Os Três Princípios da Alquimia

Os três níveis, do espírito, da alma e do corpo, encontramos em todos os lugares na arte hermética e, portanto, em sua filha, a alquimia.

Lá, o enxofre simboliza o nível espiritual, ele como elemento é de fogo e volátil. 

Na linguagem hermética consta: “O espírito usa o mais rápido dos elementos, o fogo.”

O nível da alma é representado por mercúrio. 

Mercúrio, como elemento, tem duas naturezas, ele é gasoso e líquido. 

O mercúrio simboliza a mente do homem, a sua alma. 

Ele tem uma forma baixa de consciência, o pensamento, e uma forma mais elevada, o conhecimento direto, a iluminação.

Por isso, os alquimistas falam de duplo mercúrio e compreendem a sua missão central de preparar o “Mercúrio de Mercúrio”. 

Isso significa: Elevar a mente do transitório para o eterno, e abrir a razão para a iluminação divina.

Portanto, o mercúrio é o princípio central da Opus alquímica

nível da forma material é representado pelo sal. 

Sal simboliza a matéria, os metais, e também o homem físico.

Paracelso fala de uma alquimia menor e uma alquimia superior. A alquimia menor é a obra engenhosa realizada, em laboratório, em dedicação incansável, com paciência e firmeza.

No entanto, antes de qualquer trabalho em laboratório, o alquimista realiza o Invocatio Dei, a invocação do Altíssimo. 

Este ora et labora acompanha o trabalho dos verdadeiros alquimistas por toda a vida, unindo a alquimia menor com a superior.

Assim, é simultâneo o trabalho de transmutação do verdadeiro alquimista em sua retorta e em seu microcosmo. 

O trabalho complexo e sutil é descrito com as palavras: “Solve et Coagula”.

Nesse processo algo também vai ser dissolvido, purificado de todas as escórias inúteis, para depois se tornar uma nova criação. 

No trabalho de dissolução deve ser liberada a “Quinta Essência”.

O quinto elemento de base é a “Semente da Luz” que está presa à matéria. 

É uma força que atrai tudo que tem vida, livre de toda impureza e separada de todos os elementos. 

É o Spiritus Vitae, o “Espírito da Vida”, a sua essência. O Espírito da vida de todas as coisas (“Lebensgeist des Dinges”)

A matéria em si é composta de forças e características dos quatro elementos — do fogo, ar, água e terra. 

O processo de “Solve et Coagula” é repetido até que todos os elementos de base estejam em sua perfeição e a escória material, como Caput Mortuum, como um corvo negro ou um crânio, seja repelida.

O objetivo desse trabalho interior e exterior era a recuperação da “Pedra Filosofal”, o elixir pelo qual todas as coisas não nobres podem ser convertidas em perfeição e tudo o que é doente pode ser curado.

A preparação dessa pedra Lapis philosophorum no homem se realiza pelo renascimento da Água e do Espírito, dessa realidade mais elevada da grande Opus alquímica.

Comentários

  1. O “Livro Sagrado” da alquimia baseia-se na Tabula Smaragdina de Hermes Trismegisto. De um lado do painel verde, uma imagem aponta simbolicamente para a Opus Magnum, do outro lado, podemos encontrar a missão de Hermes.

    Ela é criptografada (cifrada) três vezes. É possível deduzir no nível mais baixo uma instrução para dois processos sucessivos no laboratório, a produção de sulfato ferroso e de ácido sulfúrico, o “vitriolo verde” como Paul Chevallier realizou em laboratório.

    Mas, ao mesmo tempo, pode ser encontrada no texto pictórico: A “pequena obra”, a purificação da alma até a sua prima matéria, sua prontidão virginal; e a “grande obra”, que mostra o caminho para a realização do homem perfeito, ressuscitado no microcosmo.

    Apresentamos aqui o texto da Tabula Smaragdina, para que você possa assimilar de novo o seu ensinamento:

    É verdade! É certo! É a verdade toda!



    O que está embaixo é como o que está em cima,

    o que está em cima é como o que está embaixo,

    para que os milagres do Uno se realizem.



    E assim como todas as coisas se fizeram do Uno

    através de uma mediação,

    todas elas nasceram desse Uno por transmissão.

    O seu pai é o sol,

    a sua mãe é a lua,

    o ar as teve em seu regaço,

    e a sua ama foi a terra.

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  2. O pai de todos os talismãs é onipresente no mundo inteiro.

    Sua força permanece imaculada quando é usada na terra.

    Separa, com grande amor e profunda visão interna e sabedoria,

    a terra do fogo, o que é delicado do que é duro, denso e solidificado.

    Da terra sobe ao céu, e de lá desce novamente à terra, adquirindo,

    assim, para si a força do que está em cima e do que está embaixo.

    Assim possuirás a glória do mundo todo,

    e por isso toda a treva fugirá de ti.

    Essa é a força mais poderosa de todas as forças,

    porque vencerá tudo o que é mole

    e penetrará tudo o que é duro.

    Assim o mundo foi criado. E dele se originarão, do mesmo modo,

    criações maravilhosas. Por isso fui chamado Hermes,

    o três vezes grande, porque possuo os três aspectos da

    doutrina de sabedoria do mundo inteiro.

    Completo está o que eu disse com referência à preparação do ouro.

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  3. Passamos agora para os sete degraus ou estágios de toda a Opus alquímica – e nos surpreende como os passos de purificação da alma e a revelação espiritual da nova criatura imortal estão em relação íntima com o mistério iniciático cristão; por isso não tem que se admirar que precisamente os místicos cristãos identificaram-no tão intimamente com o caminho interior da alquimia.

    Os primeiros degraus da Opus referem-se à purificação da alma que é uma condição necessária para garantir que a grande obra espiritual se realize.

    O objetivo do trabalho interior é de novo reconduzir a alma ao seu estado original em que ela começou a sua jornada no mundo da matéria.

    Uma frase básica da alquimia diz mesmo: ”Os corpos não podem ser transformados, mas retornarem a sua primeira matéria” (Eduard Kelly).

    Também os metais devem ser devolvidos à sua matéria original, antes de serem transformados (transmutados e transfigurados).

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