Qual a diferença entre a páscoa judaica e cristã?

 


A páscoa cristã possui um intrínseco vínculo com a páscoa judaica. 

Encontra, de fato, no evento do Êxodo, como também da tradição ritual e cultual que nasce dele, o seu fundamento. 

Contudo, a páscoa de Cristo traz a plenitude a páscoa vivida pelo povo de Israel do Egito.

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Páscoa judaica

Conhece-se por páscoa judaica um dos eventos centrais da história do povo de Israel. 

Acontece que há séculos no tempo de Jacó (filho de Isaac, filho de Abraão), ele com os seus doze filhos (pais das doze tribos de Israel), chegaram ao Egito e lá foram habitar. 

Porém, passado alguns anos, foram escravizados pelos egípcios, que os submetiam a duros trabalhos e a diversos sofrimentos. 

Eles clamaram a Deus e Ele ouviu o seu povo, suscitando Moisés como libertador do seu povo e prometendo-lhes uma terra própria. 

Como Faraó não queria deixar partir os israelitas, Deus manifestou o poder na forma das dez pragas do Egito (rãs, gafanhotos, entre outros).

A décima praga era a morte dos primogênitos. Esta terrível ação encontrava seu fundamento em que o povo de Israel era para Deus como que o seu “primogênito”, e se Faraó feria o primogênito (ao não deixá-lo partir), então, Ele feriria o filho de Faraó. 

Ele advertiu os israelitas que marcassem as portas com sangue de cordeiro, para que quando o Anjo do Senhor viesse à noite ferir os primogênitos do Egito, ele não entrasse nas casas que estivessem marcadas, poupando a vida dos filhos de Israel. 

E aconteceu segundo Ele advertiu: o Anjo de Deus passou pelo Egito e feriu os primogênitos, incluindo o filho de Faraó, que, depois de ter visto o poder de Deus, deixou os israelitas partir.

O povo de Israel saiu do Egito rumo à terra prometida. 

Contudo, quando eles já tinham saído, o Faraó indignou-se e foi atrás deles com o seu exército para exterminá-los. 

Eles tinham avançado no seu percurso e se encontravam diante do Mar Vermelho. 

Ao aproximar-se os egípcios, os israelitas se viram sem escape. 

Porém, Deus, pelas mãos de Moisés, abriu o Mar Vermelho, formando um corredor e como dois muros que impediam que a água caísse. 

Os israelitas passaram por ali atravessando o Mar Vermelho a pé enxuto. 

Quando todos os filhos de Israel tinham passado, Deus fechou as águas derrubando o exército de Faraó que não pode mais alcançar os israelitas. 

Assim, o povo de Israel foi liberto da escravidão e partiu para a terra prometida.

Este evento é conhecido como a Páscoa dos judeus. O nome vem do hebraico pessach (em grego: pashka) que significa passagem e diz respeito a:

1- A passagem de Deus pelo Egito tomando a vida dos primogênitos;

2- A passagem do povo de Israel pelo Mar Vermelho;

3- A passagem da escravidão para a liberdade. 

Este evento é fundamental para a história de Israel. 

Ele está nas Sagradas Escrituras, no livro do Êxodo. 

Ele ocupa um lugar central na tradição ritual e cultual do povo do Antigo Testamento. 

Ele é recordado e celebrado na tradicional ceia pascal judaica, em que as famílias se reúnem anualmente para recordar a intervenção de Deus na vida e história do seu povo em louvor e ação de graças.

A páscoa cristã

O evento central do cristianismo é o mistério pascal, em que Jesus Cristo, filho de Deus feito homem, sofreu, morreu e ressuscitou, obtendo ao ser humano a salvação, o perdão dos seus pecados, a reconciliação com Deus e a vida eterna.

Este mistério é conhecido como a páscoa cristã

Chama-se assim porque Jesus Cristo também passa da morte para a vida na sua ressurreição.

páscoa cristã possui um intrínseco vínculo com a páscoa judaica

Encontra, de fato, no evento do Êxodo, como também da tradição ritual e cultual que nasce dele, o seu fundamento. 

Contudo, a páscoa de Cristo traz a plenitude a páscoa vivida pelo povo de Israel do Egito. 

Vejamos apenas alguns sinais disto:

1- No Êxodo, Deus ouviu o clamor do seu povo que estava escravo no Egito e interveio libertando-o da escravidão; porém, “chegada a plenitude dos tempos” (Gl 4,4), Deus interveio de forma definitiva através da Encarnação do Verbo, e da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo.

2- No Êxodo, Deus enviou Moisés, aquele que é enviado por Deus; no Novo Testamento, Deus envia o seu próprio Filho, que é verdadeiramente aquele que vem em nome do Senhor, uma vez que desceu do seio da Trindade. Ele é o Novo Moisés.

3- No Êxodo, Deus liberta da escravidão dos egípcios; no mistério pascal de Jesus Cristo, Deus liberta toda a humidade da escravidão do pecado.

4- No Êxodo, Deus conduz o seu povo rumo à terra prometida. Na páscoa cristã, Cristo conduz o seu povo rumo à verdadeira terra prometida: a pátria celeste, o céu, a vida eterna, a visão de Deus tal como Ele é.

Como vemos, a páscoa cristã encontra seu fundamento na páscoa judaica, porém, dá a ela a plenitude. 

Com Cristo, vivemos a passagem verdadeira e definitiva da escravidão para a liberdade, da morte para a vida.

Comentários

  1. Páscoa judaica começa neste sábado (27) e vai até 4 de abril

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  2. Diferente da comemoração da Páscoa cristã, celebrada no domingo, que marca o sacrifício e a ressurreição de Cristo (que é a volta à vida depois da morte), a Páscoa Judaica começa neste sábado, dia 27, e vai até 04 de abril.

    Conhecida pelos judeus como Pessach, que significa passagem, a Páscoa judaica é uma tradição milenar, que relembra a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito. Várias refeições e narrativas são intercaladas como forma de reforçar o significado da data para os judeus e ensinamento para as crianças.

    A páscoa judaica começa com o Sêder, que é o jantar e segue com a leitura do Hagadá, livro que contém a história de libertação dos hebreus.

    A celebração ocorre no dia 14 do mês Nissin, de acordo com o calendário próprio dos judeus e dura oito dias.

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