O MAR DE BRONZE: SIMBOLOGIA MAÇÔNICA E POSIÇÃO NO TEMPLO

O MAR DE BRONZE: SIMBOLOGIA MAÇÔNICA E POSIÇÃO NO TEMPLO ...
Para falar do Mar de Bronze, é necessário fazer referência a textos bíblicos. 
Como se sabe, há diversas traduções e interpretações da Bíblia – muitas delas inclusive discordantes entre si, como pudemos constatar nas pesquisas para este trabalho. 
Por isso, optamos por desenvolver a pesquisa a partir de quatro destas traduções, todas transcrita de modo comparativo, versículo a versículo, nos anexos desse trabalho. 
São elas:
 – a Vulgata Latina, em latim, traduzida por São Jerônimo no século IV d.C. diretamente do grego antigo e do hebraico. 

– a Vulgata Latina, em português, traduzida pelo Padre Matos Soares diretamente da versão em latim. 

– a primeira tradução da Bíblia para o Português, feita por João Ferreira de Almeida em 1753, a partir do grego antigo, hebreu e latim.

– edição pastoral, utilizada pela Igreja Católica atualmente.

O Mar de Bronze surge na Bíblia quando esta descreve a construção e estrutura do Templo de Salomão. 
Tal descrição surge no 1º Livro de Reis e no 2º Livro de Crônicas. 
Segundo a versão de João Ferreira de Almeida da Bíblia, durante o processo de construção do Templo de Salomão:
[Hiram] Fez mais o mar de fundição, de dez côvados de uma borda até à outra borda, perfeitamente redondo, e de cinco côvados de alto; e um cordão de trinta côvados o cingia em redor. E por baixo da sua borda em redor havia botões que o cingiam; por dez côvados cercavam aquele mar em redor; duas ordens destes botões foram fundidas quando o mar foi fundido. E firmava-se sobre doze bois, três que olhavam para o norte, e três que olhavam para o ocidente, e três que olhavam para o sul, e três que olhavam para o oriente; e o mar estava em cima deles, e todas as suas partes posteriores para o lado de dentro. E a grossura era de um palmo, e a sua borda era como a de um copo, como de flor de lírios; ele levava dois mil batos (I Reis, 7, 23-36)
“Côvado” é uma antiga unidade de medida que representa 44 cm (Côvado Hebreu) ou 45 cm (Côvado Romano)1. 
Assim, as dimensões do Mar de Bronze eram aproximadamente de 4,50m de diâmetro, e 2,25cm de profundidade. 
Naturalmente, o autor do texto bíblico fez referências apenas aproximadas, já que com tais medidas, e sendo perfeitamente redondo, não poderia ter 30 côvados (13,5 metros) de perímetro, já que o Q (Pi) não é 3, mas 3,14.
O mesmo ocorre com o volume d’água suportado pelo Mar de Bronze. Um (01) bato representa 45 litros. 
Assim, a capacidade do Mar seria de 90.000 litros (2.000 batos). 
Um recipiente como o descrito nas Escrituras não comportaria tal volume de água (2).
A finalidade do Mar de Bronze no Templo de Salomão era a ablusão. 
Ou seja, os fiéis, antes de entrarem no Templo, deveriam lavar seus pés e mãos, buscando a purificação. Também os animais que seriam levados a sacrifício antes eram banhados no Mar de Bronze, para serem purificados (3).
Maçonicamente, o Mar de Bronze exerce esta mesma função de purificação, já que é nele que se opera a purificação pela água (4) nas iniciações. Simbolicamente, ocorre aí a purificação da alma do candidato, que está sendo preparado para sacrificar o Homem profano e fazer nascer na luz o Homem Maçom.
A localização do Mar de Bronze nos templos maçônicos é tema relativamente controvertido. Aliás, as próprias traduções bíblicas apresentam certa divergência quanto à localização do Mar de Bronze no próprio Templo de Salomão.
Sabe-se que o Templo de Salomão estava orientado do Oriente para o Ocidente. A entrada do Templo e as coluna Jaquim e Boaz, portanto, estava no Oriente, enquanto o Santo dos Santos situava-se no Ocidente.
Olhando-se de dentro para fora, em direção à entrada oriental do Templo, estavam localizadas as colunas Jaquim (direita) e Boaz (esquerda). 
Todas as traduções consultadas afirmam que o Mar de Bronze estava localizado fora do Templo, no Oriente e à direita. Portanto, próximo à coluna Jaquim.
Algumas traduções dizem que o Mar de Bronze estava nesta posição contra o meio-dia; outras falam em meridiano; e outras ainda ao sul. 
As expressões meio-dia e meridiano referem-se ao ponto cardeal Sul. 
O Mar de Bronze, portando, localizava-se entre o Oriente (Leste) e o Sul, ou seja, a sudeste. 
Porém, a versão Pastoral da Bíblia, em 1º Reis, 7, 39, traduz esta posição como sendo sudoeste, o que aparenta ser um equívoco, já que em 2º Crônicas, 4,10 esta mesma versão da bíblia referencia sudeste.
Talvez tenha sido esta – ou outra com o mesmo equívoco – a tradução utilizada por CASTELLANI quando, transcrevendo a mesma passagem bíblica, afirma que no Templo de Salomão o Mar de Bronze situava-se a sudoeste (5).
Todas as representações gráficas, gravuras e plantas do Templo de Salomão consultadas, a mais antiga datada de 1584 (6), posicionam o Mar de Bronze a sudeste. 
Portanto, à esquerda de quem entra no Templo de Salomão pelo Oriente, e próximo à coluna Jaquim.
Qual será, então, a posição do Mar de Bronze no Templo Maçônico? 
Sabe-se que o Templo Maçônico é a representação simbólica do Templo de Salomão, porém voltado do Ocidente para o Oriente.
Partindo dessa premissa – e sempre considerando a inexperiência desses nossos primeiros passos, ainda retos, de Aprendiz – parece-nos que o Mar de Bronze deve estar localizado à sudoeste no Templo Maçônico, ou seja, próximo à porta de entrada do Templo, à direita de quem de fora olha, e perto da coluna J.
É que, direcionando-se o Templo Maçônico (Ocidente para o Oriente) em sentido inverso ao do Templo de Salomão (Oriente para o Ocidente), parece-nos que deve haver a correspondente inversão dos demais pontos cardeais, para que se mantenha a mesma simetria. 
Tal fato, aliás, justifica o posicionamento das colunas J e B: no Templo de Salomão, J está à esquerda de quem de fora olha, e B está à direita. 
No Templo Maçônico, J está à direita de quem de fora olha, e B está à esquerda. 
E isso reforça nossa impressão.
Corrobora também esta nossa impressão o fato de que na Planta do Templo apresentada no Ritual do R:.E:.A:.A:. vigente (7), o Mar de Bronze está localizado no Ocidente (Oeste), mais próximo à Coluna do Sul e próximo da Coluna J.


NOTAS:
(1) Conforme: LOVEWELL, Harvey. Solomon’s temple: the bronze castings of Jachin and Boaz pillars. Disponível em: http://www.freemasonsfreemasonry.com/pillar_solomon_temple.html.
(2) A título de ilustração, vale mencionar ainda que o Rei Ahaz multilou o Mar de Bronze ao retirar de sua base dos dois bois para decorar seu palácio, substituindo-os por bases de pedra. E finalmente, ele foi totalmente destruído pelos assírios (II Reis, 16, 14:17; 25, 13).
(3) CAMINO, Rizzardo da. Dicionário Maçônico. Madras: São Paulo, 2006. p. 269.
(4) Conforme Ritual do R:.E:.A:.A:. editado pelo GOB em 2001, p. 103.
(5) CASTELLANI, José. Caderno de estudos maçônicos: consultório maçônico. 1ª ed. Editora Maçônica A Trolha: 1989. n 2, p. 27-29.
(6) Disponível em: http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:Christian-vanadrichom_JERVSALEM-et-suburbia-eius_detail-solomon-temple_1-1497×1000.jpg. Acesso
em 05/08/2007.

(7) Conforme Ritual do R:.E:.A:.A:. editado pelo GOB em 2001, p. XII e XIII.

REFERÊNCIAS
– BÍBLIA SAGRADA. Traduzida da Vulgata e anotada por Pe. Matos Soares. 7. ed. São Paulo: Paulinas, 1975.
– BÍBLIA SAGRADA: edição pastoral. 25. impressão. São Paulo: Paulus, 1998 
– BÍBLIA SAGRADA. Traduzida por João Ferreira de Almeida. Edição Corrigida e Revisada, Fiel ao Texto Original. 
Disponível em: http://www.gospelmais.com.br/biblia/. cesso em 21/07/2007.
– BÍBLIA SAGRADA: vulgata latina. Traduzida por São Jerônimo. Disponível em http://www.awmach.org/BVL/fast.htm. Acesso em 21/07/2007. HARVEY LOVEWELL. Solomon’s temple: the bronze castings of Jachin and Boaz pillars. Disponível em: http://www.freemasonsfreemasonry.com/pillar_solomon_temple.html. Acesso em: 18/07/2007. “molteh sea” ihttp://www.biblegateway.com/recources/dictionaries/dict_meaning.php?source=3&wid=S10291. 
Acesso em 17/07/2007  GOB em 2001. 
CAMINO, Rizzardo da. Dicionário maçônico. Madras: São Paulo, 2006. 
CASTELLANI, José. Caderno de estudos maçônicos: consultório maçônico. 1ª ed. 
Editora Maçônica A Trolha: 1989. n 2, p. 27-29. 
ADRICHOM, Christian van. The second jewish temple. Gravura datada de 1584. 
Disponível em: http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:Christianvan-adrichom_JERVSALEM-et-suburbia-eius_detail-solomon-temple_1-1497×1000.jpg. Acesso em: 05/08/2007.

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