Assim como as cartas, usadas nos jogos de baralho, têm relação com o Tarot, oriundo do livro do Mural, ligado à civilização atlante e recodificado por Hermes – o Trimegistro – o xadrez é um jogo, extremamente, esotérico com aspectos ocultos interessantíssimos, ao olhar de um Iniciado nos verdadeiros Mistérios.
Como jogo, em si, não é necessário ser um Garry Kasparov para compreendê-lo, basta,simplesmente, saber que o tabuleiro, onde se joga, está dividido em 64 casas iguais, alternadamente em brancas e pretas, e aprender os movimentos de suas peças. Mas não queremos, aqui, ensinar a manipulação de peças ou “macetes” para vencer uma partida, e, sim, trazer uma abordagem esotérica, baseada em compilações, em especial no texto de Samael Aun Weor, sobre o assunto.
O Xadrez representa, em si, o Jogo da Vida.
A vida é um tabuleiro de xadrez, no qual cada um de nossos atos é uma jogada.
Se nossas jogadas são boas, inteligentes e oportunas, o resultado será o êxito, saúde e longevidade.
Caso contrário, se nossas jogadas são feitas de má fé, com egoísmo e inoportunamente, o resultado será o fracasso, a enfermidade e a morte.
Se analisarmos numericamente a quantidade de casas num tabuleiro, encontraremos o número 64, que, para efeitos número-cabalísticos, dá-nos um total de 10, o qual representa a Lei da Recorrência, a Repetição, a Retribuição, a Roda do Sanshara, a Roda da Vida, as forças evolutivas.
Poderemos relacionar as 64 casas do tabuleiro do xadrez aos 64 hexagramas do I Ching– O Livro das Mutações (Taoismo). Esses hexagramas se dividem em dois grupos: Yin e Yang (no xadrez, 32 brancas e 32 pretas). O nº 64 é o mesmo que 8² ou 8 x 8. O nº 8 está ligado ao Arcano da Justiça, assim sendo, temos (8 x 8) a Justiça Divina e a justiça dos homens.
Quando conseguirmos basear as ações da segunda na primeira, encontraremos o perfeito equilíbrio.
A quantidade de casas brancas é de 32. O nº 32 é igual a 5 (3 + 2 = 5), ligado à Lei do Dharma. O nº 32, também, está ligado aos 32 Portais da Sabedoria, que, no corpo humano, estão expressos pelos dentes. Os 32 dentes estão na boca, de onde sai o som, a vibração, ligado ao Chacra laríngeo, ao poder da criação do Verbo ( Jesus afirmava que o mal não está no que entra e sim do que sai da boca do homem!).
Esse mesmo número, na Caballah, relaciona-se às 10 Sephiroth da Árvore da Vida e seus 22 Caminhos da Sabedoria, os quais as interligam.
Em linguagem mística da luz, quando nos iniciamos no tabuleiro da existência, somos recebidos pelas forças brancas, ou seja, os peões com suas forças brancas. Eles nos dão as boas-vindas, indicando que começamos a evoluir.
Como nada na Natureza está estático, poderá chegar o momento em que, por descuido, sejamos tomados pelas garras das forças involutivas. A quantidade de casas pretas, que, também, é de 32 (3 + 2 = 5), está ligada à lei do Karma. Na linguagem mística das trevas, as casas pretas são a decadência, a disfunção e a morte, formando a polaridade.
Quando enfocamos o jogo nos aspectos militares, sobretudo nas cortes medievais, os peões simbolizam os soldados do Rei, que é a base dos planos para que avance. Seu movimento é, sempre, para frente e não pode recuar. Os oito peões são as oito Virtudes da Mãe Devi-Kundalini, que são: Compreensão, Vontade, Verbo, Reto pensar, Reto sentir, Reta maneira de ganhar a vida, que haja Paz e que haja Amor.
As Torres simbolizam o estado de Alerta, Percepção e de Alerta Novidade, o Corpo Astral e o Mundo Mental, as Colunas, erguidas à entrada do Templo maçônico.
Nos Grandes Mistérios, davam ao neófito o Cinzel e o Maço, para que a fosse polindo, a coluna Branca e a Negra. Os Cimentos da Torre, na época medieval, eram de pedra, e quase todas as Torres estavam feitas desse material, símbolo resplandecente da Energia Sexual.
Salvo os peões, que, são obrigados, sempre, a andar para frente, as outras Peças se encontram entre as Torres, ou seja, entre colunas.
O Cavalo é a única peça que dá saltos sobre as outras. Representa a Ousadia e o valor, para eliminar o Medo; seus movimentos descrevem o esquadro, tão importante nos estudos maçônicos.
Simbolizam a força que se vai adquirindo através do trabalho, com a energia sexual transmutada, sublimada. Simbolizam, também, a Inteligência, a amizade e o triunfo.
O Rei representa a Sabedoria, nosso Real Ser, o VM Interno, a Estrela Interior, que sempre nos sorri. Rei e Rainha simbolizam o homem e a mulher, trabalhando na Grande Obra, para atingir o androginismo.
Os Bispos são a Lança e a Gadanha, simbolizando, dessa maneira, a Mãe Divina, fabricando corpos e desintegrando defeitos. Alegorizavam as Lanças, a Urânia-Vênus dos Gregos.
O Tabuleiro é o jogo da Vida e não sabemos se estamos jogando a última partida. Os Quadrados Pretos e Brancos. Positivo e negativo. O equilíbrio em tudo. O Pavimento Mosaico e a dualidade.
Todo o jogo do Xadrez consiste em colocar o Rei em uma situação tal, que não possa mover-se, quando se lhe dá a Morte, o Xeque-Mate.
É sabido que, terminada uma partida de xadrez, pode-se iniciar mais uma vez, segundo os acordos dos jogadores, porém o Rei segue sendo o Rei e este não muda; assim é nosso Real Ser. É o que foi, o que é e o que será.
Para os mesopotâmios, o Ano Novo representava uma grande crise. Devido à chegada do inverno, acreditavam que os monstros do caos se enfureciam e Marduk, o seu principal deus, precisava derrotá-los, para preservar a continuidade da vida na Terra. O festival de Ano Novo, que durava 12 dias, era realizado para ajudar Marduk em sua batalha. A tradição dizia que o rei devia morrer no fim do ano, para, ao lado de Marduk, ajudá-lo em sua luta.
Deve-se notar que alguns valores, que temos dado às peças, não são os clássicos, senão esotéricos.
A Rainha não poderia faltar no Tabuleiro da existência, e, no xadrez, é o elemento feminino, o princípio universal da vida, o qual resplandece em toda a Obra, o próprio Deus; o Rei, desdobrado em Mulher, o Eterno Amor, que flui e reflui em todo ser criado.
Desde criança, pedimos suas ternuras, porque Ela é a outra metade de nosso Ser e vice-versa. Sem a Dama, a Rainha, em uma partida de xadrez, sentimo-nos sem o Poder Supremo, estamos perdidos. A liberdade de movimentos da Rainha, num tabuleiro de xadrez, é formidável.
Os valores fundamentais do xadrez são o Tempo, ou seja, a Rapidez, para realizarmos, os planos, o espaço, o domínio do maior número de defeitos. Se as jogadas no xadrez são bem feitas e com força suficiente, se o desenvolvimento e as circunstâncias foram maravilhosos, o resultado será a Vitória.
Na vida, o homem se depara com inúmeros problemas; cada pessoa necessita saber como resolver cada um desses problemas. Inteligentemente, todo xadrezista sabe que a solução está no próprio problema.
É mister que haja tranquilidade e equilíbrio perfeitos entre a Mente, a Emoção e o Centro Motor, para encontrá-la.
No mundo, existe uma enorme quantidade de pessoas a quem se proporcionaram elementos para triunfar na vida, porém carecem de hábitos e de capacidade para raciocinar, logicamente.
Podemos assegurar que todos os seres humanos são como pedras de xadrez no Tabuleiro da Vida. Cada um de nós está, em todo momento, repetindo ações, movimentos de partidas anteriores, de vidas passadas.
O somatório dessas ações, boas ou más, é o que vale, para que, quando iniciarmos uma nova partida, estejamos, de fato, mais bem preparados para vitória.
Somos jogadores, até então, inconscientes, que não aprenderam a jogar inteligentemente.
Os lances de nossas peças são nossas ações, que, ao final de cada jogo, ou de cada vida, serão pesadas, contadas e medidas, para que tenhamos, ou não, a oportunidade de iniciarmos um novo jogo, muito bem alegorizada no Julgamento do Tribunal de Osíris, na Tradição egípcia.
A criatura humana sem um Ensinamento Superior é como uma partida de xadrez sem peões, curtas de inteligência e com muitas limitações, ignorando que, dentro de si, as terríveis possibilidades devidamente desenvolvidas a levariam à Vitória Final.
Os Excelsos Ensinamentos da Sabedoria Iniciática das Idades, convidam-nos, mediante ao jogo-ciência, a vir a sermos jogadores inteligentes e conscientes, fazendo-nos Homens Reais e Verdadeiros.
O objetivo é, ao longo de cada partida, transformar vida-energia em vida-consciência, requisito fundamental para vencermos a Roda de Sanshara, a Roda da Vida. Com isso, passaremos a ser orientadores, e não mais jogadores inconscientes.
E, assim, segue a humanidade, tropeçando, caindo e levantando, até que desperte e tome consciência do seu Deus Interior (Iniciação), para que, através de um Trabalho Interno, consiga cruzar o Tabuleiro da Vida (Pavimento Mosaico), realizando os 12 Trabalhos de Hércules, para que, de fato, possa encontrar seu Mestre Interno e, posteriormente, auferindo méritos, ascender ao Oriente, para receber de um Querubim a Espada Flamígera, símbolo do despertar dos sete princípios evolucionais, fazendo-se Uno ao Pai.
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