O presente trabalho tem por objetivo apresentar um estudo a respeito do Fanatismo em relação à Maçonaria. Como ele é visto, e como deve ser tratado perante a Sublime Ordem. É uma análise sobre este mal que assola a humanidade, e que deve ser combatido, como o é, pela Maçonaria.
Introdução: Conceito de Fanatismo
A abordagem do presente tema, não é tão simples quanto possa parecer. Em verdade, trata-se de uma temática complexa a ser estudada, tendo se em vista que, desde as eras mais remotas, até os nossos dias, como veremos no decorrer da presente explanação, sempre houveram, e ainda hoje em dia há, manifestações relacionadas ao fanatismo.
De acordo com o Dicionário Aurélio, o fanático é o ser que segue de forma cega uma doutrina ou um partido, mas outros dicionários apresentam significados mais extensos, como o “culto excessivo de alguém ou de alguma coisa; zelo religioso excessivo; paixão política; intolerância; sectarismo; exaltação exagerada; faccionismo; dedicação excessiva.” Estas conotações derivam de um ritual primitivo, durante o ual os sacerdotes que cultuavam certas divindades, como Cibele e Belona, entravam em êxtase e, neste estado, se cortavam, deixando fluir o sangue dos seus corpos.
Muito embora, atualmente, tenha uma conotação pejorativa, a palavra fanatismo deriva de fanum, termo em latim que significa templo, santuário, lugar sagrado, e não raras vezes, até os nossos dias está ligada diretamente à religião (Brum,p.9).
Na psicologia, fanatismo é o estado psicológico de fervor excessivo, irracional e persistente por qualquer coisa ou tema, historicamente associado a motivações de natureza religiosa ou política. É extremamente freqüente em paranóides, cuja apaixonada adesão a uma causa pode avizinhar-se do delírio.
É, portanto, uma paixão cega que leva alguém, no caso, o fanático, a excessos em favor de uma religião, doutrina, partido político, ou coisa que o valha.
Traçando-se o perfil psicológico do fanático, constata-se que se tratam de pessoas com agressividade excessiva, de preconceitos variados, com estreiteza mental, extremamente cruéis, e que cultivam o ódio, usando, como o recurso, até a violência para impor seu ponto de vista.
Não raras vezes, encontramos em nosso meio, aqueles que defendem, por exemplo, o time de futebol de sua preferência, veementemente, e com tanta paixão, que foge a uma simples admiração.
Assim também, encontramos indivíduos que defendem o partido político do qual são adeptos, de tal forma exacerbada e irascível, como se a ideologia e o programa partidário, fossem verdades absolutas, das quais não aceitam ou admitem quaisquer críticas ou observações. Esse comportamento é típico do fanático.
O fanático então, seria quem se devota inteiramente a uma causa única, mostrando-se cego a tudo mais, e arriscará, se necessário, incondicionalmente, até sua própria existência na empreitada.
Os fanáticos são geralmente prisioneiros de suas obsessões, sejam elas um Deus, um líder político, uma causa utópica ou uma fé inquestionável.
Estas visões de mundo são quase sempre de natureza irracional, e as pessoas que alimentam crenças deste teor acham realmente que estão imbuídas de uma missão messiânica, que devem salvar as pessoas do Mal ou da desordem mundial.
Diante da conceituação acima podemos verificar que o fanatismo é um fenômeno que pode ser individual ou coletivo.
Quando individual, o fanatismo não é tão expressivo. Todavia, quando se trata de um fenômeno coletivo, poderá produzir resultados desastrosos.
Exemplos de Fanatismos e Fanáticos
Assim, temos o exemplo do suicídio coletivo, proporcionado pelo indivíduo que se dizia pastor, de nome Jim Jones, e que levou à morte por envenenamento, mais de novecentas pessoas, no dia 18 de novembro de 1978, próximo a Jonestown na Guiana.
Este é um dos exemplos ligados ao fanatismo religioso. Porém, como já referido, vemos o fenômeno em outras manifestações da sociedade.
Temos o exemplo no nacional socialismo, ou nazismo implantado por Adolf Hitler na Alemanha, a partir da década de 1930, e que culminou com a Segunda Guerra Mundial, onde incutindo na população a superioridade da raça ariana, tentou dominar o mundo, passou a perseguir e executar judeus, a quem inicialmente direcionou seu fanatismo, levando a coletividade a acompanhar suas ideias.
Mais recentemente temos o ataque ao World Trade Center, onde terroristas que se denominavam Al-Qaeda, formado por um grupo sunita, da seita islamita, atacaram com aviões as torres gêmeas em Nova York, nos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2011, fato que chocou o mundo.
Estes, são exemplos mais atuais do que o fanatismo, principalmente político e religioso pode proporcionar.
O Fanatismo Durante a Inquisição
Durante os trezentos anos, aproximadamente, que seguiram à Inquisição, denominada Santo Ofício da Inquisição, uma aberração que a Igreja Católica promoveu, com base na fé cristã, perseguições proporcionadas por fanáticos católicos, que em nome do Vaticano, com o apoio dos governos absolutistas, julgavam e executavam quem não aceitasse a imposição da sua crença.
Talvez, essa tenha sido, nos tempos mais próximos, a maior demonstração do que o fanatismo, neste caso, o fenômeno religioso, pode acarretar para o ser humano.
Entretanto, para alguns estudiosos, este fenômeno era de fato político-religioso, quando, em nome de Deus, a Igreja Católica se aproximou do poder, e dessa forma implantou a malfadada Inquisição, através do fanatismo dos adeptos da religião católica.
Nesta ocasião, houve perseguições a judeus, muçulmanos e adeptos de outras crenças. Igualmente, apesar de não ser religião, a Maçonaria também sofreu perseguições, e seus membros sofreram torturas.
Talvez nesse período da história, a francomaçonaria teve na igreja católica seu maior algoz.
Segundo Toby Green, na obra: Inquisição – O Reinado do Medo: “O crescimento da maçonaria na Europa começou no início do século XVIII e foi marcado pela publicação da Constituição das Ordens Maçônicas, em 1723. As ordens maçônicas reinventaram os ritos de iniciação dos francomaçons da Idade Média, inclusive com a guarda de segredos da loja maçônica. Era o segredo que parecia tão suspeitos para os inimigos, ainda que ele estivesse mais relacionado com as interpretações de certas cerimônias rituais do que com a religião ou a política.” (p.344/345)
Segundo ainda o mesmo autor: ”em 18 de maio de 1751, o papa Bento XIV, confirmou a bula de seu antecessor, Clemente XII, que proibia a maçonaria. Memórias de um anônimo explicam as razões por trás desse ato: “Ainda que, até agora, não tenha sido possível conhecer com alguma certeza os mistérios dessa seita, eles só podem ser abomináveis a Deus e às autoridades, já que professam total liberdade e admitem em sua sociedade gente de todo o tipo e de toda a religião.” (p.346).
Nesse período, pelo que se destaca da obra, a Maçonaria passou a ser considerada crime, e seus membros criminosos, seguindo-se uma perseguição à Sublime Ordem, e a seus membros, em razão, pelo que se subentende, da ignorância, que provocou o medo nos eclesiásticos fanáticos da igreja católica naquela ocasião.
O Fanatismo e a Maçonaria
A Maçonaria combate, de forma veemente, ao fanatismo. Este fenômeno que está associado, muitas vezes à ignorância, e outras vezes à superstição, é, de fato, deveras prejudicial à humanidade.
E, como pudemos observar, a Sublime Ordem no decorrer da história, devido à intolerância e ignorância, sofreu várias perseguições. Todavia, em face de seus próprios dogmas sobreviveu a todas estas perseguições.
Isto deve se ao fato de que, a Maçonaria, tendo como pressupostos a liberdade, igualdade e fraternidade, sempre primou pelo respeito ao homem, independente de credo, raça e opinião.
Nesse sentido, em artigo publicado na revista A Trolha, edição Nº 267- Janeiro/2009, sob o título :Porque Combatemos o Fanatismo?,
O fanatismo está relacionado com a ignorância e esta é a causa de todos os vícios.
Assim o ignorante não pode se medir com o sábio,cujos princípios são a tolerância, o amor fraternal e o respeito a si mesmo.
Isto explica as características dos fanáticos (ignorantes) que são perigosos, perturbam e desmoralizam a sociedade, evitando que os homens conheçam seus direitos e saibam, no cumprimento de seus deveres, que mesmo com contribuições liberais, um povo ignorante é escravo. Os fanáticos são inimigos do progresso, que para dominar afugentam as luzes, intensificam as trevas e permanecem em constante combate contra a Verdade, contra o Bem e contra a Perfeição.”
E finaliza:
“O fanatismo é o maior inimigo da razão e o maior flagelo da humanidade.”
Conclusão
Diante do presente estudo, podemos constatar, que o fanatismo, fenômeno social que outrora denominava aqueles que cultuavam o que era sagrado, mudou sua conotação, e, atualmente, define-se por aqueles que, cegamente, defendem uma causa, uma doutrina, uma religião.
E, em sendo a Maçonaria uma sociedade na qual, homens livres e de bons costumes, cultuam a Liberdade, a Fraternidade e a Igualdade entre os homens, tendo como princípios: a Tolerância, a Filantropia e a Justiça, promovendo o bem do ser humano, ela sempre terá em sua frente de batalha, o fanatismo, como um dos inimigos a ser derrotado, visto que este fenômeno é, também, produto da ignorância, outra frente de batalha da Sublime Ordem.
E esta luta tem que ser constante. Pois, assim como o galo que se mantém sempre vigilante, devemos estar sempre: “em pé e a ordem”, e prontos para combater esse inimigo, que degrada o homem, e porque não dizer, a própria humanidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUM, Ronaldo Moreira. Fanatismo: Um Estudo Psicológico – Porto Alegre:Suliani Letra & Vida, 2007.
GREEN, Toby. Inquisição: o reinado do medo/ Toby Green; tradução Cristina Cavalcanti. – Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.
A Trolha, edição Nº 267- Janeiro/2009 – Porque Combatemos o Fanatismo? – Ir.’. Antônio Henrique Rodrigues dos Passos.
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