usava de forma misteriosa, ao abençoar o povo pelos sacerdotes, seja uma bênção que continha três palavras, uma segunda bênção cinco e uma terceira bênção sete palavras.
Na entrada das reuniões cada ebionita repetia os números 3, 5 e 7, aos quais o Mestre respondia: 
-“Filho bendito do nome sagrado, o sublime número 9, simbolizado na verdade, é o último idealdo esforço humano, o símbolo da verdade divina; podes entrar e iluminar-te com as luzes celestes que aclaram esta assembleia de sábios”.
Ao terminar a reunião, o mestre dizia:
-“Lembremo-nos de que somos ebionitas, os mais humildes e modestos servidores de Deus, da verdade e da justiça”. 

Tinham seus signos e senhas e ainda usavam, tudo indica, quando reunidos, sobre a cabeça uma peça de pano bordado com um quadrado entrelaçado com um triângulo em cujo centro estavam as letras YOD, NUN, RESH, YOD, que, pelo alfabeto latino se traduz por INRI, dando a entender que eles eram adeptos da Alquimia Crística, da manipulação do Fogo de Pentecostes, do Fogo sagrado que a tudo regenera, especialmente os elementos naturais: Ar, Fogo, Água e Terra.

Samael e o INRI

“Convém que entendamos melhor o que é o Cristo! 
Que não nos contentemos em recordar a questão meramente histórica porque o Cristo é uma realidade de instante em instante, de momento em momento, de segundo em segundo. 
Ele é o Criador! 
O fogo tem o poder de criar os átomos e de desintegrá-los, o poder de dirigir as forças cósmicas universais etc. 
O fogo tem poder para unir todos os átomos e criar universos, assim como tem o poder para desintegrar universos: 
-O mundo é uma bola de fogo que se acende e se apaga segundo Leis.
Assim que o Cristo é o fogo. 
Por isso, se vê sobre a cruz as quatro letras: Inri, 

As quais significam: 
Ignis Natura Renovatur Integram, 
E que equivalem à frase: 
-O fogo renova incessantemente a natureza.
Agora  que estamos entendendo por que a nós interessa a assinatura astral do fogo, a chama da chama, o oculto, o aspecto esotérico do fogo. 
É que na realidade o fogo é crístico. 
Ele tem poder para transformar tudo o que é, tudo o que foi e tudo o que será. Inrié o que nos interessa. 
Sem Inri não é possível que nós nos cristifiquemos.
Já foi dito que o Cristo Íntimo, o Cristo Cósmico, tem de dar três passos, de cima para baixo e através das sete regiões do Universo. 
Também disse que o Cristo deve dar três passos de baixo para cima. 

Eis aqui o mistério dos três passos e dos sete passos da Maçonaria. 

É uma lástima que os irmãos maçons tenham esquecido isto. 
Em todo caso, o Crestos, o Logos, resplandece no zênite da meia-noite espiritual.
Tanto no ocaso como no oriente, cada uma destas três posições é respeitada nas sete regiões. 
O místico que se guia pela estrela da meia-noite, pelo Sol Espiritual, sabe o que significam esses três passos dentro das sete regiões. 
Pensamos também no sol, no raio e no fogo. 
Eis aqui as três luminárias, os três aspectos do Logos, nas sete regiões.
Quando o uno se desdobra no dois, surge o terceiro e este é o fogo que cria e volta novamente a criar. Esse terceiro pode criar com o poder da palavra, com a palavra solar ou palavra mágica, com a palavra do Sol Central. 
Assim cria o Logos.
É por meio do fogo que podemos nos cristificar. 
Inutilmente terá nascido o Cristo em Belém se não nascer em nosso coração também. 
Inutilmente terá sido crucificado, morto e ressuscitado na Terra Santa se não nascer, morrer e ressuscitar também em nos.
Precisamos encarnar o Crestos Cósmico, o espírito do fogo, torná-lo carne em nós. 
Enquanto não o tivermos feito, estaremos mortos para as coisas do espírito porque Ele é a vida, o Logos, a Grande Palavra… Heru Pa-kroat.
Ele é Vishnu. 
A palavra Vishnu vem da raiz vish, que significa penetrar. 
Ele penetra em tudo o que é, foi e será. É preciso que penetre em nós para que nos transforme radicalmente. Somente através do Fogo conseguiremos aniquilar o Ego. Quem pretender aniquilar o Ego unicamente com o intelecto seguirá pelo caminho do erro.”

INRI e o Mistério da Cruz

 A Cruz tem 4 pontas. 
A Cruz da Iniciação é fálica, a inserção do phalus vertical no ctéis feminino formam a Cruz. 
É a Cruz da Iniciação que devemos jogar sobre nossos ombros.
Devemos compreender que com suas 4 pontas simboliza os 4 Pontos Cardeais da Terra (Norte, Sul, Oriente e Ocidente). As 4 Idades (Ouro, Prata, Cobre e Ferro). As 4 Estações do ano. As 4 Fases da Luna. 

Os 4 Caminhos (Ciência, Filosofia, Arte e Religião). 

Ao falar dos 4 Caminhos devemos compreender que todos são um só, este camino é o Caminho Apertado, estreito, do Fio da Navalha, o Caminho da Revolução da Consciência.
A Cruz é o hieroglifo antigo, 
Alquímico, do Crisol (creuset) ao qual antes se chamava, em francês, cruzel, crucibile, croiset. 
Em Latim, crucibulum crisol, que tinha por raiz crux, crucis, cruz. 
É evidente que tudo isso nos convida à reflexão.
É no crisol onde a matéria-prima da Grande Obra sofre com infinita paciência a Paixão do Senhor. 
No erótico crisol da Alquimia Sexual morre o Ego e renasce a Ave Fênix entre suas próprias cinzas: INRI, 

In Necis Renascere Integer 
(Na Morte renascer intacto e puro).
A Cruz também revela a “Quadratura do Círculo”, a chave do Movimento Perpétuo. 
Esse Movimento Perpétuo só é possível mediante a Força Sexual do Terceiro Logos. Se a Energia do Terceiro Logos deixasse de fluir no Universo, o Movimento Perpétuo terminaria e viria el desordenamento cósmico. O Terceiro Logos organiza o vórtice fundamental de todo o Universo nascente, e o vórtice infínitesimal do Átomo Ultérrimo de qualquer criação.
Paz INveRencIal

O Poder Renovador do Mantra INRI

Sugestão de prática

Coloque à sua frente, num local confortável (pode ser seu quarto) uma vela, da cor branca ou se possível amarela. 

Acenda essa vela e inicie a oração, suplicando ao Cristo que reside no mais profundo de seu íntimo para que o ajude nesta prática esotérica. 

Sente-se à frente da vela acesa e peça ao Cristo Íntimo uma profunda mudança em sua vida.
Suplique ao Cristo para que se utilize do Fogo para que Ele Renove Incessantemente sua Natureza Interna. 

Suplique ao Cristo Íntimo Cura, Força, Iluminação e o 
Despertar da Consciência Divina em sua Alma.
Em seguida, vocalize tantas vezes quantas desejar o mantra INRI.
Prolongue cada letra, sentindo o poder desse mantra dentro de sua própria Alma, purificando, renovando e iluminando seu Caminho rumo à Iluminação.
iiiiiiiiiiiinnnnnnnnnnnnrrrrrrrrrrrriiiiiiiiiiii…

Comentários

  1. Uma das Palavras mais conhecida e invocada tantos por místicos como por magistas é o Tetragrama INRI. Quero, entretanto, aqui ressaltar que o termo Magista refere-se à aquele que pratica Magia. Portanto, neste conceito o termo Mago refere-se a um Grau Iniciático da Grande Ordem.Esta diferença entre Magista e Mago é de grande importância para Thelemitas.

    Feita esta observação continuemos.
    Mas qual é, afinal, o significado desta Palavra?
    Existem vários significados que se desdobram em vários níveis. No decorrer deste reduzido trabalho iremos, aos poucos ( a natureza não dá saltos ), penetrando em seus mistérios até o limite de nossa compreensão.
    Em um nível mais externo, poderíamos dizer que INRI são as iniciais do dístico supostamente colocado sobre a cruz em que, assim acreditam os cristãos, morreu “Jesús”: INRI seria, portanto, “(J)esús de (N)azaret (R)ei dos (J)udeus.

    Mas esta afirmativa não procede, porque muito antes do “Jesús” dos Evangelhos, estas quatro iniciais já eram conhecidas pelos antigos Sábios nos Santuários da Gnosis, como síntese de uma das fórmulas da Natureza.

    Em outro nível vamos reconhecer que INRI são as iniciais que encerram o segredo da Palavra Sagrada dos Cavaleiros da Rosa Cruz (Grau Dezoito da Maçonaria Ortodoxa), que não se pronuncia, mas que está contida num especial diálogo constante do Ritual:

    P.: Donde vindes?
    R.: Da J.
    P.: Por qual cidade passastes?
    R.: Por N.
    P.: Quem vos conduziu?
    R.: R.
    P.: De que tribo sois?
    R.: Da tribo de J.

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  2. Reparem que a designação deste grau maçônico não é Grau Rosa Cruz, mas sim “Cavaleiros da Rosa Cruz”. Isto determina a diferença deste Grau daquelas famosas “Ordens Rosa Cruz” tão conhecidas pelo público em geral.

    Historicamente, é dito, que o Grau de Cavaleiro da Rosa Cruz tem por base as doutrinas gnósticas da Fraternidade dos Irmãos da Rosa Cruz, cuja fundação, ou pelo menos sua organização, é atribuída a João Valentín Andreia , Abade de Adalberon, falecido em 1564.
    Como na Natureza tudo nasce, tudo se destroi, e tudo se regenera, a geração, a destruição e a regeneração são as principais considerações que constituem o objeto do grau Rosa Cruz, desenvolvimento teórico do três primeiros graus simbólicos da Maçonaria. Isto como doutrina gnóstica pura. Como política, o grau Rosa Cruz consagra a recordação da emancipação dos povos pela Fraternidade e discute os meios de se chegar a fazer desta emancipação uma realidade prática.

    Os primitivos Magi (plural de Mago) formavam com estas quatro letras os seguintes aforismas:

    Ignem Natura Regenerando Integrat.
    Igne natura Renovatur Integrat
    Igne Nitrum Roris Invenitur

    Modernos Rosa Cruzes filósofos, vêm nelas as iniciais das palavras:

    India, Natureza, Regeneração, Ignorância

    Ou das palavras:

    Indefesso Nasu Repellamus Ignoratiam

    Ou, como dizem os Jesuitas:

    Justum Necare Regis Impios ( É justo matar os reis ímpios).

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  3. Também não podemos nos esquecer que INRI é um tetragrama semelhante ao IHVH e, neste caso, as iniciais INRI correspondem, tal como em IHVH, aos Quatro Elementos de Fogo, Água, Terra e Ar, assim:

    (I )ammin - Água
    (N) our - Fogo
    (R) owahh - Ar
    (I) abesch - Terra

    Da mesma forma que podemos alocar uma dessas letras do Tetragrama IHVH nos braços de uma Cruz:



    I

    H H

    V


    Também podemos faze-lo com o INRI.



    I

    I N

    R



    Reparem que nos dois casos há repetição de uma das letras.

    No Ritual Menor do Pentagrama a palavra INRI é de suma importância:

    INRI - Yod, Nun, Resh, Yod

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  4. Apenas necessitamos do mais superficial conhecimento das atribuições dadas no Sepher Yetzirah, do maço de cartas do Tarot, ligeiras noções de gnosticismo e astrologia. A primeira ação é converter as quatro letras latunas em suas equivalentes hebraicas e, posteriormente, em suas atribuições diretas, assim:

    I (ou J) = Yod = Virgo = y =
    N = Nun = Scorpio = n =
    R = Resh = Sol = r =
    I (ou J) = Yod = Virgo = y =
    Pesquisando Liber 777 (A. Crowley), na coluna intitulada “Deuses Egípcios”, encontramos o seguinte:

    Virgo = ISIS = Mãe Pujante = Que é a Mãe de todas as coisas.
    Scorpio = Apophis = O Destruidor (Morte)
    Sol = Osiris = Morto e Erguido

    O “I” final, sendo uma repetição, é deixado de lado para ser retomado apenas em algum lugar posterior a fim de estender a significação daquelas derivadas da análise.
    A análise final da Palavra chave resume a fórmula com as iniciais de Isis, Apophis e Osiris, dado IAO, o Deus Supremo dos Gnósticos.
    Mas IAO também pode ser interpretado como Igne Aqua Origo - A origem do Fogo está na Água. O que é uma Chave.
    Estudando Liber Aleph vemos que as Epístolas 71 e 72 são dedicadas à Palavra INRI, mas agora num outro nível, talvez, jamais estudado pela maioria dos ocultistas, e mesmo por Thelemitas.

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  5. Epístola 71

    DE KRISHNA, ET DE DIONYSUS

    KRISHNA tem formas e nomes inumeráveis, e Eu não conheço seu verdadeiro Nascimento humano. Pois sua Fórmula é da mais alta Antiguidade. Mas Sua Palavra se espalhou em muitas terras, e nós a conhecemos hoje em dia como INRI, com o secreto IAO ali velado. E o significado desta Palavra é a Maneira do trabalho da Natureza em Suas Mudanças; isto é, ela é a Fórmula pela qual todas as Coisas se reproduzem e se recriam a si mesmas. No entanto, esta Extensão e Especialização foi mais o trabalho de Dionysus; pois a verdadeira Palavra de Krishna era AUM, implicando antes uma declaração da Verdade da Natureza que uma Instrução prática em Operações detalhadas da Magia. Mas Dionysus, pela Palavra INRI, estabeleceu as Fundações de toda Ciência, como nós dizemos Ciência hoje em dia em um Senso Particular, isto é, de fazer com que a Natureza externa mude em Harmonia com nossas Vontade.

    Epístola 72

    DE TAHUTI

    TAHUTI, ou Thoth, confirmou a Palavra de Dionysus continuando-a, pois Ele mostrou como é possível dirigir através da Mente as Operações da Vontade. Por critério e pelo registro da memória o Homem evita Erro, e a Repetição de Erro. Mas a verdadeira Palavra de Tahuti era AMOUN. Pela qual Ele fez os Homens compreenderem a Natureza secreta deles, isto é, a Unidade deles com seus Verdadeiros Entes; ou, como eles então expressavam isto, com Deus. E Ele lhes desvelou o Caminho desta Consecução, e a relação deste Caminho com a Fórmula de INRI. Também, por seu Mistério de Número ele tornou fácil para seu Sucessor que declarasse a natureza do Universo inteiro em sua Forma e sua estrutura, como se fosse uma Análise deste, fazendo pela Matéria aquilo que o Buddha estava designado para fazer pela Mente.
    Observação Final:
    O sério estudante dos Mistérios poderá, é claro, alcançar maior profundidade sobre esta Palavra estudando seriamente e praticando, diariamente, o Ritual Menor do Hexagrama, principalmente ficando atento aos gestos requeridos no Ritual.

    Que ele tenha em mente que LVX possui uma estreita relação com ADNI, cujo valor numérico é 65. E que as letras L, V, X, tomadas como símbolos numerais romanos é 65 (LXV).

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