Segundo Ferreira e Pinto (2006), nos anos vinte a sociedade brasileira viveu um período de grande efervescência e profundas transformações. Mergulhado numa crise cujos sintomas se manifestaram nos mais variados planos o país experimentou uma fase de transição cujas rupturas mais drásticas se concretizariam a partir do movimento de 1930.
O ano de 1922, em especial, aglutinou uma sucessão de eventos que mudaram de forma significativa o panorama político e cultural brasileiro.
A semana de Arte Moderna, a criação do Partido Comunista, o movimento tenentista, a criação do Centro Dom Vital, a comemoração do centenário da Independência e a própria sucessão presidencial de 1922 foram indicadores importantes dos novos ventos que sopravam, colocando em questão os padrões culturais e políticos da Primeira República. Do ponto de vista econômico, a década de vinte foi marcada por altos e baixos.
Se nos primeiros anos o declínio dos preços internacionais do café gerou efeitos graves sobre o conjunto da economia brasileira, como a alta da inflação e uma crise fiscal sem precedentes, por outro também se verificou uma significativa expansão do setor cafeeiro e das atividades a ele vinculadas.
Passados os primeiros momentos de dificuldades, o país conheceu um processo de crescimento expressivo que se manteve até a Grande Depressão em 1929.
A diversificação da agricultura, um maior desenvolvimento das atividades industriais, a expansão de empresas já existentes e o surgimento de novos estabelecimentos ligados a indústria de base foram importantes sinais do processo de complexificação pelo qual passava a economia brasileira.
Junto com estas mudanças observadas no quadro econômico processava-se a ampliação dos setores urbanos com o crescimento das camadas médias, da classe trabalhadora e a diversificação de interesses no interior das próprias elites econômicas.
Em seu conjunto estas transformações funcionariam como elementos de estímulo a alterações no quadro político vigente colocando em questionamento as bases do sistema oligárquico da Primeira República.
Conforme Dialético (2012) durante quarenta anos, o poder republicano no Brasil foi sustentado por um amplo pacto entre as oligarquias agrárias.
O acordo se apoiava no poder local dos coronéis, que, como vimos, exerciam o mando político recorrendo a práticas viciadas e arcaicas, como o clientelismo, a compra de votos, a troca de favores e a fraude eleitoral.
Enquanto as elites acreditavam que essa situação não se alteraria, a sociedade brasileira estava em plena ebulição, passando por constantes mudanças. Nas cidades, por exemplo, entre a população era crescente a rejeição às práticas políticas das oligarquias.
A contestação popular ao poder dos coronéis se manifestou sobretudo na luta dos trabalhadores por melhores condições de vida e de trabalho e nas ações militares dos tenentes, que expressavam a indignação dos grupos sociais urbanos contra o domínio das oligarquias.
Em 1930, a insatisfação criou as condições para um movimento revolucionário que mudaria esse quadro.
O crescimento urbano verificado entre a última década do século XIX e as três primeiras do século XX, aliado ao relativo desenvolvimento industrial, colocou em cena dois personagens que nada tinham a ver com os interesses e as práticas políticas das elites agrárias: o proletariado e a classe média.
O crescimento da classe média composta por profissionais liberais, pequenos empresários, funcionários públicos, militares e empregados do setor de serviços em geral — acompanhou o desenvolvimento urbano-industrial.
Nas primeiras décadas da República, esse grupo era mais numeroso no Rio de Janeiro, que, como capital do país, concentrava grande número de funcionários públicos, civis e militares.
Assim como o operariado e outros grupos populares, a classe média sofria com a inflação e a falta de moradia. Por essa razão, às vezes alguns setores dela se uniam aos movimentos de protesto, como aconteceu na Revolta da Vacina, em 1904.
Insatisfeita com as práticas eleitorais das oligarquias, a classe média tendia a votar nos candidatos da oposição. Foi o que aconteceu nas eleições de 1910, 1922 e 1930, as únicas dessa época em que houve realmente alguma chance de vitória de candidatos oposicionistas.
Mas o sistema político montado pelas oligarquias, baseado no “voto de cabresto”, acabou prevalecendo e frustrou as expectativas da maioria da população urbana.
Em 1910, os partidos republicanos de São Paulo e de Minas se dividiram. O grupo paulista apoiou a candidatura de Rui Barbosa, que promoveu a Campanha Civilista, contra o candidato dos partidos republicanos de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, marechal Hermes da Fonseca.
Nessas eleições, alguns setores da classe média ficaram do lado de Rui Barbosa, por ver nele uma promessa de democratização da sociedade. Outros, porém, apoiaram o marechal, pois os militares eram contrários a certas práticas oligárquicas e Rui Barbosa, afinal, estava comprometido com elas. O marechal venceu as eleições e adotou medidas contra setores das oligarquias, por meio da política de “salvações nacionais”.
Em 1922, Minas e São Paulo se uniram em torno da candidatura de Artur Bernardes, inimigo dos militares. No lado oposto, a candidatura de Nilo Peçanha era apoiada pelo Rio Grande do Sul e por oficiais do Exército, na chamada Reação Republicana.
Nilo Peçanha contou com o voto da classe média, mas perdeu a eleição para Artur Bernardes, que governaria sob estado de sítio durante a maior parte de seu mandato, entre 1922 e 1926.
O desenvolvimento urbano-industrial aumentou o número de operários e deu peso social e político à classe trabalhadora. Esse crescimento estimulou os operários a se organizar em sindicatos e outras associações de classe para lutar por melhores condições de vida e de trabalho.
Assim, surgiu no Rio de Janeiro a Confederação Operária do Brasil (COB), formada em 1908 sob a liderança dos anarcos-sindicalistas.
Na época, não existia no Brasil nenhuma legislação trabalhista. Os trabalhadores não tinham direitos, como férias, aposentadoria e descanso semanal remunerado. Insatisfeitos com a situação em que se encontravam, os trabalhadores urbanos passaram a realizar greves e manifestações de rua.
Uma de suas principais reivindicações nessas lutas era a jornada de trabalho de 8 horas. Essas ações coletivas assustavam os patrões e as elites dominantes, acostumadas à obediência cega de seus cor religionários nos redutos eleitorais.
Para intimidar as lideranças operárias, os patrões faziam circular listas, nas quais denunciavam os trabalhadores mais combativos, com o objetivo de impedir que eles conseguissem emprego em outras empresas.
Anarquistas e socialistas
Entre 1900 e 1930, diversas tendências de esquerda atuaram entre os operários do Brasil, destacando-se o anarquismo e o socialismo.
Os anarquistas queriam suprimir o Estado e a propriedade privada, enquanto os socialistas lutavam pela transformação da sociedade por meio de reformas pacíficas.
Uma das variantes do anarquismo era o anarco-sindicalismo, cujos integrantes viam os sindicatos como o principal ins-trumento de luta contra o Estado burguês e a sociedade capitalista.
Os anarcos-sindicalistas lideraram por muito tempo o movimento operário de São Paulo e de outras cida-des. A partir de 1920, contudo, começaram a perder força. Em 1922, surgiu o Partido Comunista do Brasil, que passou a atuar também entre os trabalhadores.
O “ano vermelho”
A ação operária tornou-se mais intensa entre 1917 e 1920, quando uma onda de greves invadiu as grandes cidades do país, como São Paulo e Rio de Janeiro.
As lutas começaram como reação à alta do custo de vida e à queda do poder aquisitivo dos salários. Em julho de 1917, uma greve geral, acompanhada de gigantescas manifestações de rua, paralisou São Paulo.
No bairro do Brás, onde se concentrava a maior parte dos trabalhadores imigrantes, houve violentos tiroteios entre os grevistas e a polícia.
Os trabalhadores reivindicavam aumento salarial, proibição do tra-balho de menores de catorze anos, jornada de oito horas, pagamento de horas extras com acréscimo de 50%, fim do trabalho aos sábados à tarde, garantia de emprego, respeito ao direito de associação, medi-das contra a carestia, redução no preço dos aluguéis.
A paralisação operária em São Paulo terminou alguns dias depois com a vitória parcial dos grevistas. Mas novas greves voltariam a eclodir nos anos seguintes na capital paulista e em outras cidades do país.
Rebeliões tenentistas
Os militares participaram da política brasileira desde a proclamação da República. Num primeiro momento, a atuação partiu dos altos escalões, comandada pelos marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto e por oficiais positivistas.
Na década de 1920, contudo, houve uma inversão na forma de atuar dos militares, com o surgimento do tenentismo.
Movimento de jovens oficiais das Forças Armadas, o tenentismo propunha a moralização da vida pública, a adoção do voto secreto e a implementação de medidas em defesa dos interesses econômicos nacionais.
Seu lema era “representação e justiça”.
Em certo sentido, o movimento expressava o mal-estar da classe média e da população urbana, provocado pelo contraste entre a modernização da sociedade e sua submissão ao setor mais atrasado do país: as oligarquias agrárias.
Apesar do nome, nem todos os integrantes do tenentismo eram tenentes; também participavam do movimento militares de patentes mais elevadas, como generais, por exemplo, e civis. Por força de sua formação militar, os tenentes não acreditavam na possibilidade de mudanças por via eleitoral; por isso, decidiram partir para rebeliões armadas. As ações mais importantes do movimento foram:
Os Dezoito do Forte (1922)
Em 5 de julho de 1922, jovens oficiais e soldados do Exército rebelaram-se no forte de Copacabana, Rio de Janeiro, contra o governo federal.
Sua principal exigência era a renúncia do candidato recém-eleito à Presidência da República e ainda não empossado, Artur Bernardes.
Cercados por tropas governistas, dezoito deles saíram do forte na manhã do dia 6, percorrendo de armas na mão a avenida Atlântica em direção ao palácio do governo. No caminho, um civil juntou-se ao grupo.
A maioria dos rebeldes morreu nos tiroteios que se seguiram. Apenas dois sobreviveram: os tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes.
Dois anos depois do episódio dos Dezoito do Forte, exatamente no dia 5 de julho de 1924, unidades do Exército e da Força Pública (Polícia Militar) se rebelaram em São Paulo.
Os rebeldes ocuparam o palácio do governo, provocando a fuga do governador, e controlaram a cidade durante 23 dias. Eles exigiam a renúncia do presidente Artur Bernardes e contavam com o apoio dos trabalhadores e de alguns grupos de populares. Para evitar o bombardeio da cidade por forças legalistas, os rebeldes se deslocaram para Foz do Iguaçu, Paraná, onde se encontrariam mais tarde com oficiais rebeldes vindos do Rio Grande do Sul.
Rebelião no Rio Grande do Sul
Em outubro de 1924, eclodiu nova revolta, agora no extremo sul do país, envolvendo unidades do Exército aquarteladas nas cidades gaúchas de São Borja, Uruguaiana e Santo Ângelo.
Seus líderes eram o capitão Luís Carlos Prestes e o tenente Siqueira Campos. Depois de alguns dias de combate, os rebeldes se retiraram para Foz do Iguaçu.
Coluna Prestes
Do encontro dos revoltosos gaúchos e paulistas em Foz do Iguaçu surgiu a Coluna Prestes, da qual participaram cerca de 1600 homens comandados por Luís Carlos Prestes e Miguel Costa.
A Coluna, acatando uma proposta de Prestes, embrenhou-se pelo interior do Brasil e lançou uma guerra de movimento contra as forças do governo. Entre 1925 e 1927, atravessou o país, combatendo e fugindo sempre, sem nunca ser derrotada.
Por isso, ficaria conhecida como Coluna Invicta, enquanto Prestes receberia o título honroso e romântico de Cavaleiro da Esperança.
Em 1927, depois de percorrer 24 000 km pelos sertões do Brasil, a Coluna Invicta ingressou na Bolívia, onde acabou se dispersando.
A Revolução de 1930
Em 1929, o Presidente e Maçom Washington Luís, do Partido Republicano Paulista (PRP), que sucedera o Maçom Artur Bernardes (mineiro), lançou a candidatura de Júlio Prestes para sua sucessão. Prestes, que não tinha nenhuma relação de parentesco com o Cavaleiro da Esperança, era governador de São Paulo.
Sua candidatura rompia o acordo com o Partido Republicano Mineiro (PRM), segundo o qual, depois de um paulista na Presidência da República, um mineiro deveria assumir o cargo, mantendo a política do “café-com-leite”.
A reação dos mineiros foi aliar-se ao Rio Grande do Sul e à Paraíba, formando a Aliança Liberal, que lançou o nome do governador gaúcho Getúlio Vargas. Assim, mais uma vez, a grande frente oligárquica se dividia.
O próprio PRP tinha sofrido uma divisão em 1926, quando alguns de seus integrantes romperam com a orientação partidária e criaram o Partido Democrático, com boa penetração nas classes médias do estado.
Era esse o quadro político no Brasil, quando o mundo foi atingido pela crise econômica desencadeada pelo crack da Bolsa de Valores de Nova York em 1929. Com a Grande Depressão, os preços do café despencaram no mercado internacional. Pressionado pelos cafeicultores, Washington Luís se negou a tomar medidas para salvar as cotações do produto, levando boa parte dos fazendeiros a deixar de apoiá-lo.
O programa da Aliança Liberal era inovador. Prometia atender às reivindicações operárias, anistiar os tenentes condenados por suas rebeliões e moralizar a vida pública, adotando o voto secreto.
Com essas propostas, Getúlio Vargas atraiu a simpatia das classes trabalhadoras e o apoio dos tenentes e do Partido Democrático de São Paulo. Mesmo assim, perdeu para Júlio Prestes nas eleições de março de 1930.
Em julho, um fato novo mudou completamente o rumo dos acontecimentos. Por motivos particulares, o candidato a vice-presidente na chapa de Getúlio, João Pessoa, ex-governador da Paraíba, foi assassinado no Recife. Antes do episódio, o setor mais radical da Aliança Liberal, formado pelos tenentes, já queria pegar em armas para chegar ao poder, caso Getúlio fosse derrotado.
Depois das eleições, essa ideia foi deixada de lado temporariamente, mas o assassinato de João Pessoa reacendeu os ânimos. Nesse momento, Getúlio Vargas, que relutava em liderar um movimento armado, aceitou chefiar a revolução, apoiado pelos tenentes, que, como vimos, tinham experiência nesse tipo de ação.
O único que ficou de fora foi Luís Carlos Prestes, que havia aderido ao marxismo.
Na tarde de 3 de outubro de 1930, a revolução eclodiu simultaneamente no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, sob o comando militar do coronel Góis Monteiro.
Na madrugada do dia seguinte, irrompeu também na Paraíba, onde as forças revolucionárias seguiam a liderança de Juarez Távora.
A seguir, a revolução chegou a Pernambuco e a outros estados, espalhando-se rapidamente por todo o país.
Vinte dias depois do início da luta armada, em 24 de outubro, o alto-comando militar do Rio de Janeiro depôs o presidente Washington Luís e entregou o poder aos líderes revolucionários.
No dia 3 de novembro, Getúlio Vargas anunciou a formação de um governo provisório e prometeu uma nova era para o Brasil.
Luís Carlos Prestes rompe com os tenentes
No começo de 1930, Luís Carlos Prestes, exilado na Argentina, foi convidado por outros tenentes a apoiar a candidatura de Getúlio Vargas. Prestes rejeitou o convite. A essa altura, ele já tinha entrado em contato com o pensamento marxista, ideologia que iria defender ferrenhamente.
Em maio do mesmo ano, Prestes anunciou sua adesão ao comunismo por meio de um manifesto, no qual revelava também seu afastamento do grupo majoritário dos tenentes:
“Mais uma vez os verdadeiros interesses populares foram sacrificados, e vilmente mistificados todo o povo, por uma campanha eleitoral que, no fundo, não era mais que a luta entre os interesses contrários de duas correntes oligárquicas, apoiadas e estimuladas pelos dois grandes imperialismos que nos escravizam. São idênticos os propósitos reacionários das oligarquias em luta. A revolução brasileira não pode ser realizada com o programa medíocre da Aliança Liberal. Vivemos sob o jugo dos banqueiros de Londres e Nova York. A verdadeira luta pela independência nacional só poderá ser levada a efeito pela verdadeira insurreição nacional de todos os trabalhadores. Proclamemos, portanto, a revolução agrária e anti-imperialista, realizada e sustentada pelas grandes massas de nossa população. Lutemos pelo confisco, nacionalização e divisão das terras, pelo confisco e nacionalização das empresas estrangeiras, pela anulação das dívidas externas.“
O Major Maçom Plínio Tourinho e a Revolução de 1930
O episódio descrito a seguir foi retirado do trabalho do Prof. Ms. Roberto Bondarik (2012).
Liderado pelo secretario do governo do Rio Grande do Sul, Oswaldo Aranha, a partir de maio de 1930 organiza-se um movimento conspiratório visando impedir a posse de Júlio Prestes e o afastamento de Washington Luiz do governo do país.
Lideres tenentistas das rebeliões militares durante a década de 1920 foram contatados e muitos deles aceitaram aderir e mesmo a auxiliar no planejamento e condução do movimento.
Foi este o caso, dentro do Estado do Paraná, do Major e Maçom Plínio Tourinho, oficial de Artilharia do Exercito, servindo em Curitiba e simpatizante do tenentismo.
A data para o inicio do movimento foi estabelecida para o dia 03 de outubro de 1930, uma sexta feira. Movimentos sincronizados seriam levados a efeito em todo o Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e Paraíba. As 17h30m deste dia forças da Brigada Militar Gaucha, Guarda Civil, rebeldes do Exercito e voluntários civis comandados por Oswaldo Aranha e Góes Monteiro, tomam de assalto o edifício do Quartel General do Exercito em Porto Alegre.
O comandante da Região Militar, General Gil de Almeida foi preso durante essa ação. Imediatamente deflagra-se por todo o estado a ação dos rebeldes que tomam, com poucas exceções, os quartéis e guarnições do Exercito.
Iniciavase de maneira prática o movimento que alçaria Getúlio Dorneles Vargas à Presidência da República.
O Maçom Washington Luís e a Revolução de 1930
Washington Luís Pereira de Sousa (Macaé, 26 de outubro de 1869 — São Paulo, 4 de agosto de 1957) foi um advogado, historiador e político brasileiro, décimo primeiro presidente do estado de São Paulo, décimo terceiro presidente do Brasil e último presidente da República Velha.
Foi deposto em 24 de outubro de 1930, vinte e um dias antes do término do seu mandato como presidente da república, por um golpe militar, que passou o poder, em 3 de novembro, às forças político-militares comandadas por Getúlio Vargas, na denominada Revolução de 1930.
Foi o criador do primeiro serviço de Inteligência do Brasil em 1928. O apelido que o definia era Paulista de Macaé, pois, embora nascido no estado do Rio de Janeiro, sua biografia política foi toda construída no estado de São Paulo.
Foi chamado também de O estradeiro, e, durante a Revolução de 1930, de Doutor Barbado pelos seus opositores.
Washington Luís, ilustre Ir.´. que iniciou sua carreira política em Batatais, SP, como vereador, e veio a ser Presidente da República do Brasil de 1926 à 1930. Washington Luís Pereira de Souza fora Venerável Mestre da Loja Philantropia II, do Or.´. de Batatais, em 1896.
O Partido Republicano Paulista a Maçonaria e a Revolução de 1930
Partido Republicano Paulista (PRP) foi um partido político brasileiro fundado em 18 de abril de 1873, durante a Convenção de Itu, que foi o primeiro movimento republicano moderno no Brasil.
Seus adeptos eram chamados de perrepistas.
O PRP foi o partido político predominante no estado de São Paulo durante toda a República Velha.
O PRP foi influenciado muito pelos ideais da Maçonaria e pelo Positivismo, tendo tido, o PRP, verdadeira obsessão pela imigração européia.
Em nível municipal havia disputas políticas, quando mais de um coronel disputava o poder local.
Nestes casos, políticos da capital então se dividiam, apoiando um ou outro coronel para os cargos municipais. Nas pequenas cidades do interior de São Paulo, o líder local do PRP era o tipo do Coronel, em geral o líder da Loja Maçônica local.
Às vezes, dois ou mais coronéis disputavam o controle de PRP local. Os grupos políticos locais recebiam apelidos como os Araras contra os Pica-Paus. Mas sempre havia candidato único à presidência do estado. Os coronéis apoiavam a política dos presidentes dos estados em troca destes respeitarem o poder local do coronel.
Houve 4 dissidências dentro do PRP, comandadas por políticos descontentes com a cúpula do PRP e que foram preteridos na escolha dos candidatos do PRP à presidência do Estado ou outros cargos importantes.
A última dissidência resultou na criação do Partido Democrático em fevereiro de 1926, partido este que apoiou a Revolução de 1930.
Essa última dissidência do PRP originou-se em crise ocorrida na Maçonaria Paulista, tendo o grão-mestre do Grande Oriente de São Paulo, doutor José Adriano Marrey Júnior6, fundado o Partido Democrático.
A primeira grande disputa eleitoral entre estes PRP e Partido Democrático se deu, em 1928, pela prefeitura da cidade de São Paulo através do voto direto, quando o PRP saiu largamente vitorioso, reelegendo o prefeito Dr. José Pires do Rio.
O ataque mais sério ao poder de PRP foi a Revolta Paulista de 1924, que fez que o presidente Carlos de Campos se retirasse para o interior do estado, e organizasse batalhões em defesa da legalidade, conseguindo retomar o poder.
Muitos membros importantes do PRP vestiram fardas da Força Pública de São Paulo, atual Polícia Militar do Estado de São Paulo, organizaram e comandaram a resistência contra os revoltosos.
O PRP elegeu todos os presidentes do Estado de São Paulo na República Velha e elegeu 6 presidentes da República, embora dois deles não tomaram posse: o Maçom Rodrigues Alves quando reeleito em 1918 não chegou a tomar posse por ter falecido e Júlio Prestes por causa da Revolução de 1930.
O Dr. Washington Luís foi deposto em 1930.
O Maçom Washington Luís foi um modernizador do PRP, instalando uma administração técnica, tanto na Secretaria de Justiça e Segurança Pública, (na chamada Polícia sem política), quanto na Prefeitura de São Paulo e no governo do estado.
O PRP foi derrotado nas eleições presidenciais de 1910 quando o presidente de São Paulo Albuquerque Lins foi candidato a vice-presidente na chapa do Maçom Rui Barbosa na chamada Campanha Civilista. Os próceres políticos do PRP adquiram fama de bons administradores e homens probos, sendo que vários foram considerados estadistas.
Em geral, o PRP, na República Velha, era comandado pelo presidente do estado do momento. Os líderes que mais por tempo tiveram força na diretoria executiva do PRP foram o Maçom e Presidente Jorge Tibiriçá Piratininga, falecido em 1928, o Coronel Fernando Prestes de Albuquerque e o Dr. Altino Arantes Marques, ambos falecidos após o término da República Velha.
Em 1 de março de 1930, o candidato a presidente da República Júlio Prestes do PRP teve 90% dos votos válidos no Estado de São Paulo.
Foi outra grande vitória que o PRP obteve contra o Partido Democrático que apoiara o candidato de oposição Getúlio Vargas. Júlio Prestes, porém, não tomou posse, atropelado que foi, pela Revolução de 1930. Com a revolução de 1930, vários próceres políticos do PRP, inclusive o presidente eleito Júlio Prestes, que se licenciara do governo de São Paulo e o presidente da república Washington Luís foram exilados.
O vice-presidente de São Paulo, em exercício do cargo de presidente do estado, Doutor Heitor Penteado, foi deposto em 24 de outubro de 1930, preso e exilado. O PRP não mais voltaria a governar São Paulo.
Com a Revolução de 1930 e a ascensão de Getúlio Vargas ao poder romperam com este ciclo, todos os partidos foram extintos, só voltando a existir nas eleições de 1933. Também foi extinto o domínio da política do café-com-leite (representada pelo PRP e pelo PRM).
A partir de 1930, salvo poucas exceções, gaúchos e mineiros se revezariam na presidência da república, até a década de 1980. Nos 50 anos seguintes a 1930, gaúchos e mineiros estariam no poder federal por 41 anos.
Júlio Prestes foi o último paulista eleito presidente da república.
Entretanto, no ponto de vista do líder perrepista, Júlio Prestes, eleito presidente em 1930, a ditadura implantada em 1930, desonrava o Brasil:
“O que não se compreende é que uma nação, como o Brasil, após mais de um século de vida constitucional e liberalismo, retrogradasse para uma ditadura sem freios e sem limites como essa que nos degrada e enxovalha perante o mundo civilizado!” — Júlio Prestes
O PRP foi definitivamente extinto, logo após a instalação do Estado Novo, pelo decreto-lei nº 37, de 2 de dezembro de 1937.
Principais Maçons Republicanos
Américo Brasiliense; Américo de Campos; Aristides Lobo; Benjamin Constant; Bernardino de Campos; Campos Sales. Deodoro da Fonseca; Eduardo Wandenkolk; Francisco Glicério; Hermes da Fonseca; João Tibiriçá Piratininga; Jorge Tibiriçá; José Maria Lisboa; Júlio Mesquita; Lauro Sodré; Luis Gama; Manoel de Moraes Barros; Martinico Prado; Nilo Peçanha; Pedro de Toledo; Pinheiro Machado; Prudente de Moraes; Quintino Bocaiúva; Rangel Pestana; Rui Barbosa; Saldanha Marinho; Silva Jardim; Ubaldino do Amaral.
BIBLIOGRAFIA:
BONDARIK, R. Revolução de 1930: O Paraná e o Norte Pioneiro.
DIALETICO. Brasil: Crise e Revolução de 1930.
FERREIRA, M. de M.; PINTO, S. C. S. A Crise dos anos 20 e a Revolução de Trinta.
Rio de Janeiro: CPDOC, 2006. 26f.
WIKIPEDIA. Partido Republicano Paulista.
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