Delimitando as Circunstâncias
Não é a Vontade, sozinha, que determina todos os acontecimentos, mas, isto sim, a combinação entre a quantidade e a qualidade de Conhecimento de um indivíduo de um lado e, de outro lado, um sem número de escolhas voluntárias e de circunstâncias involuntárias, felizes ou infelizes, que vão pouco a pouco moldando um caráter, uma biografia, um fracasso ou um sucesso.
E se existe um organizador destas experiências e escolhas em uma compreensão elevada da vida este só pode ser o Discernimento que advém do Conhecimento acumulado, seja este conhecimento intelectual, espiritual, estético, ou, principalmente emocional.
Quanto maior o grau de conhecimento, menos cega será a força de um indivíduo, e menor será a força de vontade necessária para transformar as coisas.
O conhecimento facilita nosso trabalho e torna a noção de força relativa. Basta lembrar do princípio da alavanca.
O Papel do Conhecimento sobre o Desempenho
O que faz com que pessoas biologicamente idênticas (gêmeos univitelinos, por exemplo) tenham comportamento diverso, para o místico, não chega a ser difícil explicar.
O Papel do Conhecimento sobre o Desempenho
O que faz com que pessoas biologicamente idênticas (gêmeos univitelinos, por exemplo) tenham comportamento diverso, para o místico, não chega a ser difícil explicar.
Corpos iguais, almas diferentes, comportamentos peculiares e individualizados.
Mas o que dizer de dois seres humanos que, biologicamente são diferentes, com um deles aparentemente em desvantagem por causa de uma limitação física e outro não, terem comportamentos e trajetórias em que, aquele beneficiado por um corpo absolutamente saudável não tem 1/3 do desempenho daquele que está preso a uma limitação física?
A mesma razão, a diferença entre as almas. E como essa diferença se expressa?
Algum tempo atrás, os pensadores e educadores responderiam sem hesitar que a Força Da Vontade em um era, com certeza, o diferencial em relação ao outro.
Hoje, eu não me sentiria seguro ao seguir este pensamento, no mínimo ingênuo neuro farma- cologicamente.
Os Fatores Biológico e Bioquímico
E por que? Porque hoje, graças à genética e a neuroendocrinologia, sabemos da importância da presença ou da ausência de apenas um dos muitos hormônios que nos regem o comportamento, a disposição, a capacidade de reação.
Sabemos da importância da serotonina, este importante composto chave da alegria, na criação de personalidades frágeis ou fortes.
SEROTONINA
A serotonina é um neurotransmissor, isto é, uma molécula envolvida na comunicação entre as células do cérebro (neurônios).
Ela é quimicamente representada pela 5-hidroxitriptamina (5-HT), sendo também freqüentemente designada por este nome.
Esta comunicação é fundamental para a percepção e avaliação do meio que rodeia o ser humano, e para a capacidade de resposta aos estímulos ambientais.
Esta comunicação é fundamental para a percepção e avaliação do meio que rodeia o ser humano, e para a capacidade de resposta aos estímulos ambientais.
Apesar de serem poucos os neurônios no nosso cérebro com capacidade para produzir e liberar serotonina, existe um grande número de células que detectam esse neurotransmissor.
Desse modo, a serotonina desempenha um importante papel no funcionamento do nosso sistema nervoso e existem numerosas patologias relacionadas com alterações na atividade desse neurotransmissor.
(Fonte:http://perolas.blogs.sapo.pt/64216.html)
Quem como médico tratou de um depressivo e viu a transfiguração de sua face após a adequada administração das drogas corretas, nas doses corretas, sabe do que estamos falando.
(Fonte:http://perolas.blogs.sapo.pt/64216.html)
Quem como médico tratou de um depressivo e viu a transfiguração de sua face após a adequada administração das drogas corretas, nas doses corretas, sabe do que estamos falando.
Quem não é médico, mas passou pela experiência de viver o drama da depressão, e viu sua vida retornar às suas veias depois da abordagem farmacológica também sabe.
Ou quem, vítima da deficiência do hormônio tireodiano viu sua capacidade de trabalho ir lentamente desaparecendo até que se inicia a reposição do mesmo e, mais uma vez, vê a existência descortinar-se a sua frente como um leque de possibilidades e não mais o arrastar-se de um dia atrás do outro, também sabe disso.
De que adiantaria dizer a essas pessoas “Levante-se, você é o senhor de seu destino, você pode melhorar sozinho, com seus próprios recursos, basta querer!” ?.
Nada.
De que adiantaria dizer a essas pessoas “Levante-se, você é o senhor de seu destino, você pode melhorar sozinho, com seus próprios recursos, basta querer!” ?.
Nada.
Não se trata de uma questão de vontade, trata-se de uma morbidade hormonal, bioquímica, uma circunstância específica que uma vez diagnosticada pode ser revertida e a qualidade de vida daquele homem ou daquela mulher, recuperada.
Até as áreas do otimismo nos seres humanos foram recentemente mapeadas.(vide artigo no final deste ensaio).
Mas por quantos séculos pessoas vítimas desta doença foram tratadas apenas como melancólicos sem fundamento?
Até as áreas do otimismo nos seres humanos foram recentemente mapeadas.(vide artigo no final deste ensaio).
Mas por quantos séculos pessoas vítimas desta doença foram tratadas apenas como melancólicos sem fundamento?
Quantos destes foram criticados como covardes, como fracos e rejeitados a uma condição secundária na sociedade, pelos defensores da Força de Vontade como explicação para todas as questões da existência?
Quantos ouviram a frase: “Levante-se, você é o senhor de seu destino, você pode melhorar sozinho, com seus próprios recursos, basta querer?”
O que diferencia nossa época de todas as outras? Conhecimento.
Temos mais conhecimento sobre a natureza intima do funcionamento do organismo do que tivemos antes e com certeza não sabemos ainda da missa a metade.
O que esta constatação óbvia nos ensina, de que, quanto mais temos conhecimento, mais percebemos que, o que antes parecia uma mera questão de escolha e determinação tem um fundamento hormonal ou bioquímico, reversível pela medicina moderna, é que devemos ser mais humildes e menos precipitados na prescrição de fórmulas de sucesso ou de conduta aqueles que queremos estimular, tanto dentro da Ordem quanto na vida profana.
O que esta constatação óbvia nos ensina, de que, quanto mais temos conhecimento, mais percebemos que, o que antes parecia uma mera questão de escolha e determinação tem um fundamento hormonal ou bioquímico, reversível pela medicina moderna, é que devemos ser mais humildes e menos precipitados na prescrição de fórmulas de sucesso ou de conduta aqueles que queremos estimular, tanto dentro da Ordem quanto na vida profana.
Muitos são os seres humanos e muitas são as histórias de vida de cada um.
E se, como rosacruzes, acreditamos que o destino é uma construção de nossas escolhas ao longo de cada encarnação, devemos concordar também que parte de nossas escolhas já é feita dentro de um universo definido, dentro de uma arena pré traçada pela genética e pelas condições socioeconômicas através das quais retornamos a existência; e embora não sejam como supunham os marxistas, ou supõem hoje alguns biólogos, determinantes irrecorríveis de nosso comportamento, são influências que não podem ser desprezadas na avaliação do nosso desempenho psicológico e espiritual neste mundo.
Fazemos o melhor possível dentro de nossas circunstâncias.
E, como disse Ortega e Gasset, o que somos é a soma de nós mesmos com a nossa circunstância, e eu acrescentaria, circunstância interna, bioquímica, tanto quanto externa.
A Natureza Planetária da Rosacruz
Ao entrar em uma Ordem Esotérica mundial como a Rosacruz, estamos passando pela experiência iniciática de descobrir, para além dos nossos hábitos comportamentais, além de nossas peculiaridades locais, regionais, os sinais e os elementos universais que dormem em todos nós e os quais nos fazem habitantes do planeta terra, e membros da raça humana.
E se, como rosacruzes, acreditamos que o destino é uma construção de nossas escolhas ao longo de cada encarnação, devemos concordar também que parte de nossas escolhas já é feita dentro de um universo definido, dentro de uma arena pré traçada pela genética e pelas condições socioeconômicas através das quais retornamos a existência; e embora não sejam como supunham os marxistas, ou supõem hoje alguns biólogos, determinantes irrecorríveis de nosso comportamento, são influências que não podem ser desprezadas na avaliação do nosso desempenho psicológico e espiritual neste mundo.
Fazemos o melhor possível dentro de nossas circunstâncias.
E, como disse Ortega e Gasset, o que somos é a soma de nós mesmos com a nossa circunstância, e eu acrescentaria, circunstância interna, bioquímica, tanto quanto externa.
A Natureza Planetária da Rosacruz
Ao entrar em uma Ordem Esotérica mundial como a Rosacruz, estamos passando pela experiência iniciática de descobrir, para além dos nossos hábitos comportamentais, além de nossas peculiaridades locais, regionais, os sinais e os elementos universais que dormem em todos nós e os quais nos fazem habitantes do planeta terra, e membros da raça humana.
Enfrentaremos , nesta iniciação, dois tipos de desafios: primeiro, o desafio cultural, no sentido antropológico da palavra depois, o desafio físico.
Consideremos o primeiro, o antrológico cultural.
Consideremos o primeiro, o antrológico cultural.
Nós, estudantes rosacruzes, vimos de todas as partes do planeta e mesmo que achemos normal pensar o mundo a partir de nossa aldeia e de nossos costumes, muitas são as aldeias e os costumes, e cada tribo com suas lendas e seus deuses, seus mitos particulares.
Uns são portadores de maior sensibilidade, outros tem o intelecto mais aguçado.
Uns são mulheres, e de acordo com a região do planeta em que nasceram e cresceram, tornar-se-ão mulheres, como lembra Simone de Beauvoir, mais retraídas ou mais destemidas; outros são homens e, da mesma maneira serão influenciados pelas idéias correntes em seu meio sobre a noção de masculinidade específica de sua cultura.
Agora vejamos o segundo desafio: nossas peculiaridades biológicas e psicológicas. Tais características pessoais, físicas, nos precedem.
A existência de um equilíbrio emocional e bioquímico adequado, o hábito de fumar ou de beber, os efeitos que estes tipos de hábitos desencadearam ou desencadearão sobre o comportamento determinarão a capacidade de harmonização deste indivíduo com o Eterno.
Nossa cor de pele, nossa estatura, nossa idade, são amostras de características que nos precederão. Podemos ser lentos ao falar, ou falar muito alto.
Tudo isto influenciará na nossa velocidade de harmonização com o meio místico que freqüentarmos.
E, afetando nossa harmonização social, poderá interferir com nossa harmonização espiritual.
E, afetando nossa harmonização social, poderá interferir com nossa harmonização espiritual.
Os místicos mais conservadores podem imaginar que este comentário não se sustenta já que as coisas da alma, na sua concepção, são tratadas pela alma, e a fé junto com a confiança superam todas as limitações; só que é preciso lembrar que todos os nossos movimentos, seja para cima, em direção a Deus, seja para baixo, em direção a nossos assuntos mundanos, passam por nossa mente, e esta, com certeza, é afetada pelo desempenho de nosso organismo, ou pelo menos pelo seu estado de conservação.
Como um indivíduo destruído pela ansiedade ou pela depressão pode sequer desejar compreender o misticismo em sua plenitude? Não falo de uma ansiedade fisiológica, mas de um quadro patológico, resultado de um trauma profundo.
A vontade sozinha seria capaz de, neste caso, resolver o problema, ou um psicoterapeuta ou mesmo um psiquiatra deveria ser convocado?
Lembremos e modifiquemos um pouco o pensamento de Hermes Trimegistus: “O que está em cima, está em baixo, e o que está embaixo está em cima”, dizia ele.
E completamos: o que está dentro está fora, bem como o que está fora, está dentro de nós, num movimento ininterrupto de criação e recriação do mundo, e recepção dos efeitos de nossa obra em nós.
Inter-relação entre os planos de atuação do Homem através da mente
É fácil, entender este último conceito: pensem em um escultor, que, após o término de sua obra, contempla-a e delicia-se com o resultado.
Lembremos e modifiquemos um pouco o pensamento de Hermes Trimegistus: “O que está em cima, está em baixo, e o que está embaixo está em cima”, dizia ele.
E completamos: o que está dentro está fora, bem como o que está fora, está dentro de nós, num movimento ininterrupto de criação e recriação do mundo, e recepção dos efeitos de nossa obra em nós.
Inter-relação entre os planos de atuação do Homem através da mente
É fácil, entender este último conceito: pensem em um escultor, que, após o término de sua obra, contempla-a e delicia-se com o resultado.
O prazer estético que ele desfruta confunde-se com a sua auto-estima, reforçada pelo seu sucesso, e retro alimenta sua sensibilidade e vontade criadora.
E todos estes fluxos de percepção e reação passam através da mente que deve estar em mínimas condições de não interrompê-lo, como a lente dos óculos deve estar limpa para permitir a visão de quem a usa.
Assim, aquele que cria, também é transformado pela obra criada, da mesma maneira que Deus, o Criador, é modificado pelas nossas atitudes, nós, que segundo a Cabala fomos criados para retificar a criação.
Assim, aquele que cria, também é transformado pela obra criada, da mesma maneira que Deus, o Criador, é modificado pelas nossas atitudes, nós, que segundo a Cabala fomos criados para retificar a criação.
Neste esquema fica claro que como intermedeia todas as movimentações de percepção e reação a mente deve ser saudável para permitir a comunicação entre todos os braços da cruz.
O importante não é, pois, a Cruz: o importante é a Rosa.
Deus, em nós, se aperfeiçoa.
O importante não é, pois, a Cruz: o importante é a Rosa.
Deus, em nós, se aperfeiçoa.
E este aperfeiçoamento pressupõe muito mais conhecimento do que vontade.
Schopenhauer, cético e desanimado com o desastre Napoleônico, fala de uma vontade cega que arrasta homens e nações pela história, a revelia de seus desejos, e conclui que o nosso sofrimento, enquanto seres humanos, seria inevitável.
Um hipotiroideu, que toma seu hormônio na forma de um simples comprimido, sabe que hoje, pelo menos, não é mais assim, já que o conhecimento acumulado permite que não seja.
Existe sim, como pressentiu o pensador alemão, uma Vontade por trás de todas as coisas, mas não apenas Vontade, porém antes de tudo uma Inteligência, que nada tem de cega, mas que, ao longo dos milênios, garante o crescimento do refinamento de nossa cultura e sensibilidade, e busca esse crescimento como seu bem mais precioso.
Entretanto, considerando a abrangência desta Inteligência, (que os Rosacruzes chamam de Consciência Cósmica), o explodir de Galáxias, o nascimento de estrelas, o surgimento ou o desaparecimento de civilizações inteiras, não são mais do que pequenos ajustes de curso.
Somos pó, enquanto seres corpóreos, e ao pó retornaremos, mas este pó que nos forma é o pó das estrelas, com as quais estamos em cumplicidade permanente, bem como com todas as coisas desta imensa criação.
Os Rosacruzes sabem, entretanto, como não sabia Schopenhauer, que não somos o corpo feito deste pó, mas estamos neste corpo, e que o corpo e tudo que existe de corpóreo não é nada mais do que um veículo para manifestação de nossa existência e experimentação de nossos sentimentos mais profundos nesta que é a mais fantástica experiência de Deus: a Vida Material, a Grande Ilusão, Maya.
Cegos somos nós, isto sim, pois jamais poderemos de nossas perspectivas isoladas, sozinhos, termos uma visão completa do Cenário Cósmico.
Ao contrário do que supõe Schopenhauer, o que nos afasta do deleite e do prazer da Vida não é a própria Vida, mas a nossa maneira de entendê-la, como uma situação hostil a nós ou harmônica conosco, como contrária a nós ou como uma força que conspira a nosso favor.
E quem controla esta percepção não é outra senão a mente, baseada no conhecimento que acumulou, principalmente o conhecimento emocional.
A evolução da Compreensão do Mundo através do Conhecimento Emocional
Esta maneira de ver a existência muda na medida em que também se transforma e aumenta nosso conhecimento sobre todas as coisas que nos cercam.
A evolução da Compreensão do Mundo através do Conhecimento Emocional
Esta maneira de ver a existência muda na medida em que também se transforma e aumenta nosso conhecimento sobre todas as coisas que nos cercam.
Muda a partir das mudanças do Homem, a medida que sua consciência espiritual se expande e ele é tocado pela iniciação.
E iniciação é informação emocional, tanto quanto informação emocional é uma iniciação.
É a informação emocional e a cultura intelectual, somada ao desenvolvimento da sensibilidade estética e religiosa que nos transforma, e não a mera e simples Vontade, e para isto temos de estar aptos, neurológica, endocrinológica, antropologicamente.
Uma Vontade sem o refinamento do Conhecimento, mesmo que expressa em um corpo vigoroso, aí sim, é Cega, e por isso implica em mais sofrimento e esforço do que o necessário.
Já uma vontade não quantitativamente intensa, mas qualitativamente diferenciada, transforma o mundo a sua volta, coisa que nos ensina, todos os dias, o cientista Stephen Hawkins, preso por uma doença degenerativa a uma cadeira de rodas e nem por isso menos produtivo, ou o artista Cristopher Reeve que lutou até sua morte para superar as limitações de sua tetraplegia. Alguns pensarão que são ambos donos de uma vontade férrea.
Já uma vontade não quantitativamente intensa, mas qualitativamente diferenciada, transforma o mundo a sua volta, coisa que nos ensina, todos os dias, o cientista Stephen Hawkins, preso por uma doença degenerativa a uma cadeira de rodas e nem por isso menos produtivo, ou o artista Cristopher Reeve que lutou até sua morte para superar as limitações de sua tetraplegia. Alguns pensarão que são ambos donos de uma vontade férrea.
Diriamos que o conhecimento científico de Stephen e a motivação causada pela possibilidade de ajudar outros com problemas semelhantes, mas sem os recursos e a tecnologia da qual Reeve desfrutou, seriam suficientes para dar sentido e direção às suas vidas.
A força vem do conhecimento, não da simples vontade,
Um corpo frágil que viaja pelo infinito, pelas galáxias e pelos buracos negros, através do conhecimento científico, em um caso; e no outro, uma mente clara, focada no benefício altruístico.
Um corpo frágil que viaja pelo infinito, pelas galáxias e pelos buracos negros, através do conhecimento científico, em um caso; e no outro, uma mente clara, focada no benefício altruístico.
Metas e objetivos; direção e sentido de ação mental.
Isto é força. Isto sim é poder!
Pensem em Arquimedes e sua alavanca; pensem num mundo sem a roda e com a roda; pensem, enfim, em um mundo com livros e em um mundo sem livros.
Esta é a comparação que devemos fazer.
Isto é força. Isto sim é poder!
Pensem em Arquimedes e sua alavanca; pensem num mundo sem a roda e com a roda; pensem, enfim, em um mundo com livros e em um mundo sem livros.
Esta é a comparação que devemos fazer.
Este é o grande mistério: com o conhecimento correto, transformar um salão em trevas num local amplamente iluminado pode ser, simplesmente, a diferença entre abaixar ou levantar um mero interruptor.
APÊNDICE
A origem do otimismo (publicado no Estado de São Paulo de 15 de novembro de 2007) por Fernando Reinach*
O ser humano é naturalmente otimista.
APÊNDICE
A origem do otimismo (publicado no Estado de São Paulo de 15 de novembro de 2007) por Fernando Reinach*
O ser humano é naturalmente otimista.
É bem sabido que, independentemente de nosso nível de educação, temos uma enorme tendência de acreditar que o futuro será róseo.
As pessoas superestimam sua longevidade e subestimam sua probabilidade de morrer.
Acreditar que o Brasil é o país do futuro parece estar nos nossos genes.
Essa característica de nosso cérebro faz sentido biológico.
Sem ela, provavelmente seria mais difícil sobreviver em um ambiente em que impera a competição e a seleção natural.
Uma das características da depressão é exatamente a redução desse otimismo e uma dificuldade em imaginar que o futuro é promissor.
Por esse motivo, muitos neurologistas têm tentado descobrir em que área de nosso cérebro se origina o otimismo.
Eles acreditam que essa tendência ao otimismo nada mais é que uma distorção sistemática da imaginação quando ela é aplicada a eventos que ainda estão por ocorrer, portanto no futuro.
Agora, parece que um grupo de cientistas conseguiu mapear no cérebro a região responsável pelo otimismo.
Voluntários foram colocados em uma máquina de ressonância magnética capaz de medir a cada instante a atividade de cada área do cérebro.
Uma vez na máquina, eram instruídos a imaginar um evento no futuro ou relembrar um evento do passado.
Quando terminavam de imaginar, a máquina era desligada e eles respondiam a um questionário sobre o que haviam imaginado.
O evento era positivo ou negativo?
Parecia distante ou próximo ao presente?
A pessoa estava muito ou pouco envolvida no evento?
Nos eventos que se relacionavam ao passado, fossem eles negativos ou positivos, ambos geravam respostas semelhantes.
Nos relacionados ao futuro, sempre que o evento era positivo, ele era mais intenso, imaginado mais perto do presente e a pessoa se via intimamente envolvida.
Era o esperado, afinal somos otimistas.
O resultado é que sempre que a imaginação se dirigia para o futuro e focava em um pensamento positivo, duas regiões do cérebro eram ativadas de maneira específica: a região da amígdala e a parte anterior do córtex cingulado rostral. Esses dados indicam que provavelmente é nessas partes do cérebro que se origina o otimismo.
As duas regiões apresentam anomalias em pessoas afetadas por depressões profundas e pacientes com lesões nessas áreas tendem a apresentar depressão.
Ficam incapazes de pensamentos otimistas.
Esse experimento é um bom exemplo de como aos poucos estamos descobrindo como nosso cérebro cria nossa mente.
Afinal, da mesma maneira que o coração bombeia sangue e o intestino digere os alimentos, a função do cérebro é criar e manter a mente.
Mais informações em: Neural Mechanisms Mediating Optimism Bias. Nature, volume 450, página 102, ano 2007
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