A apenas 55 quilômetros de Fortaleza, o município de Redenção foi o primeiro do Brasil a libertar os escravos.
O fato histórico ocorreu no dia 25 de março de 1884, quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel. A data, então, ficou estabelecida pelo parágrafo único do artigo 18 da Constituição Estadual como data magna do Ceará e passou a ser feriado para as comemorações oficiais da libertação dos escravos.
Também em reconhecimento ao pioneirismo do fim da escravidão, Redenção foi o município escolhido para receber a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) desde 2009. Mas a cidade também abriga vários outros pontos turísticos que remetem ao fato histórico da libertação dos escravos. Opção de passeio neste feriado, é possível conhecer boa parte de Redenção em um dia.
Às margens da CE-060, na entrada de Redenção, o Sítio Livramento abriga o Museu Senzala Negro Liberto, um canavial e a unidade de produção da aguardente Douradinha. O sítio foi construído em 1873, pela família Muniz Rodrigues. O marco histórico do local é a concessão de cartas de alforria a todos os negros cativos, em 25 de março de 1883, cinco anos antes da assinatura da Lei Áurea.
O museu, criado em 2003, é composto por casa grande, senzala, canavial, a moageira e uma lojinha (Mercado da Sinhá). O conjunto arquitetônico colonial é original e tem boas condições de conservação. Na área, encontram-se a original casa grande dos senhores do engenho, a senzala, o canavial e o antigo maquinário de fabricar a cachaça Douradinha. A casa grande possui uma característica especial que a diferencia de outras no Brasil.
O casarão foi construído no século XVIII. Abriga móveis e utensílios antigos do fim do século XIX, fotos da família Muniz Rodrigues e histórias da época da escravidão. Nas salas são conservados objetos doados ou dos antigos donos. Um deles é uma peça do século passado que servia para engarrafar a cachaça e colocar a tampa de cortiça. Existem ainda uma coleção de cédulas antigas da época.
Em outra parte do sítio, a senzala era onde os escravos descansavam e eram castigados. Eles eram chicoteados no local e, como eram muito altos – tinham cerca de 1,80 metros – precisavam ficar deitados. Quanto mais rebeldes, mais no fundo da senzala ficavam. Um cômodo úmido, parecido com um túnel, de teto baixo, com uma única e estreita entrada de ar com grades. No cubículo escuro, eram colocados cerca de dez escravos.
Ao todo, nos pequenos e escuros cubículos da senzala viviam cerca de 100 escravos. Eles eram obrigados a entrar ali às 18 horas e sair às 6 horas. Dormiam no chão, em cima de esteiras de palha. Em cada cômodo havia instrumentos de tortura, como correntes, algemas e gargalheiras. Essas últimas serviam para prender o escravo na parede pelo pescoço. Havia até para criança e adolescente.
Também no Sítio Livramento, o Engenho Grande ainda guarda uma máquina de moagem de cana-de-açúcar fabricada na Escócia em 1927. Ele ainda funciona entre os meses de agosto a dezembro, produzindo entre 8 a 15 mil litros de caldo de cana por dia para a produção de cachaça.
Outras atrações
A Fazenda Gurguri-Senzala foi transformada em uma pousada, mas conserva a estrutura do período da escravidão. Está localizada na Serra do Gurguri, a 18 km da sede do município. O acesso é pela estrada de Barra Nova. Na Praça da Liberdade, no centro, foi construído um obelisco em homenagem aos 50 anos da abolição no município, em 1933. Também no centro da cidade, foi construído o Busto da Princesa.
O Monumento Negra Nua, construído na metade do século passado, é estruturado por concreto e revestido com pastilhas de azulejo. Retrata uma negra nua, que dá graças às luzes do céu por sua liberdade. Ele fica localizado na entrada da cidade, à Avenida da Abolição, em frente ao prédio da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).
Cartão postal do município, com uma escadaria de 720 degraus, o Monte das Graças conduz a um grande crucifixo e à imagem de Nossa Senhora das Graças. Fica na Serra do Cruzeiro. Outra opção para os visitantes, a 8 km da sede, é a Cachoeira de Paracopeba, com 12 metros de altura, 25m de largura e profundidade de até 3 metros. Local com árvores de grande, médio e pequeno porte, excelente para trilhas. Em cima da cachoeira, há um barzinho.
Também há três igrejas históricas na cidade.
A Igreja de Nossa Senhora da Imaculada, a Matriz, foi concluída em agosto de 1868 e tem estilo romântico. A Capela de Santa Rita, inaugurada em 29 de dezembro de 1917, foi construída em estilo gótico. Possui uma escadaria com 109 degraus e proporciona uma bela vista parcial da cidade. A mais nova, a Capela de São Miguel, tem estilo gótico eclético e foi inaugurada em março de 1936.
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