...é uma das principais relíquias sagradas e um dos mais temidos símbolos da antiguidade.
Em Êxodo é possível encontrar instruções diretas quanto a sua confecção e disponibilização no Tabernáculo.
É descrita com poderes maravilhosos e mortais, tornando-se a posse mais valiosa dos israelitas em toda sua peregrinação à terra prometida, destacada desempenhando importante papel nas guerras pela conquista de Canaã.
Seu registro bíblico é quase todo caracterizado por sua fúria e poder de destruição, matando sem aviso se as regras de seu manuseio não fossem severamente seguidas.
Ainda assim, após 400 anos de história desaparece dos relatos bíblicos sem explicação.
Sempre provocou a imaginação dos homens e tem sido um dos maiores desejos de arqueólogos de várias partes do mundo e de vários momentos da história, descobrir o seu verdadeiro paradeiro.
Ao longo dos tempos, inúmeros são os relatos de descoberta da localização da Arca, sem, entretanto, comprovação de sua veracidade.
Na maçonaria, notadamente nos graus conhecidos como "Graus Israelita-Bíblicos", há citações à Arca da Aliança, presente no Templo em lugar de destaque.
Essa tradição, que na série simbólica da Maçonaria, é iniciada através de uma lenda, relata a construção do Templo de Jerusalém pelo Rei Salomão, onde estaria, dentre outros utensílios, a Arca da Aliança.
Seria ela um artefato divino a serviço do povo escolhido, ou um instrumento a serviço dos faraós, anterior a escravidão do povo hebreu no Egito?
A descoberta da Oficina/Templo ou Templo/oficina egípcia no Monte Horebe, pela expedição do arqueólogo Flinders Petrie e, a descoberta do misterioso pó branco, o “mftzk”, “o pão da vida” levantaram muitas questões de interpretações da história da Igreja e a forma como vinha sendo ensinada.
A despretensiosa abordagem dos fatos bíblicos ou científicos relatados neste pequeno estudo, não é e não tem a pretensão de ser, suficiente para fechar questão sobre o tema ou afrontar quaisquer crenças religiosas, afinal a simples falta de evidências do paradeiro obscuro da Arca, que pudesse esclarecer muitas dúvidas, não é suficiente para justificar a crença na sua inexistência.
A ARCA – DUVIDOSAS AFIRMAÇÕES
A arqueóloga canadense Anne Michaels, professora da Universidade de York, em Toronto faz a seguinte colocação sobre a busca da Arca da Aliança: “Ela é um desses objetos míticos, que nenhum arqueólogo sério gosta de dizer que está procurando”.
Entretanto, como especificado em Êxodo, a Arca tem sua forma e dimensões previamente definidas, assim o teólogo Borger, Hans Irmama, do Centro de Cultura Judaica de São Paulo, não tem dúvidas em afirmar: “Não temos motivos para duvidar que a Arca tenha existido, mas é pouco provável que esteja inteira até hoje”.
Outros estudiosos são mais cuidadosos em suas afirmações e consideram: “Não existem evidências concretas a respeito dela. A Arca mal chega a ser objeto da arqueologia. É assunto para historiadores bíblicos” e ainda, “Ela fascina as pessoas por causa de seu intenso poder como mito, concreto ainda hoje.” (Israel Finkelstein, autor de A Bíblia Desenterrada).
Outros ainda têm tentado comprovar a veracidade dos textos sagrados.
E aí entra a grande influência das escrituras que pode desvirtuar os estudos. “Muitos arqueólogos procuram evidências que justifiquem sua própria fé. Qualquer vestígio é analisado com o desejo de encaixá-lo nos relatos bíblicos”, diz o historiador André Chevitarese, (UFRJ).
Essa procura por novas provas é ainda mais verdadeira no caso da Arca.
Seria grande descoberta para os arqueólogos, e prova da existência de Deus para os fiéis.
As principais referências sobre a Arca estão de fato na Bíblia e na Torá, que trazem ricas informações sobre a Antiguidade, mas sem rigor científico.
O PODER E O CONHECIMENTO
Uma afirmação muito bem admitida é que “conhecimento é poder”.
Partindo dessa premissa se conhecimento gera poder, é viável dizer que quanto mais se busca conhecimento, mais detém poder.
E este aumenta na medida em que aumenta o conhecimento.
E quando este conhecimento é restrito a poucos ou a um grupo seleto, constitui um poder ainda maior.
Então, em todas as relações de poder há então os que detêm maior conhecimento como poderosos e, os de menor conhecimento.
Conhecimentos então adquiridos por antigas civilizações foram guardados em bibliotecas espalhadas pelo mundo conhecido na antiguidade.
Muitas destas bibliotecas eram tão vastas que ficaram famosas, exemplo da Biblioteca de Alexandria, construída na cidade helênica de Alexandria, no Egito por Ptolomeu Filadelfo, no início do século III a.C., e seu lema era “adquirir um exemplar de cada manuscrito existente na face da Terra.”
Continha praticamente todo conhecimento da Terra conhecida, em cerca de 700 mil rolos de papiro e pergaminhos.
Por questões principalmente de conveniência religiosa, poder e conhecimento, bibliotecas e arquivos foram sumariamente destruídos ao longo da história.
Dentre inúmeros exemplos, conforme Carl Sagan (astrônomo) existiu um livro intitulado “A verdadeira história da humanidade nos últimos 100 mil anos”, que se encontrava no acervo de Alexandria e foi queimado por volta do Sec. III por fanáticos cristãos.
Alguns exemplares foram salvos e posteriormente queimados alguns séculos depois pelos muçulmanos para aquecer a água das casas de banho da cidade.
A BÍBLIA – TEXTO E CONTEXTO, TRADUÇÕES E INTERPRETAÇÕES
Somente depois da invenção da impressa é que os Livros da Bíblia se formaram da maneira como vemos nos dia de hoje, dividida em capítulos e estes em versículos.
Assim, não se trata de um único livro, mas uma coletânea composta por dezenas de livros, dezenas de autores, dezenas de estilos literários.
O Antigo Testamento foi escrito em sua forma original em um estilo hebreu que consistia apenas no uso de consoantes, escrita de trás para frente. Não havia vogais, acentos gráficos ou pontuação.
Por volta de 20 a.C. surgiu então uma tradução grega causada pelo crescente número de judeus falantes do grego, interessados nos textos.
Essa tradução se tornou conhecida como Septuaginta (do latim septuaginta: setenta), porque a tradução foi feita por 72 estudiosos.
Séculos depois, por volta do ano de 385, o doutor e confessor da Igreja, São Jerônimo (Eusebius Sophronius) elaborou para uso da Igreja uma versão latina da Bíblia que incluía o Novo Testamento, que por conta de seu uso comum, seu uso vulgar, ficou conhecida como Vulgata, “A Vulgata Latina”.
Em seu livro “Princípio da Interpretação Bíblica”, Vilson Scholz discorre das dificuldades das traduções bíblicas, evidenciando as barreiras em se manter a fidelidade dos textos, classificando as traduções como ciência e arte, um jogo de perdas e ganhos.
Exemplifica: enquanto realizava a tradução da Vulgata, São Jerônimo em uma carta escrita a Pamáquio (395 d.C.), se declarou a favor da “tradução do sentido” e contra uma “tradução palavra por palavra”.
Abriu, no entanto, uma exceção: as Escrituras Sagradas, onde segundo ele, até mesmo a ordem das palavras era um mistério (Jerome, PP 112-119)
Em meio a essas colocações aparece então, dentre muitas outras, uma dúvida quanto à natureza do trabalho de José, o pai de Jesus, o carpinteiro.
Laurence Gardner, em “Os Segredos perdidos da Arca Sagrada” entende que a palavra “adoração” também tem sido erroneamente interpretada.
E explica, a palavra de origem semítica “avôd” traduzida como “adoração”, significava de fato “trabalho” (etimologia explicada pela Oxford Word Library).
Os povos antigos tanto veneravam seus deuses nos Templos, como também trabalhavam para eles.
Assim, naqueles tempos, nos Templos que eram também Oficinas, seus dirigentes eram chamados de “artesãos”.
Seu ofício era relacionado com o conhecimento esotérico (como hoje, na Maçonaria Moderna), denominado de “kynning”.
Aqueles a quem eram confiados os segredos, eram denominados “hábeis”, “habilidosos”.
Então, José, o pai de Jesus, era descrito como “artesão”, erroneamente traduzida como carpinteiro.
José não era então um trabalhador em madeira, mas um estudioso, um mestre, um homem culto, com habilidades de sua ocupação, um dirigente da Oficina, um dirigente do Templo.
Finalmente, outro grande problema reside também na interpretação bíblica.
Novamente, Vilson Scholz em “ Princípio da Interpretação Bíblica” esclarece “não se pode simplesmente saltar por cima de, no mínimo, dois mil anos de interpretação bíblica e fazer de conta que a hermenêutica começou no dia em que nós nascemos ou nossa igreja foi fundada.”
Essa história da interpretação, quer queiramos, quer não, influencia o intérprete de hoje, direta ou indiretamente (KAISER e SILVA, p.22).
“A interpretação da Bíblia começa dentro da própria Bíblia. Os profetas do Antigo Testamento, por exemplo, interpretam e aplicam a Lei ao povo de seu tempo. Em outras palavras, chamam o povo de volta à aliança ratificada no Sinai.”
Portanto, consiste grave erro a utilização de textos para sustentação de ideias, ou seja, a utilização de uma série de versículos bíblicos fora do contexto para se provar uma linha de pensamento, uma conclusão, uma teologia.
Vejamos o Salmo 97, 2-5: Nuvens e escuridão estão ao redor dele; Justiça e juízo são à base do seu trono. Um fogo vai adiante dele, e abrasa os seus inimigos em redor. Os seus relâmpagos iluminam o mundo; A terra viu e tremeu. Os montes derretem como cera na presença do Senhor,...
Já foram publicadas muitas interpretações a respeito deste Salmo.
Com certeza forneceu muitos argumentos aos pregadores do “Deus do Ódio e da Vingança”.
O Salmo, na realidade, tem intrínseca relação com a Arca da Aliança.
O escritor Jerry L. Ziegle, em 1977 comentou a respeito dessas interpretações bíblicas: “Um texto sem um contexto é simplesmente um pretexto”.
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