A Palavra Semestral, o “som” produzido pelo “sussurro”.


Sem, ainda, entrarmos na “mecânica’’ da Cadeia de União, tornase preciso dizer que a formação da cadeia sem a transmissão da “palavra semestral” não encontrará objetividade. 

A “palavra semestral” poderia ser transmitida por escrito; então, embora ao lê-la a mente receba o “poder” que ela emana, os resultados que o “som” poderia produzir não são exercidos. 

Portanto, um dos elementos fundamentais da Cadeia de União é da passagem da “palavra semestral” transmitida de ouvido a ouvido. 

Antes de qualquer coisa, quem deve participar de uma Cadeia de União? 

Todos os membros do quadro; todos os maçons presentes; qualquer maçom mesmo os que estão no “Oriente Eterno”? 

Uma resposta singela seria a fornecida pelos Regulamentos: aquele que está capacitado a receber a “palavra semestral”. 

A “palavra semestral” possui várias finalidades: da regularidade; permitir a entrada nos Templos; fornecer o “som” para a Cadeia de União e evidenciar a existência de uma Autoridade Central. 

A “palavra semestral”, obviamente, é mudada de seis em seis meses, correspondendo às passagens dos equinócios e solstícios, ou seja, na entrada do verão e na entrada do inverno. 

Consiste o equinócio da entrada do Sol em qualquer dos pontos denominados de equinociais e que são no princípio de Áries e Libra, em cujo tempo as noites e os dias são iguais. 

Consistem os solstícios na época em que o Sol entra nos signos de Câncer e Capricórnio. 

Portanto, a palavra “semestral”, deveria ser fornecida na entrada do verão e na entrada do inverno; nem sempre, contudo, isto é observado. 

A função dos signos zodiacais assume importância na formação da Cadeia de União, seja porque os signos se representam em círculo, seja porque a posição de cada componente da Cadeia deve obedecer à posição das constelações representadas na “abóbada celeste”(9). 

Os membros do quadro de uma Loja Maçônica dividem-se em ativos e inativos. 

Merecem ambos os grupos participarem da Cadeia de União? 

Cremos que a resposta deve ser afirmativa porque, enquanto os membros do quadro não forem por qualquer motivo desligados, pertencem ao quadro e merecem receber os benefícios que a Cadeia de União lhes pode proporcionar. 

Não se pode afastar dos Regulamentos o fato de que todo maçom é um iniciado. 

A iniciação é uma ressurreição precedida de uma morte simbólica ocorrida na Câmara das Reflexões. 

O iniciado é um resurrecto que penetra no Templo com sua “inocência” de quem ainda não pecou, porque recém renascido. 

As palavras do Nazareno, quando exigia que devessem nascer de novo aqueles que aspiravam o Reino, encobertas sempre por denso véu, podem aplicar-se à iniciação. 

O “ventre materno” pode, perfeitamente, ser simbolizado pela “Câmara de Reflexões”.(10) 

O iniciado é maçom “in aeternum”, neste placo físico e também no “Oriente Eterno”. 

E todo maçom merece os benefícios que a Cadeia de União proporciona. 

É óbvio que, sendo a “palavra semestral” usada para outras finalidades, como comprovar a regularidade, encontra o iniciado inativo, “adormecido”, grande dificuldade para assistir a uma Cadeia de União. 

É uso de muitas Lojas não permitir que o maçom “visitante” participe da Cadeia de União, mesmo que comprove a sua regularidade. 

O costume não pede ser criticado, mas o visitante merecia receber e dar a contribuição pessoal de sua meditação. 

O maçom expulso por mau comportamento, o maçom desligado a pedido do quadro, o maçom enfermo, estes podem participar da Cadeia de União? 

Finalmente, não se pode afastar a participação dos maçons que se encontram em outro plano e que se denominam de Irmãos que estão no Oriente Eterno, ou seja, dos que já morreram. 

Não vai aqui confirmação de teoria espírita, ou convicção de que no “astral” morem espíritos desencarnados. 

O objetivo não diz respeito ao crer ou não crer, aceitar ou repelir. 

Trata-se de um aspecto normal e comum e que tem suscitado debates dentro das tertúlias maçônicas. 

Videntes têm dado seu testemunho de que, do lado de fora de uma Cadeia de União, viram formar-se outra, composta de “maçons” em estado fluídico, sendo alguns reconhecidos como pertencentes, outrora, ao quadro. 

Poderíamos afirmar que os maçons que habitam no “Oriente Eterno, participam da mesma Cadeia de União a que nós formamos? 

Os múltiplos aspectos que uma Cadeia de União suscita, dá margem a estudos aprofundados e que merecem todo nosso interesse, se não científico, pelo menos, perquiritivo. A participação em uma Cadeia de União, como afirmamos acima, exige ser o participante, maçom regular. 

Se, porém, surge na Loja, a título de visitante, um maçom pertencente à Maçonaria Mista, ou de Adoção, ou Feminina, será imprópria a presença, pelo fato do “elo” ser mulher? 

Opinamos que o fato de ser mulher não impediria a participação, porque em nada diminuiria os efeitos, psicológicos, místicos, mágicos ou físicos e mesmo espirituais. 

Porém, a Maçonaria conhecida por “Feminina”, não é regular, não é reconhecida pelas Potências Internacionais Regulares e, somente por este fato, a sua participação, não só é desaconselhável, como impeditiva.


NOTAS

(9) Aspecto, porém, muito difícil de ser observado. Na Santa Ceia do Senhor, o pintor Leonardo da Vinci colocou cada Discípulo em uma posição Zodiacal. O assunto convida ao estudo.

(10) Poder-se-ia formar uma Cadeia de União dentro de uma “Câmara de Reflexões”? Seria a “Câmara do Meio”, do Grau 3, a mesma “Câmara das Reflexões”? A Cadeia de União é formada apenas no Grau 1?


REFERÊNCIA: A CADEIA DE UNIÃO - Rizzardo da Camino


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