As oito colunas da Sabedoria
Na Cripta dos Grandes Filósofos iremos encontrar oito colunas, sobre as quais oito bustos, representando os fundadores das grandes religiões que orientam o espírito humano foram colocados.
Numa nona coluna,
o resultado final dos ensinamentos destes grandes construtores do espírito
universal é demonstrado pelo aparecimento da Estrela, que é Gnose, Iluminação,
Sabedoria, como que a demonstrar que tudo o que procuramos, seja qual for à
religião que adoptemos, é simplesmente a Verdade.
Confúcio
A verdade pode assumir muitas faces e pode ser buscada por variados caminhos. Assim, ela pode ser atingida através da doutrina de Confúcio, cujo núcleo fundamental era o respeito pela hierarquia, pela ordem estabelecida e pela cultura dos ancestrais, como verdadeiro caminho para se possa obter a rectidão do carácter e o aprimoramento do espírito.
Confúcio (Kung-fu-tzu), nasceu provavelmente em 551 a.C., no
antigo principado de Lu, na moderna Xantum, sendo nobre descendente do clã dos
Kong. Mesmo sendo de origem nobre, parece que a sua família era bastante
humilde.
Era conhecido como sendo um homem educado, cortês e justo.
Casou-se muito jovem e entrou para a administração pública. Pela sua reconhecida sabedoria, logo alcançou o cargo de ministro da justiça. Mas rapidamente se cansou da vida de Ministro e por não concordar com algumas das práticas utilizadas pelo Imperador na distribuição da Justiça logo abandonou o cargo.
Trocou a vida política pelo ensino, tornando-se famoso como professor.
Com 35 anos de idade viu-se forçado a voltar para as lides políticas em consequência de uma guerra civil.
Chamado pelo novo
Imperador para ser seu conselheiro, Confúcio começou aí a sua carreira de
filósofo, divulgando os seus pensamentos acerca da moral e da política,
reunindo muito discípulos em volta de si.
Viajou por toda a China divulgando a sua doutrina.
Todos se admiravam com a sua sabedoria e a sua moral inatacável. Não obstante, as disputas políticas e as rivalidades intelectuais acabaram por envolvê-lo em inúmeras querelas.
Por isso foi preso várias vezes e submetido inclusive a duras torturas físicas e morais.
No entanto, as suas ideias expandiram-se por toda a China e fora dela. A sua doutrina serviu de fundamento para diversos sistemas políticos e morais durante todo o período imperial chinês.
Por isto
Confúcio é saudado ainda hoje, como um dos grandes construtores do espírito
universal. Morreu em 479 a C.
Zoroastro ou Zaratustra
Zoroastro, ou Zaratustra, segundo a tradição, nasceu de uma virgem. Dizem que a natureza ficou tão feliz com a sua vinda ao mundo que durante três dias o sol não se pôs.
Dizem que desde a mais tenra idade ele possuía uma sabedoria extraordinária que se manifestava na sua conversação e na sua maneira de ser.
Aos sete anos descobriu que no cultivo do silêncio estava o principio da sabedoria.
Vários sábios profetizaram a sua vinda para o cumprimento de uma missão divina.
Ficou conhecido pela bondade com
que tratava a todos, indistintamente, fossem eles pobres, ricos, jovens,
nobres, plebeus, anciãos, enfermos e animais.
Aos 20 anos retirou-se para uma montanha e passou a viver numa caverna.
Conta-se que foi várias vezes tentado pelo demónio e venceu-o. Depois de sete anos de solidão e vida ascética voltou para a cidade, onde começou a ensinar ao povo a doutrina das sete ideias.
Estas ideias, que comportavam os sete passos para se atingir a luz da iluminação, seriam o cerne da nova religião que os persas adoptariam no futuro.
Esta religião era o
Mazdeísmo, cuja doutrina se centrava na eterna luta entre dois princípios
contrários, a luz e as trevas, representadas por dois deuses, o do mal, Arimã,
e o do bem, Ormuz.
A doutrina de Zaratustra ensina que antes do mundo existir, reinavam dois espíritos ou princípios antagónicos: os espíritos do Bem (Ahura Mazda, ou Ormuz) e do Mal (Arimã).
Abaixo deles uma plêiade de divindades menores formavam contingentes do bem e contingentes do mal. Vários génios e espíritos ajudavam Ormuz a governar o mundo e a combater Arimã e a legião do mal, da mesma forma que outros tantos ajudavam Arimã na sua luta para fazer triunfar o mal.
Entre essas divindades auxiliares, a mais importante era
Mithra, um deus benéfico que exercia funções de juiz das almas.
O culto a Mithra, já no final do século III d.C., tornou-se um dos cultos mais importantes do Império Romano.
Pela sua semelhança
com o Cristianismo, o Mitraísmo foi muitas vezes confundido com ele, provocando
a ira da Igreja Católica.
O deus do mal, Arimã, é representado como uma serpente, criador de tudo que há de ruim no mundo.
Crime, mentira, dor, secas, trevas, doenças, pecados, entre outros malefícios, são produtos de Arimã.
Ele é o espírito hostil, destruidor, que vive no deserto entre sombras eternas.
Ormuz, no entanto, é o Criador original, organizador do mundo de modo perfeito.
No plano cosmológico, ele é o criador do universo e da raça humana, com poderes
para sustentar e prover todos os seres, na luz e na glória supremas.
Na doutrina de Zoroastro, Bem e Mal não são apenas valores morais, que existem para regular a vida quotidiana dos seres humanos.
Eles são, antes disto, verdadeiros princípios cósmicos, que estão em perpétua discórdia.
A luta entre Bem e Mal originam os fenómenos da vida do universo e da humanidade.
A vitória definitiva de Ormuz sobre Arimã só poderia ocorrer se
os homens conseguissem formar uma legião de seguidores e servidores, forte o
bastante para vencer o Espirito Hostil e expurgar o Mal do universo. Esta era missão
de Zoroastro.
De acordo com os ensinamentos de Zoroastro, o mundo duraria doze mil anos.
No fim de nove mil anos, ele viria outra vez ao mundo
como um sinal e uma promessa de redenção final para aqueles que professassem a
verdadeira doutrina. Mas antes da sua vinda, um seria precedido por um
precursor para lhe preparar o caminho.
A ideia de um julgamento final, com a condenação
dos maus e a salvação dos bons já está presente na doutrina de Zoroastro. Nela
também está presente a noção da ressurreição.
No final dos tempos haveria o julgamento derradeiro de todas as almas e a ressurreição dos mortos.
Não fica claro se o inferno tem duração eterna, se os maus se agitarão eternamente “nas trevas”.
Nos Gathas,
cantos de Zaratustra, consta também que o mal poderia ser banido para sempre do
universo, com o nascimento de um novo mundo, física e espiritualmente perfeito,
aqui na Terra.
Não seria possível, assim, a coexistência de um
mundo físico degradado e um mundo hiperfísico perfeito.
A doutrina de Zoroastro propugna por um equilíbrio
perfeito entre o homem e a natureza.
Aconselha que tenhamos o devido respeito para com a terra, a água, o ar, o fogo e a comunidade.
O cultivo de uma boa mente, através das palavras e boas acções é de livre escolha do homem: o indivíduo tem livre arbítrio para decidir o que deve fazer em face das circunstâncias que se lhe apresentam.
O bom resultado é consequência de uma adequada reflexão a respeito
de cada acção que devemos fazer.
E isto faz surgir uma responsabilidade social que nos torna colaboradores de Deus no projecto que Ele se propôs desenvolver para o mundo.
Por isso, os principais mandamentos para que se possa ter uma vida correcta são: falar a verdade, cumprir com o prometido e não contrair dívidas.
O homem deve tratar o outro da mesma forma que deseja ser tratado.
Daí a regra de ouro do Mazdeísmo: “Age com os outros como gostarias que agissem contigo“.
O Mazdeísmo, como se pode perceber, foi o precursor do Cristianismo. Nele encontraremos a maioria dos pressupostos doutrinários que Jesus ensinou aos seus discípulos.
Nos primeiros anos do Cristianismo, quando a doutrina de Zoroastro competia com o Cristianismo, muitos foram os conflitos entre os adeptos de uma e de outra religião.
A vitória final dos bispos de Roma
empurrou para o rol das heresias a maior parte destes ensinamentos, omitindo o
facto de que as doutrinas que eles estavam defendendo eram, na sua grande
maioria, oriundas do Zoroastrismo.
E para quem percorreu connosco o labirinto das
tradições maçónicas, não será difícil entender a razão de alguns sectores desta
mesma Igreja olharem com desconfiança a Maçonaria, pois ela tem muito do
Zoroastrismo.
A doutrina de
Zoroastro está contida no compêndio conhecido como Zend Avesta, conjunto de
cinco livros que significam “comentários sobre o
conhecimento”.
SIDARTA GAUTAMA, O BUDA
Não menos correto no seu caminho estava o grande Sidarta Gautama, príncipe indiano que se despiu da importância que tinha como Brâmane e renunciou a todo o conforto da sua alta estirpe para se tornar um monge mendicante.
Assim fez por que entendia que a iluminação procurada pelo espírito humano só poderia ser alcançada se ele se despisse de todos os desejos da carne, responsáveis pelo seu apego à matéria. Sidarta Gautama alcançou, ainda em vida, o Nirvana, que é o estado do completo esvaziar do Ego.
Fez isso através de uma vida de meditação e prática ascética, criando
uma doutrina e um modo de viver que é seguido hoje por um quarto da população
do mundo.
Sidarta nasceu de família nobre, provavelmente no
ano de 560 a.C.. Era filho de um rei do povo Sakhya (razão pela qual o seu nome
verdadeiro era Sakhya Muni). Este povo habitava a região da fronteira entre a
India e o Nepal. Foi contemporâneo de grandes nomes da filosofia tais como
Heráclito, Pitágoras, Zoroastro, Confúcio e Lao-Tsé.
Sidarta viveu confortavelmente no seu palácio até aos trinta anos de idade. Casou-se, teve um filho e nada prenunciava que não viesse a ser rei do seu povo.
Criado de forma reclusa, como era tradição
naqueles tempos e lugares, Sidarta tinha pouco contacto com o mundo. Um dia,
andando pela cidade, fugindo da rotina do palácio, ele viu três coisas que
mudaram a sua visão do mundo: a primeira foi um ancião encurvado que não
conseguia andar e se apoiava num bastão; a segunda um indivíduo que agonizava
no meio de terríveis dores devido a uma doença, e por último um cadáver
envolvido numa mortalha.
Foram estes três
eventos que o fizeram ver a triste realidade em que o ser humano está
envolvido: a velhice, a doença e a morte. A estas três realidades ele chamou de
“as três marcas da impermanência“.
Esta visão abalou-o profundamente e ele passou a ver a vida de outra maneira.
Pensando nestas coisas teve uma visão.
Viu um Sadhu (monge eremita errante) pedindo esmolas. O seu rosto irradiava uma paz profunda e ele mantinha uma dignidade impressionante.
Isto impressionou-o de
tal modo que ele decidiu renunciar à sua vida de príncipe e dedicar-se à busca
da verdade.
Sidarta Gautama abandonou o palácio e tornou-se um asceta mendicante. E assim viveu durante sete anos tentando entender a razão dos sofrimentos humanos.
Um dia, cansado das suas peregrinações, sentou-se ao pé de uma figueira e resolveu que não sairia de lá enquanto não tivesse alcançado a iluminação.
Lá ficou durante 49
dias, meditando, amortecendo todos os sentidos, até encontrar o nada psíquico,
onde todos os desejos desaparecem. Assim ficou até atingir a Iluminação, estado
chamado de Nirvana, aniquilamento total do Eu.
A partir desta conquista e da descrição do que ela significava, Sidarta foi chamado de Buda (o que despertou) ou Shakyamuni (o sábio dos shakyas).
A doutrina que nasceu das suas experiências ficou conhecida
como o Caminho do Meio, ou simplesmente o Dharma (a lei).
Depois disto Sidarta, agora conhecido como Buda, O
Iluminado, dedicou-se a ensinar os seus discípulos o caminho da Iluminação.
Moisés
Saudemos a Moisés, pois com o caminho que ele abriu para os judeus e para os povos que adoptaram a religião mosaica, um novo conceito de viver e honrar o Grande Arquitecto do Universo foi ensinado à humanidade.
Foi ele que intuiu o conceito da unidade
morfológica do universo e o manifestou através da ideia de um Deus universal e
único. O espírito humano, fragmentado e disperso, torna-se escravo da
ignorância e da tirania, e é exactamente isso o que a grande saga dos hebreus,
libertos por Moisés do cativeiro egípcio, nos inspira.
Ela é uma grande
jornada em busca da unificação espiritual. Este é o grande Mistério contido no
Inefável Nome de Deus, e é por isso também que o magistério maçónico tanto se
vale das fontes bíblicas como inspiração desses ensinamentos [1].
Hermes Trismegistus
Em seguida temos o lendário Hermes Trismegistos, tido como fundador das primeiras civilizações instaladas na terra. Hermes é associado também ao deus Toth e Osíris, sendo crença geral dos antigos egípcios que eram todos a mesma entidade, vinda ao mundo em diferentes etapas da humanidade e para diferentes propósitos.
Hermes teria ensinado aos seres humanos não só os rudimentos das suas ciências, mas também uma sabedoria secreta que somente alguns iniciados poderiam conhecer.
Por isso esta ciência ficou conhecida como
hermética e a Maçonaria, dada a sua própria característica de doutrina
iniciática, contém um forte apelo a este tipo de doutrina.
Hermes Trismegisto (Hermes Trismegistus em latim), significa três vezes grande.
Esse é o nome dado pelos filósofos neoplatónicos, e também pelos gnósticos e alquimistas, ao deus egípcio Thoth, que na Grécia foi identificado com o deus grego Hermes.
Tanto no Egipto como na Grécia esses deuses eram
identificados com a escrita e a magia.
Na cultura egípcia, Toth simbolizava a lógica organizada do universo. Por isso os sacerdotes egípcios identificavam-no com os ciclos lunares, cujas fases expressavam a harmonia universal.
Nos escritos egípcios ele é referido como sendo “três vezes grande”. Patrocinava a escrita e a filosofia, sennaturalmente identificado com o Hermes grego, que também tinha essa prerrogativa.
Na hagiografia greco-romana, Hermes tornou-se “escriba e
mensageiro dos deuses”, enquanto no Egipto, na época helénica, era tido como o
autor de um conjunto de textos sagrados, chamados “herméticos”, contendo
ensinamentos esotéricos sobre artes, ciências, religião e filosofia.
Este conjunto de ensinamentos ficou conhecido como Corpus Hermeticum, e quem os adquirisse alcançaria a chamada iluminação, obtida através do conhecimento das coisas divinas.
Os escritos herméticos foram a base para a doutrina que viria depois, com o advento do Cristianismo, chamada Gnose.
É evidente que o conjunto de livros
denominado Corpus Herméticum foram
escritos por várias pessoas, mas como representam um corpo doutrinário único,
eles foram atribuídos ao grande deus da sabedoria.
O Corpus Hermeticum foi escrito provavelmente entre os séculos I, II e III, da nossa era e como já dissemos, foi a fonte de inspiração do pensamento hermético e neoplatónico renascentista que se convencionou chamar de Gnose. Na época veiculou-se a ideia de que o Corpus Herméticum seria mais antigo do que a Bíblia Sagrada, anterior inclusive a Moisés e que nele estivesse contido também as raízes do Cristianismo.
Clemente de
Alexandria, um mais famosos bispos da Igreja Romana, que
viveu nos primeiros séculos do Cristianismo, afirmava que o Corpus Herméticum era composto originalmente
de 42 livros subdivididos em seis conjuntos.
O primeiro conjunto tratava da educação dos sacerdotes;
o segundo, dos rituais do templo;
o terceiro falava de geologia, geografia, botânica e agricultura;
o quarto, tratava de astronomia, astrologia, matemática e arquitectura;
o quinto era dedicado aos hinos que louvavam aos deuses e era também um guia de acção política para aqueles que detinham autoridade;
o sexto tratava de medicina.
Costumava-se creditar também a Hermes Trismegisto o Livro dos Mortos, tratado egípcio que ensina como as almas se devem portar perante o julgamento no Tribunal de Osíris.
Além disso, Hermes teria sido
também o fundador da alquimia, através do famoso texto alquímico conhecido como
“A Tábua de Esmeralda”.
Platão
Entre os filósofos da Cripta encontraremos também o grego Platão. Ao contrário dos demais, Platão não fundou uma religião e a sua inclusão nesse selecto rol seria injustificada não fosse ele o organizador das ideias do grande Sócrates.
Este, embora também não tenha fundado nenhuma religião, foi o pioneiro entre os pesquisadores da psique humana. O seu trabalho abriu caminho para o entendimento de como a mente humana funciona e como ela pode ser construída a partir de certo modo de pensar e agir.
Entendendo a verdadeira natureza das entidades ontológicas que influenciam o espírito humano, entidades essas que exprimimos através de conceitos (bom, mau, belo, feio, justo, injusto, verdadeiro, falso, etc.), e vivendo de forma adequada com esses conceitos, é possível chegar ao conhecimento da Verdade.
Platão nasceu em Atenas, em 428 ou 427 a.C., filho de pais aristocráticos e abastados, de família antiga e nobre.
Tinha um temperamento educado para as artes e para a filosofia, característica dos gregos bem educados.
Na sua mocidade, cultivou a poesia e a retórica,
actividades que nunca abandonou durante a vida toda, e que muito o ajudaram na
expressão estética que deu aos seus escritos.
Aos vinte anos, Platão tornou-se discípulo de
Sócrates – então já com quase sessenta anos. Por oito anos estudou com o grande
mestre. Estudou também os outros filósofos, anteriores a Sócrates, e depois da
morte deste, Platão foi estudar com Euclides, que então mantinha uma famosa
academia em Mégara.
De volta a Atenas,
em 387 a.C., Platão fundou a sua famosa escola nos jardins de Academo, razão
pela ela ficou famosa com o nome de Academia.
Platão legou-nos uma vasta obra literária.
A parte mais importante dessa obra é representada pelos diálogos, composição discursiva em que ele mostra a evolução do seu pensamento, desde os tempos em que era discípulo de Sócrates, passando pela sua fase com Euclides, até chegar ao início do aristotelismo.
A
filosofia de Sócrates, absorvida por Platão, tem um fim prático e destina-se a
desenvolver a moral do ser humano. Todavia, Platão amplia o campo de
investigação de Sócrates, limitada a mera pesquisa filosófica, conceptual, e
leva-a para o campo antropológico e moral. Mais ainda, estende-a para o campo
metafísico e cosmológico, abrangendo toda a realidade fenoménica do mundo.
O pensamento de Platão parte do conhecimento
empírico, sensível, integrando a opinião do povo e as conclusões dos sofistas,
para chegar a um conhecimento intelectual, conceptual, universal e imutável das
realidades universais.
Chama a isto de gnosiologia.
Mas, diferentemente dos gnósticos, que mais tarde utilizariam as suas conclusões para justificar os seus postulados, a Gnose de Platão tem carácter científico, lógico, fundamentada mais em axiomas deduzidos de raciocínios silogísticos, bem à moda de Aristóteles e os sofistas.
Platão, e depois dele, Aristóteles, lançaram as bases do pensamento cientifico, que após estes dois espíritos luminares, só viriam a ser confrontados por Descartes.
Este pensamento corresponde à noção, bastante objectiva, de que o conhecimento
só pode ser entendido como tal, se corresponder à realidade. Ou seja,
conhecimento que não pode ser comprovado empiricamente corresponde ao mundo das
ideias, ou conceitos abstractos e imperfeitos que não podem ser materializados,
e por isso mesmo impossíveis de serem conhecidos verdadeiramente.
Ainda assim, Platão não descarta a existência de um mundo sobrenatural que se sobrepõe ao mundo das ideias e das substâncias prováveis e cognoscíveis através da razão.
Este mundo situa-se num território entre o mundo das ideias e a
matéria manifestada. Neste território intermediário estão o Demiurgo e as
almas, através dos quais tudo no mundo se manifesta.
O sistema platónico unifica-se na ideia do Bem.
O Bem é a realidade suprema, da qual
dependem todas as demais ideias e todos os valores cultivados pelo homem,
(valores éticos, lógicos e estéticos) que constituem o conjunto que formata o
“ser”.
A filosofia de Platão, como se pode perceber, encontra eco profundo na filosofia maçónica, no sentido de que não se formata um “ser” sem que se cultive de um lado as qualidades morais e de outro os atributos espirituais. Um e outro são componentes da natureza humana e não podem ser desenvolvidos separadamente.
Dai o mundo platónico ser constituído por dois princípios que parecem opostos, como a ideia e a matéria, mas isso é só uma ilusão dos nossos sentidos.
Aprender a unificar a realidade é construir o universo.
Isto é o que se propõem fazer os Obreiros do Universo, que são os maçons.
Jesus de Nazaré
Em seguida vem Jesus de Nazaré.
Deste, que deu contornos universais ao conceito do Deus Único expresso por Moisés, pouco precisamos falar neste resumo.
O magistério maçónico é essencialmente um magistério cristão, ainda que em muitas das suas alegorias os antigos conceitos defendidos pelas religiões solares estejam presentes.
Mas Jesus de Nazaré condensa na sua figura ímpar todas as virtudes dos deuses antigos e ele mesmo resume a Verdade procurada pelo Espírito Humano: a aquisição da Luz pela prática do Amor.
A sua história e sua obra são por demais conhecidas e não vemos necessidade de comentá-la aqui [2].
Maomé
Por fim, temos o grande profeta árabe, fundador da religião dos muçulmanos, praticada por milhões de pessoas no mundo inteiro.
Para Maomé o mundo é Islam, o mundo de Deus, universal e único, e deve, ao final, unir-se num único pensamento e num único gesto, realizando a doutrina da comunhão universal intuída por Moisés e pregada por Jesus de Nazaré.
Maomé nasceu em Meca, Arábia Saudita, no ano de 570 da era Cristã. A sua família pertencia ao clã dos Hachemitas, da tribo dos Coraixitas.
Como era costume da terra naqueles dias, foi entregue a uma família beduína para aprender a viver no deserto e se tornar um verdadeiro árabe. Maomé foi então criado por beduínos.
Em Meca existia o santuário da religião árabe daquele época, denominado Caaba (Cubo).
A Caaba era o santuário venerado por todas as tribos árabes, que a ela faziam uma peregrinação anual.
Dentro da Caaba encontrava-se a Pedra Negra (um meteorito) e uma série de ídolos, representando uma série de deusas e de deuses adorados pelas diversas tribos árabes.
Os patrícios de
Maomé, da tribo dos coraixitas, acreditavam no Deus único dos judeus, o qual
tinham por fundador da Caaba.
Durante a adolescência, Maomé foi pastor e também mercador, acompanhando o seu tio em expedições comerciais à Síria, Palestina e outros países do Oriente Médio.
Segundo a tradição, quando Maomé regressava de uma das suas viagens encontrou no caminho um eremita cristão chamado Bahira que profetizou ser ele o enviado de Deus que os árabes aguardavam.
Foi então que ele começou a pregar a doutrina do Islam, e se tornou o profeta de Alá.
Eis, portanto, neste resumo, o que significa a Gruta dos Grandes Filósofos.
Nela também poderiam estar Lao-Tsé, fundador do Taoísmo, e outros grandes filósofos que com as suas teorias e doutrinas ajudaram a construir o espírito humano.
Estas doutrinas e ideias foram evocadas e discutidas ao longo dos graus pelos quais o Irmão passou para chegar até aqui.
Quem bem compreendeu este ensinamento sabe a razão destas alegorias.
E se as compreendeu devidamente, sabe agora o que verdadeiramente
significa ser um maçom, e pode, finalmente, saber o verdadeiro significado
da Estrela.
A Estrela é o emblema do génio Flamejante que levam às
grandes coisas com a sua influência.
É o emblema da paz, do bom acolhimento e da
amizade fraternal.
Estrela de Cinco Pontas
Sendo a Estrela do Oriente ou a Estrela
Iniciação, é para os Maçons cristãos a que simbolizou o nascimento de Jesus, para estes é o símbolo do Homem Perfeito, da Humanidade plena entre
Pai e Filho.
As Estrelas representam as lágrimas da beleza da Criação. Olhemos para cima, para o céu e encontraremos a nossa estrela guia. Representa o homem nos seus cinco aspectos: físico, emocional, mental, intuitivo e espiritual. Totalmente realizado e uno com o Grande Arquitecto do Universo. É o homem de braços abertos, mas sem virilidade, porque dominou as paixões e emoções. Na Maçonaria e nos seus Templos, a abóbada celeste está adornada de estrelas. A Estrela é o emblema do génio Flamejante que levam às grandes coisas com a sua influência. É o emblema da paz, do bom acolhimento e da amizade fraternal. Apresentando ligação com os cinco elementos encontrados dentro de um homem, e que constituem o microcosmo, que são, fogo, terra, ar, água e éter (este sendo uma substância relacionada ao espírito), a estrela apresenta uma variedade de nomes como: pentagrama, pentalfa, estrela rutilante, etc.
Diz-se também ser o símbolo que exalta a feminilidade uma vez que representa a deusa
Vénus e traz em sua forma a trajectória realizada a cada oito anos por esse
planeta em relação a Terra.
A estrela tem relação do homem de
braços e pernas abertos com o Homem Vitruviano de Da Vinci.
Nos templos da Maçonaria, a abóbada
celeste está adornada de Estrelas, representando as lágrimas da beleza da
Criação ou menos dogmaticamente a extensão do universo onde nos encontramos.
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