Introdução
Após ter sido iniciado nos mistérios dos graus simbólicos, o Maçom adquire a possibilidade de passar a estudar a filosofia presente nos graus ditos filosóficos. A maioria dos autores afirmam o quanto é escasso o material escrito a respeito dos Altos Graus, ficando o Ir∴ restrito aos ensinamentos dos Rituais, os quais, nem sempre oferecem um estudo que se possa adjectivar como completo.
Assim sendo, pretendemos aqui esboçar ao Ir∴, tendo como guia o autor Nicola Aslan, no seu “Instruções Para Lojas de Perfeição”, uma pequena síntese do que sejam os Graus Maçónicos, em especial os Graus Filosóficos.
Graus Maçônicos
Se nos perguntássemos: Qual a razão de ser dos Graus Maçônicos? Qual seria a resposta ?
Tais perguntas estão inseridas num dos Capítulos da obra supra citada, que nos dá como resposta o que passamos a sintetizar:
Se tomarmos como premissa que a Maçonaria é uma ciência, assim como a definem os anglo-saxónicos, certamente diremos que se trata de uma “ciência complexa, vasta, difícil, e que abrange todas as ciências que constituem o fundo comum das religiões, das artes e da filosofia de todos os povos do mundo, desde os tempos mais primitivos”. Esta afirmação de Nicola Aslan dá-nos a profundidade da dimensão do estudo necessário para se compreender os mistérios maçônicos.
Logo, um dos principais objectivos da Maçonaria é o estudo, através da pesquisa da Verdade, no afã de possibilitar a continuidade da instituição, sendo que, segundo o autor, as atividades sociais, filantrópicas, administrativas, litúrgicas, e outras são instrumentos utilizados pela Maçonaria para motivar e vitalizar as Lojas.
A Maçonaria adota um método iniciático de ensino das suas doutrinas, calcado na interpretação de símbolos, os quais intuitivamente, vão permeando pelo desenvolvimento auto-didático e pessoal do Maçom, na medida em que não se dispõem de organizações metódicas de estudo e de instrução em conjunto, fazendo com que os impulsos de cada indivíduo leve-o ao conhecimento necessário para a busca da iluminação interior.
Logo, o método de ensino iniciático necessita ser conhecido através de vários degraus, os Graus Maçônicos, que levarão o iniciado a se transformar em “cidadão consciente, disciplinado e cumpridor dos seus deveres, pedra polida para ser utilizada na construção do Templo Ideal da Humanidade”.
Se um dos principais objetivos da Maçonaria é o estudo recorrendo a um ensino iniciático que progride a cada grau, podemos afirmar que o objetivo dos graus filosóficos é fazer com que o Ir∴ vá adquirindo “passo a passo”, para utilizar uma linguagem quotidiana, uma classe iniciática onde se encontram partes da doutrina maçónica.
Vale lembrar que o conteúdo filosófico de cada grau “veiculam muitas vezes opiniões e preconceitos vigentes na época em que foram redigidos, mas posteriormente modificados por descobertas científicas, por acontecimentos políticos ou outros factores de transformação e de progresso”.
Visto isto, perguntamos então :
Qual o conteúdo dos graus filosóficos do R∴ E∴ A∴ A∴, sua nomenclatura e divisão?
Afirma o autor, no seu trabalho do qual estamos extraindo esta síntese, que existem numerosos sistemas de Altos Graus, “todos eles denominados escocistas, mas, na presente obra, examinaremos apenas o R∴ E∴ A∴ A∴, por ser o mais espalhado em quase todos os países, formando assim uma cadeia de união universal, através dos seus Supremos Conselhos.
Os graus deste sistema de Supremos Conselhos são agrupados em séries, e cada série possui uma finalidade ou um objectivo, que deverão ser atingidos através da iniciação“.
Lembremo-nos que os graus simbólicos, Aprendiz e Companheiro , são de origem operativa e estão directamente ligados aos ensinamentos da moral e ao desbaste da Pedra Bruta, utilizando as ferramentas associadas às virtudes e qualidades necessárias à transformação que levarão o ser imperfeito à Pedra Polida. Já o grau de Mestre é essencialmente “iniciático e esotérico, e contém todas as doutrinas que serão, posteriormente, objecto das instruções dos graus superiores.”
Recebem o título de graus universais por serem comuns a todos os Ritos. Porém, nos seus Altos Graus, cada Rito tem a sua própria nomenclatura.
Passemos à nomenclatura dos Altos Graus do R∴ E∴ A∴ A∴, onde é conveniente falarmos da divisão relacionada com o ensino e à concessão, pela Loja, dos diversos graus do R∴ E∴ A∴ A∴, os quais são relacionados como segue :
TIPO DE LOJA | TIPOS DE GRAUS | GRAUS CONCEDIDOS |
Loja Simbólica | Graus Simbólicos | 1º , 2º E 3º |
Loja De Perfeição | Graus Inefáveis | 4º ao 14º |
Loja Capitular | Graus Capitulares | 15º ao 18º |
Conselho Kadosh | Graus Filosóficos | 19º ao 30º |
Consistório | Graus Administrativos | 31º e 32º |
Supremo Conselho | Grau Administrativo | 33º |
A nomenclatura dos Altos Graus do R∴ E∴ A∴ A∴, bem como algumas considerações sobre o seu significado é a que segue abaixo :
Graus inefáveis concedidos pelas Lojas de Perfeição
Gr | NOMENCLATURA | BREVES CONSIDERAÇÕES |
4º | Mestre Secreto | Grau de meditação; os verdadeiros segredos da Maçonaria devem ser objecto de pesquisas; |
5º | Mestre Perfeito | Grau de meditação; estudar a filosofia da natureza e a solução da quadratura do círculo filosófico; |
6º | Secretário Íntimo | O Grau é baseado na ideia de aprendizagem do comando, e a sua moral resume-se no respeito que devemos Ter pelos segredos alheios; |
7º | Preboste e Juiz (ou Mestre Irlandês) | É consagrado à equidade severa com a qual devemos julgar as nossas acções; |
8º | Intendente dos Edifícios (ou Mestre em Israel) | A liberdade é o único traço de união entre o trabalho e a propriedade; |
9º | Mestre Eleito dos Nove | Grau de Iluminação. Consagra-se ao zelo virtuoso e ao talento esclarecido que, por bons exemplos e generosos esforços, vingam a verdade e a virtude do erro e do vício; |
10º | Ilustre Eleito dos Quinze | Consagrado à extinção de todas as paixões e de todas as tendências censuráveis; |
11º | Sublime Cavaleiro Eleito | Consagrado à regeneração dos costumes, às ciências e às artes; |
12º | Grão Mestre Arquitecto | Representa-se o povo e consagra-se à coragem perseverante |
13º | Real Arco | Destinado a interpretação dos primeiros instituidores da Ordem; |
14º | Grande Eleito, ou Perfeito e Sublime Maçom | Consagrado ao Grande Arquitecto do Universo; |
Graus capitulares concedidos pelos Capítulos Rosa-Cruz
Gr | NOMENCLATURA | BREVES CONSIDERAÇÕES |
15º | Cavaleiro do Oriente | Este Grau aborda o momento histórico do fim do exílio dos hebreus na Babilónia; |
16º | Príncipe de Jerusalém | O Grau é consagrado ao retorno à Terra Santa; |
17º | Cavaleiro do Oriente e do Ocidente | Grau consagrado aos cruzados; |
18º | Cavaleiro Rosa-Cruz | Este grau celebra o advento de Cristo; |
Graus filosóficos concedidos por um Conselho Kadosh
Gr | NOMENCLATURA |
19º | Grande Pontífice ou Sublime Escocês, dito da Jerusalém Celeste |
20º | Soberano Príncipe da Maçonaria ou Mestre ad-vitam |
21º | Noaquita ou Cavaleiro Prussiano |
22º | Cavaleiro do Real Machado ou Príncipe do Líbano |
23º | Chefe do Tabernáculo |
24º | Príncipe do Tabernáculo |
25º | Cavaleiro da Serpente de Bronze |
26º | Príncipe de Merci ou Escocês Trinitário |
27º | Grande Comendador do Templo ou Soberano Comendador do Templo de Jerusalém |
28º | Cavaleiro do Sol ou Príncipe Adepto |
29º | Grande Cavaleiro Escocês de Santo André ou Patriarca dos Cruzados |
30º | Grande Inquisidor ou Cavaleiro Kadosh ou Cavaleiro da Águia Branca e Negra |
Graus administrativos concedidos pelo Consistório
Gr | NOMENCLATURA |
31º | Grande Inspector, Inquisidor Comendador |
32º | Sublime Príncipe do Real Segredo |
Último grau administrativo concedido pelo Supremo Conselho
Gr | NOMENCLATURA |
33º | Soberano Grande Inspector Geral |
Publicado originalmente em Augusta e Respeitável Loja Simbólica Filhos de Jacó nº 3750
Fonte
- “Instruções para Lojas de Perfeição”, Nicola Aslan – Ed. “A TROLHA”; Ano de Publicação: 1994 – 1ª Edição.
Material ótimo, para um bom estudo e compreensão
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