GEOMETRIA SAGRADA SIMBOLISMO E INTENÇÃO NAS ESTRUTURAS RELIGIOSAS - Simbolismo Maçônico e Prova Documental (9)


"As linhas geométricas falam a linguagem da crença - da crença forte, apaixonada, duradoura. Nelas as leis eternas da proporção e da simetria rei­nam supremas. O ciclo daquilo que é gerado divinamente está reproduzido na linguagem numérica do coro, do transepto, da nave, do corredor, do portal, da janela, da coluna, da arcada, do frontão e da torre. Toda característica tem sua unidade de me­dida, seu simbolismo místico.”

Hermon Gaylord Wood - Ideal Metrology.

As catedrais medievais são a mais fina flor da arte da geome­tria sagrada que se desenvolveu na Europa. 
As manifestações fí­sicas da summa theologiae, a incorporação microcósmica do universo criado, as catedrais em sua forma completa perfeita, unidas em suas posições, orientações, geometria, proporção e simbolismo, tentam criar a Grande Obra - a unificação do homem com Deus. 

Tem-se observado que muitas catedrais, como as de Canterbury, Gloucester e Chartres, foram construídas no sítio de antigos círculos megalíticos, incorporando em seus desenhos o posicionamento e a geometria dos círculos. 
Geomanticamente situados de maneira a poderem empregar ao máximo as energias telúricas da terra e as influências astro­físicas dos céus, os círculos de pedra derrubados pelos zelosos san­tos cristãos foram amalgamados na estrutura mesma das igrejas que os sucederam.
Louis Charpentier sugeriu que as pedras antigas de estruturas megalíticas, além de absorverem influências cósmicas e telúricas, também agiam como instrumentos de vibração. 
Esses instrumentos de pedra, afirmou ele, podiam acumular e ampliar as vibrações das ondas telúricas, agindo antes como uma caixa de ressonâncja. 
Essas energias, assumidas pelos cristãos, ainda exigiam um ressonador, que foi providenciado com a construção das paredes de pedra e da abó­bada da catedral.
Se a geometria dos círculos e dolmens de pedra dependia do comprimento da onda das energias telúricas, então a geometria, reproduzida num vasto edifício de pedra, agiria como um canal para as energias ressoantes ali capturadas. 

As lendas que cercam a fixação das energias da terra no omphalos e que estão incorporadas aos contos universais de matadores de dragão reforçam este ponto de vista. 
Nos mitos de morte do dragão, o herói solar transpassa o dragão com sua espada ou lança. 
Fazendo-o, ancora as energias telúricas vagueantes da Terra em um sítio, de maneira que elas pos­sam ser contidas e canalizadas para uso do sacerdócio. 
Nos últimos tempos, o herói solar identificou-se com os santos cristãos Jorge e Miguel.

Outra indicação desse fenômeno é a aceitação universal da medida canônica. 
Em muitas culturas, não se acreditava que as unidades fundamentais de medida possuíssem origens divinas, mas tinham sido transmitidas pelos Deuses. 
O receptáculo dessas me­didas sagradas era um homem ou um semideus, freqüentemente o fundador legendário da nação. 
Essas medidas eram então cuidadosamente guardadas contra a profanação e a alteração e largamente empregadas na construção da arquitetura sagrada. 
Assim, vemos as proporções serem engendradas naturalmente pela geometria a partir da medida inicial. Se a catedral era destinada a agir como um canal e um ressoador, não se poder,ia escolher nenhuma dimensão melhor do que aquelas baseadas num sistema harmônico natural ela­borado com medidas diretamente relacionadas ao comprimento te­lúrico das ondas. 

O comprimento da onda das energias telúricas locais, uma vez determinado por métodos ocultos, podia ser vene­rado em medidas sagradas imutáveis e formar uma base natural para a construção dos instrumentos que deveriam manipular essas energias.
Charpentier acreditava que os beneditinos intensificavam as for­ças terrestres por meio do som físico - o canto gregoriano -, cuja ação aumentava a harmonia geométrica do edifício para a produção de estados mais elevados de consciência. 
Os beneditinos eram, na verdade, uma ordem que utilizava o conhecimento antigo
O pesquisador alemão Kurt Gerlach descobriu que os mosteiros beneditinos da Boêmia (Tchecoslováquia) foram arranjados uns com os outros segundo relações geométricas precisas. 
Esses mosteiros estavam localizados em linhas segundo múltiplos e submúltiplos específicos da medida antiga conhecida como Raste, correspondente a 44 quilômetros.
Assim, as várias características da catedral gótica eram harmonizadas para criarem um todo que ligava completamente o homem, o microcosmo, com o universo. 

As funções múltiplas que se espe­ravam as catedrais góticas cumprissem significavam que elas não seriam apenas expressões de harmonia geométrica simples como a Saint Chapelle em Paris ou a Capela do King's College em Cam­bridge. 
Elas necessitavam várias divisões e subdivisões que cum­prissem as funções de local de encontro, igreja da paróquia, capela para ofícios menores, confessionário e sede do Bispado local. 

Além desses usos exotéricos, a catedral tinha de incorporar as doutrinas da fé e expressar as energias e geometrias inerentes ao sítio. 
Assim, as geometrias das catedrais góticas incorporam muitas estruturas complexas que podem ser interpretadas em vários níveis. 
A geo­metria fundamental da planta baixa é sempre gerada diretamente da linha axial orientada. 

A data da fundação e a sua orientação são "trancadas" na geometria à aparente posição solar no dia do pa­droeiro. Assim, em cada dia patronal sucessivo, o sol brilharia diretamente ao longo do eixo da catedral. 
O Professor Lyle Borst descobriu que muitas catedrais possuem uma geometria do lado leste derivada dos círculos de pedra. 
As orientações desses sítios mega­líticos segundo vários fenômenos solares e lunares são bastante co­nhecidas, pesquisadas que foram por estudiosos como Sir Norman Lockyer e o Professor Alex Thom. 
A geometria das catedrais, que recobre a das orientações múltiplas dos círculos de pedras, também devia preservar orientações outras que não a simples orientação axial do dia do p'adroeiro. 
Isto também quer dizer que o padroeiro pode ter sido determinado a partir da orientação principal do círculo de pedra preexistente.
Descobriu-se recentemente que o esboço do vasto complexo de templos de Angkor Wat, no Camboja, foi desenhado de tal maneira que fossem incorporados 22 alinhamentos separados de posições solares e lunares. 
Observando os fenômenos de alguns pontos bem determinados, o astrônomo-sacerdote era capaz de checar o calen­dário por meio da observação direta. 
A construção das catedrais britânicas no topo de observatórios megalíticos pode ter reproduzido de maneira similar a informação astronômica em sua geometria. 
Rose Heaword demonstrou que a Capela de St. Cross em Winchester possuía um alinhamento nascer-do-sol que era visível em determi­nado ponto por uma janela. 
Esse nascer-do-sol ocorre no dia da Santa Cruz, a 14 de setembro, e não corresponde à orientação axial da capela. 
Estudos que estão sendo efetuados podem demonstrar muito mais a respeito desses alinhamentos múltiplos e de sua re­lação com a geometria sagrada.
No período em que as catedrais góticas foram erigidas, havia dois sistemas maçônicos de geometria que eram comumente usados. 
O mais antigo era conhecido como ad quadratum e baseava-se no quadrado e nos seus derivados geométricos. O mais novo, e em alguns aspectos o sistema mais dinâmico, baseava-se no triângulo eqüilátero e era conhecido como ad triangulum.

O ad quadratum era formado diretamente do quadrado e da sua figura derivada, o octograma. 
Colocava-se por cima do qua­drado inicial - que era orientado segundo a maneira aprovada pelos geomantes e maçons encarregados da orientação - um se­gundo quadrado do mesmo tamanho. 
Este, a um ângulo de 450 do primeiro quadrado, formava o octograma, um poligrama de oito pontas. 
Na tradição maçônica, essa figura foi inventada por um mestre de Estrasburgo, Albertus Argentinus. 
Nos escritos maçôni­cos alemães posteriores, essa figura é chamada acht-uhr ou acht-ort, oito horas ou oito lugares. 
Esses nomes aludem a uma divisão óctupla pagã antiga do compasso, o dia e o ano que eram imitados no edifício como um microcosmo do mundo. 
A partir desse octo­grama inicial, toda a geometria da igreja podia ser desenvolvida de duas maneiras.

A primeira maneira, o acht-ort verdadeiro, desenvolvia uma série de octogramas internos e externos, traçados diretamente a par­tir da primeira figura. 
Esse sistema. pode ser visto nas catedrais de Ely (ver Figura 26), Verdun, Bamberg e em outras catedrais basicamente românicas. 
Todavia, à época das últimas igrejas gó­ticas, o sistema ad quadratum refinou-se para uma forma mais com­plexa baseada mais no quadrado duplo do que no simples. 
Essa forma, deve-se lembrar, era favorecida desde a antigüidade egípcia como uma forma adequada a um lugar santo.
A segunda e última derivação do ad quadratum produziu o complexo geométrico elegantemente proporcionado conhecido como "dodecaid", um poligrama irregular de doze pontas que se prestou admiravelmente ao planejamento de igrejas. 
Como o acht-ort sim­ples do ad quadratum primitivo, a figura básica era um octograma. 
Todavia, o primeiro quadrado, do qual se derivava o octograma, era ampliado até formar um quadrado duplo e, desse segundo qua­drado, construía-se outro octograma. Isto fazia uma figura de dois quadrados contíguos com quadrados coincidentes a 450 do quadrado duplo. 

Sobre esse octograma interlaçado sobrepunha-se um quadrado maior que cortava as intersecções internas dos dois octo­gramas. 
Isso produzia uma figura que possuía razões geométricas que se interseccionavam na construção.



O dodecaid é rico em simbolismo cristão. 
Os três quadrados coincidentes possuem em seu centro um pequeno quadrado comum a todos eles. 
O quadrado central é maior do que os outros, simbolizando o Pai da Trindade Cristã, com o quadrado pequeno no meio simbolizando a unidade essencial da divindade trina. 
A estrutura do quadrado duplo que penetra a trindade incorpora os quatro elementos e as quatro direções. simbolizando o mundo material interpenetrado e sustentado pela divindade. 
O todo é uma si­nopse dos números três e quatro, o sete místico.
Na construção atual da igreja, os quatro cantos do quadrado duplo marcam as quatro fundações da igreja, as pedras angulares sobre as quais se funda a construção material. 

O mais oriental dos três 45° representa Cristo. 
Seu centro é o foco onde o altar é fundado e onde, a cada dia, por meio da celebração da Missa, acre­ditam os cristãos, Cristo está presente na forma de hóstia e de vinho. 

O quadrado maior e central, no oeste, representa o pai. 
Baseia-se no omphalos central, o ponto do cruzamento sobre o qual a torre principal e a agulha deverão ser erguidas. 
Esse cen­tro, o ponto coincidente dos três quadrados que representam a fusão da trindade, indicava freqüentem ente um poderoso centro geomân­tico. 
Esse centro pode ser percebido pelos hidróscopos sob a forma de uma poderosa fonte cega com suas espirais associadas. 
Esse omphalos geomântico existe na Catedral de Salisbury, que possui a agulha mais alta da Inglaterra e marca um lugar situado numa linha ley que vai de Stonehenge a Frankenbury. 
Mais a oeste da cruz da catedral está o quadrado que representa o Espírito Santo. 
Aqui, - tradicionalmente, ficava a pia batismal, o lugar em que o Espírito Santo penetrava no neófito por ocasião do seu batismo.
A essência da geometria sagrada é simples. 
Todas as partes 90 conjunto sagrado, desde o aparato e as vestimentas do clero até a forma de todo o edifício sagrado, são determinadas diretamente por uma figura geométrica fundamental. 
Todas as dimensões e to­das as posições estão idealmente relacionadas diretamente a esse sis­tema e, assim sendo, estão integradas com o todo da criação. 
As elevações das igrejas medievais eram determinadas diretamente pela geometria das plantas baixas. 
A Saint Chapelle, a capela dos reis franceses, demonstra admiravelmente essa necessidade geométrica. Sua planta baixa é produzida pelo dodecaid, com uma pequena ca­pela lateral feita a partir de uma versão menor do ad quadratum e a sua geometria elevacional interna feita diretamente a partir deste último. 

Edifícios posteriores, como a capela do King's College, foram planejados pelos mesmos métodos, mas as dimensões, em vez da geometria direta, foram dadas pelas autorizações dos seus planos. 
Assim, a altura da abóbada de King's College foi mantida na capela terminada, embora tivesse sido seguido um método de construção da abóbada diferente do que fora pensado anteriormente.

As igrejas medievais não foram desenhadas apenas como gal­pões que acomodassem um determinado número de fiéis; nem, como se deduz freqüentemente, foram construídas "à medida que eram erigidas". 
Exatamente como na prática arquitetônica moderna, tudo era calculado para fazer avançar cada detalhe, toda e qualquer característica do edifício era determinada exatamente de acordo com a geometria sagrada. 

As peças sobreviventes apresentam uma preocupação, por parte dos desenhistas, com dimensões e proporções precisas.
A planta baixa da Catedral de Ely, em Cambridgeshire, servirá para ilustrar os trabalhos práticos da geometria sagrada medieval. 
Como muitos outros edifícios, a catedral atual é o resultado de muitos séculos de acréscimos. 
A catedral normanda original foi esboçada em 1082 e completada cerca de um século mais tarde. 

No século XIII, foi acrescentado um pórtico na extremidade oeste, na mesma posição do das catedrais de Glastonbury e Durham. 
Na mesma época, foi feita uma extensão para o leste do coro com di­mensões definidas de acordo com os princípios do ad quadratum. 
A extensão foi definida por um quadrado oblíquo da largura da nave mais um triângulo de 45° da largura da abóbada. 
Esse qua­drado oblíquo foi utilizado mais tarde para determinar a largura da nova Lady Chapel, que foi iniciada em 1321.
As dimensões da Lady Chapel não foram definidas pelo ad quadratum, mas pelo mais recente ad triangulum maçônico. 
Suas dimensões foram produzidas pela geometria de um círculo cujo raio é um pouco menor de 105 pés ingleses (96 pés saxônicos). 
Este é o raio que def.iniu o octograma básico com que se esboçou a planta baixa da catedral. 
O canto interno do nordeste de Lady Chapel foi produzido por raios interseccionantes da mesma extensão, como também o canto noroeste, que também foi marcado pelo qua­drado oblíquo. 
A linha diagonal que define o espaço oriental da catedral chega ao canto noroeste de Lady Chapel depois de passar pela porta da capela. 
Um raio do centro do cruzamento que toca os arcobotantes da extremidade leste do coro também toca os arco­botantes de Lady Chapel. 
Seu raio tem 192 pés saxônicos - o dobro do raio da base do octograma, gerado pela geometria ad quadratum.
No ano seguinte ao início de Lady Chapel ocorreu um desas­tre. 
A torre central, situada sobre o cruzamento, ruiu para o leste, talvez enfraquecida pelas operações da construção. 
A reconstrução foi iniciada e seguiu-se a geometria sagrada original do ad quadra­tum. 
A velha - torre não foi copiada, mas um novo domo gótico octogonal, sem precedentes na arquitetura ocidental, foi erigido em seu lugar. 
O método técnico de construção foi uma cópia quase exata daquele que fora utilizado no mausoléu persa de Uljaitu Cho­dabendeh em Sultaneih. 
Sobre esse octógono de pedra sem prece­dentes foi construído um incomparável "farol" de madeira, dese­nhado e executado pelo Carpinteiro Real, William Hurley. 
No seu centro está uma magnífica obra de talha, representando Cristo em Majestade, executada por John Burwell. 
Exatamente acima do cruzamento, ela representa a contraparte celestial do omphalos ter­reno.
Embora tenha sobrevivido muito pouca documentação sobre as construções românicas tardias ou góticas primitivas, os detalhes documentais de duas tardias e notáveis igrejas colegiadas medievais ainda podem ser examinados. 

A igreja de Fotheringhay, em Northamp­tonshire, e a Capela do King's College, em Cambridge, foram cons­truídas segundo instruções precisas que ainda sobrevivem.
Ambos os edifícios foram desenhados no século XV. 
Fothe­ringhay é o mais antigo dos dois. 
A aldeia de Fotheringhay é hoje notável apenas por seu cenário pitoresco entre as campinas banha­das pelo rio Nene e pela espantosa torre octogonal de uma igreja cujo desenho memorável mostra sua eminência anterior. 

A forma isolada da igreja lembra-nos tristemente que ela é agora apenas um fragmemo de um colégio reai, reduzido hoje à condição de paró­quia. 
O colégio foi fundado por Edward Plantagenet, apelidado Langley, o quinto filho do rei Eduardo III. 
Edmundo, Duque de York, seria o fundador da Casa de York. Ele iniciou a constru­ção do colégio e reconstruiu a igreja paroquial, que estava ligada a ele por um claustro de 88 janelas de vidro colorido. 
O filho de Edmundo, Eduardo, Duque de York, pretendia levar à frente o projeto após a morte do seu pai com a reconstrução da nave da velha igreja no mesmo estilo do novo coro, mas foi morto na ba­talha de Agincourt antes que a construção fosse iniciada. 
Todavia, o projeto não foi abandonado e é o exame de um acordo assinado a 24 de setembro de 1434 que nos informa sobre as práticas maçô­nicas de desenho dos franco-maçons ingleses daquela época.



O contrato foi feito entre William Wolston, Squire, e Thomas Pecham, amanuense, comissários do "Supremo e poderoso príncipe, meu Senhor respeitável, o Duque de York", e WiIliam Horwood, franco-maçom de Fotheringhay. 

O contrato detalhava com medidas precisas a especificação de uma igreja cujas proporções requintadas ainda hoje deliciam os olhos. 
O contrato estipulava a construção de "uma nova nave de uma igreja, que chegue até o coro, no Co­légio de Fotheringhay, da mesma altura e da mesma largura do dito coro; e que tenha um comprimento de oitenta pés a partir do dito coro, com paredes de um metro-jarda (de espessura), um metro­jarda da Inglaterra, contado sempre como três pés. (...) 
E no lado norte da igreja o dito William Horwood fará um pórtico; o lado externo de pedra de cantaria lisa, o lado interno de pedra áspera, contendo em comprimento doze pés e em largural o que o arcobotante da nave permitir (...) e na extremidade oeste da dita nave haverá um campanário construído sobre a igreja sobre os três arcos fortes e poderosos abobadados em pedra. 

Dito campanário terá de comprimento oitenta pés segundo o metro-jarda de três pés para uma jarda, sobre o chão a partir das pedras da cornija e vinte pés quadrados entre as paredes (...)".

Cada detalhe do edifício proposto foi especificado no contrato, e também as dimensões quando elas foram julgadas relevantes. 
Não se- sabe se o próprio Horwood projetou as dimensões e esboçou um diagrama que serviu de base para as dimensões contratuais. 
Só doze anos depois é que uma outra fundação colegiada real aponta­ria para a possibilidade de o fundador ou seus auxiliares diretos no campo geomântico terem executado o desenho. Seja qual for a verdade, o tom de todo o contrato está vazado como instruções a Horwood, o franco-maçom funcionário que está apenas recebendo ordens de uma autoridade superior, e não detalhes elaborados arbitrariamente por ele.


Embora a igreja de Fotheringhay tivesse sido completada por volta de 1460, data da morte de Ricardo, o Duque de York, a construção da abóbada abaixo da torre traz a marca do grande mestre lohn WastelI, de quem uma obra idêntica sobrevive hoje na Catedral de Peterborough, na porta de entrada de St. John's ColIege em Cambridge e, sobretudo, no teto magistral da Capela do King's College, na mesma cidade.
Essa capela foi desenhada pelo rei Henrique VI, o fundador. Na sua declaração de intenções, datada de 1498, ele forneceu todas as dimensões necessárias a que seu mestre maçom, Reginald Ely, preparasse os planos completos para a capela e, por conseguinte, todo o colégio. 

Uma análise dos seus planos mostra que eles foram ba­seados no ad triangulum. 
Todas as partes da capela estão relacionadas com a geometria global, até mesmo as pequenas capelas ane­xas laterais. 
Embora 69 anos se tenham passado antes que a ca­pela fosse completada, o mestre maçom John Wastell, que não ha­via nascido quando a capela foi iniciada, aderiu à letra da decla­ração de Henrique terminando-a exatamente nas dimensões estipu­ladas. 

O sistema geométrico, a despeito das alterações de carac­terísticas dinásticas e estilísticas, foi mantido como dever sagrado.

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