Causa e efeito x teoria do caos

 

Causa e efeito x teoria do caos

A Lei de Causa e Efeito acompanha e regula os seres na sua evolução em experiências vividas nos mundos da forma, desdobrando-se ao longo de milénios, ajustando e reajustando a expansão da consciência humana.

Esquecemos que um hoje bem harmónico e organizado resultará em felicidade amanhã.

O Dalai Lama diz-nos na sua sabedoria, misto de experiência de vida e dádiva divina:

“Só existem dois dias do ano sobre os quais nada pode ser feito. Um deles chama-se ontem e o outro amanhã. Portanto hoje é o dia certo para você amar, sonhar, ousar, produzir e acima de tudo, acreditar… O ontem é irrecuperável, não há o que nele se pensar e o amanhã, nada será sem o dia de hoje. É no aqui e agora que devemos cultivar bons e precisos pensamentos e acções, pois só assim, um amanhã tão esperado poderá vir a existir”.

A Lei de Causa e Efeito, algumas vezes chamada de lei do plantio e da colheita, é conhecida como a lei principal, pois dela emanam todas  as outras.

Todas as leis, como a vida, têm um princípio de causa e efeito. Não há exceções.

Se é agricultor e plantar milho, vai colher milho.

Se plantar tomates, vai colher tomates, e não feijão ou soja.

A causa é o plantio, o efeito é a colheita…

Se semear pensamentos negativos na sua mente, é isso o que vai obter ou colher na vida: resultados negativos.

No entanto se semear pensamentos positivos, colherá resultados positivos.

Por outras palavras, se fizer ou disser alguma coisa, essa é a causa, então deve esperar pelas
consequências, ou o efeito.

A ordem vem do caos (ordo ab chao)

Esta metáfora também encontra paralelo nos modernos conceitos científicos que tratam da formação do universo físico. Se de um lado a relatividade provocada pela velocidade com que as partículas se dispersam no vazio cósmico nos mostra um universo caótico e indiferente, semelhante ao que se dizia existir nos primeiros momentos da sua criação, a gravidade existente nos corpos formados pela condensação da energia luminosa, que se transforma em massa, força essas partículas a se reunirem e se constituírem em sistemas.

A física moderna ensina que o equilíbrio universal é causado pela contraposição da energia positiva que é gasta pelo universo na sua expansão e pela energia negativa gerada pelos campos gravitacionais que mantém os sistemas planetários. Quer dizer, um embate entre a relatividade e a gravidade, na organização dos sistemas essas forças são representadas pela sinergia (que gera e aglutina) e pela entropia (que consome e dispersa).

Este também é o processo que gera o conhecimento. A energia concentra-se em locais específicos do organismo (os neurónios do cérebro) e gera a actividade psíquica.

Através dessa actividade nós vamos conhecendo o mundo em que vivemos.

E desta forma o mundo organiza-se, a lógica nasce e o que era desordem e ignorância passa a ser ciência. Surge a ordem no caos. ORDO AB CHAO.

Portanto, podemos concluir que a Evolução é a Ordem a partir do Caos. Somente assim a Ordem viria através do Caos.

Na topologia do conhecimento humano reconhece-se, enfim, que há uma forma de energia forçando a matéria universal a se dispersar e preencher o vazio cósmico em princípio, e outra que promove a sua organização, por agrupamento.

Analogamente, poderíamos dizer que esse mesmo processo ocorre na formação dos dois substratos que sustentam o fenómeno da vida, ou seja, a mente e o corpo. Enquanto o organismo se forma na dispersão, pelo fenómeno da cissiparidade, que é a multiplicação celular a partir de um zigoto, a mente desenvolve-se pela cefalização, que é o processo que permite a reunião e o processamento das informações vitais em corpos infinitamente pequenos, os neurónios.

Ordo Ab Chao na Maçonaria

Desta teorização vemos a actuação de uma Inteligência Suprema, que se compara à de um arquitecto na elaboração de um grande edifício cósmico. Daí a ideia de um Grande Arquitecto a dirigir a obra de construção do edifício universal.

Na Maçonaria a tradição de que o cosmo se constrói a partir da dialéctica dos opostos reflecte-se no conflito entre o vício e a virtude. Por isso o Maçom é desafiado a reflectir sobre o que é a virtude.

Por isto é que no ritual de Iniciação se indaga do iniciando o que ele entende por um e outro, especificando que a virtude é uma disposição da alma que nos induz à prática do bem e o vício é o hábito desgraçado que nos arrasta para o mal. Esta interpretação mostra claramente que a prática (Publicado em freemason.pt) da Maçonaria é entendida como uma disciplina de comportamento, na qual o indivíduo é treinado para regular os seus costumes, atingindo com isso um perfeito equilíbrio entre as forças que motivam a sua conduta como pessoa humana, partícipe de uma sociedade.

Por isto é que a Maçonaria é comparada a uma jornada em busca da luz; jornada essa que começa na iniciação e nunca termina em vida, pois não é senão na passagem desta existência para a outra que essa luz se revela em todo o seu esplendor, na forma do espírito que se liberta da matéria e se condensa em pura energia luminosa.

A dialética dos opostos, na prática maçónica, porém, não é invocada somente na sua conformação moralista. Ela também revela o carácter místico da Arte Real, naquilo que ela tem de simbólico e arquetípico. Na topografia do inconsciente humano o mal e o bem sempre estiveram conectados com cores, temperaturas, sons, direções etc.

Assim, se desenvolveram as tradições que informam que o bem se encontra no claro, no silêncio, no frio ou calor extremo, no leste, e o mal na escuridão, no barulho, no clima temperado, no oeste, etc. Estas são metáforas neurolinguísticas que expressam bem o conteúdo arquetípico da mente humana.

Não é outra a razão de os Templos Maçónicos terem a sua planta orientada do Ocidente para o Oriente (onde nasce o Sol) e a marcha ascendente do Irmão dentro do Templo sempre seguir a orientação do Ocidente (yin, escuro, feminino) para o Oriente (yang, luminoso, masculino); e também da esquerda para a direita, porque este é o sentido da rotação da Terra.

Arquiteto do Universo, que tem nas hostes celestes, nas figuras dos seus anjos os Mestres Arcanos, e nos homens os seus Pedreiros Universais. 

Estas metáforas são constantemente invocadas na prática maçónica e se fundamentam em vários arquétipos que a mente colectiva da humanidade, nas suas diversas fases de desenvolvimento, criou.

ORDO AB CHAO (Ordem no Caos) é uma divisa maçónica por excelência. 

Encontrável em todos os ritos maçónicos, ela, por si só, é explicativa dos propósitos da Maçonaria, enquanto filosofia de organização e construção de um edifício social universal. Como lema, é exclusiva do Rito Escocês Antigo e Aceito.

No sentido simbólico-filosófico pretende induzir no Maçom a colocar ordem na sua vida, para se aprimorar em todos os sentidos: intelectual, moral, civil, cultural e emocionalmente – de forma a vencer o caos que o mundo oferece aos desprevenidos e que o espírito humano apresenta pela sua própria essência.

Escola Maçónica Mestre António Augusto Alves de Almeida

Fontes

  • ANATALINO, João – A ORDEM NO CAOS – Texto – Recanto das Letras
  • BUFFONI, Salete Souza de Oliveira. – A TEORIA DO CAOS E A VIDA QUOTIDIANA – Revista Vida Simples – Editora Abril;
  • CHARDIN, Pierre Teilhard de. – O FENÓMENO HUMANO – Cultrix, São Paulo, 1995;
  • DANTON, – A TEORIA DO CAOS – Edição Independente – Macapá, 2002; GUÉNON, René. – A GRANDE TRÍADE – Ed. Pensamento, São Paulo, 1987;
  • PAWELS, BERGIER, Jacques. – O DESPERTAR DOS MÁGICOS – Ed. Bertrand Russel, 1964;
  • RAMPA, – O TERCEIRO OLHO – Ed. Boitempo, 1968;
  • STEWART, – SERÁ QUE DEUS JOGA DADOS? (A Nova Matemática do Caos), Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1991;
  • TSÉ, – TAO TÉ CHING – (O Livro do Caminho Perfeito) – Ed. Pensamento, 1991; VERLUIS, Arthur. – MISTÉRIOS EGÍPCIOS – Círculo do Livro, São Paulo, 1988.

Comentários