O ser humano, na tentativa de interpretar os fenômenos da natureza e as suas possíveis relações com o seu próprio corpo, bem como com os outros aspectos interiores ao ser, buscou identificar elementos básicos que comporiam todo esse universo que ele tentava conhecer. Essa procura vinha das observações que ele fazia, do emprego do seu raciocínio e, talvez principalmente, da intuição ou, se preferir, da inspiração de instâncias superiores (ou mais interiores) ao plano físico.
Uma consideração da ciência antropológica pode colaborar na compreensão do tema.
A antropologia define os estágios que o ser humano passou para tentar entender e agir no universo com as suas forças invisíveis. O anímico foi o primeiro estágio desse período de interpretações que a humanidade fez em relação aos elementos e os fenômenos da natureza, sendo que para a humanidade primitiva, tudo possuía uma espécie de alma.
O homem, nesse estágio anímico, buscava uma harmonia entre todos os seres, elementos e fenômenos observáveis, gerando uma espécie de sentimento de unidade com a natureza, sendo essa uma das origens dos totens. Porém, o homem ainda se sentia sujeito às forças incompreensíveis da natureza.
Segue a esse estágio a tentativa de controlar os seres e os eventos naturais, criando uma relação mágica, na qual se pretendia interferir com os fenômenos e o destino através de práticas supersticiosas, fórmulas mágicas e rituais religiosos. Verificado e constatado que nem sempre as práticas mágicas surtiam o resultado desejado, ocorreu o desenvolvimento desse estado de compreensão aos guias sacerdotais e a sua própria religião. Nesse momento algumas práticas mágicas continuaram a existir, mas uma espécie de submissão aos deuses pareceu ser necessária, sendo que os sacerdotes tinham esse papel de intermediar os favores divinos.
Notando o que esses estágios da compreensão do universo produziram culturalmente, verifica-se que há pontos comuns e essenciais nas interpretações encontradas nas diversas culturas e épocas, que não podem ser elucidadas pela observação do universo ou por um intercâmbio das civilizações, mesmo que isso aconteça mais do que se imagina.
Sob essa ótica é que se pode admitir a possibilidade de algo transcendente, que faz o ser humano ser inspirado, intuir, e ou interpretar as informações recebidas da natureza e do seu próprio íntimo através de processos, não apenas objetivos ou mesmo subliminares, que a psicologia até hoje tenta explicar.
Outra possibilidade, não excludente da anterior, está na existência de alguns fortes indícios espalhados pelo globo terrestre, de que havia uma civilização ancestral anterior a todas as que se conhecem na atualidade e que transmitiu essas informações essenciais para todas as primeiras culturas e civilizações que conhecemos.
Ao falar disso, encontramos no taoísmo, por exemplo, cinco elementos a saber: a madeira (que gera o fogo), o fogo (cujas cinzas se transformam em terra), a terra (que em suas profundezas gera os minérios), o metal (que ao ser aquecido pelo fogo se liquefaz como água) e a água (fundamental para o crescimento dos vegetais, da madeira).
Fecha-se assim um ciclo de transformações, de transmutações conforme o pensamento do TAO.
Na cultura afro-brasileira se encontra uma cosmo-gênese na qual estão presentes Xangô, associado ao fogo, Iemanjá relacionada à água, Oxalá ao ar e Obaluaiê à terra.
Na medicina ayurvédica hindu, há elementos, ou humores, fundamentais: Vata, ar e éter; Pitta, fogo e água; Kapha, terra e água. Assim, numa tradução livre, tem-se "Éter, Ar, Fogo, Terra e Água", elementos que se intercambiam e se associam.
No Egito antigo também encontramos esses elementos, que faziam parte de provas do iniciado que almejava ser admitido nas Escolas de Mistérios
Na história da filosofia ocidental temos um primeiro registro em Empédocles (495 a.C. - 430 a.C.) nascido na Sicília, Magna Grécia, que irá promulgar os quatros elementos na constituição de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Para ele, esses elementos se aglutinariam ou se separariam para a formação de tudo através de duas forças fundamentais que podem ser denominadas como amor e ódio. Ambas, contudo, são como forças naturais e essenciais do universo, analogamente como se encontram as divindades Vishnu e Shiva na tradição hindu.
Esses mesmos elementos poderão ser verificados mais tarde no pensamento aristotélico e na alquimia medieval.
Na atualidade, será na astrologia que esses quatro elementos persistem de modo mais vigoroso, ajudando-nos a compreender o disco zodiacal.
Os doze signos são agrupados em quatro elementos: Ar, Fogo, Terra e Água.
Esses quatro elementos conferem a cada signo uma particularidade de comportamento humanos diretamente relacionados com o círculo duodenário zodiacal.
A influência dos quatro elementos nos signos zodiacais pode ser de caráter positivo ou negativo.
Em uma analogia com o pensamento de Empédocles, os elementos podem influenciar agregando com o amor (forças construtivas) ou desagregando com o ódio (forças destrutivas). Essas forças construtivas e destrutivas não podem ser consideradas com julgamentos de valores, a não ser em seus extremos, já que tudo no universo está em constante transmutação.
O elemento Fogo rege os signos de Áries, Leão e Sagitário. Pessoas nativas sob regência desses signos, sob seus bons aspectos são imbuídas de mais vitalidade e a sua vontade tem muita expressividade, mas sob seus maus aspectos, elas podem degenerar para um excesso de arrogância e agressividade. Importante ressaltar que, a falta desse elemento fogo no mapa astral de alguém, poderá representar proporcionalmente uma falta de vontade, uma apatia exagerada, excesso de timidez ou ainda, um caráter mais tendencioso a omissão, pois elas sempre procurarão se ocultar das suas responsabilidades.
O elemento Terra rege os signos de Touro, Virgem e Capricórnio. Pessoas nativas sob regência desses signos, buscam segurança e estabilidade, são construtores pragmáticos, inteligentes e, por isso, críticos em relação ao que parece fugir da realidade tangível por eles. No seu aspecto negativo, elas podem degenerar ao imobilismo, à uma visão crítica excessiva, onde não aceitam outros pontos de vistas. A ausência desse elemento terra no mapa astral de uma pessoa pode significar a dificuldade de trabalhar com limites impostos pela realidade, ou ainda, dificuldade de conseguir realizar seu trabalho, desistindo antes de conquistar os objetivos almejados.
O elemento Ar rege os signos Gêmeos, Libra e Aquário. Pessoas nativas sob regência desses signos são mais aéreas, ou seja, mais mentais e por isto mais flexíveis às novas ideias, mutáveis em suas condutas e maleáveis nas relações sociais. Elas valorizam a mente e a dimensão das ideias, possuindo fortes inclinações idealistas. Em seu aspecto negativo, elas podem degenerar para uma atitude incoerente, sendo apáticas, sem atitudes mais contundentes, deixando-se levar pelas circunstâncias do momento ou novos ideais, demonstrando ser pessoas duvidosas. A ausência desse elemento Ar no mapa astral de uma pessoa pode indicar dificuldades com a socialização e aceitação de outras e novas ideias, que podem levar a outros rumos, novos caminhos, dificultando quebrar paradigmas, impedindo a emancipação para novas realidades, tornando-se pessoas unilaterais em suas opiniões.
O elemento Água rege os signos Câncer, Escorpião e Peixes. Pessoas nativas sob regência desses signos são bastante emocionais, possuindo facilidade à empatia e fácil percepção do ambiente em que estão através das emoções. Possuem facilidade para imaginar, sendo pessoas muito criativas. No seu mau aspecto, elas podem degenerar à uma emotividade exacerbada. Com excesso de emoção, acabam sempre se vitimizando, paralisando as atitudes construtivas, responsabilizando sempre o ambiente exterior e as demais pessoas como a fonte do erro, destinando a culpa sempre às circunstâncias alheias a si. Porém, a ausência da Água pode gerar uma desconexão com o ambiente, frieza nas relações com as pessoas que a rodeiam, tornando-a numa pessoa insensível, sem visão emocional da realidade, desvirtuando as motivações ou as energias sentimentais que não são canalizadas adequadamente.
Para finalizar este pequeno artigo sobre os quatro elementos, nós acreditamos ser de suma importância citar a teoria de Hipócrates (460 a 370 a.C) sobre a relação dos quatro elementos e os quatro temperamentos humanos.
Hipócrates relacionou os quatro elementos da natureza (fogo, ar, água e terra) aos comportamentos humanos, apresentando uma teoria ainda válida que mais tarde influenciou grandes nomes, como o filósofo alemão Emmanuel Kant e também o criador da Antroposofia, o alto iniciado Rudolf Steiner.
Abaixo descreveremos os 4 temperamentos com os seus respectivos elementos, além das suas características peculiares.
1. COLÉRICO (elemento: Fogo)
Pessoas sob regência do elemento fogo são aparentemente bravas, líderes por natureza, exigentes, cumpridoras dos seus deveres, gostam de tomar a atitude e fazer as coisas, arrastando os demais atrás de si para também fazerem. São pessoas práticas, obstinadas e muito otimista. Sua cabeça está sempre o impulsionado para realizar novos objetivos. São pessoas extrovertidas e seus olhos irradiam o brilho do seu fogo interior. Tem alto sendo de justiça, punindo sem dificuldade. Tem facilidade de se expressar e convencer os outros, mas tem dificuldade em ouvir. Estão mais ligadas ao futuro do que ao passado ou ao presente. Se não se dominarem, são capazes de passarem por cima dos outros sem pestanejar.
2. SANGUÍNEO (elemento: Ar)
Pessoas sob regência do elemento Ar são pessoas amigas, simpáticas e dinâmicas. Tem facilidade em se socializar e por isto atraem outras pessoas como se fosse um imã. Também são pessoas otimistas, porém irresponsáveis e despreocupadas. Tem por característica a generosidade, ficando sem o mínimo que tem para salvar um amigo do infortúnio. Adaptam-se ao meio ambiente com muita facilidade e gostam de sempre estar ocupadas, as vezes abraçando muito mais compromissos do que podem. Estão abertas para tudo, tudo o que for novo e merece atenção. Os lábios parecem sempre prontos para dizer alguma coisa. A pessoa sanguínea tem dificuldade de fixar-se em um único assunto, estando sempre envolvida com algo novo, sem deixar de lado aquilo o que estava envolvido no passado. Apesar de terem facilidade de aprender tudo com muita facilidade, elas têm dificuldade de se aprofundar nos assuntos. Faz várias coisas ao mesmo tempo, tem muita iniciativa e pouca “acabativa”, não gosta de rotina e muitas vezes não sabem realmente o que querem. Elas se importam mais em viver e aproveitar o presente que aprender com o passado ou planejar o futuro, pois se empolgam facilmente com os estímulos exteriores do momento.
3. FLEUMÁTICO (elemento: Água)
Pessoas sob regência do elemento água são calmas, acessíveis e agradáveis. Por isso trabalham bem com os outros. São eficientes, conservadoras, dignas de confiança e sempre estão com sua mente voltada para o lado prático das coisas. Gostam dos detalhes e possui calma interior. Tem prazer na alimentação e adoram o conforto. Falam pausadamente, tem tendência ao conservadorismo e dificilmente se expõe. O ritmo em sua vida é algo imprescindível. Vivem muito no presente; tem facilidade de observar tudo o que se passa a sua volta, mas não costuma reagir. Aprende devagar e acumula conhecimentos; possui ideias claras, mas fixadas em conceitos conhecidos, demonstrando pouca disposição para o novo. São bons ouvintes.
4. MELANCÓLICO (elemento: Terra)
Pessoas sob regência do elemento terá possuem a expressão séria, o andar pausado, são exigentes consigo mesmas, são mais planejadoras que questionadoras. Movimenta o mundo com seus planos. Tendem a ser perfeccionistas, extremamente detalhista e analíticas. Em geral são introvertidas e raramente se expõe. Aprofundam-se nos assuntos, são leitores incansáveis e persistente na conclusão dos seus objetivos, cumprindo sempre os seus deveres caso nada as façam entender que não é mais um dever. São muito sensíveis e desconfiadas, tendendo a se fechar em si mesmas como forma de proteção. Tem poucas amizades, mas são fiéis às poucas amizades que tem. Para eles a vida é prática, estando sempre voltados para reflexão do passado antes de dar um passo presente que repercuta no futuro. Seu olhos tem pouco brilho, possuindo dificuldade de aceitar outros pontos de vista, tendendo a serem bem críticos, inflexíveis e intolerantes.
Eis a importância do estudo dos quatro elementos pelo aprendiz maçom e por todos os demais buscadores, pois através desses estudos o iniciado encontra a grande chave do autoconhecimento.
Visitando sua terra interior (VITRIOL) com o conhecimento das influências dos quatro elementos em sua personalidade, ficará fácil ao iniciado reconhecer as suas qualidades naturais (que devem permanecer) e descobrir os seus defeitos ou vícios, arestas que devem ser desbastadas da sua pedra bruta, retificadas para encontrar sua pedra oculta.
Com o conhecimento das influências dos quatro elementos em sua vida, o iniciado saberá onde irá precisar colocar mais energia para se desenvolver e evoluir.
O iniciado mais completo é aquele que se dedica a aprender sobre os quatro elementos, sua influência através do zodíaco no seu temperamento, conseguindo assim, manifestar no mundo exterior o melhor dos quatro elementos e trabalhar no seu interior as suas principais debilidades.
Cabe a cada iniciado trazer naturalmente ao mundo as suas valiosas qualidades para o bem de toda a humanidade, cumprindo os objetivos almejados dentro da ordem, onde também terá a possibilidade de aprender com os outros as características que faltam em si. Dessa forma, todos os iniciados e toda a humanidade poderá viver em um ambiente com maior prosperidade, aprendizado e trocas contínuas.
Quando o aprendiz promove esse trabalho de aprendizado e intercâmbio de qualidades, será ele próprio e toda a humanidade os maiores beneficiados, sempre À GLÓRIA DO GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO!
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