A LENDA DO GRAU DE MESTRE



A lenda deste Grau é uma adaptação de um relato simbólico; seu disfarce oculta a Grande Verdade da Iniciação Interna. 

A lenda é uma verdade disfarçada, porque a Verdade NUA fere os olhos débeis, e estes tratam de destruí-la, como tem sucedido a todas as verdades religiosas que foram desvendadas ao público. 

A VERDADE NUA envenenou Sócrates, crucificou o Nazareno, queimou Savanarola e assassinou Gandhi. 

A Lenda do Terceiro Grau é uma Verdade Oculta. 

Os homens de boa vontade podem descobrir e descerrar seu véu, chegando à sua compreensão por meio do estudo, da aspiração, respiração e meditação, como temos explicado nos graus anteriores. 

Sem estes requisitos, ninguém pode chegar a levantar o Véu de Isis. 

A lenda, com sua cerimônia enigmática, estimula primeiro a imaginação, e logo se converte em motivo de visualização, que conduz à intuição, que nos abre a porta do Templo da Verdade, isto é, nos dá o poder de descobrir a Verdade, para podermos contemplar sua beleza. 

O SIGNIFICADO DA LENDA

O motivo da lenda é A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO, PARA QUE NELE HABITE O DEUS ÍNTIMO, e ter ele sua completa liberdade de manifestação. 

O Templo é o Corpo dominado, educado e guiado por mandatos do Espírito, que são A VERDADE E A VIRTUDE. 

O Templo de Salomão é o modelo do corpo humano. 

O Templo, como o corpo humano, se estende do Oriente ao Ocidente e do Norte ao Sul, o que quer dizer que o homem é uma UNIDADE INDIVISÍVEL como o UNIVERSO. 

Sua cabeça, que se eleva em direção a mundos superiores, converte-se, pela Sabedoria Espiritual, em SALOMÃO, que levanta UM TEMPLO PARA GLÓRIA DO GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO ÍNTIMO. 

HIRAM ABIFF

A lenda diz: Salomão, ("Sol man," o homem solar), querendo fazer de seu corpo um Templo digno para o Deus íntimo, ou G. A. Eu SOU, pediu a HIRAM, Rei de Tiro, (A Consciência Elevada, Sol Elevado, porque HIRAM significa também SOL), um Mestre Arquiteto de Obra. 

Hiram, Rei Consciência, envia e lhe recomenda HIRAM ABIFF (Mestre Construtor SUPERCONSCIÊNCIA, SOL ESPIRITUAL NO HOMEM). 

Era filho de uma VIÚVA, (isto é, manifestado na Natureza e pela Natureza, como mãe, porém, esta mãe nunca teve um marido). 

HIRAM ABIFF, o Sol-Pai Interior, é designado como Chefe SUPREMO dos obreiros (ÁTOMOS, CÉLULAS, MOLÉCULAS), para a construção do Templo. 

Estes obreiros átomos, que impulsionam o homem desde épocas remotas para a formação de seu corpo Templo, nesta JERUSALÉM Interna Cidade de Paz, tinham diferentes graus de capacidade e diferentes talentos individuais. 

Era, pois, necessário dividi-los segundo suas capacidades (Superiores, medianos e inferiores), para poder melhor aproveitar o trabalho de cada obreiro. 

HIRAM ABIFF, como sábio, justo e benevolente, os repartiu em três categorias: Aprendizes (trabalhadores no mundo inferior do homem, que equivale a parte do estômago para baixo), Companheiros (trabalhadores no mundo mediano, na caixa torácica) e Mestres (trabalhadores no mundo superior, que é a cabeça). 

Hiram a SUPER CONSCIÊNCIA deu a cada um a maneira de se fazer conhecido como tal, por meio de "sinais, toques e palavras" apropriados, isto é, deu-lhe a capacidade de influenciar-se por meio dos sentidos "vista, tato e ouvido". 

AS DUAS COLUNAS 

Hiram construiu e ergueu no Templo Duas Grandes Colunas (Duas Pernas) de bronze, ocas. 

Determinou que os Aprendizes (átomos construtores) recebessem seu SALÁRIO, isto é, seu bem-estar, na primeira coluna (Passiva, Esquerda), os Companheiros, na segunda (Positiva e Direita), e os Mestres, isto é, os átomos superiores do cérebro e da cabeça, na "câmara do meio", o mundo interno e lugar secreto, que se encontra por dentro e acima dos dois. 

Cada classe de obreiro, para poder receber seu salário, fazia-se conhecer pelo esforço e trabalho que havia dedicado à Obra. 

O TRABALHO INTERNO 

O trabalho foi dirigido e executado com sabedoria, ordem e exatidão, segundo as instruções recebidas da CONSCIÊNCIA DA REALIDADE ou a Superconsciência; e a obra avançou em progresso e elevação rapidamente. 

Apesar do número de obreiros, que entre todos era mais de oitenta mil, e de fazer-se todo gênero de obra, não se ouvia NENHUM RUÍDO DE INSTRUMENTO DE METAL (pelo fato do Templo-Corpo não ter sido construído com instrumento, e por mão de homens). 

É o silêncio e a quietude no mundo interno, origem de toda obra espiritual. 

O TEMPLO DA INICIAÇÃO 

Durante os SETE ANOS e mais, tempo necessário para a completa Iniciação Interna, para poder construir o digno Templo de Deus (Porque cada sete anos o corpo físico se desfaz totalmente de seus átomos e células antigas, formadas pelo desejo interior, à força de martelar e trabalhar por meio de novas aspirações, respirações e pensamentos), durante essa construção tampouco houve chuva (isto é, nenhuma idéia, palavra ou obra negativa pôde impedir o desenvolvimento interior), porque o templo estava constantemente COBERTO. 

Igualmente REINOU A PAZ E A PROSPERIDADE durante a construção do Templo, porque o Iniciado se separa de tudo o que pode perturbar seu espírito, por meio da compreensão e da força de vontade. 

OS TRÊS MESTRES 

Salomão pediu a ajuda de Hiram, Rei de Tiro; este o ajuda, enviando-lhe Hiram Abiff, o Arquiteto. 

Os três foram Mestres da Obra, e representam A SABEDORIA, A FORÇA E A BELEZA. 

Assim, também, o corpo humano, que é o templo de Deus, tem dentro de si a Trindade Divina, que são O PODER (PAI), O SABER (FILHO) E O ESPÍRITO SANTO (A VIDA EM MOVIMENTO). 

O CRIME 

Este corpo Templo, maravilha das idades, foi construído e dirigido pelo PODER, pelo SABER e pela BELEZA. 

Sem embargo, no mundo Inferior do homem existem sempre certos defeitos e vícios que o induzem a cometer barbaridades inauditas e indignas. 

Estes defeitos são: a ignorância, o medo e a ambição. 

A ignorância é um defeito que faz o homem crer que sabe, e não deseja aprender nada; o medo elimina do coração do homem a fé em seu Deus Íntimo e em seus guias, e a ambição é a filha do egoísmo, que exige tudo para si, sem merecimento. 

Pois bem, três obreiros da classe dos companheiros, julgando-se merecedores e dignos de ser mestres, e querendo sê-lo pela força, como acontece com todos os ignorantes, tramaram uma conspiração para se apoderarem, pela violência, da Palavra Sagrada e dos modos de se reconhecerem os Mestres. 

Esta trindade de vícios: ignorância, medo e ambição, no homem quer sempre obter o que não merece do mundo espiritual e material). 

Estes três malvados e vícios, Companheiros do Homem, que ameaçam todas as conquistas e esforços espirituais, trataram de conquistar a complacência de outros companheiros e vícios, dentro do homem; lograram convencer outros nove companheiros mestres, tendo estes, no último momento, desistido, porque foram perturbados pelo remorso. 

Ficaram os três cúmplices sozinhos, e urdindo o crime, resolveram obter a Palavra, pela força, do mesmo Hiram (o homem Inferior que quer obrigar a seu Íntimo a outorgar-lhe todos os poderes divinos, pela força e sem merecimento). 

Os três esperaram Hiram Abiff, a quem, por sua bondade, esperavam intimidar. 

Escolheram o meio-dia como a hora mais propícia, dado que essa hora Hiram Abiff costumava visitar e revisar o trabalho e elevar suas preces enquanto os demais descansavam. 

Os três se dirigiram para as três portas do Templo, que naquele momento já estavam desertas, por haverem saído todos os obreiros para entregar-se ao descanso. 

Quando Hiram Abiff terminou sua prece, quis atravessar a porta do Sul, o Companheiro postado ali o ameaçou com sua régua de vinte e quatro polegadas, pedindo-lhe a palavra e o Sinal de Mestre. 

Todavia o Mestre lhe respondeu: "Trabalha e serás recompensado!". 

Vendo a inutilidade de seus esforços, o Companheiro ignorante golpeou-o fortemente com a régua (que representa o dia de vinte e quatro horas, porém que nunca foram aproveitadas, porque a ignorância sempre tenta obstaculizar a obra divina interna). 

E havendo o Mestre levantado o braço direito para deter o golpe vibrado sobre sua garganta, este lhe caiu sobre o ombro direito e lhe paralisou o dito braço (positivo). 

Dirigiu-se, então, o Mestre, até a porta do Ocidente, e, ali, o segundo Companheiro lhe exige, como o primeiro, a palavra e o toque de Mestre, e recebeu a mesma resposta: "Trabalha e obterás". 

Então este Companheiro acertou-lhe Um forte golpe no peito, com o esquadro de ferro. 

Meio aturdido, Hiram dirigiu-se até a porta do Oriente. 

Nesta porta lhe esperava o terceiro, e o pior intencionado dos três, que é o egoísmo, o qual, recebendo a mesma negativa do Mestre, lhe deu um golpe mortal na fronte, com o malhête que havia levado consigo. 

Quando os três se encontraram novamente, comprovaram que nenhum possuía os sinais e as palavras; horrorizaram-se pelo crime inútil, e não tiveram outro pensamento senão o de ocultá-lo e fazer desaparecer seus vestígios. 

E assim, de noite levaram a vítima em direção ao Ocidente e a esconderam no cume de uma colina, perto do local da construção. 

O simbolismo ou a lenda nos ensina que o MESTRE INTERNO, que está trabalhando sempre pelo bem do homem, pelo seu progresso espiritual e anímico, é atacado pelos três defeitos que possuí cada ser que vem ao mundo; não obstante, estes defeitos, em principio, eram qualidades ou caracteres necessários ao homem. 

O desejo de progredir se converteu, por meio do intelecto, em ambição egoísta; o amor desenfreado, tornou-se fanatismo estúpido, e, por sua ambição e ignorância fanática, perdeu sua fé e apoderou-se de si o Medo). 

Estes três grandes vícios matam o homem, o EU SUPERIOR na parte Oriental.

A PERSONALIDADE, na parte Ocidental; e, na parte Sul, o INTELECTO.

Em outras palavras: O MESTRE INTERNO, EU SUPERIOR, que é a CONSCIÊNCIA, A PERSONALIDADE OU O EU INDIVIDUAL que é A VONTADE, e O INTELECTO OU INTELIGÊNCIA, representados, respectivamente, pelos membros feridos: PEITO, BRAÇO E CABEÇA. 

A BUSCA 

Quando Hiram Abiff, (o EU SUPERIOR), não apareceu no lugar do trabalho, todos ficaram perplexos, pressagiando uma desgraça. 

Terminou o dia, e o Arquiteto não apareceu; então, os nove companheiros, que se haviam oposto à empresa dos três malvados, decidiram revelar aos Mestres o ocorrido. 

Foram conduzidos à presença de Salomão, que, depois de haver escutado o relato dos três mestres e dos nove companheiros, ordenou aos primeiros que formassem três grupos, cada um deles unindo-se com seus companheiros para esquadrinhar os territórios e regiões do Oriente, do Ocidente e do meio-dia, em busca do Grande Mestre e Arquiteto, e dos três companheiros, bem assim, DA PALAVRA PERDIDA, a qual não conhecia nem mesmo Salomão, e que se havia perdido com o desaparecimento de Hiram Abiff. 

Durante três dias o buscaram, inutilmente, porém, na manhã do quarto dia, um dos mestres que se havia dirigido para o ocidente, achando-se sobre as montanhas do Líbano buscando um lugar onde passar a noite, ouviu vozes humanas numa caverna. 

Eram os três companheiros assassinos. (estes viram os visitantes fazer OS SINAIS DO CASTIGO, sinais que foram adaptados depois para os três Graus, como meios de reconhecimento. 

Os três delinqüentes escaparam por outra saída que tinha a caverna, e ninguém depois conseguiu encontrar seus rastros. 

Regressando a Jerusalém, e na noite do sexto dia (já próximo da cidade), um dos três viajantes se deixou cair, extenuado, sobre um montículo próximo da cidade. 

E observou que a terra estava recentemente removida, e dela emanava o odor putrefacto dos cadáveres. 

Começando a escavar, chegaram a apalpar o corpo, porém, como era de noite, não se atreveram a continuar suas pesquisas; por esse motivo recobriram o cadáver e colocaram sobre o montículo UM RAMO DE ACÁCIA, espécie de árvore comum, cujas flores e folhas são sempiternas ou sempre vivas. 

No dia seguinte relataram seu descobrimento a Salomão; este fez o Sinal, e pronunciou a palavra, que passaram a ser usados depois como sinais DE SOCORRO. 

Em seguida encarregou aos nove mestres que fossem reconhecer se se tratava do Grande Mestre Hiram Abiff, e que buscassem SOBRE ELE OS SINAIS de reconhecimentos, os quais ficaram fixados pelas palavras que foram pronunciadas no momento em que foi levantado o corpo da sepultura. 

Assim o fizeram, e ao verem a fronte ensangüentada, coberta por um avental, e sobre o peito a insígnia do Grau, fizeram O SINAL DE HORROR, que ficou sendo o sinal de reconhecimento entre os maçons.

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