A Organização Maçônica através dos tempos



A primeira associação organizada, os Collegia Fabrorum[11] formados por construtores e operários que ensinavam as artes aos bretões surgiu no Império Romano, no século VI a.C. 

Os collegia acompanhavam as legiões de romanos para reconstruir as destruições causadas pelas guerras. 

Essa associação era dotada de um forte caráter religioso e cultuava as divindades. Inicialmente politeísta, tornou-se monoteísta com a expansão do cristianismo. 

Em 476 d.C, o Império Romano do Ocidente caiu e os pequenos grupos de associações ainda persistiram até o século X.

Durante o século X, época em que as confrarias leigas recebiam forte influência do clero, com o qual haviam aprendido a arte de construir, foi organizada a Convenção de York, considerada a primeira reunião de operários e construtores, com o objetivo de reparar os prejuízos que as associações haviam tido com as constantes guerras e invasões.

Essa convenção foi liderada por Edwin, filho do rei anglo-saxão Athelstan, eleito Grão Mestre, ao fundar a primeira Grande Loja. 

Na ocasião, realizou-se a primeira assembleia maçônica, na qual foi apresentada para apreciação e aprovação, uma Carta Constitutiva, que deveria servir como lei suprema da confraria e como base para todas as reuniões seguintes. Tal carta é hoje conhecida como Carta de York.

No século XII, surgem os ofícios franco-maçons ou franco-maçonaria, formados por artesãos privilegiados, com liberdade de locomoção e isentos de impostos. 

CASTELLANI, os define como “uma organização de construtores categorizados, diferentes dos operários servos, que ficavam presos a uma mesma região e a um mesmo feudo,” sendo a palavra francesa “maçon” correspondente a pedreiro, os franco-maçons – para os franceses – e os “free masons” – para os ingleses – eram, então, em ambas concepções, pedreiros-livres, termo referente àqueles que estavam livres dos serviços senhoriais.

Em 1118, foi fundada por Hugo de Payo e outros companheiros a mais célebre das ordens militares que surgiram na Terra Santa, a Ordem dos Cavaleiros Templários, chamada, no princípio, Pobres Soldados de Jesus Cristo e do Templo de Salomão. 

A Ordem tinha por finalidade formar uma guarda para proteger os peregrinos que se dirigiam à cidade de Jerusalém. 

Seus estatutos foram elaborados por São Bernardo de Claraval, e mencionavam “O Templo”, como símbolo principal da Ordem e de seus Cavaleiros, padrão das obras perfeitas dedicadas a Deus. 

A lenda da Ordem refere-se a nove fundadores que encontraram nas fundações do Templo de Salomão, um cofre, contendo um manuscrito que relatava o procedimento feito pelo Rei Salomão para realizar a grande obra alquímica.

A Ordem dos Templários era constituída por: Cavaleiros (frates milites), que deveriam ser nobres; capelães (frates capellani); escudeiros, sargentos e soldados (frates servientes); e criados e artífices (servientes famult et offici). 

O Grão Mestre era escolhido por eleição. 

A bula Omme Datum Optimum, do papa Alexandre III, de 15 de junho de 1163, deu aos templários lugar privilegiado na Igreja, além das terras e castelos que os reis lhes ofertavam. 

No oriente, os templários formavam a vanguarda dos exércitos cristãos, que eram como heróis. 

Com o passar do tempo, eles foram acumulando riquezas e bens, tornando-se ricos, financiando até reis e papas na época. 

A Ordem, segundo os historiadores, era a maior potência financeira da Europa. Com o acúmulo de riqueza e tesouro, a Ordem atiçou a cobiça do rei francês Felipe IV. 

Em 1307, o rei fez prender o seu Grão Mestre Jacques de Molay, que foi submetido a interrogatórios e executado e queimado vivo em Paris, em 1314, na ilha dos judeus, com a conivência do Papa Clemente V.

Muitos dos historiadores maçônicos rejeitam a ascendência dos templários na Maçonaria. 

A relação mais próxima da Ordem dos Cavaleiros dos Templários com a Maçonaria teria sido a atuação dos Compagnonnage, criados pelos templários entre os séculos XIV e XV. 

Os membros dessa Organização haviam adquirido métodos de trabalho herdados da antiguidade, constituídos durante as cruzadas e construíram, por toda a Europa, pontes santuários e catedrais, entre vários monumentos.

No início do século XVI, eclodem na Inglaterra perseguições contra as organizações, principalmente, por parte do clero que, diante da evolução social da Europa, estava em declínio. 

Nesse período, o rei da França, Francisco I, revoga todos os privilégios que havia concedido aos franco-maçons. 

Em 1549, foi cassada a autorização de livre exercício das profissões, por ordem de Londres, deixando os maçons na condição de operários ordinários. Em 1558, ao assumir o trono a rainha da Inglaterra, Elisabeth I, renova a ordenação de 1425, que proibia qualquer tipo de assembleia ilegal sob pena de ser considerada rebelião. 

No final desse século, Inigo Jones introduz, na Inglaterra, um novo estilo de arquitetura renascentista, desconsiderando o estilo gótico das Franco-Maçonarias. Ao perder o seu objetivo inicial, a Franco-Maçonaria tornou-se uma sociedade de socorros e auxílio mútuos, e acabou permitindo a entrada de homens que dominavam a arte de construir, que passaram a ser chamados de maçons aceitos.

Os séculos XVI e XVII terminaram com uma grande devasta na Europa, devido a guerras civis e religiosas, onde os católicos, puritanos e protestantes se digladiam entre si. Em 1688, o Rei Jaime II se exila em Saint-Germain, em Layle, e funda uma Loja maçônica.

Foi quando os franco-maçons recuperaram seu antigo prestígio, a partir do incêndio ocorrido em setembro de 1666, em Londres, que destruiu mais de quarenta mil casas e, aproximadamente, oitenta igrejas. 

Nessa ocasião, os maçons participaram da reconstrução, sob a direção do mestre maçom e arquiteto Christopher Wren. 

Sua principal obra foi a reconstrução da Catedral de São Paulo (Londres). A reconstrução de Londres, segundo vários autores, só iria terminar em 1710.


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