Tunel foi uma epopéa!
Tunel mostrou que um ideal tem mais força que todas as armas.
Do outro lado da serra, rebojando em corredeiras, espumando de colera, torrentes de soldados dictatoriaes se atiravam contra Tunel.
Quantos? 5.000? 6.000? 7000?
Tunel resistia…Defendia-o apenas um punhado de bravos. Quantos? Algumas centenas, não mais.
E as machinas da estrada ferrea arfavam, resfolegavam, rulhavam em todas as articulações dos vagões carreando mais tropas, mais canhões de montanha, canhões de marinha, metralhadoras pesadas, tanques erriçados de canos de fuzil como porcos-espinhos…
E o cyclone de metralha batia contra Tunel.
E Tunel resistia…
Uns dias…Uma semana…Um mez…Outro mez…
– Cahiu?
Mas súbito, de um flanco, imprevistos, os soldados da Constituição rompiam numa furiosa carga de baioneta.
E Tunel continuava irreductivel, atalaia aguerrida do pacto constitucional, esculca do sonho civilizado da lei!
A pequena guarnição de Tunel era a technica, a consciencia, a disciplina.
Trincheiras perfeitas.
Escasso material mas racional aproveitamento.
Para lá das escarpas da Mantiqueira era a orgia
de todos os excessos: de armas e de homens.
Qual o ideal, porem?
Bastaria para animar soldados o desejo de “trucidar paulistas”?
Tunel resistiu.
Resistiu contra tudo e contra todos.
Foi uma victoria integral.
Uma epopéa.
Um reducto que não cahiu e onde, até hoje, invisivel mas triumphante, illuminando com seus ensolarados reflexos todos os brasileiros, no alto da serra para ficar mais perto do ceu e para ser visto por todo o Brasil, flutúa ainda uma bandeira, a bandeira que o heroismo paulista não deixou cahir: A Bandeira da Constituição!
MENOTTI DEL PICCHIA – prefácio. In: A Resistencia do Tunel – Revolução de julho de 1932. Barros, Guilherme.
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