Parashat Chukat
No trecho dessa semana da Torah temos a menor de todas as Parashiot e ao mesmo tempo a mais comprida, 40 anos se passam e aqui veremos Miriam e Aharon deixarem o plano material, ou seja, aqui eles morrem, e é dada a sentença de HaShem à Moshê de que não entraria na Terra Prometida.
De fato o Talmude vai dizer que as bênçãos que Israel recebeu estão ligadas a essas Três Personalidades, a Parashat Chukat é um trecho difícil de ser acessado intelectualmente, aqui conhecemos um tipo diferente de Mistvot, a Mistvot Chuk, aquela “Supraintelectual”, ou seja, que foge ao entendimento racional do homem, claro podemos fazer conjecturas sobre o que elas significariam...
Por exemplo, uma Chuk difícil de ser entendida é a de não se misturarem Linho e Lã na mesma trama, num mesmo tecido, o que podemos fazer diversos midrashs, como dizer que o Linho vem da Agricultura a e a Lã da Agropecuária, o que nos remeteria a Caim e Abel respectivamente, sabendo que Caim entregava o resto como oferenda e Abel o melhor como Corban não deveríamos misturar essas duas essências, ou ainda, se levarmos a um nível mais místico, podemos comprar então Abel com Chessed e Caim com Gevurah e dizer que falta Chessed em meu Caim e Gevurah em meu Abel e que, por tanto, deveria antes equilibrar separadamente esses dois extremos para só em Kether uni-los perfeitamente...
Contudo, isso são Midrashs, interpretações a nível de Drash e que podem ser feitas por qualquer estudante da Torah, entretanto o real significado nos foge ao entendimento, como é o caso da Vaca Vermelha da Parashat dessa semana...
O midrash vai dizer que nem mesmo Salomão foi capaz de entende-la...
Sendo assim, olhemos para alguns aspectos, toda Parashat é composta por uma Haftará que acompanha, essas tem sabidamente uma influência espiritual na semana, as porções da Haftará foram criadas quando os judeus foram proibidos de estudar a Torah, sendo assim, os Rabinos criaram “O Equivalente”, literalmente “o que substitui”, ou, Haftará, trechos dos Profetas que se encaixavam para servir de pilar ao estudo mesmo sem a Torah em mãos, nesse caso, vamos ao livro de Juízes onde vemos Jefté sacrificar a própria filha a uma promessa feita a D’us, ela chora sua virgindade por dois meses e depois se entrega ao sacrifício, Miriam na Torah tem como profissão antes da saída do Egito, ser Parteira, ela é responsável pela água que segue toda a comunidade e também vem a morrer diante de D’us...
Mais uma vez muita coisa pode ser vista e aberta e não haveriam páginas suficientes para discorrer sobre tudo o que essa pequena Parashat pode apresentar...
Mas gostaria de fugir um pouco da Haftará e adentrar no próximo Capítulo do Livro de Juízes que falará sobre a disputa entre Gaaladitas e Efraimitas que criarão uma Palavra de Passe entre o Jordão e Israel, a Palavra é “Chibolet”, se fosse dita “Sibolet” o homem que a proferisse era morto, se falasse corretamente, então, estava seguro...
A Palavra deve exprimir na sua pronunciar dois conceitos, Espiga e Correnteza...
A Espiga nos levará a certa mulher, chamada Ruth que se casa com um certo homem chamado Boaz que dará origem a casa Davidica, além do mais era uma lei, a lei do restolho, muito pode ser visto ainda nesse caminho, e por outro lado, a Correnteza mais uma vez nos remete a muita coisa...
A mulher quando impura de sua menstruação deveria banhar-se em fonte de água viva, ou seja, que viesse de fonte natural com Correnteza Natural, a própria menstruação é um fluxo natural, de uma fonte natural, que de certa forma limpa as sujeiras vindas do Útero, essa palavra vem da etimologia do nome Ishtar, a deusa representativa do feminino cananeia...
Miriam é responsável pelas águas, a filha Jefté morre virgem sem ter fecundado suas águas... Muitas, mas muitas exegeses, midrashs, e interpretações podem ser feitas...
Com isso, queremos concluir que o Estudo da Parashat de hoje deve assumir dentre muitas coisas a importância do Feminino na imagem de Miriam, afinal, foi devido a morte dela que o povo perdendo a facilidade de suas águas, se movem contra Moshê mais uma vez, também a importância de aceitar que certas coisas que estão nos Arquétipos da Torah são difíceis de serem assimiladas pela consciência lógica e racional, como por exemplo, Moshê é instruído por HaShem a criar uma Serpente de Bronze (ou cobre dependendo da tradução), Serpente essa que foi destruída por Ezequias, afirmando ser idolatria, ou ao fato de Moshê, Miriam e Aharon não poderem entrar em Israel, sendo que eles como líderes mantiveram a comunidade coesa e que HaShem não permitiu que se soubesse onde estariam os túmulos dessas figuras por motivos que Lhe São Próprios, para que não fossem transformados em local de peregrinação, para que não fossem tomados como ídolos, ou mesmo, quem sabe, para que eles deixassem um legado que se tornaria Mítico, Místico, Alegórico, Simbólico, Esotérico, Arquetípico, Legislativo, um Modelo a ser seguido e que uma dúvida surgisse... “Você existiram realmente?”...
Sendo assim, lembremos então, D’us quando Viu Avraham não viu apenas ele, mas viu Israel através dele, já que todos somos em ADAM uma só alma, Avraham nos deu a fé, Moshê nos deu a Lei, Esdras nos deu a Religião e hoje colocamos cercas sobre eles, divisas de terras, ou LandMarks se preferirem...
Assim, seguimos aquilo que as Cercas ensinam para cumprir a Lei que de fato não entendemos...
Quando HaMashiach vier, e que D’us permita que seja logo, talvez possamos jogar luz sobre o que é uma Chuk e entendamos completamente a Parashat Chukat...
Shabbat Shalom
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