O ENSINAMENTO DA MAÇONARIA – A VISÃO DA ARTE REAL

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SIMBOLISMO — LINGUAGEM UNIVERSAL
Todo o Simbolismo autêntico reside na verdadeira natureza das coisas e é a concreta realidade fundada em reais analogias. Efectivamente, o Simbolismo tem o seu fundamento na natureza dos seres e das coisas, estando em conformidade com as leis dessa natureza; e como as leis da Natureza são a expressão e interiorização da Vontade divina, podemos deste modo, dizer que o Simbolismo é de carácter não humano e o seu princípio remonta a mais longe e mais alto do que a humanidade.
Ou seja, o verdadeiro Simbolismo não é inventado pelo homem: encontra-se na própria Natureza, que é ela também símbolo de realidades transcendentes. A Natureza é realmente símbolo da realidade sobrenatural e esta correspondência constitui o verdadeiro fundamento do Simbolismo — toda a coisa manifestada é símbolo em relação a uma realidade superior.
Por esse motivo, podemos dizer igualmente que os fenómenos naturais derivam de princípios superiores e são os seus símbolos, tirando deles a sua realidade.
Essencialmente, o Simbolismo, a linguagem metafísica por excelência, é a utilização de formas ou de imagens constituídas como signos de ideias ou de coisas super-sensíveis. Nesse sentido, um símbolo é um suporte de meditação necessário porque aquilo que é imperceptível ao olhar ou ao ouvido só pode ser tomado, não em si próprio mas através de relações de semelhança. Linguagem universal e universalmente inteligível, na qual as mais altas verdades foram sempre exprimidas, o Simbolismo pode ser definido como a representação de uma realidade num certo nível de referência por outra realidade correspondente num outro nível de referência.
O Simbolismo é uma ciência exacta e faz parte da Ciência Sagrada. 
A meditação dos símbolos assume carácter de autêntico ritual. 
E enquanto elementos dos próprios ritos, os símbolos, por causa do seu carácter não humano, são suportes de uma influência espiritual — aliás, transportam em si mesmos influências cuja acção é susceptível de despertar directamente a faculdade intuitiva naqueles que neles meditam segundo o modo adequado. Na realidade, todo o Simbolismo produz (e é esse o seu fim), naquele que medita com as aptidões e disposições requeridas, efeitos rigorosamente comparáveis com os dos ritos, desde que haja transmissão iniciática regular.
É por isso que o símbolo, como figuração gráfica, é uma fixação do gesto ritual e o seu traçado deve efectuar-se regularmente, em relação com a ciência do gesto, o que lhe confere todas as características do ritual.
Cada símbolo tem uma pluralidade de sentidos que se harmonizam e se completam. 
Desse modo, o facto de se encararem dois aspectos contrários num símbolo é absolutamente legítimo — a consideração de um desses aspectos não exclui o outro, visto que cada um deles é igualmente verdadeiro de acordo com certa relação. O que mostra bem que os dois aspectos não se excluem e são susceptíveis de serem encarados simultaneamente é o facto de eles poderem encontrar-se reunidos numa mesma figuração simbólica complexa. Assim, o Simbolismo tradicional não se presta a qualquer sistematização porque deve responder a numerosos pontos de vista, abrindo possibilidades ilimitadas de concepção.
Podemos ainda acrescentar que a origem do Simbolismo se confunde com a origem dos tempos, se é que não mesmo além dos tempos, visto que estes só compreendem um modo especial de manifestação. E a Tradição incorpora-se nos símbolos que se transmitiram de idade em idade, sem que se lhes possa atribuir qualquer origem histórica.
INICIAÇÃO: SEGUNDO NASCIMENTO
É importante salientar que a Iniciação só se torna necessária a partir de certo período de existência da Humanidade, precisamente quando começa a sua degenerescência neste ciclo (já não nos encontramos na época primordial, em que todos os homens possuíam normal e espontaneamente o estado hoje ligado a um alto grau de Iniciação) — mas tudo o que ela comporta constituía já uma parte superior da Tradição primordial.
Outra questão importante: uma organização iniciática autêntica está sempre ligada com o Centro espiritual do qual provém a Tradição. É essa ligação que constitui a sua filiação regular, através de uma cadeia iniciática que parte do Centro.
Iniciação deriva de «initium», entrada e começo, entrada num caminho ou começo de uma nova existência. A Iniciação é, assim, um verdadeiro segundo nascimento e uma regeneração.
Segundo nascimento porque abre ao Ser outro mundo, diferente daquele em que exerce a actividade da sua modalidade corporal; regeneração, porque restabelece o Ser nas prerrogativas que eram naturais e normais nas primeiras Idades da Humanidade e porque deverá conduzir à restauração do estado primordial.
Para que o profano se torne iniciado deverá morrer e nascer de novo. Morrer para o mundo profano e nascer no mundo da Iniciação, da Luz. E a importância da morte iniciática é tal que podemos mesmo considerá-la mais real do que a morte do corpo, visto que o profano que morre não se torna iniciado por esse facto. Aliás, todas as tradições insistem na diferença essencial que existe entre os estados póstumos do Ser, conforme se trata de um profano ou de um iniciado.
Dentro do processo iniciático, devemos ainda considerar a segunda morte, aquela que permite efectuar-se o terceiro nascimento, a «ressurreição em corpo glorioso». 
Se o segundo nascimento efectua uma regeneração psíquica, então o terceiro nascimento é a passagem efectiva da ordem psíquica à espiritual.
O que se passa durante a primeira fase da Iniciação? Apenas a transmissão de uma influência espiritual, que o neófito não sente, visto que ela está ainda num estado potencial e não desenvolvido — é o que se chama a Iniciação «virtual», a qual, na maior parte dos casos, assim permanece sempre, devido às condições cíclicas que ditam, na maior parte dos casos, a insuficiência de qualificação do iniciado e a própria degenerescência das organizações iniciáticas que ainda subsistem.
Essa influência espiritual será assim uma espécie de semente lançada no terreno, que poderá ter ou não condições de fertilidade para a fazer germinar e dar origem ao desenvolvimento espiritual de uma nova planta – neófito, significa exactamente nova planta.
Depois de transmitida essa influência, o neófito segue todo o processo da instrução iniciática, conjunto de meios postos em acção que contribuem para tornar efectiva a Iniciação virtual. Essa instrução terá de ser acompanhada e orientada por um guia espiritual, um mestre. Na Maçonaria o mestre não está presente na pessoa de um indivíduo mas antes na de toda a comunidade iniciática que recebeu e rodeia agora o novo iniciado. 
Trata-se, portanto, de um trabalho colectivo, sobre o qual age uma certa presença espiritual. 
Recordemos as palavras de Yeshua ben Yosef: 
«Quando dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles». 
Daí que o trabalho da organização iniciática deva sempre fazer-se em nome do princípio espiritual de que procede.
Para que uma organização possa transmitir a influência espiritual de que falámos é necessário que seja efectivamente a sua legítima depositária e, portanto, que a sua filiação na Tradição seja autêntica, regular. Por isso, quando se trata de organizações pseudo-iniciáticas, reconstituições puramente hipotéticas ou imaginárias de formas tradicionais desaparecidas ou ainda invenções puras e simples a transmissão da influência espiritual é impossível, inexistente, e a Iniciação também.
Tudo se passa de acordo com leis rígidas e inflexíveis, de origem não humana, e, por exemplo, mesmo quando se trata de uma organização autenticamente iniciática, os seus membros não têm qualquer poder para lhe mudarem as formas ou para alterá-las no que têm de mais essencial — o que não exclui, no entanto, a adaptação às circunstâncias próprias de cada momento cíclico, as quais se impõem aos indivíduos, mais do que derivam da sua vontade. Logo, uma organização iniciática não pode incorporar nos seus ritos elementos que foi pedir emprestados a outras formas tradicionais diferentes daquela segundo a qual é regularmente constituída.
VIAGENS E INFLUÊNCIA ESPIRITUAL
A Iniciação decorre por fases, sob a forma de provas que exprimem, no fundo, a necessidade de se ultrapassar o medo para se chegar ao conhecimento, o qual, quando for alcançado, tornará o medo impossível.
As provas iniciáticas são ritos preparatórios da Iniciação e tomam normalmente a forma de viagens simbólicas que conduzem o Ser das Trevas para a Luz, purificando-o no decorrer da jornada simbólica, tal como na Alquimia (onde também se fala da conquista da Luz divina).
As viagens entram em relação com os diferentes elementos, remetendo o ser ao estado de simplicidade, convertendo-o em matéria-prima, em caos que aguarda a Luz para que a perfeição primordial se refaça. 
As fases da Iniciação, tais como as da Grande Obra Hermética (que é realmente uma das suas expressões simbólicas), reproduzem as do próprio processo cosmogónico. 
As aptidões ou possibilidades da natureza individual são a matéria-prima e para que esse caos possa começar a tomar forma e a organizar-se é necessário que lhe seja comunicada uma vibração inicial (o Fiat lux) pelas potências espirituais que o Berechit – בראשית – Génesis designa por Elohim- . 
Ora, do ponto de vista iniciático, essa iluminação é precisamente constituída pela transmissão da influência espiritual — daí vêm as expressões «dar» e «receber» a luz.
O transmissor é aquele que confere a Iniciação e não age como Indivíduo mas sim como suporte da influência, como anel da cadeia iniciática. 
Também não pode agir em seu próprio nome mas sim em nome da organização à qual está ligado e da qual detém os poderes (o que explica que a eficácia do rito seja independente do valor do indivíduo como tal e que, mesmo quando só há iniciados virtuais numa organização, esta permaneça capaz de continuar a transmitir a influência de que é depositária — recordemo-nos da fábula do burro carregado de relíquias.
Uma das cenas principais do drama iniciático, que, aliás, de certa maneira, o precede, é a da «descida aos infernos» efectuada na câmara de reflexões, durante a qual o Ser se purifica, esgotando todas as suas possibilidades inferiores. 
Essa descida será, assim, uma espécie de recapitulação dos estados precedentes, através da qual as possibilidades do estado profano são esgotadas, a fim de que, a parir de então, o Ser possa desenvolver livremente as possibilidades de ordem superior que traz em si.
PEQUENOS E GRANDES MISTÉRIOS
Podemos dividir a Iniciação em duas fases principais, distintas mas complementares: os Pequenos e os Grandes Mistérios (ou os «Mistérios Menores e Maiores).
Os Pequenos Mistérios, que dizem respeito ao «Paraíso terrestre», têm por fim restaurar o estado primordial, o do homem verdadeiro, estabelecido no «Meio Invariável» e escapando à roda cósmica. Compreendem tudo o que se relaciona com o desenvolvimento das possibilidades do estado humano e têm como conclusão a restauração do estado primordial, a realização horizontal, obtida através do segundo nascimento, autêntica regeneração psíquica que permite o conhecimento das leis do devir.
Quanto aos Grandes Mistérios, dizem respeito à realização vertical, dos estados supra-humanos, conduzindo o Ser do estado primordial à libertação final, à Identidade Suprema, conseguida pelo terceiro nascimento (precedido pela segunda morte, a morte para o Cosmos).
Sublinhe-se que a essência e as finalidades da Iniciação são sempre as mesmas por toda a parte e ao longo dos séculos. Só as modalidades é que diferem, por adaptação aos tempos e aos lugares.
Mistério é uma palavra grega que, no sentido original, se liga directamente com a ideia de silêncio, designando o inexprimível. 
No seu sentido mais imediato e exterior, o Mistério é aquilo de que se não deve falar, sobre o qual convém guardar silêncio ou que é proibido fazer conhecer no exterior; num segundo sentido, menos imediato, o Mistério designa o que se deve receber em silêncio ; finalmente, num terceiro sentido, mais profundo, é o inexprimível, o que se pode apenas contemplar em silêncio, impossível de exprimir por palavras.
Convém ainda assinalar o parentesco existente entre as palavras Mito e Mistério, que possuem a mesma raiz grega.
UM SEGREDO INCOMUNICÁVEL
O segredo iniciático não está ligado a um sectarismo ou a um não querer dizer, mas antes a um não poder dizer, além do dever de se evitar que a inevitável incompreensão do profano vá alterar ou profanar o ensinamento. 
Visto que a doutrina maçónica, na sua verdade, consiste numa Arte accionada pelas forças superiores, em estados superiores de consciência, não humanos, é então natural declarar que o segredo da Grande Obra não pode transmitir-se mas é o privilégio dos iniciados que, sobre a base das suas próprias experiências, podem somente eles compreender o que se esconde atrás da gíria e do simbolismo maçónico.
A lei do silêncio (que aquele que tem ouvidos os abra e oiça; que aquele que tem boca a mantenha fechada), sempre foi observada escrupulosamente pelos Maçons autênticos, tradicionais. 
E não se pense que no caso da Maçonaria estava ou esta em causa apenas a sua qualidade de sociedade secreta (aliás, uma qualidade bastante variável ao longo da sua história, e nunca se podem identificar sociedades secretas com organizações iniciáticas) — de facto, o segredo encontra-se intimamente ligado com a transmissão da Iniciação de Mestre para discípulo (Aprendiz) e nada mais.
Tudo o que se ligava com a técnica operativa e com o segredo da Ordem não podia ser exposto abertamente nos rituais impressos, fazia parte da transmissão iniciática. E se este silêncio impressiona ainda muitos dos nossos contemporâneos, podemos afirmar que o silêncio que se impunha aos inicia-dos, e que tem razões bem mais importantes do que a simples prudência, nunca se impôs tão fortemente como nas condições actuais. Esta afirmação vem, naturalmente, contrariar a ideia, posta a circular pelos maiores «ocultistas», de que são chegados os tempos em que certos segredos devem ser revelados e divulgados.
Só modernamente, e devido à degenerescência que fez cair a Maçonaria em questões políticas, se quis assimilar o segredo iniciático aos ideais políticos de liberdade e de igualdade.
Mas o verdadeiro segredo iniciático é apenas o «incomunicável» e só a Iniciação pode dar acesso ao seu conhecimento. O segredo exterior é elemento secundário e acidental, e o seu valor é somente de símbolo em relação ao autêntico segredo que é interior. E se a organização iniciática é secreta, isso não resulta de algo de artificial ou de arbitrário — a organização fecha-se sobre si própria contra a degenerescência.
O segredo é de tal natureza que as palavras não o podem exprimir, é inacessível e inatingível — só os ritos e os símbolos o podem, quanto muito, sugerir. 
O que o iniciado deve forçosamente adquirir, porque ninguém, nem nada de exterior a ele lho podem comunicar, é a posse efectiva do segredo iniciático.
MISTICISMO E INICIAÇÃO
Na habitual confusão dos textos elaborados pelos autores recentes da «nova era», Misticismo e Iniciação aparecem muitas vezes como se fossem sinónimos.
Mas a Iniciação, pela sua própria natureza, é incompatível com o Misticismo. Ao contrário deste, na Iniciação é ao indivíduo que pertence a iniciativa da realização, perseguida metodicamente, sob controlo rigoroso e constante, chegando a ultrapassar as possibilidades do indivíduo como tal.
A própria comunicação com os estados superiores é apenas um ponto de partida e não um fim em si — o que se pretende é realizar em si próprio um estado supra-individual. 
Podemos dizer que as perspectivas iniciática e mística têm em comum o domínio da espiritualidade e a ordem metafísica ou a teológica; uma direcção idêntica (o Princípio divino); e uma concepção escatológica semelhante quanto à marcha da História e à conclusão do Universo
Em compensação, diferem ambas quanto ao objectivo final e à associação de um elemento sentimental ao Misticismo; enquanto o carácter da doutrina iniciática postula a favor de um conhecimento central, o da Tradição única e Invariável, o Misticismo responde a outras motivações.
Por outro lado, ao contrário do Misticismo, a Iniciação, ao utilizar os ritos, recorre a um método — aliás, método e doutrina são inseparáveis na via iniciática.
Mas é realmente o próprio jogo de palavras a fazer entre Iniciação e iniciativa que nos permite compreender melhor a separação existente entre Misticismo (que não visa suprimir a dualidade fenomenal e existencial, e que pertence mais ao domínio psíquico, conservando um carácter de perfeita passividade) e a Iniciação (de natureza eminentemente activa, feita de disciplina e de ascese ritual, exercendo-se com base no conhecimento simbólico e conduzindo o ser à realização de todas as suas potencialidades).
ENSINO PROFANO E ENSINO INICIÁTICO
A principal diferença que existe entre o ensino profano e o ensino iniciático reside neste simples ponto: ao contrário do profano, para o iniciado não tem qualquer valor o que aprende exteriormente — a sua aprendizagem é toda ela interior, descobrindo e desenvolvendo as suas possibilidades mais profundas, que são despertadas (é esse o verdadeiro significado da «reminiscência» platónica).
Assim, a Iniciação não é um estado psicológico nem místico, é mais profunda do que isso: implica um conhecimento exacto e uma técnica precisa, onde não têm cabimento o sentimentalismo e a imaginação. 
Porque todo o conhecimento iniciático resulta da comunicação, estabelecida conscientemente, com estados superiores e é a essa comunicação que dizem respeito termos como inspiração e revelação.
A Iniciação implica a existência de uma elite, constituída por aqueles que estão aptos a receberem esse ensino especial (lembremo-nos que todos são chamados mas poucos serão os escolhidos como disse Yeshua ben Yosef). 
Portanto a constituição da elite é inconciliável com o ideal democrático do ensino igual distribuído a todos (que, no entanto, são desigualmente dotados). 
A instrução obrigatória do ensino profano conduz em linha recta à uniformidade do Reino da Quantidade, enquanto a Iniciação implica, pelo contrário, o triunfo da Qualidade.
Será necessário sublinhar, também, que o ensino profano põe a memória no lugar da inteligência; exige a acumulação de conhecimentos, e não a sua assimilação; aplica-se sobretudo ao estudo de coisas que não exigem compreensão; substitui as ideias por simples factos; toma a erudição como uma ciência autêntica; consagra o triunfo do «espírito científico» (ou seja, da ciência dos ignorantes), faz-se passar pelo que realmente não é nem pode ser e é isso que o torna realmente nefasto.
              A MISSÃO DA MAÇONARIA:              REALIZAR O PLANO DO GADU
Qual é a missão da Maçonaria?
Se se trata, como se viu, de uma organização de carácter iniciático, o fim da Maçonaria só pode ser o da própria Iniciação — entrada numa via de plena realização da totalidade das possibilidades do Ser, começo de nova existência já num estado supra-individual.
Aqui o trabalho colectivo assume lugar preponderante. 
E a própria colectividade da organização que desempenha o papel de «guru» (mestre espiritual), sob a acção de uma «presença» espiritual — precisamente a do Grande Arquitecto do Universo – IHVH.
Portanto, dentro de um conceito iniciático, devemos dizer que todo o Ser tende, conscientemente ou não, a realizar em si mesmo o plano do Grande Arquitecto do Universo, da Vontade Suprema, e a concorrer para a realização total do mesmo plano, o qual constitui apenas a universalização da sua própria reali-zação pessoal.
Reportando-nos apenas à Maçonaria antiga, «operativa», verificamos que o fim da realização do artífice era a «maestria», a posse perfeita da sua arte, coincidindo com o estado de verdadeira liberdade e veracidade interiores. 
A participação consciente no plano do GADU revela-se na síntese de todas as proporções do templo, coordenando as aspirações de todos os que participam nessa obra cósmica.
Os instrumentos que servem ao artífice Maçon para transformar a pedra bruta simbolizam os «instrumentos» divinos, identificam-se com os atributos divinos e é isso que nos explica o facto de que a transmissão iniciática, antigamente, aparecia estreitamente ligada à entrega dos instrumentos de profissão — o fio de prumo, o nível, o esquadro e o compasso são imagens dos arquétipos imutáveis que regem todas as fases da obra e, por vezes, o ritmo compassado do martelo afeiçoando a pedra combinava-se com a invocação, sonora ou interior, de um nome divino.

COLABORAÇÃO
Joel Santos, M.’.M.’.
G.’.O.’.L.’., Lisboa


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