A pobreza intelectual na Maçonaria



Debatendo numa loja de estudos maçónicos, pelo ZOOM, virtualmente, com mais 75 irmãos referências nas suas Lojas e membros das Três Potencias regularmente reconhecidas no Brasil sobre o...

TEMA: ” A POBREZA INTELECTUAL QUE GRASSA NO INTERIOR DA MAÇONARIA BRASILEIRA”...

...ficamos estarrecidos com a constatação de vários irmãos preocupados com o sombrio futuro da nossa sublime instituição, caso não seja implementado um projecto de revitalização e de doutrinação em moldes planeados e de educação continuada com quebra de paradigmas e filtragem mais criteriosa dos futuros membro da Ordem.

A Pobreza intelectual aqui ratificada, é a mente desprovida da verdade, do conhecimento de si e do alcance dos seus pensamentos e ações. 

A escolha deliberada em não conhecer as coisas mais importantes começa quando a mente rejeita todo e qualquer padrão que não seja ela mesma. 

Ela vislumbra a sua vida espiritual como algo que se edificou a si mesmo, que se construiu sozinho. 

A rigor, a mente não pode “fazer” nada errado, pois é ela quem define o que é certo e errado. 

Da mesma forma, ela não pode perdoar ou ser perdoada porque isso implicaria que existiria uma fonte e uma medida fora de si. 

A pobreza intelectual é a verdadeira origem da pobreza material, filosófica. Teocrática e institucional. 

Eis porque a sabedoria maçónica clássica sempre exorta que conheçamos a nós mesmos, que nos ordenemos por um padrão que não criamos. 

As nossas mentes trabalham diuturnamente para distorcer a realidade e fazer com que ela se enquadre nas nossas escolhas.

Platão dizia que a vida humana não é “séria”. 

O homem é um “joguete” dos deuses. A sua intenção não é denegrir-nos, mas louvar as nossas vidas por aquilo que são. 

Não é “necessário” que existamos. 

Mesmo assim, existimos. Existimos por razões não fundadas no determinismo. 

O fato de existirmos de maneira desnecessária expressa a mais profunda verdade sobre nós. 

Existimos por escolha, por amor, pela liberdade fundada no que está para além da necessidade. 

Significa que as nossas vidas devem refletir essa desnecessidade, essa liberdade de sermos receptores de bens e graças das quais não somos a causa.

Após esta pequena dissertação, observamos que os cépticos irmãos definem a Maçonaria como a “Instituição da perda de tempo, nos dias atuais”. 

Os Paladinos da Ordem definem que A Pobreza intelectual da Maçonaria, não é sinónimo de marginalidade de ações construtivas individuais e colectivas, mas é o alimento de “intelectuais” canalhas, os profanos de aventais, os vaidosos arrogantes, os pombos arrulhantes que destilam e semeiam a discórdia nos nossos Templos.

A pobreza maior do Maçom é a ausência de compromisso do que é fundamental para a vida humana, não somente para a sua própria, mas também para a dos seus irmãos maçons , além de para com a nossa existência enquanto instituição ecléctica que somos. 

Podemos ser pobres materialmente falando e também culturalmente em termos académicos. 

Ela passa por todos os estratos sociais. Muitas vezes apontamos como pobre só aquele que não tem o que comer ou que não tem condições de habitabilidade. 

Essa é a pobreza mais visível. 

Mas, no entanto, existe também outro tipo de pobreza e que passa também por aqueles que são economicamente mais favorecidos, os ricos, se assim quisermos falar, a POBREZA DE ESPÍRITO, essa é a pior que pode ocorrer dentro de um iniciado que recebeu a verdadeira luz. 

Um Irmão participante do debate definiu todo o processo que estamos vivenciando hoje na Maçonaria com a seguinte frase: A nossa maior pobreza intelectual não é a “pobreza económica” e, sim, a “pobreza moral”. 

Esta colocação deixou a todos estarrecidos, pois a primeira vista parece ser ofensiva, inapropriada e que não teria sentido numa reunião virtual daquele nível Constelar. 

Em plena era cibernética, onde vemos o adiantado desenvolvimento das variadas faces da ciência, tais como telecomunicações, medicina, engenharia, etc… ainda persistem, na nossa sociedade discreta, A MAÇONARIA, práticas e comportamentos pouco dignos, controversos e antagónicos ao modelo moral proposto para a nossa Sublime Instituição; sendo necessário a criação de novas leis para regular as relações sociais e defender direitos naturais. 

O uso de “máscaras sociais” é a confissão íntima da nossa personalidade, ou seja, quando usamos as nossas várias “máscaras” para permearmos a sociedade, confessamos para nós mesmos que, a nossa personalidade ainda está aquém daquela que nos foi colocada como modelo. Confessamos para nós mesmos que não somos o que gostaríamos de ser, ou, pelo menos, não conseguimos ser o que nos foi ensinado, desta forma, “fabricamos”, aparências circunstanciais, efémeras e transitórias, de comportamentos aceitos na vida maçónica, familiar e na comunidade onde vivemos. 

Os nossos comportamentos, em verdade, ainda são marcados, de forma indelével, pelo egoísmo, muito embora, às vezes, não o notamos na nossa conduta social, por estarmos totalmente integrados – inconscientemente – no nosso próprio arquétipo evolutivo. 

Ou seja, o EGOCENTRISMO .

A Pobreza intelectual é um Estado Moral. 

Nunca me habituarei a ser pobre, moralmente falando. 

Chamo a esta pobreza, desamparo Interior. 

Confundimos pobreza moral com desamparo: pois têm o mesmo rosto. 

Mas a pobreza é um estado moral, um sentido das coisas, uma forma de honestidade desnecessária. 

Uma renúncia a participar no melhoramento global do mundo, é isso a pobreza moral e intelectual. 

Talvez não por bondade, por ética ou por um qualquer ideal elevado, mas por incompetência na de partilhar o que de graça, nos brindou o Grande Arquitecto do Universo. 

Somos, nesse sentido, frades de uma ordem mendicante e talvez agonizante, clamando por um futuro diferente daquele que se anuncia e se está a descortinar no horizonte, infelizmente para a nossa amada e Sublime Instituição. 

Para entrarmos no caminho do progresso moral é necessário que tenhamos em mente as modificações que teremos que fazer nas nossas atitudes, nos nossos sentimentos e nas nossas obras para com o outro. 

Se não houver renuncia dos nossos vícios materiais ou morais, não teremos condições de abrir a porta do progresso moral na nossa caminhada, porque só através da mudança verdadeira é que teremos a chave para realmente abrir a porta do progresso moral. 

Quando buscamos a nossa melhora, mudamos de atitude não pensamos mais de forma egoísta, traçamos o nosso desenvolvimento sempre pensando no desenvolvimento do outro. 

Procure em si as modificações necessárias para começar o seu progresso moral, somente  nós poderemos corrigir tais  falhas.


Dário Ângelo Baggieri

Fonte - Grupo Editor da Escola Maçónica

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