Hoje o tempo voa, amor Escorre pelas mãos Mesmo sem se sentir Não há tempo que volte, amor Vamos viver tudo o que há pra viver Vamos nos permitir. Trecho da canção de Lulu Santos, ‘Tempos Modernos
Sociedade do coelho branco
Uma fina ironia: um ensaio, meio crônica, a respeito dos conceitos de tempo sendo produzido sob a sensação pouco confortável de que não se dispõe de tempo suficiente para fazê-lo.
Afinal, vive-se na atmosfera de uma sociedade em que a aceleração do tempo é fator preponderante para a produção de uma variedade de bens em número cada vez maior, num tempo cada vez menor.
Desse modo, as sobras que recolhemos são o ruído, a superficialidade e a pressa.
Assim, Carl Gustav Jung irá dizer que “a pressa não é do diabo; ela é o diabo”[1].
E o ‘diabo’ tem deixado suas marcas na economia de um 2021 marcado pelo excesso de produção e de oferta, e retração na procura.
A contradição na qual se vive pode ser percebida na relação que se estabelece entre a correria desesperada para se alcançar alvos a fim de que no tempo futuro se possa largar a fim de desfrutar do tempo.
O problema é que o carrossel, uma vez girando, parece não parar mais. ‘Pare o mundo que eu quero descer’? Zigmund Bauman dirá desse tempo que “é preciso acelerar o alcançar caso se deseje a delícia do largar” (Bauman, 08).
Se é possível emitir algum juízo de valor com base nos recorrentes surtos de saudosismos, já houve tempos melhores.
Os seres humanos da sociedade moderna ocidental parecem programados com um tipo de descompasso cronológico, pois à semelhança do coelho branco da fábula ‘Alice no País das Maravilhas’, de Lewis Carrol, vive-se gritando “estou atrasado, estou atrasado”, ou “é tarde demais, é tarde demais”.
Num determinado momento, a personagem principal vai perguntar ao apressado: “Quanto tempo dura o eterno”? Ao que o coelho responde: “Às vezes apenas um segundo”.
O coelho parece conectado com a teoria da relatividade tempo-espaço, não a de Eistein, mas aquela que brota da perspectiva do Deus da Bíblia, sobre quem o escritor irá dizer: “… para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos é como um dia” (2Pedro 3.8).
Do lado de cá da eternidade, ou no ‘andar de baixo’, é possível perceber o caráter de relatividade num mesmo fragmento de tempo.
Para um maratonista, que corre seus 42 Km de prova, um segundo não adquire a mesma importância daquela fração de que pode decidir a medalha para um corredor dos 100 metros rasos. Para a senhora que aguarda o nascimento do primeiro rebento, os segundos se esticam indefinidamente, os mesmos que parecerão tão velozes quando se desfruta de um prazer longamente esperado.
Para Karl Marx, o tempo do operário do século XIX é relativizado e alienado pelo dono do capital, pois para aquele um dia de trabalho renderá muito menos do que uma hora para este, no fim das contas.
Todavia, há momentos cuja fugacidade irá se revestir de importância e de tal densidade que farão os outros recortes do tempo parecerem insignificantes.
Trata-se do tempo da decisão, da oportunidade única, irrepetível. Quando criança, o autor deste ensaio prendia a respiração naquele que era o clímax das apresentações circenses: o trapézio. O ponto alto era aquele instante exato de tempo em que um – ou uma – dos artistas soltava suas mãos e voava no espaço para alcançar aquela barra transversal que vinha em sua direção, ou os braços estendidos de seu parceiro de show.
O segundo anterior, e aquele que sucede ao fragmento no qual a decisão é tomada, são relativizados. São apenas moldura que cerca o tempo da decisão. Introduz-se, nesse ponto, duas dimensões do tempo: ‘cronos’ e ‘kairós’.
Chronos e Kairós: a realidade do mito
Os significados que convencionalmente passou-se a atribuir às duas expressões que se referem ao tempo, ‘chronos’ e ‘kairós’, teriam surgido da mitologia grega.
Representado como um velho tirano e cheio de crueldade, Chronos controlava o tempo desde o nascimento até a morte, ditando aos mortais o que deveria ser realizado.
No mito, Chronos emasculou o próprio pai com a intenção de se apoderar do mundo. Mais tarde, como Senhor do Tempo, devora seus próprios filhos para continuar soberano. Imagem bizarra, que não é vista dessa maneira na moderna sociedade de produção, que recompensa os que fazem do cronômetro o seu deus, e que somente mais tarde perceberão que os filhos de Chronos serão por ele devorados: família, valores e significado.
Kairós era filho de Cronos, retratado como um jovem calvo, com apenas um cacho de cabelos na testa, de agilidade sem igual.
Possuidor de asas nos ombros e calcanhares, Kairós corria rapidamente e só era possível detê-lo agarrando-o pelos cabelos, encarando-o de frente. Porém, depois que ele passava, era impossível trazê- lo de volta.
Devido a tal agilidade, Kairós podia não ser percebido pelo observador desatento. Contrariamente ao seu pai, expressava uma ideia considerada metafórica do tempo, ou seja, não-linear e que não se pode determinar ou medir, uma oportunidade ou mesmo a ocasião certa para determinada coisa.
O mito grego é, antes, projeção antecipada de uma sociedade que o filósofo Zigmund Bauman vai chamar de ‘líquida’, “sociedade em que as condições sob as quais agem os seus membros mudam num tempo mais curto do que aquele necessário para a consolidação, em hábitos e rotinas, das formas de agir” (Bauman, 7). Ou seja, uma sociedade precária, vivida em condições de constante incerteza.
Não admira que nesse mundo líquido neuroses e patologias modernas como a depressão surjam, em grande parte, das sementes do diabo citado por Jung, ‘a pressa’. Fenômeno que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), afeta cerca de 5% da população mundial com desdobramentos extremamente negativos, em alguns casos, trágicos, não apenas para os portadores como para seus familiares, a depressão é o mal do século. (Máspoli, 14).
Contradição, o fato de que a ciência recente que estuda os ciclos, ritmos e compassos que a natureza biológica determina, e que de alguma forma funcionam como proteção do ser humano, leve o nome de cronobiologia, posto que são estes ingredientes exatamente aqueles que são triturados e consumidos pela voracidade de Chronos. Assim, distraídos, pressionados e amedrontados por ele, não vemos passar o filho Kairós, perdemos o ‘timing’, o tempo oportuno.
1. Eclesiastes: uma reflexão sobre o tempo, decisões e melancolia
Visitar o tempo que passou, cultivando ingredientes de saudosismo melancólico, parece ser o passatempo preferido daqueles que olham para o cronômetro da existência como se esta estivesse agonizando.
Assim parece se comportar o autor do livro do Eclesiastes, expressa sua crise e incertezas acrescentando lembranças de um passado de grande prosperidade como ingredientes que aprofundam a melancolia sem perceber que, ainda que o Kairós seja reconhecido e decisões tenham sido habilmente tomadas, Cronos continua determinando que a existência escoe por entre os dedos.
O Eclesiastes foi introduzido no cânon judaico e cristão não sem muito debate, em razão de seu conteúdo por vezes polêmico e de um existencialismo deprimente. Ed René Kivitz, pastor batista, vai nomeá-lo de ‘o livro mais mal-humorado da Bíblia’[2].
De autoria desconhecida, a obra pode ser mais adequadamente datada no período pós-exílico, em razão da linguagem, próxima do hebraico rabínico, bem como o conteúdo, que aponta para uma cosmovisão teológica que reflete a influência de um pensamento bem posterior à data em que viveu o personagem a quem o conteúdo homenageia, a saber, Salomão, filho de Davi, cuja vida e/ou contribuições literárias certamente fornecem a matéria prima para a obra.
Em razão de seu conteúdo compósito, não se trata de uma obra de fácil compreensão, e às vezes parece ter sido escrita por mais de um autor. Na realidade, o seu autor estabelece uma linha de discussão consigo mesmo criticando os próprios pensamentos e ações.
O texto base para a reflexão deste ensaio se encontra no capítulo 3, com sua ênfase na discussão a respeito do tempo enquanto momentos que se sucedem e, sobretudo enquanto oportunidade, escolha e decisão.
2. O Tempo ‘Aion’ de Salomão
Salomão, filho de Davi, a quem os capítulos 1 e 2 do Eclesiastes nitidamente se referem, reinou por quarenta anos em Jerusalém (962 a 922 a.C) se revelando um empreendedor extraordinário, proporcionando que o seu período de reinado fosse o tempo que todo o judeu adotou como paradigma escatológico, como o passado que se deseja repetir, e dentro do qual viver, tempo de tal dimensão que convida à rendição:
Em Aion, alcançamos a dimensão do eterno, da finalidade da expansão, da justa medida imprecisa entre a imanência e a transcendência. Porque este é o “não tempo”. E “não tempo” também é tempo. Imensurável. Tempo do para sempre.[3]
Salomão assumiu o trono num tempo em que os impérios do Egito, Assíria e Babilônia enfrentavam crises internas e, portanto, não ofereciam ameaças a Israel, assim, o novo rei soube como ninguém aproveitar as oportunidades.
Esse homem de estado e chefe militar, consolidou seu poder eliminando inimigos (incluindo o seu meio irmão Adonias, que havia usurpado o trono) e estabelecendo relações e alianças com vários monarcas que reinavam no entorno do reino de Israel.
Apesar de não ser guerreiro como fora seu pai Davi, estava longe de ser inexperiente em matéria de conhecimento militar, assim, aumentou sensivelmente o número de seu exército e o equipou.
Salomão era um ‘gênio’ comercial, capaz de compreender perfeitamente a posição estratégica onde se localizava Israel, assim, proporcionou que Israel vivesse uma era de grande prosperidade econômica e florescimento cultural.
Contudo, aos poucos Salomão revela as faces de uma personalidade contraditória.
A sabedoria do rei se mistura com a cobiça indisfarçável, e com delírios de grandeza, algo que parece acometer os grandes empreendedores: déficit no orçamento e elevação de impostos para compensar; a instituição da corveia (escravidão ‘branca’), a penhora e venda de cidades para custear os gastos, casamento com dezenas de mulheres para ratificar alianças e, finalmente, desintegração das convicções internas, pela adoção de práticas religiosas que eram incompatíveis com a fé de Israel.
John Bright, historiador, irá afirmar:
Ele era naturalmente um homem de grande astúcia, capaz de realizar plenamente as potencialidades econômicas criadas por Davi. Ao mesmo tempo, ele manifestou em outras áreas uma cegueira tal, para não dizer estupidez, que apressou a desintegração deste império. (Bright, 276).
É por meio das lentes multifocais voltadas para os dois tempos (aion) que o livro do Eclesiastes pode, e deve ser lido: o período da edição da obra, por volta do ano 250 a.C, e recuperando-se imagens dos tempos de saudosa prosperidade do reinado de Salomão.
3. Kairós: há tempo para todo o propósito debaixo do céu
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu… Eclesiastes 3.1
2 há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; 3 tempo de matar e tempo de curar; tempo de derrubar e tempo de edificar; 4 tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria; 5 tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar 6 tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora; 7 tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; 8 tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz. 9 Que proveito tem o trabalhador naquilo com que se afadiga? 10 Vi o trabalho que Deus impôs aos filhos dos homens, para com ele os afligir. 11 Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim. (Versão Almeida Revista e Atualizada)
No capítulo três do Eclesiastes, entre os versículos 1 a 11, a expressão tempo traduzida na Septuaginta[4] por ‘kairós’ ocorre 30 vezes, como tradução do termo hebraico zeman, palavra somente encontrada na literatura posterior (como em Neemias 2.6; Ester 9.27; 31).
A tradução indica ‘tempo determinado’. A palavra grega vai ocorrer no Novo Testamento como ‘tempo oportuno’ ou ‘apropriado’ (Rm 5.6; Gl 6.10).
Por sua vez, a palavra ‘cronos’, no espaço citado, vai ocorrer apenas no verso 1, o que pode ser explicado pelo fato de que uma das características notáveis do pensamento do Antigo Testamento é a ausência de um vocábulo para tempo cronológico abstrato na mesma medida em que o grego o usa. (Douglas, pág.1309).
Seja como for, a ênfase do autor não reside no tempo que escorre pela ampulheta, mas nas estações próprias que se apresentam diante da existência de formas variadas, nem sempre convidativas, mas ainda convocando a uma decisão.
O autor evita emitir um juízo de valor como se a expressão kairós estivesse, de alguma forma, associada sempre a uma estação primaveril permanente.
Por meio de oposições, o autor revela que o kairós inclui na existência tanto momentos que evocam celebração quanto experiências que conduzem ao quebrantamento. Bem e mal recebem significados distintos daqueles que a sociedade moderna estabeleceu, associando o ‘bem’ a situações de experiências prazerosas e confortáveis e ‘mal’ como sendo aqueles momentos dramáticos.
Uma das dificuldades de compreensão da mensagem do Eclesiastes guarda relação com a aparente contradição entre a cosmovisão hebraica acerca do tempo, linear, e a visão cíclica e repetitiva, como apresentada pelo autor, sobretudo no capítulo 1.
Este aspecto certamente indica algum tipo de influência do ambiente no qual o livro foi escrito, no período ptolomaico.
4 Geração vai e geração vem; mas a terra permanece para sempre. 5 Levanta-se o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar, onde nasce de novo. 6 O vento vai para o sul e faz o seu giro para o norte; volve-se, e revolve-se, na sua carreira, e retorna aos seus circuitos. 7 Todos os rios correm para o mar, e o mar não se enche; ao lugar para onde correm os rios, para lá tornam eles a correr. Eclesiastes 1. 4-7
4. Pessimismo Apocalíptico ‘versus’ Existencialismo Pessimista
O período em que o Eclesiastes foi escrito leva as violentas marcas da tentativa de Alexandre, o Grande, de implantar a cultura grega sobre os povos dominados.
Alguns, como os persas, parecem ter aberto os portões de sua cultura e de seus palácios para o filho de Felipe da Macedônia.
Tal não seria o caso dos judeus, povo que após o regresso do exílio babilônico se tornaria dominado por uma escatologia que lhes fazia pensar no tempo futuro como o período de paz, liberdade e prosperidade.
Nada obstante, o período em questão, vai gestar um certo tipo de pessimismo que de alguma forma dará à luz o que conhecemos como literatura apocalíptica, uma tentativa de reinterpretação dos tempos estabelecidos pelos profetas a respeito da restauração de Israel.
Os autores apocalíticos fazem resignificar as profecias a respeito da restauração de Israel, arrancam-nas do tempo presente e as lançam para um ‘aion’ a ser estabelecido tão somente pela intervenção catastrófica de Deus na história.
Mark Sneed escreve excelente obra a respeito do pessimismo que envolve o povo judeu, chamando a atenção para o fato de que a versão pessimista da história nesse período do judaísmo está, todavia, muito distante do pessimismo existencialista proclamado por pensadores modernos tais como Jean Paul Sartre, Martin Heidegger e Albert Camus. (Sneed, 168).
O desencantamento, ou a vacuidade na experiência do escritor do Eclesiastes (Ec 1.2, 14) que de alguma forma representa o povo judeu, não é da mesma natureza.
O pessimismo judeu aponta para Deus, crê em sua intervenção. O vazio existencial se revela no pessimismo quanto ao tempo presente, mas aposta no ‘aion’, aquele tempo futuro que é desdobramento de todas as ações e promessas de Deus no tempo passado.
O ‘nada’ do cronos e a ausência de um novo kairós são plataformas que lançam a fé para o futuro.
5. Entre o messianismo e a modernidade
A agonia pela qual passa o pregador está relacionada com sua insatisfação a despeito de tantas oportunidades aproveitadas.
Kairós não tem poder para esticar o contentamento obtido pelo aproveitamento da oportunidade.
Assim, é preciso que outra oportunidade e outra e outra surjam, o tempo todo. O empresário empreendedor, incansável, que amealhou muitas riquezas à medida que corre atrás do cronos, poderá perceber que seu empreendedorismo lhe cegou para outras oportunidades que o kairós disponibilizou.
Nesses termos, nada mais moderno do que o Eclesiastes, nada mais conectado com o processo de secularização. Correr atrás do cronos foi correr atrás do vento (Ec 2.17).
A sociedade brasileira retém nos substratos de seu inconsciente coletivo a noção de tempo que ainda preserva elementos de um messianismo sebastianista, que ignora o kairós, o tempo da oportunidade, à espera de que o cronos escorra até o tempo em que algum messias crie um tipo de ‘aion’ apocalíptico.
Por outro lado, vive a gente tupiniquim pressionada pelos valores – ou anti-valores – da sociedade moderna e neoliberal, que privilegia o consumo a todo custo, portadora de uma agenda orientada pela pressa, aquele diabo que na mitologia levou o nome de cronos.
Um povo que dias atrás se esforçava por fazer o tempo acelerar, ainda não aprendeu a ver o kairós passar. A crise na qual se vive neste 2021, vista na retração do consumo, nos escândalos financeiros e políticos e na ética esvaziada de seus elementos básicos, deveria ser o tempo da oportunidade para a ruptura com o lamento alienante e para decisões de tomar o tempo nas mãos.
O pessimismo do Eclesiastes estabelece a plataforma de lançamento a partir da qual decisões são tomadas.
O tempo é este, já foi, não está mais aqui. Como aquele coelho branco, o atraso faz correr atrás do cronos, não se limita a vê-lo escapar.
1 Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás. 2 Reparte com sete e ainda com oito, porque não sabes que mal sobrevirá à terra. 3 Estando as nuvens cheias, derramam aguaceiro sobre a terra; caindo a árvore para o sul ou para o norte, no lugar em que cair, aí ficará. 4 Quem somente observa o vento nunca semeará, e o quem olha para as nuvens nunca colherá. 5 Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da mulher grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas. 6 Semeia pela manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão, porque não sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas. Eclesiastes 11.1-6
O autor deste ensaio não tem sido muito hábil em enxergar a passagem do kairós daqui pra lá, e de lá prá cá. Mas aprendeu com seus pais, que zombavam da tirania do cronos e que viviam na doce expectativa de que o aion já os esperava.
A propósito dos trapezistas, eles acertaram o segundo em que deveriam largar as mãos aqui e agarrar ali.
Mesmo que tivessem se adiantado ou atrasado, havia ali o aion da rede, sempre à espera de um erro eventual. Esse é o tempo, que desafia todos os tempos.
Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer. Eclesiastes 12.1
Autor: Amauri Vassão Filgueiras
Fonte: Revista Pandora Brasil
Notas
[1] – Citado por Richard Foster em ‘Celebração da Disciplina, o Caminho do Crescimento Espiritual. Editora VIDA, 1983, pág. 10.
[2] – Obra publicada pela Mundo Cristão, 2009.1ª ed. 2009; 7ª edição, 2011.
[3] – Extraído de artigo a respeito dos tempos ‘aion, cronos e kairós’. http://www.biocentrum.com.br/2012/03/ostempos-em-aion-kairos-e-kronos-por.html
[4] – Sptuaginta, ou tradução dos LXX (setenta). Resultado de séculos de esforços de tradução para o grego do Antigo Testamento a partir do período pós-exílio.
Referências bibliográficas
SNEED, Mark. R. The Politics of Pessimism in Ecclesiastes. Society of Biblical Literature. Atlanta, 2012. 342 p. CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado. Hagnos, 2001. São Paulo. 2ª Ed. O Novo Dicionário da Bíblia. Org. J. D.; Douglas. Ed. Vida Nova. Reimpressão 2007. São Paulo. KIVITZ, Ed René. O Livro Mais Mal Humorado da Bíblia. Ed. Mundo Cristão, São Paulo. 2009. ECLIPSE DA ALMA: A depressão no contexto da psiquiatria, da psicologia de Carl Gustav Jung e da religião. Antonio Máspoli Gomes Araújo, org. 2ª Ed. São Paulo: Fonte Editorial, 2014. 400p.
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