Deveremos sempre recordar o juramento feito na iniciação quando, nos comprometemos ajudar os Irmãos.
Fraternidade é um conceito filosófico profundamente ligado às ideias de Liberdade e Igualdade, pois para que cada uma efetivamente se manifeste é preciso que as demais sejam válidas.
Ela expressa a ideia de afeto, união, carinho ou parentesco entre irmãos.
Igualdade descreve a ausência de diferenças de direitos e deveres entre os membros de uma sociedade: entre gêneros, classes, etnias, orientações sexuais etc.
A fraternidade expressa à dignidade de todos os homens, considerados iguais perante o Deus e a todos lhes assegura plenos direitos (sociais políticos e individuais).
No Rito Escocês Antigo e Aceite é explicado ao neófito que o Tronco de Solidariedade arrecada dinheiro, denominado metais, que serão distribuídos depois aos necessitados.
O obreiro coloca o seu óbolo na mão e a fecha, coloca-a dentro da bolsa de coleta e lá dentro a abre e solta a sua doação, deposita para si mesmo, soltam-se os fluídos da ponta dos seus dedos, energizando o conteúdo da bolsa, fecha a mão e a retira fechada.
Ao retirar a mão fechada significa que assim como ele pode colocar o que lhe ditar o coração, também poderá tirar quando necessidades o afligirem. Daí deduzindo que os necessitados a serem socorridos em primeira instância são os próprios irmãos do quadro.
Existem relatos que creditam a origem deste procedimento como remanescente do tempo em foi construído o templo de Salomão, onde ferramentas, projetos, documentos e pagamento dos obreiros eram colocados dentro das colunas do templo, que eram ocas exactamente para esta finalidade.
O pagamento de companheiros e aprendizes origina-se na tradição de retirar do interior do tronco das colunas o salário a que faziam jus.
Mas a origem mais convincente e lógica é francesa, pois naquela língua a palavra “tronc” pode ser usada tanto para tronco humano como para caixa de esmolas.
Guarda-se apenas a simbologia deste procedimento; na verdade as colunas B e J dos templos atuais são meras figuras simbólicas e não são ocas.
A circulação ritualística da bolsa de solidariedade obedece ao formato de duas estrelas de seis pontas, que por sua vez são compostas cada uma por dois triângulos um dentro do outro, em posição invertida.
A marcha inicia no ocidente, entre colunas, em direção ao oriente.
O irmão hospitaleiro coloca a bolsa junto à sua cintura, ao lado esquerdo do corpo e inicia a marcha. Sem olhar para o que é depositado na bolsa vai passando por todos os obreiros em loja.
O Venerável Mestre, primeiro vigilante e segundo vigilante definem o primeiro triângulo; orador, secretário e guarda do templo definem o segundo triângulo, o que resulta na primeira estrela; depois passa pelos oficiais e obreiros do oriente, pelos mestres e oficiais da coluna do sul e pelos mestres e oficiais da coluna do norte, definindo o terceiro triângulo.
Companheiros, aprendizes e o cobridor externo formam o quarto triângulo e completam a segunda estrela.
E por fim, o cobridor externo segura a bolsa, e o próprio hospitaleiro deposita o seu óbolo na bolsa, retoma a bolsa, lacra-a e conclui o giro da bolsa colocando-se entre colunas.
Comunica ao Venerável Mestre que a tarefa está cumprida e recebe instruções do que deve fazer em seguida.
Normalmente o hospitaleiro leva a bolsa lacrada até o altar do tesoureiro e ambos conferem o valor colectado. De seguida o tesoureiro comunica ao Venerável Mestre o valor arrecadado. Durante a circulação da bolsa nenhum irmão pode entrar ou sair do templo.
Normalmente é momento que os obreiros aproveitam para recolhimento espiritual ou relaxamento, pois o acto de doar é tido como místico, é o sacrifício da oferenda que se faz como culto ao conceito de Grande Arquiteto do Universo de cada um.
Para tornar o momento mágico o mestre de harmonia baixa a intensidade das luzes e executa músicas suaves.
É uma parte do ritual que se não executado é considerado como se aquela sessão não foi válida, à excepção das sessões brancas.
O retirar de metais não ocorre no instante em que o obreiro retira a mão da bolsa, mas é solicitado ao Venerável Mestre que determinará a seu critério mandar efetuar sindicâncias, para só então fornecer os recursos financeiros ao irmão em necessidade.
Normalmente sequer é o beneficiado quem faz a solicitação, na maioria das vezes tal acção parte do hospitaleiro, mas pode ser qualquer outro irmão do quadro.
O irmão que não consegue pagar as suas contas tem direito ao uso destes recursos?
Não! Isto não é situação válida para obter recursos deste fundo.
O obreiro que teve a sua casa queimada ou uma doença grave se abateu sobre ele de forma inesperada, pode ser socorrido com recursos do Tronco de Beneficência?
Sim! A critério do Venerável Mestre e da loja.
É necessário haver sempre uma razão válida, de real valor humanitário para se efetuar algum socorro.
E esta ajuda é feita muitas vezes de tal maneira que o beneficiado sequer sabe de onde vem o recurso, é feita também de tal forma que não humilhe aquele; tem somente o objectivo de amenizar o sofrimento de quem realmente necessita.
É por isto também conhecido como tronco da viúva, onde os filhos da viúva são os maçons.
Quando os fundos do tronco dos pobres ou da viúva atingem valor razoável, parte dele é destinado para obras de beneficência.
Nunca é totalmente gasto, sempre fica um fundo para a eventualidade de haver necessidade de socorrer algum irmão em real necessidade emergencial.
Não colaborar com o ato litúrgico do tronco de solidariedade é o mesmo que fugir da prática da caridade e torna o Maçom indigno de exercer todos os demais privilégios maçónicos.
E se possuir posses que lhe permitam fazê-lo, e não o faz, torna-se desonesto para consigo mesmo, pois poderá ser ele próprio o beneficiário daquele óbolo que coloca na bolsa.
Se não colabora por vaidade ou avareza o seu carácter não é bom, ele deve desconfiar que tenha algo errado consigo mesmo.
Dar esmola não significa mixaria, ninharia, insignificância; é melhor que não coloque nada e arque com as consequências que a sua consciência lhe exigir.
É pela beneficência que o verdadeiro Maçom se torna digno na procura de alcançar a glória de merecer de parte daquilo que ele considera o Grande Arquiteto do Universo, o seu Deus, o prémio de fazer parte da edificação da sociedade.
Em sendo tão séria esta disposição então porque abusar da sorte: hoje está tudo bem, mas quem sabe o que o amanhã reserva?
Com 178 mortos, tragédia em Petrópolis é
a maior já registrada na história
do município
O maior desastre na Cidade Imperial ligado às chuvas
havia sido em 5 de fevereiro de 1988,
também com 171 mortos.
Publicações de jornais da época mostram que resposta
do poder público, 34 anos depois,
continua precária.
Os dados de óbitos constam no Plano de Contingência para Inundações da
Defesa Civil de Petrópolis.
Imagem divulgada pela Presidência mostra vista aérea após o deslizamento de terra em Petrópolis (RJ), em 2022. Foto: Presidência da República (via AFP)
Depois de 1988 e de 2022, o pior desastre na cidade foi registrado em 1979,
com 87 mortes
Em seguida, em 1966, com 80 mortos; em 2011.
Na sequência vem as tragédias de 2011 da Região Serrana (73 mortes);
outra em 2001 (51 mortes); e mais uma em 2013 (13 mortes).
Sobre a catástrofe em 1988, o Jornal do Brasil publicou que barreiras caíram em pelo menos 500 ruas,
e o acesso a Petrópolis pela BR-040 ficou bloqueado em ambos os sentidos.
Um cenário parecido com o que ocorreu agora em 2022.
Temporal em 1988 também levou destruição a Petrópolis — Foto: Acervo TV Globo
Até este domingo, o Corpo de Bombeiros contabilizou 171 mortos, e nos registros da Secretaria estadual de Polícia Civil o número de desaparecidos chegava a quase 200.
No dia seguinte à tragédia de 1988, o jornal O Globo publicou que o prefeito Rattes ainda avaliava decretar estado de calamidade na cidade, o que de fato aconteceu logo depois.
Os números iniciais já indicavam a dimensão do desastre.
Em 1988, ao menos 500 barreiras cederam na Cidade Imperial — Foto: Acervo TV Globo
Na mesma noite em que a chuva desabou sobre Petrópolis, depois duas horas e meia de tempestade as autoridades contabilizaram 12 mortos e cerca de 500 desabrigados.
O prejuízo na moeda da época era calculado em 1 bilhão de cruzados.
Dois dias depois, no domingo (8), o número saltaria para 120.
E assim como na tragédia do último dia 15, outra triste coincidência foi o abandono da população.
Desesperadas, as pessoas se mobilizavam para procurar por parentes e amigos soterrados por lama e escombros.
Três décadas descaso
Trinta e quatro anos se passaram desde aquela noite em fevereiro de 1988. Ainda assim, a resposta do poder público continua precária.
O jornal O Globo registrou, na época, que a escassez no efetivo foi, a princípio, suprida por quase 40 militares do Exército que imediatamente foram para as ruas.
Outra edição do Jornal do Brasil registrou que as equipes de resgate, considerando homens da Defesa Civil de Petrópolis, da Polícia Militar e do Exército, somavam 800 pessoas.
Mesmo assim, o jornal apontava que o efetivo era insuficiente para lidar com a tragédia humanitária.
O mesmo cenário de 1988 se repetiu neste ano, no último dia 15.
Restou à população petropolitana fazer a remoção de escombros e tentar resgatar corpos de familiares e amigos.
Tempestade em 1988 também deixou município debaixo d'água — Foto: Acervo TV Globo
Ainda assim, o número de socorristas daquele ano supera o de bombeiros deslocados
para o desastre mais recente.
No terceiro dia de buscas da tragédia deste ano, o Corpo de Bombeiros do RJ
informou que 500 militares atuavam na região.
Ao g1, o governador Cláudio Castro (PL) disse que a avaliação técnica dos bombeiros era de que o efetivo de socorristas "dava conta" do caos em Petrópolis.
Um dia depois, entretanto, foi confirmado que o governo estadual recebeu reforços
de equipes de socorristas de outros estados: de São Paulo e de Minas Gerais.
Nos dias seguintes, mais ajuda de outros estados chegaram à Cidade Imperial.
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