A REGULARIDADE MAÇÓNICA E A CRENÇA EM DEUS, O GADU.

A Proclamação de Estrasburgo –  pela qual o Grande Oriente de França e o Grande Oriente da Bélgica, embora suavizando a sua posição relativa à crença em Deus e em sua revelação, mantêm vivos os princípios que levaram estas duas Potências à “SUMMA DIVISIO’ de 1877, que separou em definitivo a nossa Ordem em duas: uma regular, e outra irregular. 

Uma que mantém o dogma da crença no Grande Arquiteto do Universo e outra que, em nome – falso, como veremos – da Constituição de Anderson, aceita em suas Lojas ateus, irreligiosos e mulheres.

Recapitulando, em seu artigo primeiro, sub-dividido em dois parágrafos, a Constituição de Anderson diz:

“Um maçom é obrigado a obedecer à lei moral; e se ele bem entender da arte, jamais será um estúpido ateu nem um libertino irreligioso”.

Posto que nos tempos antigos os maçons tivessem a obrigação de seguir a religião do próprio país ou nação, qualquer que ela fosse, presentemente julgou-se mais conveniente obrigá-los a praticar a religião em que todos os homens estão de acordo, deixando-lhes plena liberdade às conviccões particulares. 

Essa religião consiste em serem bons, sinceros, honrados, de modo que possam ser diferenciados dos outros. 

Por este motivo, a Maçonaria é considerada como o CENTRO DE UNIÃO e faculta os meios de se estabelecer leal amizade entre pessoas que sem ela não se conheceriam”.

É a este Artigo da Constituição de 1723 que franceses, belgas e simpatizantes se agarram para continuarem praticando a sua Maçonaria particular e irregular. 

O que acontece é que eles se apegam ao segundo parágrafo da Constituição de Anderson e esquecem totalmente do que diz no primeiro parágrafo, isto é: o maçom não pode ser nem ateu, nem irreligioso.

Baseiam-se no segundo parágrafo, que também não os ajuda. Se não vejamos:

“Nos tempos antigos, os maçons tinham a obrigação de seguir a religião de seu país ou nação”.

No ocidente, esta religião era cristã: católica, anglicana ou protestante. 

Todas estas versões do cristianismo têm como dogma a crença em Deus.

O que acontece é que desde o final do sec. XVIII e, sobretudo, no começo do sec. XIX, por influência dos filósofos iluministas houve uma natural tendência para o ateísmo: “Do cristianismo ao deísmo, do deísmo à neutralidade simpática, da neutralidade simpática à neutralidade hostil, da neutralidade hostil ao laicismo, do laicismo ao ateísmo declarado”. 

Foi justamente esta escalada descendente o que aconteceu em algumas Potências maçônicas da Europa e da América Latina, no séc. XIX, sobretudo no Grande Oriente de França, líder incontestável deste movimento que desembocou na mudança da sua Constituição em 1877. 

Na realidade, este foi o resultado da ação de uma facção minoritária, mas ativa que, sendo minoria, conseguiu impor suas idéias a maioria acomodada.

Este processo começou pela infiltração nas Lojas do GOF das idéias dos Iluminados da Baviera, seguidos dos Filadelfos e dos Carbonários, seguidos pelos irreligiosos e ateus, como por exemplo Littré, Proudhon, que era ateu, e que a partir de determinado momento, conseguiram impor as suas idéias. Proudhon, por exemplo, durante sua iniciação, respondeu assim à pergunta ritualística que lhe fizeram: “Quais são os seus deveres para com Deus”? 

A sua resposta não deixou margem para dúvidas: “A guerra”. Apesar disso, foi iniciado em 8.06.1847. 

Estes e outros fatos semelhantes acabaram arrastando o GOF para fora da Tradição da Ordem, quando eliminou de sua Constituição, em 1877 o seu artigo primeiro que exigia a fé em Deus e na imortalidade da alma.

As Grandes Lojas Unidas da Inglaterra, Escócia e Irlanda, e todas as demais Obediências a elas aderentes, romperam relações com o GOF, e estas relações permanecem rompidas até hoje, não tendo sido nunca mais restabelecidas, apesar das várias tentativas do mesmo Grande Oriente de França em restabelecê-las, como por exemplo em 1961, como demonstrado na Declaração de Estrasburgo, anexa.

Assim ocorreu o grande CISMA, do qual se originaram duas grandes correntes maçonicas. Tanto numa corrente quanto na outra existem maçons cultos, de destaque e de boa vontade: Na corrente do GOF podemos citar Jacques Miterrand, Gaston Martin, Albert Lantoine, Paul Naudon, etc. 

À corrente das Grandes Lojas Unidas estão filiados Marius Lepage, Alec Mellor, Ernest Van Heck, etc. Cada um deles apresenta sempre fortes argumentos para defender os seus pontos de vista.

A verdade é que em 1877 ocorreu o CISMA, com a introdução da “VOIE SUBSTITUTÉE”, isto é, a eliminação oficial de Deus – o teicídio – da Constituição do GOF, em Assembléia Geral desta Potência, começada em 10.09.1877, estando presentes 180 delegados das Lojas da Obediência. 

Na quinta sessão desta Assembléia foi posto na Ordem do Dia o pedido de alteração do art. 1º da Constituição, que suprimia a declaração nela contida de que “a Maçonaria francesa professa como princípio fundamental a crença em Deus e na imortalidade da alma”

Imaginem agora se o relator desta proposta poderia ser, como de fato foi, o pastor protestante Frederico Desmons, a quem se atribui esta supressão. 

Sob o argumento de que a Maçonaria deveria “proclamar a absoluta liberdade de consciência”, este pastor negou tudo aquilo que pregava em sua igreja

Na verdade, este radical tornou-se apóstata em sua igreja e na sua morte não teve exéquias maçonicas, só as puramente civis, tendo sido a sua carreira política a de um radical da III República.

A nova redação do art. 1º da Constituição do GOF ficou assim:

“A Maçonaria não exclui ninguém por suas crenças. A Maçonaria, instituição essencialmente filantrópica, filosófica e progressista, tem por finalidade a busca da verdade, o estudo da moral universal, das ciências e das artes e o exercício da beneficência. Tem por princípio a liberdade absoluta de consciência e a solidariedade humana. Tem por divisa: liberdade, igualdade, fraternidade”.

O “TEICÍDIO”, isto é, a morte da exigência na crença em Deus, foi aprovada por dois terços da Assembléia votante. Deste modo, foram eliminados dos rituais do GOF todas as orações e alusões a Deus, o Grande Arquiteto do Universo. 

Como conseqüência imediata, ocorreu o rompimento com a Maçonaria autêntica, ortodoxa e universal que tem a sustentá-la as três Grandes Lojas Unidas da Inglaterra, da Escócia e da Irlanda e todas as demais Potências que proclamam a crença em Deus.

Aqui no Brasil, o Grande Oriente do Brasil, em 1908, submeteu à apreciação das Lojas a seguinte tese:

“O atual momento histórico exige a simplificação dos rituais, de modo a que domine no interior de todos os templos o princípio da mais larga tolerância, abrigando no meio da Maçonaria os deístas e os ateus, os sectários de quaisquer religiões e os livres-pensadores”.

É claro que esta “tese” não passou de uma tentativa dos adeptos do Rito Moderno, o Rito Oficial – e único – do Grande Oriente de França, de seguir os mesmos passos daquela Potência e de suas aderentes de então, principalmente os Grandes Orientes da Bélgica, da Hungria e da Itália. 

Todos sabemos o que pensa a grande maioria dos maçons brasileiros a respeito de Deus e da imortalidade da alma.


Este meus Irmãos é um breve resumo da história dos fatos que racharam a Maçonaria de Anderson, de Desaguilliers (principalmente deste) e de Frederico Desmons. Todos três pastores de igrejas cristãs.


colaboração: 

ANTÓNIO ROCHA FADISTA    M.’.I.’., Loja Cayrú 762 GOERJ/GOB 



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