Arquitectura de um templo de Aprendiz – REAA (II)

esquadro, compasso, templo

(Continuação – ligação para a Parte I)

XII – mobiliário e outros ornamentos de uma Loja de Aprendiz

Em que pese a tradição, numa Loja Maçónica usam-se cadeiras confortáveis para todos, e não mais os incómodos bancos de Aprendiz e Companheiros, de antigamente. Também não se deve construir o Norte e o Sul das Colunas em planos mais altos. No escocesismo tradicional basta que na Loja existam “sete degraus”, um do Ocidente para o Oriente, três para o Sólio, dois para a mesa do 1º Vigilante e um só para a mesa do 2º Vigilante. A soma destes degraus é igual a sete.

NOTA 16 – É apropriado que do Ocidente para o Oriente se suba por apenas um degrau.

A Loja é governada por um triângulo de três Mestres: o Venerável Mestre, o Primeiro e o Segundo Vigilantes, que ocupam, respectivamente o Trono, na Coluna do Norte a mesa Norte-Ocidental, ao lado da faixa de passagem, e a mesa situada no Sul, no meio da Coluna do Sul e de frente para o Equador, isto é, num Meridiano imaginário ou Meio-Dia. Os três titulares são portadores do Malhete, símbolo de autoridade democrática e evolução do antigo certo real.

NOTA 17 – O Venerável Mestre, o Primeiro e o Segundo Vigilante constituem as Luzes da Loja. Toda Loja Maçónica, independente do Rito que pratique, é dirigida por Três Luzes. O Venerável Mestre, como primeira Luz ocupa o Altar-Mor e os Vigilantes ocupam mesas. A costume de que uma Loja é sempre dirigida por três Luzes é imemorial, espontâneo e universalmente aceito, portanto, é um verdadeiro Landmark.

O Altar ocupado pelo Venerável Mestre pode ser uma mesa comum, rectangular, fechada na frente e laterais, ou mais elevada no meio. Esta mesa (altar-mor) e a Cátedra (Trono) ficam sob o dossel, e tudo isto representa o “sólio”, ou autoridade. A Cátedra é preferencialmente de espaldar (encosto) alto e se possível esculpido com motivos maçónicos na cabeceira. A mesa pode ostentar, na face frontal, o Esquadro, que é a jóia distintiva do Venerável Mestre. Diante da face frontal sul da mesa (para o lado do Secretário), sobre o último degrau do Sólio, encostado no Altar coloca-se um quadro emoldurado contendo a Carta Constitutiva da Loja, e simétrico a ele, no lado norte (lado equivalente ao Orador), igualmente disposta, coloca-se a Prancheta, gravada com as Paralelas Cruzadas e com a figura de um “X” de ângulos opostos pelos vértices, expressões simbólicas do limitado e do infinito que serve também à composição do Alfabeto Maçónico. Sobre a mesa descansa o Malhete utilizado pelo Venerável, um escrínio com a Espada Flamejante e outros materiais utilizados no expediente.

a) Altar dos juramentos

No Oriente, ao centro entre a divisa do Oriente e os degraus que levam ao Sólio há um pequeno móvel, geralmente de superfície triangular, de mais ou menos 70 cm de altura. Trata-se do Altar dos Juramentos, já consagrado pelo uso e como complemento do Altar-Mor ocupado pelo Venerável Mestre. Também o tampo deste Altar se pode assentar sobre uma coluna truncada baixa, preferivelmente de estilo Jónico. Convém, entretanto, que este Altar contenha uma parte frontal ou face ostensiva, voltada para o Ocidente, na qual figurem o Círculo entre Paralelas Tangenciais e Verticais.

NOTA 18 – O Altar dos Juramentos, nos ritos que o possuem, é na realidade uma extensão do Altar-Mor. Nos primórdios da Moderna Maçonaria, independente de ritos, as obrigações eram tomadas no Altar-Mor.

O Círculo entre Paralelas sugere que o Sol não transpõe os Trópicos, lembrando ao Maçom que a Consciência religiosa de cada Irmão é inviolável. Lembra também a antiquíssima tradição de se comemorarem os inícios do Verão e do Inverno, em festas que as Corporações medievais, inclusive a dos Pedreiros-Livres, passaram a realizar nas datas de João, o Batista (24 de Junho) e João, o Evangelista (27 de Dezembro). As grandes reuniões maçónicas são feitas nessas datas. Quanto às Paralelas, representam, além dos trópicos de Câncer e Capricórnio, Moisés, que instituiu o Governo da Lei e não dos homens, e Salomão, o Pacífico e Sábio, construtor do Templo que evoluiu da tenda. No escocesismo, principalmente, as paralelas verticais representam João, o Batista e Precursor, e João, o Evangelista, seguidor e Pregador. Num Templo Maçónicos falam todos os símbolos e as partes.

NOTA 19 – O Círculo, além de ser a representação do Sol, também representa o espaço da Loja onde os Maçons trabalham na superfície da Terra, entre os trópicos de Câncer e Capricórnio. Os trópicos (Paralelas), nos pontos de tangência com o Círculo marcam os solstícios de Inverno e de Verão. Os solstícios ocorrem a 21 de Junho e 21 de Dezembro. Muito próximo a cada uma dessas datas comemoram-se os dias dos Joões, o Batista e o Evangelista respectivamente.

b) Luzes litúrgicas

As mesas dos Vigilantes, assim como o Altar ocupado pelo Venerável Mestre levam cada qual sobre si um candelabro de três braços. Eles podem conter velas, ou preferencialmente pequenas lâmpadas eléctricas. As Luzes Litúrgicas são acesas conforme o grau de trabalho da Loja.

NOTA 20 – A Luz é o símbolo do esclarecimento e da razão. Iniciaticamente, a alegoria propõe que quanto maior é a evolução do Iniciado, mais luzes serão acesas nos candelabros de três braços. Quanto maior o grau, maior é o esclarecimento.

c) Jóias

A jóia do 1º Vigilante é o Nível Maçónico, que tem a forma de um Esquadro ou ângulo recto superior, de cujo vértice pende um Prumo a cair no ponto-meio de uma hipotenusa. Na realidade, ao mesmo tempo o instrumento se constitui por um Esquadro, Nível e Prumo. Nunca deve ser substituído por nível de bolha de ar. Esta jóia pode ser esculpida na face ostensiva da mesa, bem como permanecer junto ao Maço e o Cinzel sobre a primeira Jóia Fixa que é a Pedra Bruta. Apenso ao colar vestido, o 1º Vigilante traz também a jóia distintiva (Nível) correspondente ao seu cargo. Além disso, ele tem ao seu lado o “lugar seguro” no qual se recolhem os instrumentos de trabalho da Oficina. Este lugar pode ser de gavetas na mesa, se esta for ampla, ou de gavetas disfarçadas nos degraus dos dois estrados.

A jóia do 2º Vigilante é o Prumo. Além de trazê-lo como jóia distintiva apenda do seu colar, ele é também representado na face frontal da mesa. A Pedra Cúbica, 2ª Jóia Fixa que fica junto à mesa, terá próximo a ela uma Régua Prumo em forma de “T” invertido. Nele um prumo preso ao fio cai sobre a perpendicular de base. Este é o Prumo Maçónico.

São chamadas Jóias Fixas e irremovíveis, a Pedra Bruta, a Cúbica e a Prancheta.

O Esquadro (Venerável Mestre), o Nível (1º Vigilante) e o Prumo (2º Vigilante) são chamados de Jóias Móveis, eis que se transitem aos sucessores dos titulares. Estas Jóias, como distintivas do cargo, também aparecem apensas dos colares que fazem parte das insígnias das Luzes da Loja.

NOTA 21 – Rigorosamente, o Esquadro utilizado como Jóia distintiva do Venerável Mestre (apenso do seu colar) deve ter ramos diferenciados no seu comprimento. Ele representa um Esquadro Operativo com cabo (ramo menor) e graduação (ramo maior). Literalmente é um instrumento de trabalho.

d) Mesas do Orador, Secretário, Chanceler e Tesoureiro

Também ocupam mesas rectangulares e respectivas cátedras, o Orador, à noroeste dentro do Oriente e próximo à Balaustrada e o Secretário, à frente dele pelo lado oposto, à sudeste dentro do Oriente. Ambos nos limites da faixa longitudinal de passagem (entrada e saída do Oriente); por sua vez, no Ocidente e próximo a Balaustrada, na Coluna do Norte e do Sul, respectivamente, ladeando o Orador e o Secretário, mas pelo lado de fora da balaustrada ficam as mesas do Tesoureiro e do Chanceler, este na Coluna do Sul e aquele na Coluna do Norte. Na face frontal das mesas podem estar gravadas ou representadas a jóias distintivas do cargo. A do Tesoureiro com duas Chaves Cruzadas e por sua vez a do Chanceler com a figura de um Timbre ou Selo.

A mesa do Orador tem esculpida na sua face frontal motivo que represente a Lei e a Justiça. Pode ser a Jóia distintiva do cargo, um Livro Aberto e Rutilante. Sobre a mesa do Orador, além do material de escrita, devem ficar o compêndio das leis maçónicas vigentes e outros afins do seu ofício.

A mesa do Secretário pode ter na sua face frontal o emblema do ofício, inerente à jóia distintiva do seu cargo – duas Penas cruzadas.

Sobre as mesas do Orador, Secretário, Tesoureiro e Chanceler poderá haver uma luz auxiliar para melhorar a iluminação do ambiente da mesa de trabalho. Esta luz não é iniciática e nem há liturgia para o seu acendimento. Cada titular, na medida da sua necessidade pode acendê-la.

e) Três grandes luzes emblemáticas

Compostas pelo Livro da Lei, Esquadro e Compasso devem ficar sobre o Altar dos Juramentos.

NOTA 22 – Grandes Luzes Emblemáticas, é como são conhecidos o Livro da Lei (Bíblia), o Esquadro e o Compasso. Quando a Loja estiver aberta ritualisticamente o Esquadro e o Compasso ficam arrumados conforme o grau e sobre o Livro da Lei aberto. No REAA, para cada grau, há leitura de um trecho do Livro da Lei. O Compasso aberto vai aberto no máximo a 45º e terá as pontas das suas hastes voltadas para o Ocidente. O Esquadro terá os seus ramos voltados para a parede oriental. O Livro da Lei fica na posição de leitura para quem de frente permanece voltado para o Venerável Mestre. O Esquadro que constitui uma das Luzes Emblemáticas possui os seus ramos rigorosamente iguais (nele não se distinguem cabo e nem graduação).

f) Jóias do Mestre de Cerimónias e Diáconos

O Mestre de Cerimónias usa um bastão de madeira escura natural com medida entre 1,80 e 2,00 metros de altura. No topo do bastão vai uma jóia representando uma Régua Graduada. A mesma jóia vai apensa do colar como jóia distintiva do seu cargo. Os Diáconos, que no REAA não usam bastões, têm as suas jóias distintivas representadas por uma Pomba. A jóia vai apensa do colar.

NOTA 23 – No REAA o Mestre de Cerimónias é oficial circulante e auxilia na liturgia de condução dos trabalhos. Porta um bastão sempre que o ritual determinar e quando estiver conduzindo alguém. Toma assento na Coluna da Beleza (Sul) à frente do Chanceler. Os Diáconos representam os antigos mensageiros oficiais de chão. São os condutores da Palavra Sagrada entre as Luzes da Loja no momento de abertura e encerramento dos trabalhos. Não utilizam bastão.

g) Corda de 81 nós

Encontra-se no alto da parede do Templo, cujo nó central deve estar sobre o Trono ocupado pelo Venerável Mestre, tendo de cada lado, 40 nós equidistantes, que se estendem pela parede do Oriente, Norte e Sul, terminado as suas extremidades, em ambos os lados da porta Ocidental de entrada, em duas borlas, representando a Temperança e a Coragem.

A Corda pode ser natural, ou em gesso esculpido na parede possuindo sempre 81 nós.

NOTA 24 – A despeito do significado da Corda, a sua origem como elemento que contorna o recinto da Sala da Loja se deu na Maçonaria de Ofício (Operativa). À época era comum que nos canteiros das construções existisse uma corda grossa delimitando o espaço. Ia presa em paliçadas que continham argolas de ferro. À entrada do canteiro existiam dois postes maiores onde a corda se interrompia. Por entre estes postes se entrava e se saía da oficina de trabalho. Junto aos dois postes maiores ficavam os wardens (zeladores), ancestrais dos Vigilantes.

Ela deverá ter 81 nós por três razões:

I. O número 81 é o quadrado de 9 que, por sua vez, é o quadrado de 3, número perfeito e de alto valor para a mística maçónica, assim como para as antigas civilizações – Génesis, 6, 10: Três eram os filhos de Noé; Génesis, 18, 2: Três eram os varões que apareceram a Abraão; Esther, 4, 6: Três eram os dias dos judeus desterrados; Matheus, 26, 34: Três eram as negações de Pedro; I Coríntios, 13, 13: Três eram as Virtudes Teologais (Fé, Esperança e Caridade.

Além disso, as tríades divinas sempre existiram, em todas as religiões: Sumerianos – Shamash, Sin, Ishtar; Egípcios: Osíris, Ísis e Hórus; Hindus – Brahma, Vishnu e Shiva; Taoísmo – Yang, Ying e Tao; Cristã – Pai, Filho e Espírito Santo.

NOTA 25 – O número Três, comum ao Grau de Aprendiz é tido na Maçonaria como uma unidade ternária e refere-se à construção do Triângulo, primeiro elemento plano constituído na Geometria. De todas as figuras geométricas planas, o Triângulo é o princípio que constitui todas as figuras planas.

II. O número 40 nós para cada lado, extraindo-se o nó central, é o número simbólico da penitência e da expectativa: genesis, 7, 4: 40 dias que durou o Dilúvio; Êxodo, 34, 28: 40 dias passou Moisés no Sinai; Matheus, 4, 2: 40 dias durou o jejum de Jesus; Actos dos Apóstolos, 1, 3: 40 dias, Jesus esteve na Terra, após a ressurreição.

III. O nó central representa o número Um, a Unidade Indivisível, o símbolo de Deus, princípio e fundamento do Universo; o número um, desta maneira, é um número sagrado.

Esotericamente, a Corda de 81 Nós simboliza a união fraternal e espiritual, que deve existir entre todos os maçons do mundo; representa, também, a comunhão de ideias e de objectivos da Maçonaria, que, evidentemente, devem ser as mesmas em qualquer parte do Planeta.

A abertura da Corda em torno da porta de entrada do Templo, com a formação de borlas, simboliza que a Ordem Maçónica é dinâmica e progressista, estando, portanto, sempre aberta às novas ideias, que possam contribuir para a evolução dos homens e para o progresso racional da humanidade.

h) Signos do zodíaco e colunas zodiacais

Representam o caminho do Iniciado. As constelações zodiacais, em número de 12 podem aparecer representadas na base norte e sul da abóbada, como podem configurar-se por doze meias colunas encravadas nas paredes Norte e Sul do Ocidente, sendo seis no setentrião e outras seis no meridião.

Não existe uma ordem de arquitectura específica para estas meias colunas, todavia o mais comum é que elas sejam representadas por colunas Jónicas, trazendo nos seus capitéis as marcas do Zodíaco.

A ordem de distribuição nas paredes (Topo da Coluna do Norte e do Sul) é a seguinte: seis Colunas ao Norte – partindo do canto da parede norte com a ocidental vem Áries, Touro, Gémeos, Câncer, Leão e Virgem (última junto à balaustrada). Outras seis ao Sul – partindo do lado externo da balaustrada, vem Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes (última junto ao canto com a parede ocidental).

Câncer estará sempre no Norte e Capricórnio ao Sul. Colunas Zodiacais não podem aparecer na parte interna do Oriente, isto é, além da balaustrada.

No Ocidente, as paredes Norte e Sul são conhecidas como Topo da Coluna do Norte e Topo da Coluna do Sul.

NOTA 26 – Representando as 12 constelações com as quais o Planeta Terra se alinha tendo o Sol como referência durante a sua viagem de translação, em linhas gerais esses alinhamentos de três em três constelações correspondem aos ciclos da Natureza num tempo aproximado de 365 dias. Assim, esta alegoria solar representada pelas constelações do Zodíaco, compara-se aos ciclos de vida do Iniciado, comparando-o na Primavera e Verão ao Aprendiz (infância e adolescência de Áries à Virgem). Os demais ciclos, já no Sul, correspondem à juventude (Companheiro) e à maturidade (Mestre). Em síntese, as Colunas Zodiacais marcam simbolicamente a senda do Iniciado.

i) Mar de bronze

Em que pese alguns rituais trazerem o Mar de Bronze em lugares diferenciados, este genuinamente no REAA fica a sudoeste da Loja. Para tal, deve haver um móvel com uma jarra (bilha) e, se possível, uma miniatura do Mar de Bronze (I Reis, 7, 25 e II Crónicas 4, 15). É aceitável, representando o Mar de Bronze, existir uma bacia artística e adequada para tal.

A sua utilidade é para que o iniciando, em certo momento da Cerimónia de Iniciação tenha as suas mãos purificadas neste mar. Os utensílios utilizados para esse fim, a bilha e o mar, devem ser de matiz bronzeado. Durante a sua utilização acompanha uma toalha branca, cuja alvura, após ter servido para enxugar as mãos do iniciado durante a purificação, comprova que as suas mãos estão limpas e puras.

NOTA 27 – O Mar de Bronze é componente imprescindível para a purificação por um dos Elementos.

j) Altar dos perfumes

No Oriente, entre o Altar ocupado pelo Venerável Mestre e a mesa do Secretário, deve haver um pequeno móvel de aproximadamente 70 centímetros de altura. Este pequeno Altar é apenas uma reminiscência de quando o Templo fora inaugurado (consagrado).

A sua finalidade é apenas a de comprovar que o espaço de trabalho maçónico se tornou, na forma dos costumes, digno para as práticas litúrgicas. Nos trabalhos litúrgicos do REAA não está prevista a sua utilização para queima de incenso e nem mesmo para manter sobre ele chama de vela acesa.

k) Painel do grau

Rigorosamente o Painel do Grau coloca-se entre as Colunas do Norte e do Sul ao centro do Ocidente (sobre o equador do Templo); é em torno deste Painel que os Obreiros fazem a circulação horária na forma indicada no ritual. O importante é que as gravuras que compõem o Painel sejam envoltas como uma moldura pela Orla Denteada com Quatro Borlas nos cantos, assim como nele apareça a marcação dos quatro Pontos Cardeais.

NOTA 28 – O Painel do Grau condensa nela todo o processo iniciático do grau. Sintetiza, de forma velada e reservada somente aos iniciados, a Loja.

l) O átrio

É o compartimento vestibular do Templo. Genuinamente o seu chão é também branco e preto com quadrados dispostos de modo oblíquo. É uma extensão do Pavimento Mosaico. Sobre ele, ladeando a porta que dá acesso à Sala da Loja (Templo), à esquerda de quem entra fica a Coluna Vestibular B e à direita a Coluna Vestibular J.

O Átrio não é lugar para reunião, encontros, lugar de guardar pertences e nem de preparar as vestimentas para os trabalhos. Isto deve dar-se na Sala dos Passos Perdidos, cuja existência se dá para esta finalidade.

NOTA 29 – Recomenda-se que antes da formação do préstito para ingresso no Templo, o Átrio permaneça fechado. Isto evita reuniões indesejáveis diante da porta do Templo.

Admite-se no Átrio a colocação de dispositivo para acomodar espadas e os bastões denominados estrelas. Nele fica também um aparelho onde penduram-se os colares com as respectivas jóias. Nas Sessões Magnas, é o local onde se preparam o Porta-Bandeira, a Guarda de Honra e a Comissão de Recepção e Retirada do Pavilhão Nacional. É também onde se prepara a Comissão de Recepção para Autoridades e Portadores de Títulos de Recompensa.

NOTA 30 – É recomendável que as Comissões de Recepção, Guarda de Honra, etc., sejam organizadas no Átrio e não dentro do Templo. Esta atitude preserva a liturgia, a organização e o respeito que o recinto merece.

Todas as cerimónias iniciáticas em Loja aberta para Iniciação, Elevação e Exaltação), de certo modo também iniciam as suas actividades no Átrio da Loja.

m) Sala dos passos perdidos

Todo edifício maçónico possui uma sala de recepção denominada Sala dos Passos Perdidos. Decorada a gosto, a sala, além das cadeiras de espera, deve ter uma mesa ampla, sobre a qual deve estar, antes das sessões os Livros de Presença dos Irmãos do Quadro e dos Visitantes.

É neste espaço que os Irmãos se preparam para os trabalhos, vestindo as suas alfaias e organizando-se até que o Mestre de Cerimónias componha a Loja e os conduza até o Átrio para a formação do préstito.

n) Câmara de reflexão

São pequenos compartimentos, preferencialmente no subsolo, pintados de preto por dentro e lembram masmorras. As paredes internas podem ser de pedras escuras. No interior há uma mesa e uma cadeira e, sobre a mesa, uma só vela acesa num castiçal, uma ampulheta de areia (Tempo), duas taças com as respectivas inscrições de AMARGO E DOCE, um crânio humano, com duas tíbias e um alfange (símbolos da morte), um pão de trigo cortado (nutrimento do corpo), uma jarra com água (nutrimento do espírito, purificação), com o respectivo copo, sal, enxofre e mercúrio (alegoria da alquimia), além do material para escrita (questionário e testamento filosófico). 

Ao fundo escuro, com figuras e letras, pitadas com tinta fosforescentes, ou levemente luminosas, há um conjunto bem à frente da mesa, assim composto, de cima para baixo:

  1. A sigla V.I.T.R.I.O.L, iniciais das palavras que compõem a frase latina Visitae Interiora Terrae, Retificandoque Invenies Occultum Lápidem, cuja tradução é: Visitai o Interior da Terra e Rectificando Encontrarás a Pedra Oculta. Em linhas gerais, significa um convite à reflexão sobre si mesmo.
  2. Um galo em posição de canto (despertar, novo dia, ressurreição de quem morre para a vida profana);
  3. Debaixo desta figura, mais dois significados da mesma – as palavras VIGILÂNCIA e PERSEVERANÇA;
  4. Logo abaixo, a figura da Morte, com o seu alfange e, sob a figura, esta inscrição vem visível: LEMBRA-TE QUE ÉS PÓ E AO PÓ VOLTARÁS;
  5. Por fim as seguintes frases de advertência:
    1. Se a curiosidade aqui te conduz, retira-te.
    2. Se queres empregar bem a tua vida, pensa na Morte.
    3. Se temes que descubram os teus defeitos, não estás bem entre nós.
    4. Se és apegado às distinções mundanas, retira-te; nós aqui não as conhecemos.
    5. Se fores dissimulado, serás descoberto.
    6. Se tens medo, não vás adiante.

XIII – Considerações finais

Com este conjunto de informações que entendo primárias para o Grau de Aprendiz Maçom, espero ter ajudado a compreender um pouco a proposta da doutrina do Rito Escocês Antigo e Aceito.

Entendo que a formação básica é o elemento de sustentação da aprendizagem maçónica. Faz-se mister que o Iniciado tenha visão e compreensão dos propósitos que a Sublime Instituição lhe oferece.

Pedro Juk 

Secretário-Geral de Orientação Ritualística do GOB


Bibliografia

  • Ritual e Instruções de Aprendiz Maçom do REAA – Theobaldo Varolli Filho, 1974

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