"Deus disse: “Faça-se a luz!”.
E a luz foi feita.
Gênesis, 1
Se Moisés fora materialista, certamente Deus ter-lhe-ia falado à intuição: – Faça-se a matéria!, porque todas as luzes que conhecemos nascem de materiais.
No archote queima a 41 resina, na candeia, o óleo, no fogão, a lenha. De tal modo está o fogo ligado a seu suporte material que, segundo Pe. Vieira, os antigos fizeram a Vulcano, deus do fogo, arrimado a um bordão.
Porém, Moisés escreveu que a primeira coisa que houve foi a luz. E isto se confirma com os resultados da ciência moderna para a qual energia e matéria são termos reversíveis entre si.
O nosso universo nasceu da condensação da energia; há mais ou menos cinco ou seis bilhões de anos, a matéria do universo era apenas um ponto... em torno do qual as energias se foram condensando, e surgiu o "Colosso Primitivo de Alpher, Beth e Gamow".
Esse Colosso, esse Ovo primitivo do universo, teria dez mil anos luz de diâmetro.
Depois é que o Colosso se expandiu, tornando-se no universo que é hoje.
Parafraseando o Apóstolo São João que disse:– "No Princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus; e todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele, nada do que foi feito se fez".
Mas como São João diz que "Deus é luz", podemos afirmar: no princípio era a luz, e a luz estava com Deus, e a luz era Deus; e sem ela, nada do que foi feito, se fez...
Como a luz é energia, então, no princípio era a energia, e a energia estava com Deus, e a energia era Deus; e todas as coisas foram feitas por ela, e, sem ela, nada do que foi feito se fez.
Eis a perfeita concordância do Gênesis com a ciência moderna, contra os materialistas que teimam em fazer tudo se derivar da matéria.
A matéria nasceu da energia, e o Sol, da sua luz.
São Tomás, e com ele o sentir mais comum de todos os teólogos, afirma o que escreve Vieira: "No primeiro dia foi criado o sol informe; no quarto dia foi criado o sol formado".
O Sol nasceu da sua luz, ao tempo em que o universo surgiu da energia.
Tudo, pois, o que existe é luz modificada, donde, como bem acertou em dizer Huberto Rohden, nós somos lucigênitos e lucífagos.
Lucigênitos, porque, como tudo, somos nascidos da luz; e lucífagos, porque, nos alimentamos de luz.
Sentimos o calor do nosso corpo, sem o qual não há vida; pois bem: donde vem esse calor?
Dos alimentos ingeridos.
E o calor aprisionado nos alimentos, donde vem? Vem da função clorofiliana, pela qual os vegetais transformam a energia luminosa em energia química da fotossintese.
Aqueles raios solares que a planta aprisionou, é agora este calor que nos anima o corpo, e por isto somos todos lucífagos, isto é, comedores de luz...
Olhai para esta luz que nos ilumina neste instante!
Também ela vem do Sol que, sem este, não haveria o trabalho da evaporação das águas, que formam as nuvens, que dão as chuvas que alimentam os rios que tocam as rodas d'água.
Toda essa dança da vida é ocasionada pelo Sol.
No princípio era a luz, e a luz estava com Deus, e a luz era Deus.
Pois essa luz e esse Deus seja dado ao neófito.
E como a luz é o Verbo, o Verbo seja dado ao neófito.
Mas que é o Verbo?
O mesmo São João diz que o Verbo se fez carne e habitou entre nós, sendo esse Verbo encarnado Jesus Cristo.
Ora bem: Jesus disse ser o caminho, a verdade e a vida; então, o caminho, a verdade e a vida sejam dados ao neófito.
Jesus é o Amor vivo, e São João diz que "Deus é Amor"; portanto, o amor seja dado ao neófito.
O Amor, o caminho, a verdade, a vida, o Verbo, o movimento, a ação, a energia, o calor, a luz sejam dados ao neófito.
O calor humano, o Amor, sejam dados ao neófito.
Eis quanta sabedoria está contida na frase tão simples: "A luz seja dada ao neófito...
fonte: Luiz Caramaschi Editora Sociedade Filosófica Luiz Caramaschi
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