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A inteligência humana tem sido objeto de pesquisas da psicologia e outras disciplinas desde há muito tempo atrás.
No entanto, seu estudo não ficou isento de polêmicas e controvérsias quanto à sua definição, componentes e modelos explicativos.
Apesar disso, há alguns anos foram desenvolvidas novas teorias que rompem com o conceito de inteligência única e apostam na diversidade delas.
Em termos gerais, a inteligência pode ser definida como a capacidade cognitiva que permite que o ser humano realize um aprendizado da experiência, faça uso do raciocínio, da resolução de problemas, do pensamento abstrato e da compreensão de ideias complexas.
É uma faculdade que permite a adaptação ao ambiente e a sobrevivência das pessoas.
No entanto, essa definição da inteligência não é a única e não é compartilhada por todas as pessoas, pois atualmente não é considerada um conceito unitário.
O estudo da inteligência a partir da psicologia tem sido, e é, um campo que desperta grande interesse e controvérsia, além de ter evoluído desde o início de sua pesquisa.
O início do estudo da inteligência humana na psicologia pode estar situado no final do século XIX, embora tenha sido no século XX que se tornou uma das áreas centrais dessa disciplina.
O primeiro teste de inteligência foi criado em 1904 por Binet e Simon, com o objetivo de estabelecer uma ferramenta de medida da mesma, também explorando a noção de idade mental.
Posteriormente, Stern relacionaria o conceito de idade mental com a idade cronológica, contribuindo para, finalmente, Terman desenvolver o conceito de Quociente Intelectual ou QI.
Quanto às teorias sobre a inteligência, Spearman foi um dos primeiros a propor uma delas, a teoria bi fatorial, para a qual haveria um Fator Geral ou Fator G que é comum e transversal em todas as tarefas que realizamos, e um fator S que corresponde às habilidades específicas para uma determinada atividade.
Com Cattell e Horn, um novo ponto de vista sobre a inteligência aparece baseada na teoria de Spearman.
Ele propõe que os seres humanos possuem dois tipos de inteligência, a fluida e a cristalizada.
A primeira delas refere-se à capacidade de aquisição de novos aprendizados e adaptação à novidade, enquanto que a segunda se refere à habilidade de aplicar os conhecimentos já existentes.
Embora, muitos outros autores tenham continuado pesquisando sobre a inteligência e tentando estabelecer os diferentes tipos de inteligência na psicologia nas décadas dos anos 60 e 70, o estudo sobre o assunto perdeu o interesse e ficou estagnado.
No entanto, na década de 80, Howard Gardner propõe quantos tipos de inteligência existem, dando lugar à Teoria das Inteligências Múltiplas, na qual rejeita o conceito unitário da inteligência e identifica até oito inteligências que ele encontraria presentes em todas as pessoas em menor ou maior grau de desenvolvimento. Essa ampliação da definição de inteligência culmina com a inclusão das emoções e conhecimento de sua importância na faculdade mental. A popularização do conceito de inteligência emocional deve-se à Daniel Goleman, que também conduziu várias pesquisas sobre o assunto.
Então, quais são os tipos de inteligência?
De momento, podem ser identificados os seguintes 15 tipos de inteligência:
- Inteligência lógico-matemática
- Inteligência linguística-verbal
- Inteligência visual-espacial
- Inteligência corporal-cinestésica
- Inteligência musical
- Inteligência intrapessoal
- Inteligência interpessoal
- Inteligência naturalista
- Inteligência emocional
- Inteligência colaborativa
- Inteligência existencial
- Inteligência criativa
- Inteligência cristalizada
- Inteligência fluida
- Inteligência geral ou fator g
A inteligência lógico-matemática faz parte da Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner. Nela está implícita a capacidade para o cálculo, a análise e o raciocínio. Nela inclui o pensamento lógico, o pensamento abstrato, os raciocínios do tipo indutivo e dedutivo, os cálculos numéricos e o uso do método científico. É umas das inteligências que tem sido considerada representativa do conceito geral de inteligência tradicionalmente e com um grande peso acadêmico.
Inteligência linguística-verbal
A inteligência linguística-verbal, juntamente com a lógico-matemática, faz parte do conceito de inteligência em contextos educacionais de maneira tradicional. Está relacionada com a capacidade de comunicação, o uso da linguagem e a compreensão desta. Engloba a comunicação tanto oral como escrita. As pessoas com um alto desenvolvimento dessa inteligência são capazes de fazer um bom uso da comunicação para se expressar, além de mostrar habilidades para captar as informações através da linguagem.
Inteligência visual-espacial
A inteligência visual-espacial é outra inteligência múltipla que, nesse caso, implica a capacidade para a projeção e abstração mental de imagens. As pessoas com essa inteligência demonstram habilidade para a percepção da realidade, a rotação e manipulação mental de modelos ou elementos físicos, além de possuir aptidões para a reprodução gráfica destes. Essa inteligência também engloba a orientação e captação de dimensões, volumes e distâncias.
Inteligência corporal-cinestésica
Gardner definiu a inteligência corporal-cinestésica como a capacidade de expressar ideias e emoções através do corpo e seus movimentos, bem como as habilidades cognitivas que conectam o cérebro com o corpo, permitindo maior controle sobre ele. Dela dependem a força, a coordenação, o equilíbrio, a flexibilidade e a automatização de habilidades aprendidas.
Inteligência musical
A inteligência musical é outra das inteligências identificadas por Gardner e abrange as capacidade relacionadas à música. Envolve a habilidade para cantar, tocar instrumentos musicais, compor, apreciar e distinguir sons, captar ritmos, timbres, tons e melodias. Também é conceituada como a facilidade para a expressão de emoções através da música, bem como a captação de sentimentos ou ideias através do meio musical.
Inteligência intrapessoal
A inteligência intrapessoal é outra das inteligências múltiplas e é definida como a capacidade de formar uma imagem com a maior precisão possível e em sintonia com a realidade de nossa própria pessoa. Implica a capacidade de conhecer e entender a si mesmo, reconhecer os próprios sentimentos e poder utilizar essas informações em nosso benefício, regulando nosso próprio comportamento e gerenciando-o de maneira eficaz. É basicamente a habilidade de introspecção.
Inteligência interpessoal
A inteligência interpessoal é um dos oito tipos de inteligência identificados por Gardner. É a capacidade que se relaciona à habilidade de interagir com outras pessoas, refere-se ao contato social que estabelecemos. As pessoas com desenvolvimento dessa inteligência podem captar os estados emocionais, as intenções e os desejos de outras pessoas através da linguagem tanto verbal como não verbal.
Trata-se da competência de entender e ter empatia com as pessoas e poder se relacionar de maneira eficaz através das habilidades sociais e da adaptação de nossas ações e palavras às da outra pessoa.
Inteligência naturalista
É o último tipo de inteligência que Gardner identificou e está relacionada ao ambiente natural. A inteligência naturalista implica uma interação com o meio ambiente, uma identificação de seus componentes e a habilidade de estabelecer conexões entre eles, além de realizar classificações e distinções. É a capacidade que permite a adaptação ao meio ambiente de maneira competente, bem como sua manipulação.
Você pode saber em qual das inteligências anteriores se destaca com esse teste de inteligências múltiplas.
Inteligência emocional
A inteligência emocional recebeu atenção, ganhou popularidade e foi difundida graças ao psicólogo Daniel Goleman. Essa inteligência refere-se à habilidade para o reconhecimento e gestão tanto dos próprios sentimentos como os dos outros, bem como a capacidade de nos motivar. Portanto, as competências que formam essa inteligência são o autoconhecimento, a autorregulação, a empatia, as habilidades sociais e a automotivação. Para esse psicólogo, essa inteligência tem um papel central no funcionamento de diversas áreas vitais de uma pessoa, de modo que a inteligência mais acadêmica de maneira isolada não poderia ser um preditor do sucesso ou ajuste de um indivíduo.
Inteligência colaborativa
Essa inteligência, relativamente emergente, refere-se à capacidade para uma maior criação de conteúdo através da ação conjunta de um grupo de pessoas, que toma decisões e supera os obstáculos de um ambiente cada vez mais complexo de maneira compartilhada. É, portanto, a habilidade de interação, cooperação e coordenação entre um grupo de pessoas. Essa inteligência está relacionada com a tecnologia e o conteúdo digital e é de grande importância no contexto empresarial.
Inteligência existencial
A inteligência existencial está relacionada com a transcendência e a espiritualidade, mas não deve ser confundida com a religiosidade. É a capacidade para a sensibilidade e aplicação da intuição e valores na abordagem da existência humana e do mundo ao nosso redor. É a introspecção sobre os cosmos e seus elementos. Em suma, é a habilidade de abordagem e resposta sobre questões abstratas da humanidade.
Inteligência criativa
Refere-se à combinação entre criatividade e intelecto; é a capacidade de aplicar a lógica e o raciocínio à realidade existente, mas tendo outra visão ou ponto de vista que permite uma percepção diferente desta, sendo capaz de originar algo novo. É, portanto, a habilidade de gerar novas ideias ou soluções viáveis através da abordagem de alternativas e experimentação. É caracterizada pela flexibilidade mental e pela originalidade.
Inteligência cristalizada
É o acúmulo de conhecimentos e aprendizados que uma pessoa adquire ao longo de sua experiência e trajetória de vida. Essa inteligência aumenta ao longo dos anos, podendo aumentar dependendo do contexto cultural, das oportunidades de aprendizagem e dos hábitos. Nela incluem aptidões ou fatores, sobretudo, embora não apenas, de tipo verbal. Os elementos que a compõem são a compreensão verbal, uso de relações semânticas, orientação espacial, avaliação e valorização da experiência, conhecimentos mecânicos e estabelecimento de julgamentos.
Inteligência fluida
A inteligência fluida refere-se à capacidade de adaptação e resolução de novos problemas sobre os quais não há experiência anterior ou conhecimentos, portanto é independente deles. Considera-se que atinge seu desenvolvimento máximo com aproximadamente 20 anos de idade, tendendo a declinar mais tarde na terceira idade. Está relacionada com variáveis neurológicas e é composta do raciocínio indutivo, do raciocínio dedutivo e da amplitude de memória.
Inteligência geral ou fator g
O último dos tipos de inteligência é o mais desconhecido. O fator g refere-se à capacidade mental geral, ao fator que influencia todas as capacidade ou habilidades cognitivas que uma pessoa possui, é comum a todas elas e é um preditor do desempenho e adaptação de uma pessoa. É conceituada como hereditária e estável ao longo do tempo. Geralmente, é definida como a capacidade de perceber adequadamente o meio, utilizar o raciocínio e a resolução de problemas, além de atuar de maneira eficiente em diferentes situações.
Este artigo é meramente informativo.
Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.
- Gross, M., & Pereyra, C. (2014). Breve recorrido histórico por las teorías y medición de la inteligencia.
- Marañón, R. C., & Pueyo, A. A. (1999). El estudio de la inteligencia humana: recapitulación ante el cambio de milenio. Psicothema, 11(3), 453-476.
- Moreno, C. M., Vicente, E. S., & Martínez, C. E. (1998). Revisión histórica del concepto de inteligencia: una aproximación a la inteligencia emocional. Revista latinoamericana de Psicología, 30(1), 11-30.
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