São condições mais ou menos universais (cada Obediência segue regras ligeiramente distintas) de admissão na maçonaria.
A maioridade e a independência economica.
Não há, todavia, uma idade superior limite; basta que, como se disse, se seja economicamente independente - pois pertencer à maçonaria acarreta alguns custos fixos - e que se esteja em posse das faculdades mentais.
O limite inferior de idade é compreensível.
Mesmo os 21 anos são uma idade muito tenra para se ingressar...
Mais do que a idade, é imprescindível a capacidade de ouvir (pois só ouvindo se aprende), a abertura para se admitir estar errado (pois só se aprende se se admitir ou o erro ou a ignorância...) e a capacidade de aceitar que o outro possa ter ideias contrárias às nossas (pois a maçonaria cultiva a tolerância face à diversidade).
Quando se é muito novo é difícil ouvir-se os outros, pois um jovem sabe sempre tudo.
Admitir-se o erro, então, é coisa ainda mais difícil.
Já a infinita curiosidade dos mais novos torna mais fácil o diálogo entre fações opostas, ideias contraditórias, crenças antagónicas.
É à medida que se amadurece que vai surgindo a capacidade de se ver o silêncio não como um açaimo doloroso que se removeria se se pudesse, mas antes como um refúgio, um reduto, um pequeno Éden dentro de nós que podemos defender com um simples sorriso.
As amarguras da vida vão-nos mostrando que somos, afinal, pequenos, imperfeitos e efémeros; o ímpeto da invencibilidade da juventude dá lugar a um estado de espírito mais sereno e de maior aceitação das próprias limitações.
Todavia, a experiência acumulada acaba por estabelecer o preconceito, dificultando o diálogo.
Como em tantas outras coisas, "in medio virtus".
Se se for muito novo quando se ingresse na maçonaria, corre-se o risco de não ter ainda atingido a maturidade necessária a que esta possa ser proveitosa e, quando esse momento acabe por chegar, perdeu-se já a novidade, e a oportunidade de fazer a diferença.
Sem por outro lado, se pretender ingressar já numa idade avançada, há que acautelar se, de fato, há ainda capacidade - e, acima de tudo, vontade - de aprender coisas novas, de mudar comportamentos, de apurar ideias.
É que, quando se entra na maçonaria, entra-se para aprender, e não para ensinar.
Querer aprender, avançar, saber mais, engolir inteiro - e ser obrigado a estar quieto, a esperar, a mastigar aos bocadinhos e de novo o que já tinha comido antes.
Aprender a confiar; a confiar no juízo dos que criticam, pois o fazem com seriedade e precisão; a confiar que não tomam as falhas por vul nerabilidades; mas, acima de tudo, a confiar na intenção puramente fraterna de quem aponta um erro a um irmão e fica com o coração a transbordar de alegria quando o vê corrigir-se.
Ser assertivo, de convicções fortes, ideias arrumadas e palavras incisivas.
De cada aprendiz espera-se que dê o máximo de si mesmo; a loja estará para lhe atravessar tantos obstáculos quantos os que ache que ele consegue - e quer - ultrapassar.
Uns terão mais capacidade do que outros; uns poderão não ter ainda a pujança que lhes permita correr com os maiores, sem o desconto de serem um "junior"; outros poderão não ter já a força para correr o suficiente que lhes permita atingir os "mínimos olímpicos".
A vida é cheia de surpresas, e as portas não se fecham por excesso de décadas de vida; há sempre quem ludibrie as estatísticas.
No entanto, sabemos que há uma idade ideal para tudo.
É que, como o atletismo, assim é a maçonaria.
Do mesmo modo que há corridas para seniores, também temos maçons com mais de 80 anos. Contudo, esses raramente terão começado a correr tarde; são, antes, atletas que começaram a correr na idade certa, e que ainda não pararam...
Mais do que uma idade certa, há uma maturidade certa para se ser iniciado. Muitos nunca atingem essa maturidade: nascem, vivem e morrem sem nunca perder um segundo com as "grandes questões", tal a azáfama com que passam por esta existência. Outros atingem-na, encontram as sua próprias respostas, e deixa, a partir de certo ponto, de fazer sentido procurarem outro método de aperfeiçoamento, pois já encontraram o seu próprio método, chegaram às suas próprias conclusões, traçaram o seu próprio caminho.
ResponderExcluirCada maçon tem a sua própria história, o seu próprio ritmo, o seu próprio percurso. Uns chegam mais cedo, outros mais tarde. Uns caminham mais depressa, outros mais devagar. Outros ainda levam mais tempo numa fase, e noutra disparam a correr. Ou ao contrário.
Temos entre nós quem tenha sido iniciado aos vinte e poucos anos, e quem o tenha sido já depois de ser avô. Temos quem tenha sido aprendiz ou companheiro durante bastantes anos, e quem ao fim de menos de dois anos já fosse mestre. Temos quem tenha ficado pouco tempo, quem tenha ficado alguns anos, e quem ainda cá esteja. Por tudo isto, encontra-se numa loja uma grande diversidade de idades, maturidades e sensibilidades. A todos une, porém, a vontade de se tornarem pessoas melhores, e de o fazerem juntos, e aprendendo uns com os outros.
ResponderExcluirOs aprendizes mais jovens podem aproximar-se mais facilmente de mestres mais próximos da sua idade, até estarem mais à vontade com os mais velhos. Os aprendizes mais velhos terão porventura maior afinidade, pelo menos inicialmente, com os maçons mais maduros. Com o passar do tempo, à medida que aquelas caras vão adquirindo nomes, aos nomes se vão juntando feitios, e os feitios, as caras e os nomes se tornam pessoas que vamos conhecendo e distinguindo das demais, os aprendizes vão-se apercebendo com quem podem aprender melhor o quê, e acabam por aprender com todos - com uns mais do que com outros, mas isso também faz parte...
Chegado a companheiro, o maçon conhecerá já razoavelmente a maioria dos irmãos da sua loja, e estes a ele. Terá, para além disso, passado pela experiência de ter "irmãos mais novos", iniciados depois dele. Esses irmãos mais novos podem ser até mais velhos em idade, o que torna tudo muito mais interessante. E quando se chega a mestre, percebe-se por fim que todos têm alguma coisa a aprender com cada um dos demais.
Os mestres mais novos encontram nos mais velhos a experiência de quem já passou por muitas situações difíceis, tomou muitas decisões - algumas mais certas que outras - e tem, enfim, a sabedoria que só a idade, a experiência e as dificuldades proporcionam. Por seu lado, os mestres mais velhos encontram nos mais novos a possibilidade de reviver e questionar o seu próprio percurso, de tornar de novo novas as suas velhas dúvidas e questões, e a possibilidade de passarem para outros aquilo que receberam dos que os antecederam. Uns e outros partilham da alegria de estarem juntos, de serem diferentes, e de terem algo a aprender uns com os outros.
ResponderExcluirSem sangue novo, uma loja está condenada, mais ano menos ano, a abater colunas: não há quem ensinar e, à medida que os mestres forem passando ao Oriente Eterno, a loja vai ficando mais pequena, até deixar de se poder manter.
Por outro lado, sem o "sangue velho" - e muitas começaram assim - a loja pode até existir, mas é uma loja sem raízes nem memória, que só adquirirá com o decorrer dos anos.
Diz-se que em maçonaria nada se ensina, e tudo se aprende. É, por isso, um privilégio poder-se aprender com quem está há mais tempo na Ordem.