Caridade é uma palavra desgastada, que perdeu seu sentido real, e essa é a razão principal deste diálogo sobre caridade. Estamos aqui para buscar origem e sentido do que deveria ser caridade, demonstrando que na maior parte do tempo a palavra caridade é usada de forma errada.
A consequência do uso errado de uma palavra tão empregada e tão importante para cristãos, espíritas e umbandistas é seu desgaste de sentido, bem como da ação desencontrada de uma raiz original e real.
A consequência é que todos pensam saber o que é caridade, enquanto apenas repetem o uso e o sentido da palavra, tanto quanto sua ação de caridade.
Isso quer dizer que todos falam de caridade, todos dizem fazer caridade, todo mundo quer caridade, mas ninguém sabe o que é caridade. Somos arrogantes e prepotentes com relação a esse e outros conceitos, não admitimos o “não sei”, que é fundamental para novos aprendizados e aprofundamento, assim como não sabemos “esvaziar o copo” para que possamos receber novos saberes.
Essa reflexão é fundamental, pois a caridade está na base do Cristianismo, do Espiritismo e da Umbanda, exatamente nessa ordem, porque a Umbanda se inspira tanto no Cristianismo católico quanto no Espiritismo cristão para pensar sua “caridade”.
A palavra caridade tem o sentido de amor divino e humano, amor ao próximo, prática do bem, benevolência, compaixão e doação de qualquer tipo, como por exemplo, a esmola.
A origem dessa palavra vem do latim, “caritas” como sentimento de afeto, amor incondicional e generosidade; esta tem origem no grego “cháris” que quer dizer graça, a mesma origem de “caro”, aquilo que lhe custa caro em valor.
Independentemente da origem da palavra e do sentido raiz ou sentido popular, o conceito de caridade amplamente utilizado no mundo ocidental se torna uma “coisa” cristã presente na Bíblia, em que a palavra caridade ao lado da palavra amor passam a ser possíveis traduções de Ágape grego e Ahava hebraico.
Ao chegar a esse ponto de interpretação do que vem a ser caridade, é impossível entender profundamente, sem o mínimo de estudo e interpretação do que é a Bíblia.
Amor e caridade na Bíblia
(…) A palavra caridade aparece na Bíblia como tradução e sinônimo de Ágape, que aparece como tradução e sinônimo de Ahava.
Ágape é uma das três principais palavras gregas para definir Amor.
Ahava é uma das três palavras hebraicas para definir Amor.
Para os gregos, existe:
Eros, o amor romântico, afetivo, de relacionamento íntimo.
Filos, o amor fraterno, de irmão e de amigo.
Ágape, o amor dvino e sublime, puro em virtude e o único que nunca espera recompensa.
A palavra “Ágape”, como substantivo ou verbo, aparece cerca de 320 vezes no Novo Testamento, foi utilizado na Septuaginta (grego) como tradução de “Ahava”, amor. Também é citada diversas vezes no Velho Testamento ou Bíblia Hebraica.
Na Vulgata (latim) é traduzido como “amore” ou “caritas”, dependendo de qual versículo se trata. De tradução em tradução, vai se perdendo o sentido original das palavras, versículos, textos e dos diversos livros que compõem a Bíblia.
Para os judeus, a leitura, tradução e interpretação da Bíblia Hebraica faz parte de uma cultura rabínica conhecida e estabelecida desde sempre. ”
Trecho retirado do livro Caridade: Amor e Perversão
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