Há quem se pronuncie no sentido de credenciar o filósofo, no rol dos famosos ateus.
Mas ele não foi ateu.
Sócrates nasceu em Atenas, juga-se que em 470 antes desta nossa Era Comum.
Ele fundou a filosofia Ocidental.
Seus primeiros estudos e pensamentos foram sobre a natureza da alma humana.
Sócrates era considerado um dos mais sábios e inteligentes. Através da palavra, o filósofo tentava levar o conhecimento sobre as coisas do mundo e do ser humano.
Sócrates não foi muito bem aceito por parte da aristocracia grega, pois defendia algumas ideias contrárias ao funcionamento da sociedade grega.
Criticou muitos aspectos da cultura grega, afirmando que muitas tradições, crenças religiosas e costumes não ajudavam no desenvolvimento intelectual dos cidadãos gregos.
Em função de suas ideias inovadoras para a sociedade, começa a atrair a atenção de muitos jovens atenienses.
Suas qualidades de orador e sua inteligência, também colaboraram para o aumento de sua popularidade.
Temendo algum tipo de mudança na sociedade, a elite mais conservadora de Atenas começa a encarar Sócrates como um inimigo público e um agitador em potencial.
Foi preso, acusado de pretender subverter a ordem social, corromper a juventude e provocar mudanças na religião grega. Na sua cela, foi condenado a suicidar-se tomando um veneno chamado cicuta, em 399 antes desta era Comum.
Frases atribuídas a Sócrates:
- A vida que não passamos em revista não vale a pena viver.
- A palavra é o fio de ouro do pensamento.
- Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância.
- É melhor fazer pouco e bem, do que muito e mal.
- Alcançar o sucesso pelos próprios méritos. Vitoriosos os que assim procedem.
- A ociosidade é que envelhece, não o trabalho.
- O início da sabedoria é a admissão da própria ignorância.
- Chamo de preguiçoso o homem que podia estar melhor empregado.
- Há sabedoria em não crer saber, aquilo que tu não sabes.
- Não penses mal dos que procedem mal; pense somente que estão equivocados.
- O amor é filho de dois deuses, a carência e a astúcia.
- A verdade não está com os homens, mas entre os homens.
- Quatro características deve ter um juiz: ouvir cortezmente, responder sabiamente, ponderar prudentemente e decidir imparcialmente.
- Quem melhor conhece a verdade é mais capaz de mentir.
- Sob a direção de um forte general, não haverá jamais soldados fracos.
- Todo o meu saber consiste em saber que nada sei.
- Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo de Deus.
Sócrates foi julgado por 500 juízes e condenado a beber cicuta (uma espécie de chá venenoso) por dois motivos especiais.
O primeiro motivo tem ligação com os fatos ocorridos nos anos 411, 404 e 401, quando houve diversas tentativas de golpe contra a democracia ateniense, todas sem êxito. Dentre os principais elementos envolvidos nessa tentativa estavam os discípulos diretos de Sócrates. Vale lembrar que o sistema democrático apresentado pelos gregos nunca foi bem visto pela “trindade” da filosofia grega (Sócrates, Platão e Aristóteles), visto que, segundo os três, somente filósofos deveriam gerir o Estado.
No entanto, a democracia permite que ascendam ao poder qualquer do povo, guardadas as condições mínimas para tal intento. O fato dos discípulos de Sócrates se envolverem na tentativa de golpe, levou o Estado a julgar que o preceptor dos mesmos (ou seja, Sócrates) fosse o grande responsável por aquela situação. Por isto, foi acusado de estar corrompendo a juventude.
O segundo motivo da condenação, aponta para o fato de Sócrates ter blasfemado contra os deuses gregos, mas não pelo fato dele ser descrente com relação a esses deuses; muito pelo contrário: Sócrates era crente em Zeus e, dos escritos que há acerca do filósofo, é possível ver claramente que ele se reporta de modo exaustivo a fatos de ordem espiritual, de cuja crença nunca se desgarrou. Ele estava certo de que gozaria de paz eterna e gozo, na inexistência, não em lado algum mais, que na morte, no fim da existência.
Platão, discípulo de Sócrates, em sua obra Fédon, descreve que: agrupam-se os discípulos à volta do mestre amado. Chama, Sócrates, um deles para ao pé de si e afaga-lhe os cabelos enquanto explica as suas ideias sobre a vida e a morte, e a imortalidade da alma. É a morte ou um sono eterno, suave esquecimento imortal em que não existe perseguição, nem injustiça, nem desilusão, nem sofrimento, nem aflição ou é uma porta através da qual passamos da terra para o céu, o átrio que conduz ao palácio de Deus. E lá meus amigos, ninguém é morto por suas opiniões... alegrem-se, portanto, e não deplorem o meu pensamento... Quando me descerem à sepultura, digam que estão a enterrar-me apenas o corpo e não a alma... todo o longo discurso que acabo de fazer para vos demonstrar, que ao beber o veneno, não permanecerei convosco, mas que vos deixarei e irei gozar felicidade e bem-aventurança.
Na verdade, o real motivo da acusação de blasfêmia de que foi acusado, é pelo fato dele ter afirmado que tinha um oráculo pessoal, uma comunicação direta com Delfos, algo não aceito na religião grega.
Vejamos a descrição de Platão, sobre o momento em que Sócrates está prestes a beber a cicuta: “Aproxima-se a hora do pôr do sol. Entra o carcereiro com a cicuta. Diz o carcereiro: - Peço-vos que não vos zangueis comigo, oh Sócrates, pois outros como sabeis, são a criminosa causa de vossa morte e não eu. Isto dizendo, o carcereiro estende a taça a Sócrates e rompe em pranto, ao voltar-lhe as costas. Nós, narra Platão, também não pudemos por mais tempo suportá-lo, e em nós mesmos corriam-nos abundantes as lágrimas... Apenas Sócrates se mantinha calmo."
Dizia Sócrates: - Que tolice é essa? Mandei embora as mulheres, principalmente para evitar uma cena semelhante... Aquietai-vos pois, e deixai-me morrer em paz... pois ao menos é permitido, como na verdade é dever, orar aos deuses, para que bendigam nossa viagem e a tornem feliz. Isso é o que lhes peço e que assim seja.
Incrivelmente, apesar de todo o saber que lhe é atribuído, não se separou das crenças relacionadas aos deuses gregos.
Sócrates nem era ateu nem deísta. Era um teísta convicto.
Penso que se os ateus precisam de alguém para enfileirar as suas trincheiras, o majestoso filósofo grego está fora.
Sócrates acreditava, era crente no sobrenatural e não está em questão a natureza da fé de Sócrates, mas apenas registrar sua fé.
O ateísmo, nada mais é do que uma uma admissão do mais que óbvio, a de que deuses ou um só deus, não existem.
O ateísmo, é também ele uma reação e uma resposta, para com a mentira e a falsidade inerente na religião judaico-cristã. Com raríssimas exceções, o ateísmo se mostra ser algo tão inapto, quanto a tendência para a fé religiosa, uma vez que, até índios ateus os há, provando, pois, que a fé é algo cultural e não assim tao inerente ao gênero humano.
Crer ou não, é uma questão relacionada a subjetividade de cada um de nós, onde o meio e a cultura que nos rodeia, nos pode influenciar de sobremaneira.
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