A MAÇONARIA E OS LADRÕES MANIPULADORES DO TEMPO

A Maçonaria proclama que age para o bem e o progresso da humanidade. Progresso e bem são, portanto, inseparáveis.

Progredir é andar para a frente, avançar, o que implica ter começado para ir. 

A humanidade não nasceu hoje, tem milênios de história e cultura por trás. Milênios que são o tempo de sua experiência.

Estudar o tempo da humanidade significa reconciliar-se com vícios e virtudes, com o que a humanidade construiu para o bem de si mesma e com o que produziu de negativo e pernicioso.

Defender, como se faz hoje, por parte dos doentes mentais, inimigos do bem e do progresso da humanidade, apagar a cultura, significa apagar a memória, ou seja, impedir que a humanidade conheça seu próprio tempo e, consequentemente, a história de suas próprias experiências, incluindo vícios e virtudes.

A Maçonaria proclama que quer elevar os templos à virtude e cavar prisões profundas para o vício. 

Daí decorre que a Maçonaria não pode deixar de tomar uma posição pública contra a cultura do cancelamento, pois ela é contrária ao bem e ao progresso da humanidade.

O mesmo raciocínio se aplica ao transumanismo, ideologia derivada do cosmismo e adotada em Palo Alto e no Vale do Silício, berços da tecnocracia, que inclinou a ciência para a aliança entre Big Tech, Big Pharma e capitalismo financeiro.

O principal elemento do transumanismo é a chamada inteligência artificial, que não é inteligência e que lhe é assim chamada para lhe atribuir uma espécie de independência gelada em relação a quem a governa, permitindo mais uma vez afirmar e propagandear a neutralidade da tecnologia, passada como ciência.

A chamada inteligência artificial tem um limite fundamental: ela pesca no que já aconteceu, no que já foi dito, no que já foi escrito, no que já foi vivido, ou seja, no tempo, do que se apropria, enquanto é negada à inteligência humana (cancelar cultura).

A chamada inteligência artificial se apropria do tempo dos homens e distorce seu significado, pois é incapaz de ser inteligente, isto é, de intus-legere e inter-legere.

A chamada inteligência artificial, a partir de uma enorme coleção de dados e bom poder computacional, extrapola estatisticamente uma resposta com base nos dados que lhe foram dados.

Intus-legere é olhar para dentro, ir além do imediatismo do dado. Interlegere é a capacidade de compreender conceitualmente o existente em sua rede de relações e em sua profundidade histórica, semântica e relacional.

Intus-legere e inter-legere são faculdades do ser humano.

A chamada inteligência artificial é a capacidade computacional típica dos computadores e que tem em sua base algoritmos (ferramentas de cálculo) capazes de computar quantidades gigantescas de dados.

Quando usada para o que é, ou seja, como capacidade de computação, a chamada inteligência artificial pode ser muito útil em muitos campos.

Se passada como inteligência, a capacidade calculista é usada por aqueles que a manipulam para roubar o tempo da humanidade, enquanto o negam à humanidade.

Ao mesmo tempo em que se introduz a cultura do cancelamento, ou seja, o apagamento do tempo humano, relegado a uma contemporaneidade plana, a tecnocracia se apropria do tempo dos humanos, reduzindo-o a cálculos computacionais processados por algoritmos.

Os ladrões do tempo estão trabalhando para tirar o tempo dos humanos, com suas profundezas e relações semânticas, e entregá-lo a um conjunto de algoritmos educados. 

A intenção é manipular o tempo, dobrando-o aos propósitos de uma estreita elite tecnocrática.

A operação, no entanto, tem em si o germe de sua falsificação, na medida em que a inteligência está relacionada ao logos (em seus múltiplos significados), ao metis (a astúcia que Ulisses usou com Polifemo), ao thymos (inteligência emocional). 

Não é por acaso que a neurologia moderna fala de três cérebros: o da cabeça (que por sua vez é tripartido), o do coração e o da barriga.

Nada disso tem a ver com uma capacidade computacional, por mais poderosa que seja.

A chamada inteligência artificial é um dos desafios mais significativos do nosso tempo, porque pode ser uma ferramenta útil ou a ferramenta de ladrões e manipuladores para roubar o nosso tempo, na sua complexidade experiencial, e entregar-nos à contemporaneidade acrítica.

Pode a Maçonaria, que se proclama iniciática, tendo como objetivo o progresso e o bem da humanidade, assistir, sem intervir, ao trabalho dos ladrões e manipuladores do tempo?

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