Qual foi o motivo da Batalha de Pirajá?
É considerada um dos principais confrontos da guerra pela Independência da Bahia, sendo travada na área de Cabrito, Campinas e Pirajá. O professor de história, há 16 anos, Hélio Renato Góes Santana, de 37 anos, relata que a batalha de Pirajá deu orgulho e esperança aos baianos na luta contra os portugueses.
“Essa batalha não só encheu os baianos de entusiasmo, como renovou as forças para o embate entre Exercito Pacificador e as tropas portuguesas, diz.
A batalha começou na madrugada do dia 8 de novembro de 1822, quando cerca de 250 soldados portugueses que desembarcaram em Itacaranha atacando a área do Engenho do Cabrito, enquanto um outro grupo avançava por terra até Pirajá.
A vitória brasileira aconteceu no combate decisivo entre o Exército Pacificador e as forças portuguesas, chamada de a Legião Constitucional. A vitória do Exército Pacificador contribuiu com a Independência da Bahia, em 2 de julho de 1823.
O historiador Santana ressalta que a vitória brasileira consolidou a Independência da Bahia/Brasil e enfatiza que o governo brasileiro acreditou no general Labatut: “ A confiança que o Brasil tinha no Brigadeiro/General Labatut foi por diversas vezes confirmada por documentos enviados pelo governo brasileiro.
No comando das forças portuguesas na Bahia encontrava-se o comandante Inácio Luís Madeira de Melo, enviado por Portugal. O general francês Pedro Labatut foi nomeado pelo Príncipe-regente D. Pedro como o comandante do Exército Pacificador, que assumiria o comando das forças brasileiras que enfrentaram Madeira de Melo.
Homenagem a Labatut
O Panteão de Pirajá, que é uma homenagem ao General Labatut (1776-1849), tem estilo neoclássico construído em 1914, fica ao lado da Igreja de São Bartolomeu, do século 16, no Largo de Pirajá. Ambos, são marcados pela festa que acontece todo o dia 1º de julho, quando os habitantes recebem o Fogo Simbólico vindo do Recôncavo, representando as vilas revolucionárias que lutaram contra os portugueses, no século XIX.
Os restos mortais de Labatut encontra-se em uma urna de mármore no interior do Panteão.
Curiosidade
O Jornalista Tobias Monteiro narrou na obra “A elaboração da independência” um fato inusitado.
Foi um episódio no qual o Major Barros Falcão, que comandava as tropas brasileiras, deu ordem de retirada, mas o Corneteiro Luís Lopes, por conta própria, trocou o toque para “cavalaria, avançar e degolar”.
Os portugueses, surpreendido por tal movimento, entraram em pânico e recuaram, sendo derrotados no confronto.
A data de 8 de novembro, não pode ser esquecida pelos baianos, porque lembra grande e decisivo lance na sequência das lutas pela conquista da independência da Bahia e, por extensão, do Brasil.
Foi nesse dia, em 1822, que o exército brasileiro impediu as forças invasoras portuguesas de conquistarem o restante da Bahia, na sua ambição de permanecerem colonizadores do Brasil.
A organização do exército em Pirajá contou com forças oriundas de Cachoeira, comandadas pelo coronel Rodrigo Antonio Falcão Brandão; de S. Francisco, comandadas pelo alferes Francisco de Faria Dultra; uma legião de caçadores comandada pelo tenente ajudante Alexandre Gomes de Argolo Ferrão, do qual fazia parte o alferes Pedro Jácome Dória, que morreu na luta; “o corpo dos Henrique Dias”, comandado pelo major Manoel Gonçalves da Silva”.
Teve ainda uma companhia de cavalaria denominada de Guerrilha Imperial, composta de voluntários que ficaram conhecidos como os encourados do Pedrão, porque tais soldados se vestiam com roupas de couro, e foram comandados pelo Frei José Maria Brayner, que depois veio a ser vigário de Itaparica.
Um outro “corpo” foi organizado sob o comando do major José Antônio da Silva Castro.
Registram-se também a existência de um batalhão de libertos, formado por ordem de Labatut, de escravos de cor pertencentes a diversos engenhos.
A estes batalhões organizados na província juntaram-se outros, procedentes de outras partes do país.
Do Rio de Janeiro, veio o general Labatut, enviado por D. Pedro para intimar Madeira de Melo a sair da capital e voltar para Lisboa.
Este comandante dividiu o exército em duas brigadas: a da esquerda, comandada pelo coronel Felisberto Gomes Caldeira, ocupou Itapuã; e a da direita, comandada pelo major José de Barros Falcão de Lacerda, com o batalhão vindo de Pernambuco, ocupou desde a estrada de Itapuã até o Cabrito.
Brás do Amaral explica a importância de Pirajá por sua posição estratégica entre a península e o centro. O alto de Pirajá, por onde passava a estrada das Boiadas, tinha “de um lado terras onduladas, cobertas de matas e onde nas baixas, entre as colinas, não faltam brejos e alagadiços, e do outro a encosta que leva ao mar, isto é, às praias de Itacaranha, Periperi, etc.”
Quem aí desembarcava tinha de subir para alcançar a estrada. “Chegando ao cimo e ficando assegurada toda ela, não só fica o exército que a possuir em situação dominante sobre a enseada de Itapajipe, como em estado de garantir a entrada de muitos víveres frescos e gados na cidade.” (AMARAL, 1923, p. 284)
Foi em 8 de novembro de 1822 que, afinal, deu-se a famosa batalha de Pirajá, marco nas lutas pela independência do Brasil, conquistada em terras baianas.
No sítio do Cabrito, milhares de homens enfrentaram e venceram o exército português, que estava devidamente preparado para evitar o avanço do exército libertador sobre a cidade.
Foi nessa batalha que ocorreu o episódio do corneteiro Luiz Lopes, a quem se atribui o impulso involuntário dado ao exército para continuar a luta, contrariando a ordem do comandante de tocar a retirada.
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