O exílio dos Stuart em França originou que grande parte da nobreza católica, particularmente escocesa, mas também católicos ingleses, se refugiasse também em França.
Muitos desses nobres eram já maçons Aceitos.
Foram-se constituindo e reunindo em França as primeiras Lojas maçónicas, Lojas maçónicas dos “Escoceses”, que reproduziam os rituais que tinham aprendido na Escócia, muito similares – por menos ou nada expostos às alterações a partir de 1717 introduzidas pelos “Modernos” da Premier Grande Loja de Londres – aos rituais recebidos da Maçonaria operativa e aos que viriam, poucos anos mais tarde, a ser defendidos e praticados pela Grande Loja dos Antigos.
Esta, que friso dever ser tida como hipótese, até agora não infirmada, mas carecendo de confirmação cabal -, a origem remota do nome que, umas décadas mais tarde, veio a ser conferido ao rito que acabou por se estabelecer: Rito Escocês Antigo e Aceite.
Escocês, porque derivando dos “Escoceses”, os exilados apoiantes dos católicos Stuart; Antigo, porque derivando ou sendo desenvolvido a partir do ritual dos Antigos (em contraposição aos Modernos) e Aceite, porque prosseguindo a linha dos maçons aceites pelas Lojas operativas.
Esta denominação resulta de um propósito de estabelecer a “linhagem” do Rito, em contraposição à “linhagem” dos Ritos de Emulação, desenvolvido no seio da Grande Loja dos Modernos (a Premier Grand Lodge), e de York, evolução ulterior decorrente quer do acordo posterior entre Antigos e Modernos, já no século XIX, que origina a atual Grande Loja Unida de Inglaterra, quer das alterações introduzidas posteriormente pela codificação de Preston e Webb, utilizada na Maçonaria Americana. Estes Ritos são desenvolvidos pelos Altos Graus do Rito de York, constituindo o segundo dos Sistemas de Altos Graus mais praticados atualmente no Mundo.
Enquanto que os Ritos de Emulação e de York, e respectivos Altos Graus, se fundam na prática da Premier Grand Lodge e na organização, inclusive ritual, fixada por James Anderson e Jean Théophile (ou John Teophilus) Desaguliers e, no que toca ao Rito de York, revista mais tarde por William Preston e Thomas Smith Webb, o que veio a ser mais tarde o Rito Escocês Antigo e Aceite busca as suas raízes diretamente na Maçonaria Operativa já com os maçons Aceites, tal como praticada na Escócia, e segundo princípios rituais defendidos pelos Antigos.
Esta dicotomia, perpetuando o primeiro grande cisma da Maçonaria Moderna, entre Modernos e Antigos (lógica e cronologicamente anterior ao mais visível cisma nos dias de hoje, entre Regulares e Irregulares), permite atrair a nossa atenção para algo que muitas vezes não resulta claro: as duas diferentes vias de expansão em França (e por via dela, no Continente Europeu) do inicialmente localizado e tipicamente britânico fenómeno da Maçonaria: por uma via, temos uma introdução através dos exilados da Guerra Civil, católicos jacobitas, algo desorganizada e que, não deixando de vir a exercer uma influência futura, acabará por não lograr uma organização estável e coerente; por outro lado, existirá uma exportação institucional via Grande Loja inglesa do modelo, que paulatinamente, e a exemplo do que veio a suceder em todo o Império Britânico, vingará, em termos organizativos.
Mas, retenhamos que o Rito Escocês Antigo e Aceite tem as suas raízes nos vencidos da Guerra Civil Inglesa, na minoria católica inglesa e escocesa, na Tradição antiga e intocada por eles sustentada.
As voltas que a História dá… Dos vencidos nascerá, após muitas vicissitudes, voltas e reviravoltas, o mais difundido Rito Maçónico da atualidade!
Um dos elos da cadeia de acasos que se foi sucedendo, e certamente não dos menos importantes, chama-se Andrew Michael Ramsay, também conhecido por Chevalier Ramsay.
In Blog “A Partir Pedra” – Texto de Rui Bandeira
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