Ritualmente confinados!

Rituais e Símbolos Maçónicos: Uma filosofia particular? - Freemason.pt
Na imagem do momento de fusão que é a Cadeia de União, temos todo o peso do toque, da mão com mão, do ombro com ombro, na máxima afirmação de igualdade entre os elos que constituem essa corrente simbólica.
E este é apenas um momento que uso para exprimir a essencialidade do corpo na dimensão ritualística desde os tempos mais ancestrais, desde os gestos definidos e das palavras consignadas nos templos sumérios e egípcios, há mais de cinco mil anos.
Seja no horizonte religioso, ou não, a definição de rito passa, inquestionavelmente, pela sua vivência através do corpo, dos sentidos, da participação e da presença. 
Um rito implica uma afirmação de sacralidade, pelo espaço e pelo tempo fora dos espaços e do tempo comuns, que ocorre simbolicamente através de gestos e palavras nesse lugar que se transforma.
Só o estar nesse espaço, que se torna sagrado; só o viver esse tempo, que se torna fora do tempo profano, permite a dimensão ritual. 
O ritual é a presença participada nesse processo alquímico que transforma quem nele participa por ser, qualquer dos participantes, também oficiante.
E hoje, mais que nunca, esta equação que é a força da dimensão dos rituais, está fora do nosso alcance e fora do nosso quotidiano. 
Muitas têm sido as mecânicas que procuram responder à impossibilidade de nos reunirmos em Oficina devido ao confinamento. 
Mas nada substitui a participação ritual.
Criaram-se grupos nas redes sociais. 
As Oficinas reúnem os seus membros através de instrumentos de reunião online. 
Mas nada disto equivale ou significa o que um ritual nos oferece. 
Nada disto é ritual. 
É convívio. Ajuda a manter laços e a sobreviver psicologicamente à confinação, mas não é Maçonaria o que se faz nesses momentos.
E é aqui que reside o essencial, não no fato das plataformas usadas não serem seguras. O virtual, ao não ser presencial, não implica a participação com o que uma metafísica do corpo permite.
Só a presença nesse espaço e nesse tempo fora do profano nos permitirá regressar ao tempo e ao espaço do rito na sua verdadeira dimensão transformadora, alquímica.

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