O homem sonha em sair de si mesmo e atingir mundo: ignotos, viajar, como o fazem os astronautas pelo firmamento em busca do desconhecido, numa espécie de “levitação”, anseio muito comum e proclamado, desde os primeiros alvores da civilização.
Hoje, o processo inverte-se, porque o homem tende percorrer um “caminho para dentro de si”, usando processos técnicos e conseguindo penetrar no insondável mistério de si mesmo, onde existe uma consciência que não conhece, um Universo que não percebe.
O “caminho para dentro” é simples e natural, quase espontâneo, partindo da periferia grosseira e atingindo o “centro” sutil, o seu mundo de percepção.
A percepção do interior é tão normal como a percepção do exterior.
Para “ver” o mundo externo, valemo-nos dos olhos normais, de um dos cinco sentidos do corpo; para “ver’’ e mundo sutil, valemo-nos da “terceira visão”, dos sentidos da percepção interna.
Os efeitos e os métodos são diversos.
A percepção de dentro para fora exige rumor e dinamismo. A percepção interna é silenciosa, serena e estática.
A percepção para o exterior despende energias, e para o interior, acumula energias.
A percepção para dentro, ou para o interior, resulta da diminuição das atividades de nosso sistema nervoso, gradativamente, até a sua paralisação completa, até encontrar um estado maravilhoso de silêncio.
Ao contrário do que muitos poderiam julgar, o silêncio não é paralisação e morte, mas sim, um estado de “alerta” que põe em “movimento” outros fatores.
“Movimento”, aqui empregado de forma peculiar, por ser “movimento-estático”, uma forma paradoxal, embora.
A atividade mental é reduzida ao descanso total, ao “ponto de agulha”, como diriam os “rishis” de outrora.
Ponto que se situa na fonte do pensamento, que é cósmica e pura.
Chegamos ao “centro da vida”, que é a divindade em nós, e segundo a linguagem evangélica, o Cristo em nós.
Toda figura geométrica possui um “centro” e a Cadeia de União, por ser um círculo, o possui também.
Daí a necessidade de a Cadeia de União ser formada com a observação de ser circular, procurando os Irmãos manter a forma geométrica, com capricho, marcando, quando possível, no piso, alguns pontos de referência.
Não devemos deixar de anotar que no “centro” da Cadeia de União está situado, sempre que possível, o Ara, ou seja, o Altar dos Juramentos, onde o Livro Sagrado é mantido aberto(8).
O “Centro’’ da Cadeia de União será a “Palavra do Senhor” ou, em linguagem maçônica, a “Prancheta” do Grande Arquiteto do Universo, onde está consignado o “traçado” da Grande Edificação do Universo.
Cada participante da Cadeia de União no início é um elo, mas logo passa a ser “corrente” plena, e dentro de cada um dos seus participantes, no seu “centro”, se encontrará nos “centros” dos demais, e sem o perceber, formará um “centro” único.
O “centro da vida” verdadeira.
Diz o Maharishi Mahesh Yogi:
“Devemos afirmar que dirigir a mente para o mundo interior, para o campo transcendental, acaba por fazê-la chegar ao Campo do Absoluto Transcendental, ao Campo Cósmico do Imanifestado. Quando aí, penetra, eis que a mente e a consciência se saturam-se impregnam da Energia, ou do Poder do Eu Supremo, o Poder de Ser Eterno. Eis que encontra então a plenitude da Felicidade, da Beatitude, de qual Grande Plenitude somos herdeiros.
Está, pois, impregnada, saturada de Grande Felicidade, de Plenitude de Felicidade. Equivale a um mergulho, depois de vários mergulhos de exercício, e prática, todos profundos, onde nesse mergulho encontrou a ‘Fonte Cósmica da Plenitude’”.
É evidente que a “meditação” instantânea e mesmo fugaz; tem seu fim e nós voltamos à realidade, trazendo conosco os resultados do mergulho dado, da viagem percorrida.
A mente humana, quando retorna, vem banhada de luz porque esteve em contato com Deus.
Volta para o mundo. Mas já o mundo faz-se notar como “ser”, e nós passamos a “amaro mundo”, a respeitar a Natureza, a admirar a obra da Criação e desejamos um mundo melhor para os nossos semelhantes.
O mundo será melhor porque nós estamos melhorando.
Sentiremos uma inclinação mais acentuada para as coisas do espírito; buscaremos meditar em outras oportunidades e retornarmos àquele “contato” que nos deu tanta felicidade!
Se os maçons se propusessem, em união, como “elos”, envolver toda Humanidade, a Paz reinaria sobre todos.
Precisamos conscientizar os maçons de que são uma força preponderante e que podem melhorar o “meio ambiente” onde gravitam.
A falha da Maçonaria reside no fato dos maçons dedicarem o melhor de suas intenções apenas enquanto presentes nos Templos, esquecendo que a Natureza é o maior Templo e que a Fraternidade Universal, abrange a todos, sem distinção de conceitos, posição social, raça ou cor.
Cada Loja Maçônica constitui-se em “sementeira de Paz”, e basta lançar mão destas “sementes” para multiplicá-las em terreno fértil, amainado por nós mesmos.
NOTA
(8) A formação da Cadeia de União deve ser feita antes do encerramento da sessão, para que o “Livro de Lei” permaneça aberto.
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