“A sabedoria não está em castigar erros, mas em lhes procurar as causas e afastá-las”
Grande parte dos Veneráveis Mestres é ocupada com os assuntos da vida e não têm nem o tempo e, talvez, nem a formação, para seguir em detalhes a sequência ritualística que exige disponibilidade para ser pesquisada, compreendida e estudada, no sentido exato que deve ser bem exposta.
Vimos coletando, em bons livros, artigos sobre o tema: Atividades do Venerável de Loja” e, agora, atrevemo-nos a repassá-los, dispostos em mensagens, gota a gota, aos Irmãos do nosso relacionamento. Não como instrução oficial e definitiva, mas para ser um rumo para os novos Veneráveis Mestres.
Cada linha destes textos foi escrita com esse espírito e para essa finalidade, e o seu interesse foi determinado pelo desejo de direcioná-los a Mestres, merecedores de fé, sugerindo que sejam usados como base no desenvolvimento do trabalho dos novos Veneráveis Mestres.
A Loja maçónica é um lugar onde não apenas se aprende, mas se ensina, aparecem ideias, percepções, e, eventualmente, onde se premiam aqueles cuja ideia contribui para o desempenho da Sublime Instituição.
O que está disponibilizado nos Rituais pode ser aprimorado para melhor qualificação e desenvolvimento do trabalho e estudos em Loja.
O Maçom não pode abrir mão de procurar, por conta própria, permanecer apto para produzir com alto desempenho.
Nesta busca por qualificação, a responsabilidade pelo autodesenvolvimento é do próprio colaborador. De qualquer modo, tornar-se-á mais competente naquilo que faz, inclusive, como uma questão honrosa de ser melhor para si mesmo, ultrapassando aquilo que já sabia.
Sentir-se mais capaz, mais competente, mais seguro é algo absolutamente gratificante. Há pessoas que usam como critério de permanência ou de entrada num lugar a frase: “Lá eu vou aprender”. Claro que ninguém só aprende, todos aprendem e ensinam, mas a frase retoma a percepção antiga do Aprendiz.
Certamente, cada Venerável vai seguir o seu próprio método e plano, mas acreditamos que o PLANO DE ACÇÃO DO VENERÁVEL MESTRE, pode ser realizado para se obter um bom resultado.
Erros e acertos
A finalidade deste texto é, exatamente, lembrar exemplos de erros e acertos para estudo, deixando-os registados, de modo que, todos, especialmente o Venerável, de alguma forma, os relembre em Loja.
O que se espera do novo Venerável da Loja é que, além do fiel cumprimento da lei, ser digno e respeitoso, especialmente com os Obreiros da sua Loja, atendendo-lhes os anseios, ajudando-os e orientando-os na resolução das suas dificuldades, dando-lhes o exemplo e a oportunidade de saber como também devem agir.
A trajetória do Maçom, rumo à evolução, é repleta de experiências, mas reveste-se de imensa importância.
Através da moral aplicada no dia a dia, vão-se educando, modificando, vão aprendendo a superar erros, vencer dificuldades, contornar obstáculos, refazendo relacionamentos danificados, revisando conceitos, acrescentando valores morais e amadurecendo, emocional e espiritualmente, em força e experiência.
A observação do apóstolo Paulo, apesar do tempo transcorrido, continua sempre viva e atual. Cada criatura humana tem liberdade para tomar as suas próprias decisões, porém, ficará sempre responsável, perante a sua consciência, pelas consequências dos seus atos. A lei de causa e efeito vincula o nosso comportamento às reacções geradas por ele. Desta forma, antes de qualquer atitude ou decisão, devemos refletir sobre a sua conveniência ou utilidade para nós e para os outros.
Fazer o certo
Nunca será o mesmo que fazer o errado, nem, sequer, fazer o certo significaria apenas deixar de fazer o errado.
Fazer o certo é engajar diariamente em atividades que beneficiem a maior quantidade possível de pessoas, dentro do seu alcance, sem nunca prejudicar alguém de forma intencional. O certo é cumprir as funções de bom Maçom e como ser humano.
Fazer o certo é a pratica da retidão, ciente de que a sua presença está vinculada a uma complexa trama de interdependências, mediante a qual a Vida da sua vida se distribui, graciosamente, o tempo inteiro. Você pode represar esta distribuição, mas isso seria fazer o errado.
Relacionamentos
A Ética está abandonada, na maioria dos setores da sociedade, sendo vista em algumas organizações mas como um código de honra.
A Ética na Maçonaria não pode se resumir a um código de normas, dizendo o que pode ou o que não se pode fazer.
A ética é mais do que um simples manual.
Os estudiosos estão convencidos que se o Homem não adotar uma postura ética no mundo, pode estar determinando a sua destruição. A Ética pode ser definida como a busca da felicidade do próximo.
A Maçonaria é uma Escola de Ética.
Será que no nosso relacionamento diário com outras pessoas estamos realmente praticando Ética?
O trato com as pessoas, com quem nos relacionamos no quotidiano, é diferenciado e varia, de acordo com a posição social ou financeira do interlocutor.
Se atendermos a alguém que nos procura, mesmo se não o conhecemos, a maneira como vamos atendê-lo é, na maioria das vezes, baseada na aparência da pessoa.
Se estiver bem apresentada, vestimos, imediatamente, a fantasia da polidez, da educação e tentamos encontrar a melhor tonalidade de voz para o nosso diálogo, mas, se essa pessoa estiver em andrajos esfarrapados, levantamos o escudo da prevenção e a aspereza na voz, a impaciência nos gestos, o olhar endurecido se faz presente.
Utilizando exemplos de erros e acertos nos comportamentos maçónicos e os seus conflitos de relacionamento, onde os desafios e a necessidade de decisões do Venerável Mestre da Loja trazem oportunidades de aprendizagem. Para um melhor relacionamento com as pessoas é necessário focalizar o lado bom de tudo o que nos cerca, deixando a parte negativa de lado, pois somos mistos de luz e sombras, de coisas boas e ruins.
Somente nos tornaremos melhores quando os nossos conceitos se harmonizarem com a regra, segundo a qual devemos agir com os outros da mesma forma como gostaríamos que agissem conosco.
A palavra empenhada – a falta de cumprimento da palavra torna o homem desacreditado.
Sobretudo quando se trata de compromisso assumido por quem for escolhido para o desempenho de cargos de direcção.
É bem verdade que o homem é um eterno insatisfeito. Numa comunidade, por mais unida que seja, há sempre alguém descontente, com as deliberações tomadas pelos dirigentes, mesmo que estas reflitam o cumprimento de promessas anteriormente feitas.
Nem o Grande Arquitecto do Universo, na sua infinita sabedoria, a todos contenta.
Às vezes, uns querem chuva, outros estio.
Os que não são satisfeitos nos seus desejos blasfemam, implicam, praguejam.
Os dirigentes têm o dever de procurar atender aos governados, indistintamente. Mas, não podem beneficiar a uns poucos em prejuízo da maioria.
Governar é uma arte que exige do governante sacrifício pessoal, privação de prazeres, renúncia ao conforto.
Desbastar arestas – requer ao mesmo tempo e tato para evitar a formação de áreas de atrito e descontentamento, conduzindo-se com a sabedoria de Salomão, comportando-se com imparcialidade e justiça.
Significa que o Maçom, desbastando a impureza do seu próprio “eu”, do seu íntimo, caminha na senda iniciática, em direcção à Luz do conhecimento e da perfeição maçónica.
Num sentido esotérico, este desbastamento diz respeito ao próprio Maçom; desfazer-se das arestas para formar um elemento humano, despertando virtudes, banindo vícios e transformando algo bruto em utilidade para si e para a sociedade.
O Maçom não pode afirmar que já não possuí arestas.
A cada dia devemos perguntar a nós mesmos: vejo ou noto em mim arestas?
Após um rápido exame, se não a encontrarmos, podemos iniciar à construção do nosso templo interior.
Conclusão
A Maçonaria permite-nos entender e aceitar as dores e sofrimentos da existência, através dos conhecimentos que nos propicia, alarga a nossa visão, fazendo com que possamos compreender melhor as pessoas, a situação e as coisas, e, em consequência, dar-lhes o real valor.
Se Deus fez o mundo, nós continuamos.
Se eu continuo, preciso receber algum tipo de indício para levar a obra de Deus adiante. É por isso que “o trabalho dignifica o homem” e Deus provê, com o esforço e contribuição aos que nos ajudam a sermos ajudados.
É preciso aprender a aprender.
Portanto, em Maçonaria quem aprende a aprender ganha autonomia.
Uma Loja maçónica, que não pensa numa boa formação dos seus Veneráveis Mestres, não tem perenidade.
Valdemar Sansão
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