O que é a verdadeira paz na Maçonaria – uma visão holística

 



Amados irmãos, presenciamos aos final dos trabalhos a singela e profunda frase: QUE A PAZ, A HARMONIA E A CONCÓRDIA, SEJAM A TRÍPLICE ARGAMASSA COM QUE SE LIGUEM AS NOSSAS OBRAS. 

Vemos isto repetidamente inúmeras vezes, e a grande maioria dos irmãos, não fazem a devida introspecção, sobre a profundidade simbólica, Filosófica e Esotérica contidas neste aforisma enigmático.

O vocábulo PAZ exprime a tranquilidade, o sossego, a concórdia, o entendimento e a harmonia que reina no seio da humanidade, seja nos governos ou na sociedade particulares. 

Ela é garantidora da boa convivência entre as pessoas e ausência de conflitos entre tendências. 

Daí poder dizer que a paz interior é a tranquilidade da consciência, assim como a beatitude é a paz do espírito tão indispensável à vida humana, permitindo assim que o homem se realize como ser criado à imagem e semelhança do Grande Arquitecto do Universo.

É importante definir a paz no sentido bíblico: um estado de espírito motivado pelo facto de estar tudo bem. 

É o “shalom” dos israelitas, que por sua vez é traduzida como felicidade material, prosperidade, segurança, saúde e, também, a felicidade espiritual. 

Esta última só existe se a pessoa estiver bem como o GADU, que nos disse: “Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”

E Ele quer que os homens vivam em concórdia uns com os outros, quando através do apóstolo Paulo, afirmou: “Seja vossa preocupação fazer o que é bom para todos os homens, procurando, se possível, viver em paz com todos, por quanto de vós depende”.

Aí surge uma pergunta: porque esta sequencia:

PAZ => HARMONIA => CONCÓRDIA e não Harmonia, Paz e Concórdia ou Concórdia, paz e Harmonia ou outras possíveis combinações? Qual o Sentido deste sequencial? 

Aí começa o entendimento do Simbolismo, que aflora no filosófico e se completa no Esotérico.

Como irmãos maçons devemos conscientizar-nos de que temos que buscar não só a paz pessoal, mas também a paz da coletividade Maçónica e da comunidade em que vivemos. Mahatma Gandhi, com muita convicção afirmou: Não existe caminho para a Paz; a Paz é o caminho”.

Como caminho, o primeiro deles encontra-se na família, esta que tem na Maçonaria uma enorme defensora, pois reconhece ser ela a base de tudo. 

E neste “tudo” está a fonte dos valores que uma pessoa carrega por toda a vida: respeito, tolerância, fidelidade, solidariedade, companheirismo e demais virtudes próprias as criaturas do bem. 

Diante, pois, de um horrível quadro da violência, nota-se que falta a paz na maioria dos lares do Universo de uma maneira geral e também nos lares brasileiros. 

Dai concluir o seguinte: a paz começa em casa.

Parafraseando Carmelino Souza Vieira, fazendo uma transferência, podemos concluir que a Paz é a base de tudo. 

Não existe Harmonia sem Paz… Não existe Concórdia sem Harmonia. Mas a Paz, subsiste por si só. 

Ela CONTÉM os outros dois, mas NÃO ESTÁ CONTIDA NECESSARIAMENTE, naqueles.

Vejamos ipsis literis o que está contido no Ritual: “Conceda-nos o auxílio de Tuas Luzes e dirige os nossos trabalhos a perfeição. Concede que a Paz, a Harmonia e a Concórdia sejam a tríplice argamassa com que se ligam as nossas obras.”

Para que os trabalhos ocorram de forma “Justa e Perfeita” é necessário que os Irmãos estejam entrelaçados, unidos por meio da “tríplice argamassa”, pois sem ela não há Loja, se não houver a comunhão em Loja, por meio da União, não há “egrégora”, e não fluindo a energia não passamos de simples batedores de malhetes e te produtores de um ritual como tantos presentes na vida profana. 

Sem esta União e a mistura não há a troca de energias e por conta disso não ocorre o aprimoramento individual, não ocorre o “desbastar a pedra bruta” inclusive.

Vivemos um tempo de preocupação, um tempo de discórdia e de (des)harmonia, um tempo de desencontros e de individualismo intenso. 

Estamos na era do consumismo, ou seja, da valorização das pessoas pelo o que elas tem sempre vinculado a um património ou até mesmo a estética de um poder aquisitivo, isto sempre em detrimento ao que a pessoa é como ser-humano, como ser no mundo.

No contexto social actual por conta da sensação de insegurança, por conta da globalização das informações por meio da tecnologia, vivemos uma relativização do tempo estático e com isso surge também a sensação de que tudo está perdido e que estamos em desordem total.

É evidente que falta na sociedade “paz”, bem como também falta a “harmonia”, sem contar a falta de “concórdia”, pois aparentemente tenho a sensação de que estamos na era da discórdia, ou seja, é moda discordar mesmo que não se tenha fundamentos plausíveis e razoáveis para fundamentar tal discordância. 

Quando não vemos pessoas discordar uma das outras e chegar no calor da problematização partirem para a violência física e verbal.

Fraternos Irmãos, é necessário e importante para a evolução da nossa sociedade que passemos exemplos de “paz”, de “harmonia” e de “concórdia”, buscando o consenso e o auxílio do nosso próximo profano. 

É necessário que venhamos a importar-nos com o que acontece em sociedade sob pena de sucumbirmos os mesmos males que vem sofrendo a nossa sociedade, sucumbirmos por valores perdidos.

Sejamos realmente IRMÃOS na verdadeira PAZ, pois somente assim teremos no bojo da nossa Sublime Ordem, a Harmonia e a Concórdia com que se liguem, se argamassem e se completem, as nossas obras.

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