A Importância do silêncio em nossas vidas


O mundo em que vivemos é complexo e desconhecido. Cada instante é novo e único. Nosso próprio ser é um mistério profundo e ainda por revelar. Que certeza poderia nos trazer uma mente sem guia, desordenada e incapaz de silenciar? Que sabedoria há em seguir o fluxo dessa dinâmica mental involuntária? Por isto, se queremos a sabedoria, precisamos buscá-la além do intelecto. Não estamos alegando que o intelecto seja inútil, mas sim que a sabedoria é algo mais específico. Uma vez que pode estar associada ao intelecto, mas também pode se expressar de forma direta através da ação intuitiva. Para além do mundo dos conceitos e das opiniões, existem regiões superiores e mais profundas em nossa própria consciência, onde reina a intuição. No silêncio da mente escutamos a sabedoria que palpita viva em nosso interior. E tudo se mostra sob uma luz natural e descomplicada. Assim é fundamental aprender a silenciar a mente. Pois o silêncio interior nos confere uma lucidez especial sobre quem somos, o que sabemos de verdade, o que de fato precisamos, do que realmente somos capazes, etc. 

E isto, através de um sentir simples e direto. 

Assim, aprendemos a nos conduzir de forma intuitiva e prática nas várias adversidades da vida.

Deus é um Silêncio. O homem, uma voz”


Harpócrates, Deus do silêncio

Desde as primeiras civilizações, nomeadamente as que tinham sociedades iniciáticas, o silêncio é um importante elemento cultural, imposto drasticamente para salvaguardar os seus segredos. 

Em quase todas é representado por uma criança com o dedo sobre os lábios. 

No Antigo Egipto, em função da característica misteriosa dos seus rituais, existia até a crença num “deus” do silêncio, chamado Harpócrates

Entre os magos e sacerdotes egípcios, os iniciados assumiam um estado de silêncio total, a fim de se resguardarem os segredos e incitar os neófitos à meditação, regra que seria adoptada por todas as sociedades iniciáticas posteriormente. 

No ocultismo o ato do silêncio é de grande importância, para alguns é um simples ato que muitos deveriam adotar, saber a hora de falar e a de calar, como nos ensina Pitágoras nessa frase: “Se o que tens a dizer não é mais belo que o silêncio, então cala-te….”


O Silencio pode dizer mais do que
palavras…

Podemos ficar em silencio no momento em que precisaríamos falar e falar na melhor oportunidade em que poderíamos ficar em silencio. 

Às vezes o silencio é necessário, pois através dele temos um momento único, capaz de nos fazer refletir e nos ajudar a tomar grandes decisões. 

O silencio pode servir de proteção, podendo esconder emoções ou palavras, gerar dúvidas e até tornar as pessoas em nossa volta confusas. 

Alguns até mesmo usam o silencio para punir, e quem nunca se sentiu punido devido a um prolongado silencio? 

Alguns vivem em eterno silencio, onde quase nunca expressam suas emoções ou falam sobre si mesmas e suas inquietudes, tornando-se simplesmente misteriosas. 

O silencio pode ser tão profundo quanto superficial, podendo ter tanto um enorme significado quanto quase nenhum, podendo representar algo tão importante ou simplesmente nada e podendo surgir motivado por diferentes situações ou completamente sem qualquer motivo.

Viver uma vida de silencio pode nos colocar num mundo privado, só nosso, nos privar de qualquer amizade por estabelecer barreiras quase intransponíveis e nos apartar até mesmo daqueles que nos amam. 

Entender alguém em silencio nos exige maior capacidade analítica, pois avaliar uma pessoa em palavras é fácil quando comparado com a compreensão dos motivos do silencio.

Existem momentos na nossa vida que o silencio é tudo que queríamos. 

Nesses momentos a simples oportunidade de deitar-se numa grama e ouvir o silencio das arvores e dos pássaros pode ser uma experiência única.

As vezes o silencio pode significar expressar em frases escritas aquilo que não seriamos capazes de expressar pessoalmente

O silencio sempre representará a ausência total de palavras, mas existem momentos de silêncios podem dizer muito mais do que palavras.

Budismo

Aprende com o silêncio a respeitar o seu “eu”, a valorizar o ser humano que você é, a respeitar o Templo que é o seu corpo e o santuário que é a sua vida. Aprende com o silêncio a ouvir os sons interiores da sua alma, a calar-se nas discussões e assim evitar tragédias e desafetos. Aprende com o silêncio a respeitar a opinião dos outros, por mais contrária que seja da sua. Aprende com o silêncio que a solidão não é o pior castigo, existem companhias bem piores. Aprende com o silêncio que a vida é boa, que nós só precisamos olhar para o lado certo, ouvir a música certa, ler o livro certo, que pode ser qualquer livro, desde que você o leia até o fim. Aprende com o silêncio que tudo tem um ciclo, como as marés que insistem em ir e voltar, os pássaros que migram e voltam ao mesmo lugar, como a Terra que faz a volta completa sobre o seu próprio eixo. Aprende com o silêncio a respeitar a sua vida, valorizar o seu dia, enxergar em você as qualidades que possui, equilibrar os defeitos que você tem e sabe que precisa corrigir e enxergar aqueles que você ainda não descobriu. Aprende com o silêncio a relaxar, mesmo no pior trânsito, na maior das cobranças, na briga mais acalorada, na discussão entre familiares. Aprende com o silêncio a respeitar o seu “eu”, a valorizar o ser humano que você é, a respeitar o Templo que é o seu corpo e o santuário que é a sua vida. Aprende hoje com o silêncio, que gritar não traz respeito, que ouvir ainda é melhor que muito falar. E em respeito a você, eu me calo, me silencio, para que você possa ouvir o seu interior que quer lhe falar, desejar-lhe um dia vitorioso e confirmar que você é especial!

Morada do Silêncio Rosacruz

Vocês já pararam para pensar como a vida atual é barulhenta? 

Estamos quase o tempo todo cercados por muitos sons nem sempre agradáveis ou salutares. 

Raras são as oportunidades em que podemos ficar a sós. Vivendo neste ambiente, procurar a quietude para momentos de descanso e reflexão toma-se uma necessidade imprescindível para aqueles que buscam uma vida mais serena e harmoniosa.

Os Rosacruzes, desde sua origem, consideram o silêncio uma necessidade humana básica para o desabrochar das potencialidades latentes e para o autoconhecimento, já que só podemos saber quem somos quando olhamos para dentro, para as nossas motivações mais íntimas e, mais do que isto, quando aquietamos nossos pensamentos e ouvimos Deus em nós. Conhecendo a importância do silêncio no processo do desabrochar espiritual a AMORC mantém a Morada do Silêncio, local onde os Rosacruzes podem desfrutar da quietude que os põe em contato com o que há de mais sublime no ser humano.

Cristianismo

No contexto atual, a sociedade nos cobra viver em atividades constantes, onde o silêncio se torna quase inexistente colocá-lo em prática mais ainda, principalmente na Igreja, onde precisamos reeducar os fiéis no silêncio interior e exterior, isso se torna ainda mais difícil. 

Com a reforma litúrgica o silêncio passou a ser primordial para o bom andamento das celebrações. Mas não é o que estamos vivendo, o silêncio não é mais valorizado. 

Nossas missas, então repleta de barulhos, ruídos, sons dos instrumentos muito alto, fora as nossas acolhidas que se tornaram momento de bate papo ou encontros de amigos nas portas de nossas Igrejas. 

E onde fica o silêncio? 

Aquele silêncio que nos convida a interagir com Deus, aquele momento para que o coração se recolha, para entrar em comunhão com o Senhor da vida. 

O silêncio na Igreja é essencial, é importante para a nossa vida espiritual, para que o cristão entre em sintonia com Deus. 

A Igreja deve preservar um clima de harmonia, de tranquilidade, que levem os fiéis a prepara-se para o diálogo com Deus. 

Nas celebrações, as leituras, os cantos, as aclamações, nos ajudam a fortalecer a convivência comunitária, mas não podemos excluir os momentos que nos levam a refletir, a meditar, a vivenciar o silêncio sagrado em nossas Igrejas, afim, de termos um maior contato com o Altíssimo. 

Sendo assim, nossas Igrejas devem proporcionar um ambiente para o recolhimento, a meditação, a oração, o clima de paz. O “Silêncio diante do Senhor!” (Sf 1,7) que leva os fiéis ao um encontro fecundo com Deus.

Maçonaria

Na maçonaria, o silêncio tem um rico significado e é sobre este aspecto que nós o estudaremos. 

Somente o homem capaz de guardar o silêncio será disciplinado em todos os outros aspectos de seu ser, e assim poderá se entregar à meditação. 

Enfim, o silêncio é a virtude maçônica que desenvolve a discrição, corrige os defeitos, permite usar a prudência e a tolerância em relação aos defeitos e faltas dos semelhantes. 

Os maçons se reúnem em Templos, e “O Templo representa a fortaleza da paz e do silêncio”. (Isaías, cap. 30 v. 15).

A imposição do silêncio não é somente uma disciplina que fortalece o carácter, é também, e principalmente, o meio pelo qual o Iniciado pode entregar-se à meditação sobre os augustos mistérios que encerram as perguntas que todo o espiritualista se faz: donde vim? Quem sou? Para onde vou? 

Perguntas essas que o iniciado maçom defronta desde o momento em que transpõe a porta da Câmara de Reflexão. É também o meio de melhor observar os ensinamentos maravilhosos contidos no Ritual.

O silêncio deve ser rigorosamente mantido, não por força de disposições regulamentares ou pelos ditames da boa educação e das conveniências sociais, mas para que possa ser formado o ambiente de espiritualidade, próprio de um Templo. 

Ao ajudar a formação desse ambiente, tão propício à meditação, o maçom beneficia-se a si mesmo e beneficia aos demais. 

A fecundação das ideias se faz no silêncio. 

O silêncio envolve os grandes acontecimentos, o mutismo os esconde. Um assinala o progresso, o outro a regressão. 

Dizem as regras monásticas que o silêncio é uma grande cerimônia, pois Deus chega à alma que nela faz reinar o silêncio, mas torna mudo que se distrai em tagarelices. 

Os mistérios na maçonaria devem ser velados em silêncio, pois em relação ao mundo profano nossos segredos existem com o objetivo de não poluí-los pelos que não se encontram preparados para entendê-los, e nada mais perigoso do que a verdade mal compreendida. 

O silêncio que é considerado um poder divino a mãe de todas as virtudes; particularmente, o consideramos  companheiro da reflexão. 

A disciplina do silêncio é um dos ensinamentos fundamentais da maçonaria. 

Quem fala muito pensa poucorápido e superficialmente, e a maçonaria quer que seus adeptos se tornem mais pensadores do que faladores. 

Silêncio das colunas, o que significa que democraticamente foi concedido o direito à palavra. Por fim, encerramos a sessão jurando pelo silêncio sobre tudo o que foi visto e falado em Loja. 

A lei do silêncio nada mais é do que um perpétuo exercício do pensamento. 

Calar não consiste somente em nada dizer, mas também em deixar de fazer qualquer reflexão dentro de si, quando se escuta alguém falar.

Ancorados no silêncio da Loja, podemos ver surgir, sem a eles aderir completamente, os mecanismos habituais de nossas associações de pensamento e nossos impulsos emocionais. 

Os ruídos e as agitações estão lá e suas consistências são muito reais, mas em nosso silêncio, em nossa ancoragem vigilante nós as vemos nascer, agitar-se, tentar ampliar-se e como nós não mais as seguimos, não mais aderimos, elas morrem lentamente, mesmo se forem subitamente substituídas por uma outra série de ruídos e agitação. 

Concretamente, ou nós resistimos ao aparecimento de ruídos e mantemos nossa independência e nossa liberdade, ou nos deixamos seduzir pela curiosidade de ver onde elas nos levarão, e nos tornamos seus escravos. 

O silêncio imposto em Loja nos permite conhecer a realidade de nossos mecanismos. 

O desejo de ficar em silêncio leva nossa vigilância a observar nossos mecanismos automáticos muito frequentemente inconscientes ou arbitrariamente justificados, a não mais ser seu escravo, ir além deles e os controlar pelo abandono. 

No silêncio voluntário, vemos surgir nossos pensamentos e emoções, nós os ouvimos se apoiar em teorias peremptórias, nas opiniões abundantes vindas de nossa infância, de nossos pais, de nossos professores, de nossos encontros e de nossas experiências passadas, de toda a nossa história em geral, de nossas certezas imutáveis e confortáveis, de nossas revoltas e de nosso gosto pela aventura. 

No silêncio, tomamos a medida de nossa contaminação por nossos ruídos antigos, e podemos observar o rodeio do pensamento, nos outros e em nós mesmos, que se esforça para sempre impor as mesmas certezas, as mesmas ambições, os mesmos desejos, a mesma aparência para sermos reconhecidos, admirados e amados, com o único objetivo de preservar este sabor falsificados de vida feliz na aparência, desde o surgimento de uma onda momentânea que será finalmente engolida na ressaca do oceano da vida.

Olhe para uma mãe diante do seu filho no berço. 

Ele consegue muito bem tudo o que quer sem dizer nenhuma palavra. 

São necessários dois anos para que o ser humano aprenda a falar e toda uma vida para que aprenda a ficar em silêncio. 

Reina silêncio em ambas as Colunas.



Biografia: O Deus do Silêncio- Luiz de Castro Quiriri / Editora: Renzo

Biografia: http://mitologia-grega.hi7.co/harpocatres-5641665e5b8f9.html

Biografia: https://bibliot3ca.com/o-silencio-voz-da-iniciacao/

Biografia: https://www.ofielcatolico.com.br/2007/08/a-importancia-do-silencio-na-liturgia-e.html

Biografia: http://www.umcaminho.com/2017/01/a-importancia-do-silencio-em-nossas-vidas/

Biografia: https://www.amorc.org.br/morada/

Biografia: https://www.amorc.org.br/meditacao-silencio-mistico/

Biografia: https://conteudorama.com/a-importancia-do-silencio-na-maconaria/

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