Quantas vezes nos deparamos com este texto?
Aparentemente de pouca importância, pois as Lojas que praticam o Rito de York no Grande Oriente do Brasil não são muitas. Cerca de cinqüenta Lojas, quando muito.
Mas vale a pena prestar um pouco de atenção pois, embora minoritário no Brasil é o Rito mais praticado no mundo e é o que se pratica no país que é o berço da Maçonaria Especulativa no mundo.
Há muitos – infelizmente demais da conta – que defendam que a denominação “Rito de York” serve exclusivamente para o sistema ritualístico proposto por Thomas Smith Webb, no seu resgate dos antigos rituais ingleses em 1797.
A liturgia adotada pela GLUI – Grande Loja Unida da Inglaterra chegou no Brasil no século XIX e pelo fato do Brasil ter mais de um sistema litúrgico no simbolismo – entenda-se Ritos Adonhiramita, Brasileiro, Escocês Antigo e Aceito, Moderno e Schroeder, havia a necessidade de adotar um nome e o nome escolhido para esta prática litúrgica foi RITO DE YORK.
Foi arbitrária a escolha? Decerto que não, foi uma homenagem aos Irmãos ingleses, na sua maioria provenientes da cidade de York.
De qualquer forma foi uma escolha, uma definição.
Poderia ter sido nominado de Rito Inglês ou qualquer outro nome, mas a convenção adotada naquela ocasião foi denominá-lo Rito de York.
É patético, triste até ver pessoas que afirmam que o “verdadeiro” Rito de York é o definido pela liturgia do Irmão Thomas Smith Webb.
Vejamos esta afirmação sob a ótica cartesiana.
Se eu afirmo que um evento “a” é verdadeiro, e somente o evento “a” é verdadeiro, qualquer coisa diferente do evento “a” é “não verdadeiro”, ou ainda “falso”.
Ora, se existem pessoas que afirmam que “O verdadeiro Rito de York” é o estadunidense, então necessariamente se existirem outros Ritos denominados “Rito de York” são FALSOS.
Como existe um Rito nesta situação, então ele é “falso”? Não é isso que declara o Grande Oriente do Brasil, não é isto que declaram as Cartas Constitutivas das Lojas que praticam o Rito de York no Grande Oriente do Brasil.
Nas Cartas Constitutivas das Lojas do GOB que têm tal prática litúrgica está grafado: RITO DE YORK.
Nos rituais editados pelo Grande Oriente do Brasil, idem, e de idêntica forma nos Rituais editados pelo Distrito Inglês. Esta publicação foi aprovada pela “Emulation Lodge of Improvement”(aliás de onde surgiu o termo “emulation”, que significa” imitação”) e aprovado pela Grande Loja Unida da Inglaterra, cuja edição em português foi autorizada pelo Grão Mestre da Grande Loja Distrital da América do Sul, Divisão Norte, Eminente Irmão Peter Bodman-Morris também está escrito: RITO DE YORK. Enquanto isso, os “doutos” continuam afirmando suas sandices.
Algumas considerações importantes:
É uma insensatez comparar o nome do Rito de York – nome este dado exclusivamente no Brasil – com o nome que se dá na Inglaterra.
Na Inglaterra não existe nome para o trabalho litúrgico maçônico, lá este trabalho é denominado CRAFT, que pode ser traduzido por OFÍCIO em português.
Em primeiro lugar porque lá não se conhece sequer o termo “Rito” quando há a referência numa liturgia maçônica.
Existem procedimentos litúrgicos que foram convencionados em 1813, na ocasião da fundação da Grande Loja Unida da Inglaterra e os procedimentos litúrgicos num único sistema, numa única liturgia com algumas variações que atenderam costumes locais, sem alterar a essência desta liturgia.
A afirmação que o sistema ritualístico estadunidense é “mais antigo” é cronologicamente correta, pois o sistema litúrgico dos EEUU é anterior ao adotado na Inglaterra.
Esta data é anterior ao sistema ritualístico inglês cuja convenção para uma proposta de sistema único de trabalho se deu em 1813, consolidada em 1816.
De qualquer modo a origem do ritual e sistema é inglesa, e não norte americana.
Bem, não estamos comentando a origem mas a nomenclatura.
A rigor esta denominação “Rito de York dos EEUU” é inadequada, pois só faz sentido nos graus superiores (além do terceiro, de Mestre) e só é possível denominar “Rito de York” nos EEUU os procedimentos litúrgicos além do terceiro, pois também existem os Graus Escoceses do quarto até o 32°.
Ao bem da verdade também existe o 33° Grau do Rito Escocês nos EEUU, mas é raríssima a sua concessão.
Voltemos ao Simbolismo.
Existem outros termos que provocam algumas confusões interessantes.
O termo MAÇOM no Brasil significa “o Iniciado na Maçonaria”.
O equivalente inglês MASON significa “o artífice da pedra”, ou “o entalhador de pedra”.
MASON significa “pedreiro”, daí a necessidade da existência de um termo que caracterize o Iniciado na Arte Real como “free mason” ou à Instituição “free masonry”.
No Brasil como existe um termo apropriado e específico para diferenciar a profissão “pedreiro” do Iniciado “maçom”, então não é necessário utilizar o termo “franco-maçonaria” ou “franco-maçom”.
Já pensaram se alguns outros “doutos” resolvem dizer que o “verdadeiro termo para designar o Iniciado é franco-maçom”?
Seria engraçado se não fosse trágico. Assim como o termo “craft” (ofício) não faz sentido para o Maçom brasileiro, o termo “rito” é desconhecido para o Maçom inglês.
Há ainda os que defendam o termo “Emulation Ritual”.
Isto é uma combinação mais extravagante ainda, pois “Emulation” é um sistema litúrgico da maçonaria inglesa que não tem mais de um ritual.
Utilizando-me dos termos britânicos, trata-se de vários MÉTODOS de praticar o CRAFT, como sejam:
- Bristol
- Stability
- Taylor´s
- Cambridge
- West End
Dentre outros.
Existem pequenas variações litúrgicas no mesmo sistema de trabalho onde se reconhecem apenas três graus: Aprendiz, Companheiro, Mestre e o Sagrado Arco Real.
Contaram quatro? Trata-se de uma sutileza britânica.
RITO DE YORK(RY)
ResponderExcluirRITUAL E RITO DE EMULAÇÃO(REm)
O Rito de York moderno também conhecido como o Real Arco, teria sido criado por volta de 1743 e levado para Inglaterra em 1777.
É o Rito mais difundido em todo o mundo maçónico. É o Rito predominante nos Estados Unidos. Por ser teísta está mais ligado aos países onde predominam os cultos evangélicos, onde o clero tem dado o apoio e o suporte necessário à sua evolução e desenvolvimento.
Neste país, a sua fundação vem do ano de 1799 pela mão de Thomas Smith Webb que lhe deu a estrutura e doutrina filosófica com procedimentos gerais adaptados ao sistema maçónico, pelo que é normalmente identificado como “Rito Americano ou de York”.
No entanto, o Manuscrito Régio de 1389 (conservado no British Museum em Londres), diz-nos que sob o reinado de Athelstan, na cidade de York no ano de 926 houve um grande Congresso de maçons, convocado e presidido por seu filho o Príncipe Edwin e que teria sido nessa magna Assembleia que a Maçonaria teve o seu primeiro Regulamento Geral.
Já neste Regulamento havia regras de comportamento no trabalho, na sociedade e até dentro da igreja., entre outros.
Posteriormente, o Manuscrito de Coke em 1583 refere também esta Assembleia e as reuniões feitas pelo rei Athelstan que convocava e dirigia as assembleias dos numerosos maçons operativos, associados em guildas.
Nesta fase a Lenda de York passou definitivamente da tradição oral para a tradição escrita da Maçonaria Especulativa.
Assim, os autores creem que o Rito de York seria o rito tradicionalmente praticado desde os tempos do rei Athelstan e que confirma a multissecular tradição maçónica de acordo com o Livro das Constituições de 1723.
Num outro manuscrito conhecido como a Constituição de York, diria que a tradução dos documentos anteriores a 1807 teriam passado do Latim (que era o idioma das pessoas cultas) para o Inglês e em 1808 para o Alemão pelo I:. J.A. Schneider.
Esta última tradução é publicada pelo editor I:. Krause, conhecido pelo Manuscrito de Krause e que estaria muito próximo da Constituição da Grande Loja Unida de Inglaterra em 1813.
Esta é a lenda de York. Contudo perante tantas evidências históricas que confirmam a veracidade do seu conteúdo, a maioria dos autores chamam-lhe a “Tradição de York”.
Na união dos maçons “antigos”(Grande Loja dos Antigos -1751) e dos “modernos”(Grande Loja dos Modernos – 1717) em 1813 foi oficialmente aprovado o ritual dos antigos como ritual oficial da Grande Loja Unida de Inglaterra e naquele momento recebeu o nome de Ritual de Emulação( o Emulation Working) com a particularidade de se manter a tradição de nada escrever e por isso nada se sabe ao certo o que foi aprovado.
Mas até chegar a esta fase muito fizeram para conciliar as diferenças ritualísticas das duas Grandes Lojas rivais, passando pela Loja da Reconciliação que harmonizou os rituais durante 3 anos até que em 1816 foi aprovado um novo ritual mantido até 1986, ano em que a GLUI decidiu que todas as referências a penalidades físicas fossem omitidas dos juramentos assumidos pelos candidatos nos três graus e pelo Mestre Eleito na sua instalação, mas mantendo-as nas cerimónias noutro momento.
Apenas em 1969, o Rito de Emulação foi oficialmente impresso com autorização oficial da GLUI, embora nesse ano já existissem diversas impressões não oficiais.
Embora denominado Rito, os Ingleses consideram-no mais como um Ritual. O Rito representa as regras e cerimónias de carácter sacro ou simbólico que seguem preceitos estabelecidos e que se devem observar na prática.
Em suma, representa o sistema de organizações maçónicas.
O ritual representa o livro que contém o conjunto de práticas consagradas pelo uso e por normas que deverão ser observadas em determinadas ocasiões.
ResponderExcluirIsto é o cerimonial.
Mas a principal característica deste Rito/Ritual é que todas as intervenções são realizadas de cor.
No Rito de Emulação, os graus superiores estão agregados numa Loja de Marca ou num Capítulo do Arco Real com os seguintes graus:
– Mestre de Marca
– Ex-Mestre ou Past Master
– Muito Excelente Mestre
– Mestre do Arco Real
– Escocês Trinitário
Este é o Rito por excelência praticado em Inglaterra e largamente difundido em todos os países de influência Inglesa.
As jurisdições anglo-saxónicas mantêm outras ordens de altos graus como por exemplo:
o Grande Conselho da Ordem dos Graus Aliados, o Grande Conclave da Ordem do Monitor Secreto, a Grande Loja e Grande Conselho da Real Ordem da Escócia, a Ordem de Cavaleiros Templários e Ordem de Malta(honorária), a Ordem da Cruz Vermelha da Babilónia.
Toda esta explicação era necessária para melhor compreendermos a génese do York.
Em relação ao Rito de York para além das Lojas Simbólicas (1º, 2º e 3º grau), os seus Altos Graus estão classificados assim:
ResponderExcluirGRAUS CAPITULARES
(conhecidos como Maçonaria do Real Arco)
*4º grau- Mestre de Marca
*5º grau- Past Master
*6º grau- Mui Excelente Mestre
*7º grau- Maçon do Arco Real
CONSELHO CRÍPTICO
(conhecido como Conselho de Mestres Reais e Escolhidos)
*8º grau- Mestre Real
*9º grau- Mestre Escolhido
*10ºgrau- Super Excelente Mestre
COMENDADORIA TEMPLÁRIA
(conhecida como Ordem dos Cavaleiros Templários)
*11ºgrau- Ordem da Cruz Vermelha
*12ºgrau- Ordem de Malta
13ºgrau- Ordem do Templo
Os graus Capitulares enfatizam as lições de regularidade, disciplina, integridade e reverência, a consagração do Sanctum Sanctorum e a descida do Espírito Santo no Templo. Ser exaltado como Mestre do Arco Real coroa de forma grandiosa os conhecimentos do Mestre Maçon..
É o momento em que a Lenda do Templo de Salomão é concluída.
É o cume dos graus originais das Lojas Simbólicas, tal como praticadas nas antigas Lojas de Inglaterra antes de 1820. Estes graus explicam as origens da palavra substituta encontrada no grau de Mestre Maçon, o resgate da Palavra Inefável e o seu ocultamento no Real Arco. Os Capítulos são presididos e geridos por Sumo Sacerdotes.
A cúpula dos Graus Capitulares é um Supremo Grande Capítulo do Arco Real com jurisdição própria e reconhecimento internacional e é presidida por um Grande Sumo Sacerdote responsável por todos os Capítulos constituintes.
ResponderExcluirA Maçonaria Críptica forma o corpo central do Rito de York da maçonaria livre. Um Mestre Maçon que tenha aderido a um Capítulo de Maçons do Arco Real, recebido os quatro graus e queira depois procurar mais conhecimento pode ser admitido num Conselho de Maçons Crípticos. Os graus da Maçonaria Críptica são dos graus mais belos da Maçonaria Livre. A Maçonaria Livre é muito filosófica e ensina os seus ideais através de alegorias. É moralista e religiosa, mas não é uma religião. Não oferece uma teologia nem um plano de salvação. Contudo, oferece um plano moral para ser aplicado neste mundo.
O Rito Críptico tem o nome derivado da Palavra Críptica porque a cena dos graus de Mestre Real e Mestre Escolhido ocorre na Críptica subterrânea sob o Templo do Rei Salomão. A Palavra representa na alegoria maçónica a busca pelo homem de objetivos para a vida e para a natureza de Deus. Simbolicamente, a Maçonaria Livre ensina, na Loja, como a palavra se perdeu e sobre a esperança da sua recuperação. O Arco Real, no Capítulo, ensina como ela foi redescoberta. A Maçonaria Críptica, no Conselho, completa esta história ensinando como se preserva a Palavra inicial. O Grande Conselho de Maçons Reais e Escolhidos é presidido e dirigido por um Grão-Mestre Críptico sob cuja administração estão os Conselhos Crípticos geridos por Ilustres Mestres.
As Ordens Cavalheirescas diferenciam-se de outras pela sua estrutura paramilitar. Os Estados Unidos por exemplo seguem a preceito a parafernália que é semelhante ao uniforme militar.
Neste Rito só pode pertencer á Ordem do Templo quem for cristão.
A Comendadoria Templária com as respetivas Ordens da Cruz Vermelha, de Malta e do Templo está estruturada numa Grande Comenda de Cavaleiros Templários também com Comendas subordinadas.
Estas Ordens Cavalheirescas são presididas por um Grande Comendador.
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