“Entre o começo e o fim,
estende-se um instante chamado eternidade”.
(Mikhail Naimy)
Uma pergunta é feita ultimamente com muita frequência entre os Maçons:
Qual é atualmente a proposta da Maçonaria?
Sim, porque no imaginário de alguns adeptos da nossa Ordem, a Sublime Instituição patrocinou a Revolução Francesa, depôs todos os Reis déspotas da Europa, foi à responsável direta pela independência dos Estados Unidos da América, a Independência do Brasil foi decidida na harmonia de nossos Templos, liberou os escravos em nosso país, derrotou sozinha a Monarquia, criando também ela a República, somente grande feitos, não aceita jamais que em ambos os lados sempre houve Maçons, claro está que enquanto em um dos lados são vencedores, no outro lado estão os perdedores.
Estes são alguns dos feitos de nossa Ordem no ontem.
E hoje? Pergunta-se?
No mesmo diapasão, colocam-se os Maçons.
Quando num passado bem recente, trabalharam pela evolução da Ordem, com ardor, com amor, dedicação e entusiasmo.
Trabalho operativo e especulativo, não imaginavam estes valorosos Irmãos, que ali estavam dando tudo de si.
O, tempo inexorável passou.
Hoje, somente restam às lembranças desses feitos.
Estes continuam na Ordem, apenas com a presença física. Seus nobres ideais adormeceram?
Exauriram-se física e mentalmente?
Decepcionaram-se e estão deixando como está para ver como é que fica?
Tornou-se também comum ouvirmos a seguinte indagação:
O que a Maçonaria está fazendo?
Esquece ou tenta ignorar o Maçom moderno, que é para ser peça importante na construção social, que ele foi Iniciado em nossos Sublimes Mistérios.
Que a Maçonaria colocou à sua disposição instrumentos, (para nós Símbolos) que representam uma gama fantástica de interpretações, desde que estudada e decifrada, instrumentos estes que a Maçonaria coletou, recolhendo-os de todas as Grandes Instituições desde os primórdios do mundo e que, de alguma maneira, chegaram até nós, causando, também, confusão entre Irmãos que estabelecem que o seu aparecimento “perde-se nas noites do tempo”.
Devemos ter em conta que somente a custa de leitura, reflexões e pesquisa, poderá o buscador (Maçom) levantar a ponta do véu do mistério e, deste modo, principiar a entender verdadeiramente o que representa nossa Sublime Instituição, a grande importância que é ser assíduo em sua Loja, e, dela participar ativamente com idéias, sem medo e vergonha de ser feliz.
E, se possível em outras Lojas, pois em todas se investiga e busca-se a verdade, ali trocando informações, experiências, energia, acumulando conhecimentos, podendo ele completar o processo alquímico maçônico, qual seja; transformar o metal comum que é o chumbo, que simboliza o homem ignorante, ignóbil, inimigo natural do progresso, da evolução consequentemente do Maçom, e neste espaço fazer surgir o Homem Maçom, simbolizando o ouro, o mais nobre dos metais, com um objetivo estabelecido de fazer feliz o próximo, onde a Ordem orienta nossas ações e pensamentos, estabelecendo, assim, que todo trabalho feito é para tornar feliz o gênero humano.
Infelizmente alguns levam esta assertiva tão a “sério”, que agem como o “galo que acreditava piamente que o sol se levantava somente para ouvi-Io cantar,” estes vaidosos não entenderam nada!
O Maçom que não sonha, não pensa, não estuda não pesquisa, não respeita esta condição maravilhosa de “ser Maçom”, e não do “estar Maçom”, buscando com o sacrifício de seu tempo, o conhecimento tão necessário para a evolução pessoal, torna-se com o tempo um inocente útil do caos, Obreiro inimigo da Obra, profeta da desinformação, papagaio, repetindo e mal tudo o que ouve, pois perdeu a capacidade de pensar, raciocinar, consequentemente de agir, e esta regra é fundamental: “O MAÇOM AGE, e o papagaio tem que necessariamente estar sempre atrelado a alguém para pensar e agir por ele”.
Passemos a observar que a Maçonaria nunca esteve tão exuberante, tão atuante, tão dinâmica, tão atual, sem perder referências com o seu magnífico passado, evolutiva como nossa circulação em Templo, sempre em frente.
E que os Maçons são os responsáveis por isto, sendo gratificante o “ganhar” noites em estudos e pesquisa, o esforço de procurar entender.
O que transcende o desejo de transformar a si próprio é a missão que nós nos incumbimos, sublime trabalho, descobrir os próprios defeitos e procurar corrigi-Ios não é tarefa fácil; tampouco o é para qualquer um, e persistimos graças à energia divina que recebemos em Templo.
Esta é a grande revolução que nos propusemos, armados com fé, base concreta da Maçonaria, com amor, no perdão, pela amizade e muita tolerância.
É a independência pessoal que buscamos!
Com a proteção do G:. A:. D:. U:., lutar contra todas as forças negativas, não se submeter aos que pensam que a Verdade lhes pertence com absoluta exclusividade, este é o escravo que busca ser liberto, por ele próprio, com seu esforço, pois se hoje o escravo físico está desaparecendo, proliferam os escravos mentais, sem prazer ou desejo próprio.
Sua vida vegetativa é tentar agradar; esses grilhões, criados na mente, são muito mais difíceis de quebrar que aqueles de metal.
O mental só se quebra pelo conhecimento, Luz que elimina as trevas da ignorância, que se faz despertando no recôndito de nós mesmos o gosto pelo justo e perfeito, é o Maçom individual caminhando em direção da Maçonaria como coletivo. Este é um trabalho hercúleo, digno do objetivo que nos propusemos de fazer feliz a humanidade.
Esta é a causa grandiosa, qual seja o Maçom em busca da Grande Obra, a Perfeição, fruto de sua humildade e dedicação, de estar sempre pronto a ajudar, de ser dono e senhor do tempo e com este contribuir para um melhor bem-estar de seus iguais, da relação franca, pura e sincera com os Irmãos, de abominar a grosseria, de não ditar normas de comportamento a outrem, comportamento esse que o próprio não segue, pois a Maçonaria pelos seus costumes abomina o “faça o que eu mando, não faça o que eu faço”, ela se vale da excelência do exemplo, de não tentar humilhar o hierarquicamente inferior, aceitando ser capacho daqueles que reconhecem superiores, esta constatação pode parecer piegas, mas é autêntica.
A perfeição, imaginamos que seja uma utopia que perseguimos, ainda assim há aqueles que acham que já chegaram lá, jamais erram, jamais falham.
Este é o chumbo que alguém já classificou de profano de Avental. O ouro, simboliza o Maçom cônscio de sua fragilidade como ser humano, insiste na busca do conhecimento para superar-se, reconhece a falha e pede perdão, esta é a sublimação do aprendizado em Templo, assim se faz feliz a humanidade, pelo exemplo.
Atribui-se a Confúcio a frase “Não dê muita importância ao que se fale, fique atento às atitudes e aos atos que se pratica”, modificar o próximo é de uma facilidade até banal, e é o que tentamos sempre, afinal é tão fácil agir com correção!
Por que o meu próximo comete tantos erros? Tantos equívocos? Eu faço tudo ao meu alcance para que ele aprenda, mas não tem jeito! E por que eu não procuro corrigir os meus erros? Por que não corrigir meus equívocos?
Se cada um de per si buscar aparar suas arestas, buscar sua própria evolução moral e espiritual, indo ao encontro das aspirações filosóficas que a Ordem prega, haveria dentro de nossos Templos, dentro de nós mesmos, a harmonia tão necessária para levarmos ao mundo profano os ensinamentos, a paz e a alegria que é verdadeiramente nosso escopo e, é por isso que as Colunas de nossos Templos vibram cada vez que é feita a indagação:
o que estamos fazendo aqui?
Assim é que nestes Templos temos o dever e obrigação de procurar a Iniciação real, espiritual.
Se analisarmos profundamente dias, anos depois sobre os fundamentos da nossa Iniciação na Maçonaria, concluiremos que toda aquela Cerimônia foi para nos despertar da letargia que até então era nossa vida, por isso o termo iniciar, a plena consciência daquele ato nos trará o entendimento do porque procurarmos toda semana a companhia dos Irmãos em Templo, formando a Loja e, quão é importante esta presença.
Quem sabe um dia a sua, a nossa ausência impeça a composição e o funcionamento desta Loja, prejudicando os presentes, isto é justo? E o compromisso assumido?
Procuremos com nossa presença plantar amor. Ele nos trará como fruto alegria e felicidade.
Quem não possui esses bons momentos sabe a falta que eles fazem; quem planta vento, colhe tempestade, amarguras e decepções, e, isto por certo, é uma ferida dolorosa num coração bem formado.
Façamos profundas meditações a respeito.
Quando afirmamos que os Maçons reconhecem-se por Sinais, Toques e Palavras, esta afirmação merece muito respeito e crédito, porque é verdade.
Porém, é verdade também que é dever do Maçom procurar ser reconhecido por seus atos de bondade, por sua vida escorreita, seu respeito às leis, sua generosidade com os mais fracos e oprimidos, e do amor que ele dedica ao próximo, sem disso fazer alarde e, em agindo assim vai ser muito mais fácil convivermos harmoniosamente.
E, antes de criticar qualquer erro ou falha de Irmão, tentar se inteirar dos detalhes para não cometer injustiça, tratá-Io como queríamos nós sermos tratados.
Vamos rememorar e refletir profundamente no episódio envolvendo Maria Madalena com o Cristo e os que queriam apedrejá-Ia por ter pecado, quantos ficaram?
Quantos ficaríamos nós?
Olhemos nossas mãos, para que tanta pedra?
Sejamos no futuro mais rigorosos e inflexíveis conosco mesmo, e, mais brando e tolerante com o nosso próximo. Hoje fazemos justamente o contrário.
A Maçonaria está inerte?
Perdeu, desistiu ou já alcançou seus sublimes ideais?
Quantas vezes nos deparamos com Irmãos que pensam ter feito pela Ordem mais do que ela merece, e não recebeu nada por isso, talvez esperasse ou espere que alguém lhe diga:
''Meu Irmão, Símbolo vivo do Maçom, o mais livre de todos os mortais, livre pensador, acha-se já no topo da grande pirâmide espiritual, o trabalho está concluído'', com persistência, inteligência e tenacidade ele atingiu a perfeição, julga-se o Avatar do fim do milênio, profanamente se entenderia por: missão cumprida.
Não precisa buscar mais nada!
Para quê?
Ele é que tem que ser buscado, porque julgar-se pai de todos os conhecimentos!
Santa Petulância!
Busquemos na reflexão profunda e sincera, respostas para estas questões tão intrigantes.
Quanto à pergunta tão corriqueira ultimamente, cobrança a quem?
O que a Maçonaria está fazendo?
Devolvemos no mesmo tom, agora cobrança a todos:
O que estamos fazendo nós pela Maçonaria?
Com o que oferecemos, podemos exigir algo?
De quem?
De todos os animais da criação, é o homem o único a pensar e externar seus pensamentos através da verbalização.
Nos busquemos, Maçons, aglutinando forças no mesmo sentido, na mesma direção, com o mesmo entusiasmo, no ideal comum de servir ao gênero humano.
Deixemos que forças antagônicas meçam-se longe do nosso local de trabalho, nosso Templo.
Busquemos na reflexão, energia, para que nossas divergências nunca saiam do terreno das ideias, que cada um defenda seu ponto de vista, e use seus argumentos sem o que nossa presença aqui não teria razão de ser, sem tentar ferir ou magoar aquele que também quer expor suas idéias.
Que tenhamos sempre em mente que somos Maçons, somos Humanos, o mesmo sopro divino do G… A… D… U… vivifica-nos... ,
E se somos sinceros, estamos aqui trabalhando para a sua maior Glória.
Esta é, em síntese a antiga, a atual e a futura proposta da Maçonaria.
É o que a Maçonaria está fazendo, Iniciando e educando homens justos, leais o sinceros, para que estes ajudem na construção de uma sociedade mais justa, mais leal e mais sincera.
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